sexta-feira, 23 de junho de 2017

O sonho de Edgar Rodrigues da Cunha

Edgar Rodrigues da Cunha, com engenheiros, operários nas obras do Uberabão
na década de 1960.

Edgar Rodrigues da Cunha, pode não ter sido o melhor presidente do Uberaba Sport Club de todos os tempos. Mas, tenho certeza, foi o desportista uberabense com maior visão empresarial da santa e sagrada terrinha . Disso, não tenho a menor dúvida.Foi inigualável !


Advogado brilhante, professor emérito, pecuarista evoluído, empresário de extraordinária visão( é dele a criação dos Produtos Céres,Trilã, Fábrica de ração animal, confecções...).Nos anos 60, adquiriu uma enorme área , final da avenida Leopoldino de Oliveira,confrontando com a Fazenda “Modelo” e o Quartel da Policia Militar, no Fabrício, que a terrinha conhecia como “pasto do Pereira”.Área de vegetação baixa, cheia de “altos e baixos”, íngreme e de serventia duvidosa. Edgard, visionário, ao adquirir o pasto, era Presidente do USC. Tinha como sonho e meta principal, construir ali, o futuro estádio do “seu”Uberaba Sport Club. E os meios para construir a obra? Edgard, tinha em mente , a venda de “cadeiras cativas”, área “vip”, assim como, daria ao Uberaba, uma porcentagem sólida ao clube, na comercialização dos terrenos em derredor do futuro estádio, pois pretendia edificar no restante do terreno, uma moderna área residencial, a poucos metros do centro da cidade, além de outras fontes alternativas, que, segundo estudos, serviriam para bancar o custo das obras.

Edgard, chegou a apresentar aos uberabenses, o ousado projeto do famoso arquiteto brasileiro, Ícaro de Castro Melo, do tão sonhado estádio do Uberaba Sport Club. A renda da venda de “carnês”,serviu para a primeira arrancada: o arcabouço das arquibancadas e o leito do futuro gramado, o fosso do campo de futebol e o contorno, em elipse, do estádio. Obra inacabada. Edgard, ficou sozinho no empreendimento. Ciumeira? Sei lá... pode ser.

Setores importantes do clube e a nossa sociedade, cruzaram os braços e negaram apoio e ajuda ao magnífico empreendimento. Resultado: triste, magoado, lágrimas nos olhos tanto chorar ( meninos, eu vi!...)por não poder concluir sonho tão sonhado e acalentado, Edgard Rodrigues da Cunha, conheceu o fenecer de tão dourado desejo...

Por anos a fio, ficou aquele “buracão” no pasto do “Pereira”, tal qual filho enjeitado, aleijado e sem cuidados especiais. Edgard, chorava de tristeza, ainda que vendo prosperar as finas e ricas mansões em derredor daquela obra que, um dia, sonhou em doar ao “seu”amado Uberaba...


Luiz Gonzaga de Oliveira

OS AUTORES DO GLORIOSO HINO DO UBERABA SPORT CLUB


RIGOLETO DE MARTINO, italiano, tem lugar na história de Uberaba.Destaque maior no campo da música,”musicou” o eterno hino do Uberaba Sport.Nascido em 1881,na Via Aneli,Itália, veio para o Brasil em 1895, direto para a santa terrinha,onde já residia parte de sua família, que, por sinal, era composta por músicos.Rigoleto,tocava bombardino. Ernani, clarineta, Giocondo, pistom. Além da marcha do USC, Rigoleto compôs mais de 100 letras e músicas de shotis, mazurkas e outros gêneros musicais da época.Faleceu em 1937, deixando viúva, da.Maria Jesuina da Costa e os filhos, Fausto,Ítalo, Ézio, Yolanda e Hilda. Amou muito,a “ sua” Uberaba !


LOURIVAL BALDUINO DO CARMO, moreno,estatura mediana,humor invejável,fluente sem ser arrogante.O apelido “Barão”,foi-lhe dado pela fidalguia e educação que tratava as pessoas.Curso primário;era,no entanto,autodidata.De política,discorria com conhecimento.Culinária,era o “rei da cozinha”...se o assunto fosse economia ou pesquisa de mercado, o “Barão” de tudo conhecia.Mas, era bom mesmo, escrevendo discursos para os políticos, Convencia na retórica...Poeta ! suas poesias eram metrificadas obedecendo rimas...Ninguém melhor que “Barão” para escrever cartas de amor em nome de terceiros , ele ou ela, ao bem amado(a)...Pobre, não era soberbo. Típico professor de roça.Suas andanças não iam além de Uberaba, Veríssimo,”Capão da Onça”, Campo Florido e quetais...

