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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

HISTÓRIAS DE UBERABA

As cinco festas de aniversário.


São muitas as datas que podem ser comemoradas em relação à Uberaba. A primeira seria, naturalmente, a data de seu nascimento, quando aqui fincou raízes, próximo ao córrego das Lages, o sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira. Todavia, não existem documentos apontando a data exata em que ocorreu este fato histórico.

Vista aérea da cidade de Uberaba. 
Foto: Arquivo Público de Uberaba.


Relatam alguns historiadores, que a 1ª Bandeira organizada em Desemboque pelo sargento-mor Antônio Eustáquio para desbravar a região de Uberaba ocorreu em 1810. Dizem ainda que, por solicitação desta autoridade, em 1811, o povoado foi elevado à condição de Distrito dos Índios.


Para o historiador Guido Bilharinho, não há documentos comprobatórios desta elevação.


Mesmo assim, a Prefeitura Municipal, em 03 de maio de 1911, em parceria com as lideranças econômicas da região, promoveu a 1ª Exposição Agropecuária nas dependências do hipódromo do Jockey Clube, localizado no bairro de São Benedito e organizou, ainda, uma grande festa na cidade para comemorar a elevação de Uberaba da condição de povoado para a de Distrito.

Coincidência ou não, desde a década de 1950, as aberturas das exposições da ABCZ são realizadas na data de 3 de maio.

Curiosamente, em 1810 ou 1811 não pertencíamos ao estado de Minas Gerais e sim ao estado de Goiás. As disputas sangrentas entre os dois estados, que já duravam mais de cinquenta anos conforme relato do historiador Hidelbrando Pontes, tiveram fim em 1816.

Conta ainda este historiador que foi por um acontecimento fortuito é que pôs termo à velha questão de divisas entre os dois estados. Joaquim Inácio Silveira Mota, Ouvidor Geral da Comarca de Paracatu, indo a Araxá, ao conhecer Ana Jacinto de São José, mais conhecida como Dona Beija que passava a cavalo pela praça da Matriz com seu pajem, foi tomado de violenta paixão e mandou raptar a donzela.

Como foi processado pela família da vítima e seu caso seria julgado pelo governo de Goiás, seu desafeto. Para evitar esta situação, ele passou a interceder também junto a D. João VI, pela passagem dos julgados de Araxá e Desemboque para Minas, onde o seu julgamento seria, como efetivamente foi, coisa sem importância.

E assim, em 4 de abril de 1816, a região foi incorporada ao Estado de Minas Gerias. Deixamos de ser goianos e passamos a ser mineiros.

Minas das Alterosas incorporou os cerrados e os chapadões dessa imensa mesopotâmia que se chamava Desemboque e que passou a se chamar Triângulo Mineiro. Interessante que, o primeiro jornal a ser criado em Uberaba já nasceu separatista, conforme relata Guido Bilharinho.

Em 02 de março de 1820, por decreto assinado pelo imperador Dom João VI, Uberaba foi elevada à condição de “Freguesia”, ou seja, de “Distrito” passou à “Paróquia”. O objetivo deste decreto foi o de diminuir a distância de 60 léguas que separavam o novo povoado da “Freguesia de Desemboque”, facilitando, assim, o “socorro e pasto espiritual”.

O poder estava dividido entre a Igreja e o Estado, que só vieram a se separar na Constituição de 1891, transformando o Brasil em um país laico.
Em 22 de fevereiro de 1836, o Presidente da Província, Manuel Dias de Toledo, na cidade imperial de Ouro Preto, assinou o decreto aprovado pela Assembleia Legislativa Provincial, elevando Uberaba à condição de “Vila”. Foi o nascimento do município de Uberaba, que se desmembrou da Vila de Araxá, a qual estava vinculada desde 1831. Foi a criação da Câmara Municipal de Uberaba.

Em dezembro de 1836, tomou posse perante a Câmara Municipal de Araxá o vereador mais votado nas eleições de Uberaba, Capitão Domingos da Silva Oliveira. Em janeiro de 1837, o Capitão é empossado em Uberaba como o primeiro Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo (Prefeito).

O prédio que ele construiu para servir de Câmara e Cadeia, foi, por longas décadas, sede da Prefeitura Municipal e depois, sede da Câmara Municipal e é hoje patrimônio histórico de destaque na Praça Rui Barbosa.

