sábado, 31 de dezembro de 2016

Para a vida


É comum ouvir que a educação vem do berço. Significa que, à família, compete a tarefa de educar os filhos. Educar para que adquiram noções de discernimento, percebendo, com clareza, o certo e o errado e, assim, 
também com clareza, fazer opções que os conduzam a uma vida centrada em valores.
Infelizmente, não é o que temos visto, de maneira geral, nos dias de hoje.
Não dá para precisar, mesmo sendo educadores, as causas que provocam a confusão entre os papéis dos pais e os dos filhos. Há uma permissividade generalizada. E não constitui exagero tal afirmação. Só para ilustrar: a professora pergunta à garotinha de quatro anos: Quem manda em sua casa? A resposta veio imediata: Eu. E pronto. Essa tem sido a inversão ocorrida na maioria dos lares. São poucos os pais que ainda conseguem manter a autoridade em relação aos filhos. Estes, em muitos casos, como já disse alguém, são autênticos ditadores dentro de casa. Manipulam, chantageiam, exigem, quando não agridem com palavras, impropérios, emburramentos, bater de portas e até mais.
É aí que entra a questão de limites e que termina atingindo, de forma contundente, as escolas: se os filhos – pelo menos muitos deles – tudo podem em casa, irão querer também todo poder na escola E quando esta apresenta suas normas e exige seu cumprimento, surge o conflito, porque, em grande maioria, os pais se posicionam de forma condescendente ou até mesmo conivente em relação aos filhos.
Querem um exemplo claro? Uso do celular, iPhone, iPod etc. em casa: quais os pais que sabem, com certeza, até a que horas da noite os filhos utilizam seus milagrosos aparelhos tecnológicos, comprometendo a atenção em sala de aula no dia seguinte? Quais os pais que possuem autoridade suficiente para impedir que os filhos levem tais aparelhos para as escolas, driblando os professores durante as aulas para enviar e receber mensagens e acessar o que se lhes mostre mais atraente do que assistir às aulas? São muito poucos. Aí, sobra às instituições, por meio da direção e da ação dos professores, inibir o citado uso indevido, em atitude aos olhos dos alunos antipática e autoritária: é a escola sendo forçada a dar aos alunos os limites que não recebem em casa.
As instituições, em geral, não se posicionam contra o porte de celulares e similares pelos alunos: condenam, sim, o seu mau uso, em horários e situações indevidas, o que as força a reter o aparelho, convidar os pais a buscá-lo, diante da “promessa” de que a advertência será feita aos filhos.
Insisto em que a escola, sem o apoio da família, muito pouco poderá promover em relação ao crescimento do educando, não apenas como aluno que lá está para receber informação, conteúdo, mas também para complementar sua formação como ser humano que, como dizia o mestre Murilo, precisa preparar-se para a vida.

8 de outubro de 2013

Terezinha Hueb de Menezes