                Luiz Gonzaga de Oliveira     
         

Magnabosco & Cia

                                                   Magnabosco & Cia

Magnabosco & Cia, posto de serviços e revenda de carros da Chevrolet, no seu antigo prédio da Av. Leopoldino de Oliveira com Rua Segismundo Mendes, em maio de 1948. Mais tarde, funcionou no mesmo lugar a Marzola Veículos, outra concessionária da marca.

Nos anos 1990, o prédio foi demolido para a construção de uma agência do banco Itau. Foto da revista Noite Ilustrada.


(André Borges Lopes) 

Cassino Brasil

Cassino Brasil


Até meados dos anos 1960, a Rua São Miguel – atual Rua Dr. Paulo Pontes – sediava as chamadas "casas de tolerância" da pacata Uberaba da época. Em 1948, essa zona boêmia dispunha até de uma casa de espetáculos: o Cassino Brasil, que oferecia um "grill-room", shows musicais e "alegres bailarinas" para divertir os fregueses. Tudo sob o comando do homem da noite Paulo de Carvalho. Anúncio publicado na revista "Noite Ilustrada".


(André Borges Lopes)

Conhecer para amar: Uberaba, 193 anos


Por volta de 1700, descobriu-se o ouro em Minas Gerais. A povoação do Brasil deixou de ser quase exclusiva das faixas litorâneas, estendendo-se rapidamente para a região das minas. A febre do ouro iniciava-se.

Nos seus primórdios, antes da chegada dos Bandeirantes paulistas, a antiga região do “Sertão da Farinha Podre”, atual Triângulo Mineiro, era povoado por índios e quilombolas, negros fugidos do cativeiro.

Com a descoberta de ouro na província de Goiás, e depois em Cuiabá, começaram os esforços para construir um caminho ligando São Paulo às minas goianas e matogrossenses. Foi entre 1722 e 1725 que os sertanistas paulistas, sob a liderança de Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o lendário Anhangüera, descobriram as minas de Goiás e, conseqüentemente, formaram-se arraiais e vilas naquela região. Esta estrada passava nas proximidades onde Uberaba surgiria. Com a chegada do branco, os índios da região, não pacificamente, foram sendo expatriados ou “civilizados”, como convinha aos desbravadores. Aldeias de índios amistosos aos exploradores foram sendo instaladas, nas margens da estrada Anhanguera para segurança dos viajantes.

Transformações na economia mineradora de Minas Gerais, como a descoberta de ouro e diamantes no Sertão da Farinha Podre (em um lugar conhecido como Desemboque), motivaram as imigrações para a região, principalmente daqueles que moravam nas imediações das vilas produtoras de ouro, em plena decadência.

Desemboque exerceu importante função como centro de expansão populacional. Foi dali que saíram expedições que possibilitaram o surgimento das vilas de Araxá, Uberaba, Prata e Patrocínio entre outras.

A formação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba surgiu com a expansão das fronteiras de exploração a Oeste do Desemboque. Em 1812 o sertanista José Francisco de Azevedo instalou um pequeno núcleo colonial, nas cabeceiras do Ribeirão do Lajeado (dos Ribeiros). Este núcleo era formado por algumas cabanas, habitadas por colonizadores emigrados do Julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque. Denominou-se, Arraial da Capelinha.

Praça Rui Barbosa


                Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus   

Em 1809 o Sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira, obteve o título de Regente Geral, e Curador dos índios, do Sertão da Farinha Podre. Realizou duas entradas para explorar a região: uma em 1810 e outra em 1812. Estas expedições eram realizadas juntamente com alguns dos imigrantes geralistas, os quais procuravam lugar para estabelecer fazendas, atraídos pelas notícias de alta fertilidade das terras.

Algum tempo depois, em 1816, construiu uma casa de morada, na margem do Córrego das Lages, imediações da Estrada de Anhanguera e, cerca de três quilômetros dali, córrego acima, ainda à margem esquerda, construiu um retiro para suas criações, que deu origem ao lugar conhecido por Paragem de Santo Antônio.

A partir da construção deste retiro do Major, muitos moradores do Arraial da Capelinha, e de outros lugares próximos, migraram para aquele novo sítio. Esse foi, pois, o núcleo que originou a cidade de Uberaba. O arraial cresceu rapidamente. O comércio foi se firmando, as fazendas tomando importância, a vida social e econômica foi se configurando.

Em 1820, Major Eustáquio munido de empenho, alcançou um decreto de Sua Majestade (Dom João VI), que criou a nova Freguesia de Santo Antonio e São Sebastião de Uberaba. Esta data, anos mais tarde iria se ser escolhida para ser a data de aniversário de Uberaba.