Para comemorar o centenário da emancipação política de Uberaba em 22 de fevereiro de 1936, grandes festas foram realizadas na cidade. Bandas, passeatas, foguetórios, salvas de 21 tiros, discursos e direito a um grande baile oferecido pelo prefeito Paulo Andrade Costa. Foi inaugurado um marco comemorativo no Córrego do Lajeado, próximo ao bairro rural de Santa Rosa, onde teve início o povoamento da cidade.

Em 1840, Uberaba passou a sediar uma Comarca para distribuir justiça, denominada Comarca do Rio Paraná, desmembrada da Comarca de Paracatu do Príncipe. Não há, porém, registro de comemorações no centenário desta conquista, no ano de 1940.
Em 02 de maio de 1856, Uberaba foi elevada à condição de “Cidade” em reconhecimento do Rei e da Igreja, trazendo a emancipação em assuntos atinentes à ordem civil, militar e religiosa.

Para comemorar o Centenário desta elevação de “Vila” para “Cidade”, Uberaba se vestiu de gala em 1956, no governo de Arthur de Mello Teixeira. Novas comemorações aconteceram em 2006, no governo de Anderson Adauto, quando Uberaba completou 150 anos.

Nesta ocasião, a Fundação Cultural, então comandada por Luiz Gonzaga de Oliveira, homenageou em solenidade ocorrida no Cine Metrópole, 150 personalidades da cidade, escolhidas em comissão presidida por Gilberto Rezende.
Foram festejados três centenários, 1911. 1936, 1956, um sesquicentenário, 2006 e um bicentenário, comemorado em 2020, no governo de Paulo Piau.

Não encontramos referências sobre as comemorações do centenário da elevação de Uberaba à condição de “Freguesia”, ocorrido em 1920.

Ao longo destes 200 ou 210 anos, a verdade é que passamos de um pequeno povoado à uma grande cidade, hoje com cerca de 350.000 habitantes. Todas estas datas são, realmente, motivo de júbilo para todos nós. Todas elas podem e devem ser comemoradas.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Fontes – Arquivo Público – Historiador Guido Bilharinho
Hidelbrando Pontes – livro – “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.
PS – Matéria publicada hoje, 05-09-2021, no Jornal da Manhã.

Uberaba

sábado, 7 de janeiro de 2017

Origens de Uberaba

Origens de Uberaba


A região do Triângulo Mineiro começou a ter importância quando a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de Anhanguera) saiu de São Paulo, em 1722, e passou por aqui. Em 1766, foi criado o Julgado do Desemboque, local rico em minas de ouro, que teve seu esplendor até 1781. Para dinamizar a administração dos Sertões, Antônio Eustáquio da Silva Oliveira (natural de Ouro Preto) foi nomeado para a
função de Comandante Regente dos Sertões da Farinha Podre (Triangulo Mineiro). Por volta de 1811-1812 construiu sua residência na cidade e um grande número de pessoas migraram para cá, estimuladas pelas condições geográficas propícias e também pelo prestígio e segurança que Major Eustáquio oferecia. Em 1818, ergueu-se a capela de Santo Antônio e São Sebastião. (Foto:1880).
1820 – O Rei D. João VI, por meio de um decreto datado de 02 de março, eleva o povoado à Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião. Isso representava, segundo a estrutura colonial, a institucionalização da vida das comunidades, o reconhecimento oficial perante a Igreja e o Estado, a ordenação da vida civil. Após esse ato, o padre passa a residir permanentemente na Igreja, facilitando a vida da comunidade, cria-se um cartório eclesiástico que abrange uma área com limites definidos, o povoado passa a ter um território delimitado e impulsiona-se o desenvolvimento social e administrativo.
Fonte: Boletim Informativo do APU n°6, março de 1995
Uberaba desenvolveu-se e emancipou-se politicamente tornando-se Vila, em 1836, e Cidade, em 1856. “Uberaba, ao longo de sua história, soube desempenhar o papel de centro comercial articulador dos negócios feitos entre o litoral e o sertão; centro irradiador de povoamento de todo o Triângulo Mineiro e Sul de Goiás; centro cultural do Brasil Central; centro defensor do criatório zebuíno e, hoje, grande centro produtor de fertilizantes e defensivos agrícolas do país” (Coutinho, 2002).
Fonte: Boletim informativo do APU, n° 11, março de 2000.