Nos anos 1990, historiadores do Arquivo Público de Uberaba, buscando atender reivindicações para mudança da data de aniversário da cidade, a qual coincidia com a realização da Exposição de Gado, em Maio - gerando transtornos ao comércio devido ao feriado – realizaram pesquisas científicas para identificar outra data de importante significação histórica. Efetivamente, até alguns anos atrás, o dia 2 de maio era a data oficial do aniversário de Uberaba, e foi escolhida reportando-se ao título de Cidade atribuído à Vila, sede do município, em 1856.

Hoje, o dia oficial é o 2 de março, data do decreto régio que estabeleceu a criação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, em 1820. Isto absolutamente não significa que a mudança do aniversário de Uberaba não faça sentido histórico.

Este foi um breve relato das origens de nossa cidade. Para amarmos temos que conhecer! Parabéns para os uberabenses que ao longo dos anos vem cumprido sua cidadania, preservando os valores culturais de nossa terra, lutando por uma cidade que ofereça a cada dia, melhores condições de vida aos seus habitantes.

Comemorar os 193 anos é uma forma de reafirmamos nossa memória, nossa identidade Oportunidade para congratular a todos, sem distinção, em qualquer tempo, que em seu cotidiano, muitas vezes sem perceber, tecem a trama da história. Vale a pena comemorar, não vale?


Parabéns Uberaba! Parabéns uberabenses! Parabéns por sua história, cultura e beleza.



Luciana Maluf Vilela

Historiadora



Postado por Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba às 12:05

segunda-feira, 5 de junho de 2017

UBERABA EM TODAS


A expressão “Uberaba está em todas”, foi criada pela saudosa e competente dupla de jornalistas da terrinha, Raul Jardim e Ataliba Guaritá Neto(Netinho). Foi motivada pelo sucesso de uberabenses que deixaram a cidade e foram brilhar e vencer “lá fora”. A frase tem mais de 50 anos e, até hoje, é reverenciada com respeito e admiração aos conterrâneos que elevam com o seu trabalho e profissionalismo sério, o nome da nossa amada Uberaba. Ao nominá-los,como preito de gratidão e respeito, lembro-me de alguns deles.


Sei que vai faltar muitos registros.Culpem a minha ignorância,falta de conhecimento e esquecimento. Dou a mão à palmatória e peço perdão aos que não foram citados. Ainda assim,sintam-se lembrados e homenageados. A idade, né...”Honra ao Mérito” aos uberabenses natos e os de adoção que dignificaram (mortos) e os que dignificam (os vivos), os nossos foros de civilização, cidadania e engrandeceram (e engrandecem) a “terra-mãe”:


Fidélis Reis(deputado,empreendedor,criou o ensino profissionalizante no Brasil),Mário Palmério(maior benfeitor de Uberaba em todos os tempos),geólogos Pedro Moura,Avelino Inácio de Oliveira e Glycon de Paiva(incentivo a Getúlio na criação Petrobras),Joubert de Carvalho(médico e compositor),Campos de Carvalho(escritor),Chico Xavier( o maior”médium”do mundo),Antonio Carlos de Brito(Cacaso,compositor),Alaor Prata(Prefeito do Rio de Janeiro),Eduardo Palmério,Joel Lóes,Orlando de Almeida,Ayrton Gomes,Alaor José Gomes( jornalistas de renome nacional-trabalharam nos diários mais importantes do país),Heli Mesquita (presidente do Banco do Brasil),José Sexto Batista de Andrade (Presidente a Caixa Econômica de S.Paulo),João Fonseca Perfeito(Secretário de Segurança Pública em Minas),Afrânio de Oliveira(Chefe da Casa Civil no governo Jânio Quadros),Antenógenes Silva( o maior acordeonista do Brasil),Augusto César Vannucci (responsável,junto com Boni,da produção dos maiores programas da TV brasileira e ganhador de “grammys” internacionais), na área médica,Álvaro Lopes Cançado( introdutor da medicina esportiva no Brasil),Milberto Skaff,Romeu Sérgio Meneghello, Walter Corrêa Lima,Ademar Lopes,Cláudio Corrêa Leite,Nubor Facure Jr.,Everaldo Lamounier, nomes de respeito no Brasil.Na comunicação,Fernando Vanucci,os irmãos Patricia e Jorge Zaidan,o primo Cláudio Zaidan,; no esporte,também ídolos nacionais, Juca Pato,Toinzinho Nomelini,Táti,Paulinho,Marquinhos,Vandinho, Normandes,Paulo Luciano e Gilberto Perez, atuaram, com brilho, nos principais clubes brasileiros.Na diplomacia,Carlos Alberto Leite Barbosa, embaixador em vários países ; no canto, Marta Mendonça, Paulo Marquez e a dupla Silveira e Barrinha, “enfeitaram” as páginas dos jornais,revistas,rádios e televisões do Brasil, enaltecendo o nome da sagrada terrinha. Nunca, em tempo algum, mancharam o nome de Uberaba nas páginas policiais .....De uns tempos para cá....



“Marquez o Cassú”.


Cidade de Uberaba

2º Encontro de Judô Master - Centro Educacional e Desportivo Judô Oriente Uberaba - Minas Gerais




Randori Treino -   Sensei José Carlos, Sensei Moisés



Tranquilo Baliana sendo
homenageado



Foto oficial do evento Academia de Judô Oriente - Cemea Pacaembu - Cemea Abadia, Projeto Judô Adolfo Fritz e Academia Pinti.




Sensei José dos Reis - Presidente da Liga Triangulina de Judo ( LTJ)


Judô e a Velha Guarda

Nesta foto, da esquerda para direita

Osório, Wanderley Marques, Shihan Sansão, Sensei Tranquilo



Professores, alunos e ex-alunos


Judocas do Judô Oriente

Da esquerda para direita

 Adriana  Evangélica e sua irmã Bianca, Viviane,Shihan Irineu, Ana Paula e Leilane





Esq/direita;Shihan Sérgio Leite,Cirilo Salge,

                                         Shihan Irineu, Augusto Salge, judoca do presente                                         




Esq/direita: Afraninho, filho do Sensei Afrânio fundador do Judô Oriente,
 Sr Osório  Amigo do Sensei Afrânio, Sansão e Tranquilo Baliana             







Professores Shihan Sérgio Leite responsável pelo Judô Oriente e Shihan Irineu Leite responsável de alto rendimento da Liga uberabense de Judô

Giovanny Lima e Shihan Sérgio Leite 


Shihan Irineu Leite e Giovanny Lima      



                Membros da diretoria da Liga Uberabense de Judô (LUJ)
Tesoureiro; Renato, Presidente; Sensei Aquino, Vice Presidente; Paulo Regô




Shihan Sansão com o judoca do passado, José Ferreira 

Paróquia São Benedito (1961)


PROCESSO DE CRIAÇÃO  DA PAROQUIA

Antiga Matriz de São Benedito

Capela Provisória
Construção São Benedito

Missa de Inauguração


terça-feira, 16 de maio de 2017

Primeiros Filmes de Júlio Bressane



O REI DO BARALHO
Procedimento Ficcional


Guido Bilharinho







Já se tem dito diversas vezes e em inúmeras oportunidades, que a ficção (literária, cinematográfica e teatral) não se limita a estruturar e narrar estórias. Essa é uma de suas possibilidades, por sinal, a geral e quase totalmente utilizada, porque é a que agrada e se pensa ser a finalidade única e exclusiva do gênero.
         Mais ou tão importante ainda, restringindo-se à narrativa, é a maneira de se procedê-la. Normalmente, é efetuada convencional e linearmente e arquitetada com início, meio e fim, sucedendo-se os atos, capítulos e cenas em decorrência e/ou em continuidade uns dos outros.
         Em O Rei do Baralho (1973), Júlio Bressane mais uma vez foge desse esquema tradicional e repetitivo para, subvertendo e fragmentando a usual sistemática discursiva, conceber não simplesmente uma estória, mas, elegendo dada situação, apresentá-la em quadros distintos, selecionados de conformidade com sua importância e indispensabilidade para expor sentido e não meramente atos e fatos.
         Sucedem-se, então, conquanto em linha evolutiva cronológica, cenas e sequências formadas de flagrantes isolados entre si, porém, em seu conjunto e por força da sucessão temporal, compondo o quadro diegético.
         Nem se tem possibilidade de sintetizar o eixo narrativo, visto que ele, por si próprio e por natureza, já é essencializado e sintético.
         Loira alta e esbelta (Marta Anderson) apaixona-se por negro baixo e retaco (Grande Otelo), que se proclama o Rei do Baralho.
         O mais que se segue é constituído de mosaicos aleatórios, compostos de cenas de jogos de carteado, diálogos entre o casal, alguns propositadamente inaudíveis, bem como outros ocorridos entre personagens apenas silhuetadas.
         Cenas se repetem, além de muitas delas serem fixadas demoradamente. Não havendo sequenciamento de causa e efeito, ou seja, o acontecimento contemplado na tela não produzir consequências nem ter continuidade lógico-temática, a composição da narrativa é deferida ao espectador, que é obrigado a mentalizá-la e constituí-la de conformidade com sua capacidade intelectiva de extrair das situações apresentadas o sentido que possuem e sua significação no conjunto fílmico.
         Esse procedimento elaborativo exige igual esforço e capacidade do espectador. Não se lhe dá o alimento pronto a ser digerido, mas, apenas – o que é muito – os elementos/ingredientes com que se fazem ou se podem fazê-lo.
         Há de haver, forçosamente, atividade mental do espectador, sem a qual as imagens que lhe são exibidas não se revelam em suas possibilidades, naquilo que são e significam, isto é, aproximação e representação do real sem a intermediação facilitária do cineasta, simples cozinheiro nos filmes convencionais, que só carece, ele próprio, de também ingerir os alimentos artificiosos que produz, sem transferi-los (vendê-los) a outrem. O que, aliás, poderia fazer sem prejuízo de quem quer que seja. Muito ao contrário.
         Em decorrência disso, esse filme não é suscetível, à semelhança da maioria das demais obras de Bressane, pelo menos dessa fase, de ser exibido comercialmente a plateias habituadas, condicionadas, e mesmos viciadas, com o tóxico ficcional que lhes é comumente repassado.
         É bem capaz, como já aconteceu com a obra-prima A Regra do Jogo (La Règle du Jeu, França, 1939), de Jean Renoir, de se tentar até incendiar o cinema, embora o filme francês não apresente a radicalidade conceptiva de O Rei do Baralho.
         Merece ainda referência tópica, a circunstância das cenas de interiores revelarem-se escuras e as de exteriores assaz claras, ambas quebrando, significativamente, a comportada e rotineira técnica oposta.
         Também nunca se viu Grande Otelo tão sério, compenetrado e, felizmente, coloquialmente parcimonioso como nesse filme.

(do livro Seis Cineastas Brasileiros. Uberaba,
Instituto Triangulino de Cultura, 2012)

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de Literatura (poesia, ficção e crítica literária), Cinema (história e crítica), História (do Brasil e regional).
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(Obras-Primas do Cinema Brasileiro:
toda segunda-feira novo artigo -



(Brasil: Cinco Séculos de História:
toda quarta-feira novo capítulo -


sexta-feira, 12 de maio de 2017

SAUDADE

     Ah! que saudade eu tenho (deixa prá lá o Olavo Bilac...)Ai que saudade eu tenho dos “velhos 3 de maio” de anos passados... 3 de maio da inauguração da Exposição de Zebu que acontecia em Uberaba ...ai que saudade eu tenho quando via chegar á terrinha,o Presidente da República e sua enorme comitiva de Ministros,senadores, deputados, figuras exponenciais do Brasil...ai que saudade eu tenho, quando antes da chegada da elite presidencial, o aeroporto estava apinhado de prefeitos da região,deputados estaduais,estudantes de todas as classes, à espera do Governador do Estado, outros governadores que chegavam primeiro e ali papeavam até a “descida” do avião presidencial...Autoridades de Minas,S.Paulo,Rio, Mato Grosso,Goiás...era tanta gente importante.Da grande imprensa nacional, nem se fala...

   Ai que saudade do parque “Fernando Costa”,”cheiinho de gente”.Familias e mais famílias com suas “crias”; netos, amigos, conhecidos, parentes, uma festa empolgante, sem precedentes.Ai que saudade eu tenho de ouvir as marchas marciais da banda do 4º.Batalhão, nos intervalos, as fanfarras dos colégios S.Bené,N.S.das Graças,Diocesano, enfeitando,musicalmente, aquelas manhãs e tardes inesquecíveis...Ai que saudade eu tenho emocionado, assistir os malabarismos aéreos da “Esquadrilha da Fumaça” e o roncar ensurdecedor daqueles pássaros metálicos cruzando os céus de Uberaba em arriscadas evoluções, soltando rajadas de nuvens coloridas e o delírio de um público entusiasmado com festa nos ares tão bonita !...Ai que saudade eu tenho aplaudindo o espetáculo grandioso da “Banda dos Fuzileiros Navais”, do Rio de Janeiro, desfilando, garbosamente, tanto no parque, como nas ruas da sagrada terrinha...Ai que saudade eu tenho dos discursos inflamados dos nossos oradores, enaltecendo a pujança do gado na Exposição e a liderança de Uberaba no cenário da pecuária nacional. Ai que saudade eu tenho de ver dezenas e dezenas de delegações estrangeiras, algumas com seus trajes típicos,passeando no parque...realizando negócios,fortalecendo a economia citadina...Ai que saudade eu tenho das memoráveis tardes de “rodeio”,peões de todo o Brasil , a voz marcante do animador Elias Tavares e as “tropas” dos saudosos irmãos Murilo e Pilinha Tibery...Ai que saudade eu tenho dos leilões naquele acanhado “tatersal”, ao lado do palanque oficial...Vaca valendo prata, touro valendo ouro e dinheiro saindo pelo escoadouro...Ai que saudade eu tenho dos “shows” noturnos, a céu aberto,palanque servindo de palco,gramado lotado de gente,vendo Roberto Carlos,Zeca Pagodinho,Trio Parada Dura,Daniel, Leonardo,Fábio Jr, Ivete Sangalo, Rio Negro e Solimões,Wanderley Cardoso... nossa! Só gente boa, cantores sensacionais !Ai que saudade eu tenho do “Baile do Presidente”,no Jockey da praça Rui Barbosa (Presidentes pernoitavam na terrinha e compareciam ao baile...),JK,dançando com as mocinhas da cidade..Ai que saudade eu tenho do “Baile do Governador”, no Uberaba Tênis ( era tradição o Governador dormir na terrinha) e presença certa na festa ! Ai que saudade eu tenho em ler nos grandes jornais brasileiros(Rio,SP,BH,Goiânia,Brasilia),noticias da Grande Expozebu, de Uberaba.Admirar as fotos-reportagens das revistas “O Cruzeiro”,”Manchete”,”Fatos e Fotos” daquela época; depois,”Veja”,”Época”,”Isto E”, divulgando Uberaba! Ai que saudade eu tenho em ver estampada na imprensa nacional, a foto da “Rainha da Exposição de Uberaba”. Era o máximo !Cada mulher bonita, que só vendo...Ai que saudade eu tenho, lembrando o parque “Fernando Costa”,abrigando gente de todo lado,vários idiomas, afinal, o 3 de maio, era a abertura da Exposição, orgulho maior do uberabense ! “Isso,aconteceu ontem ! Hoje? deixa prá lá...

P.S.- amanhã, volto a historiar o Uberaba Sport Club. Desculpem-me pela “quebra da sequência”.O 3 de maio do uberabense merece...ou não ?

Luiz Gonzaga de Oliveira

O SONHO DE UM ESTÁDIO


Início da construção do  estádio Uberabão - Foto:Autoria desconhecida 
Década:1960

    Foram mais de 5 anos de total abandono. Edgard, saiu. Outros entraram.Presidentes se sucederam e o “buracão”,lá.Inerte.Semi-morto. Ao seu redor, ruas e avenidas asfaltadas, eram abertas.Ricas e modernas edificações surgiam. Florescia a “Vila Olímpica”! E aquele enorme “fosso”incrustado numa área de promissor progresso.Não se ouvia mais o roncar trepidante dos tratores em serviço, o estourar das bananas de dinamite, transformando em pesadas rochas de “pedra sabão” que, só mais tarde, anos depois, soube-se tratar de valiosos fósseis da era jurássica.Não se comentava e nem se estudava ainda com a assiduidade dos dias atuais, da importância que “aquelas pedras brancas que escorregam como sabão, daí o nome”...no estudo da paleontologia...Dinamitadas,ninguém sabe o destino que a elas foram dadas...

   O“buraco”permanecia. Enquanto isso, a “oposição” com a renda da gravação do hino do clube, realizava uma tímida reforma nas dependências do lendário estádio “Boulanger Pucci”.O “esqueleto” no pasto do “Pereira”,clamava por solução.Muita obra iniciada , muito mais obras para serem realizadas. Passivamente, a sagrada terrinha, nem dava “bola”...

   Em 1967,ano do cinqüentenário do Uberaba,na festa de entrega dos troféus “melhores do ano” de Uberaba, o restaurante do “Palace Hotel”,estava literalmente tomado por convidados e homenageados, entre eles, o prefeito João Guido.Jorge Zaidan,presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Uberaba-ACEU-,uma das maiores expressões do rádio jornalismo regional, no discurso aos homenageados,ao final, lançou um patético e oportuno apelo:

-“Prefeito,por amor a cidade, pelo nosso futebol,pela grandeza do nosso esporte, conclua as obras iniciadas do estádio do USC que estão há anos paralisadas, torne o estádio municipal e a cidade lhe será eternamente grata”! Empolgado pela saudação do líder do jornalismo esportivo da cidade, João Guido não titubeou e lançou o desafio:-“Se houver a doação da área, todos nós trabalhando em conjunto e nenhum uberabense vendo apenas a “banda passar”, terminarei o estádio”! Delirio na platéia! Aplausos e vivas vindos de todos os cantos do salão.

Edgard ainda detinha a escritura do terreno,não vacilou um instante sequer.De pronto, com altruísmo,cidadania e boa vontade, doou –o com uma condição:ver o estádio concluído. Obras reiniciadas imediatamente.João Guido,elegeu-se deputado federal.Randolfo Borges Jr.continuou.Arnaldo Rosa Prata,prefeito eleito, deu dinâmica sequência à conclusão da obra, faltando apenas o fechamento da “ferradura”,voltada para o centro da cidade.

Em 10 de junho de 1972,com a seleção tri-campeã do mundo e a seleção olímpica dos novos,o estádio, com capacidade para 30.000 pessoas, quando inteiramente concluído,era inaugurado.O nome dado ao estádio foi uma homenagem àquele que reiniciou as obras,João Guido.Porém, o povo na sua eterna sabedoria , o país vivendo momentos de euforia, onde tudo era “grandão”,não fez por menos,apelidou o estádio de “Uberabão”.São passados 45 anos !

Glórias à Edgard Rodrigues da Cunha, João Guido,Randolfo Borges Jr. e Arnaldo Rosa Prata.O primeiro,presidente do Uberaba,iniciador do projeto.Os outros 3, prefeitos da terrinha.
Desde a inauguração do semi-acabado estádio, nenhum prefeito, nos últimos 45 anos, mandou assentar um só tijolo para a conclusão das obras...Triste,né?

Luiz Gonzaga de Oliveira

INAUGURAÇÃO DO “ UBERABÃO “

 
Foto: Paulo Nogueira    


Dez horas da ensolarada manhã do dia 10 de junho de 1972.O aeroporto da terrinha soltando “gente pelo ladrão”, a espera da chegada do Boeing ”737”, que trazia a seleção brasileira de futebol, tricampeã do mundo e a seleção olímpica que fizera apaga figuras nos Jogos Olímpicos daquele ano. Vinham inaugurar o “ “Uberabão”, apelido dado ,carinhosamente, ao estádio municipal “João Guido”,nome oficial daquela praça de esporte.A auto-estima do uberabense estava que era pura adrenalina. O “Uberabão”,depois do “Mineirão”, em BH., era o melhor estádio de Minas Gerais. Gente, quanta alegria coberta de satisfação! Nem imaginam !

   Foram mais de 10 anos de luta,de expectativa, de decepção,de alegrias, trabalho, trabalho árduo, diga-se, por parte do Uberaba Sport,liderado pelo seu então presidente, Edgard Rodrigues da Cunha, conhecido advogado e professor universitário, industrial de méritos e próspero fazendeiro.Edgard,sonhou alto, tentou dar ao seu clube e a cidade, um estádio monumental. Faltou-lhe, infelizmente, o apoio da cidade e seus líderes. Fazer o quê? Despreendido, doou a área, aquele enorme “buracão”, parecido com as históricas arenas romanas, ao município para que o seu sonho não fosse consumido pelas trevas...

   O “elefante branco” como certa parte da imprensa local, se referia ( na terrinha sempre existiram os do “contra”...)ao inacabado estádio, no “pasto do Pereira”, estava ganhando contornos de realidade.

João Guido, Randolfo Borges e Arnaldo Rosa Prata, “peitaram” a obra , encarregaram-se de encher de orgulho , a alma do uberabense. Ainda “em meia boca”, o estádio seria inaugurado. Belo gramado, arquibancadas (uma parte coberta) , vestiários, cabines de rádio e TV, tribuna de honra, bares, sanitários, áreas essenciais para sua pronta inauguração. Ficou faltando tão somente a conclusão da elipse (ferradura), fechando o estádio.

   No aeroporto, o governador de Minas, autoridades municipais e regionais, políticos de todas as matizes, além de jornalistas e radialistas de todo o Brasil.A ex-Rede Tupi de Televisão,à postos para documentar a chegada dos tricampeões do mundo e. à tarde, transmitir para o Brasil, o jogo de inauguração do “Uberabão”.Gerson,Brito,Piazza,Jairzinho,Rivelino( fez o primeiro gol do estádio), freneticamente aplaudidos , o mesmo acontecendo com os “olímpicos”,cuja estrela maior era Paulo Roberto Falcão.O “Uberabão”,super lotado.Ora,pois.

   Mas,a figura central,alvo de todas as atenções,era João Havelange,presidente a Confederação Brasileira de Futebol.Na cidade,receberia o título de “cidadão uberabense” pelos relevantes serviços prestados ao futebol brasileiro.Tão logo desceu do avião,atrás dos jogadores,comissão técnica,jornalistas e convidados,a emoção tomou conta do povão aglomerado no saguão e lado de fora do aeroporto.Era gente que não acabava mais.Só comparável quando das visitas de Getúlio e depois JK, na abertura das Exposições agropecuárias. Hoje...bem ... hoje... deixa prá lá...Espocar de fogos se ouvia por todos os cantos da terrinha.Escolares com bandeirinhas do Brasil,formavam extensa fila por onde,obrigatoriamente, passariam os ilustres visitantes.Fanfarras dos nossos colégios e a Banda do 4ºBatalhão , esmeravam nas marchas militares. Emoção, gritos, palmas, vivas se ouviam por todos os lados...

   Foi nada não.O último a descer foi João Havelange.Elegante,bem vestido,sorriso discreto, pose de rei, o presidente da CBF,foi cumprimentado pela famosa “fila do beija-mão”.Quando entra no saguão do aeroporto,povão espremido como “sardinha na lata”,Havelange para.Olha fixo na porta de saída do recinto.Lá estava um homem alto,meia-idade,ralos cabelos grisalhos e que não fora convidado para formar na fila de cumprimentos.Havelange,esboça um largo sorriso, levanta os braços e chama:- “Meu querido Waldomiro Campos,venha cá.Quero lhe abraçar!’Atônitas, seguranças,autoridades,jornalistas,abrem alas e aquele senhor,semi obeso,de terno surrado e gravata velha,humildemente. dirige-se a Havelange e trocam na presença de todos, um fraterno abraço com direito a beijo no rosto...

  Waldomiro Campos, “Nenê Mamá”, na sua simplicidade , era a figura mais importante para o importante futuro presidente da FIFA! 45 anos são passados! Nunca mais Uberaba “viu”, de perto, a seleção brasileira!Uberaba, conhecida,”ao vivo”,pela TV-Uberaba, em todo o Brasil, nunca mais apareceu! O nosso futebol, que foi grande, está na UTI dos eventos esportivos!Uberaba, não viu mais nem Havelange, nem “Nenê Mamá”! Uberaba, até hoje,não viu o término do “Uberabão”! Uberaba,tristemente, não viu “ a banda passar”...


Luiz Gonzaga de Oliveira 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

CAVALO TARADO...

Primeiro: Cristo crucificado
Segundo: Tiradentes enforcado
Terceiro: Brasileiro honesto, endividado...

A história é antiga. Bota antiga nisso...Rico fazendeiro (na terrinha tem muito...), além do gado de elite que criava, tinha verdadeira adoração por eqüinos. Cavalos de raça era sua verdadeira paixão.”Tropeiro”,”Pantaneiro”,”Mangalarga”,Mangalarga marchador”, enfim, onde tivesse um exemplar que o agradasse,” mandava ver”.Custasse o preço que fosse,o animal era seu.

Pastos bem cuidados,divisas com “cerca paraguaia”, postes branquinhos, alinhados simetricamente, dava gosto passear pelos campos verdejantes da bonita”Estância São Pedro”. Ao correr do tempo,o capataz começou a observar um animal trotão que viera como “carga morta” de um lote recentemente adquirido.Cavalo “inteiro”,( o que não é castrado) e apto à reprodução, o garanhão não era muito dado à “cobrir”as fêmeas da fazenda. Esquisito, né ?

O dono alertado pelo empregado,passou a observar o “crioulo”.Volta e meia,estava aos coices e barrancos com outro macho...-“Isso não é normal”,pensou. Vários dias e o fato se repetiu.
Fim de tarde de uma sexta-feira,notou a falta dos dois “garanhões” no pasto que terminava no corguinho “Piranha”. Desceu da montaria e para a sua grande surpresa e espanto, os cavalos estavam mortos à beira do riacho. O “garanhão tarado”, “coberto” num potro de sua estimação,pelo qual nutria especial cuidado. Aborrecido ao ver uma cena tão inimaginável e incomum, relatou o ocorrido ao Leopoldino, capataz da fazenda.Vendo um leve e maroto sorriso do empregado, quis saber o por que da reação tão normal do empregado. Léo, Foi curto e grosso:- “Patrão, cavalo quando acha bonito o trazeiro do outro, acontece isso...”

-“Isso o quê, Léo!”, indagou. –“Me conta”, insistiu.
-“Dotô, é o seguinte:cavalo tarado não tem noção(?) e bunda bonita, fica louco para “entrar”.Quando tá na “metade”,arrepende e quer tirar. O “outro” que não estava esperando “por isso”, leva um susto tremendo e...”tranca”. Então, vem o dilema: o que “colocou”,espera que o “outro”afrouxe para ele sair. O “outro sofredor”, pensa diferente. Se eu afrouxar ele “entala tudo”. Daí, patrão, os dois morre(...), entendeu?”

P.S.- A historinha acima, é mera fantasia. Não tem nada a ver com a planta de amônia da Petrobras e o gasoduto de Betim, tão ansiosamente esperados pelos uberabenses...


Luiz Gonzaga de Oliveira

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes

    Ouro Preto está fervilhando. Gente saindo pelo “ladrão”.21 de abril, comemora-se a data do “proto-mártir”da independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier. Tudo começou nas Minas Gerais onde Joaquim era popularmente conhecido como Tiradentes, pois que, através o seu padrinho Sebastião, antigo dentista prático, passou a se dedicar a profissão que lhe rendera o apelido. Nascido em 1746, em Zitápolis, perto de Vila Rica, morreu em 1792, no Rio de Janeiro. Sem dúvida, Tiradentes foi o mais famoso e importante dentista história pátria. Não foi só isso.Militar,tropeiro,comerciante,minerador e um respeitável ativista político. Filho de portugueses,donos de uma pequena propriedade rural, tinha oito irmãos. Ficou órfão de mãe,antes dos dez anos e perdeu o pai, dois anos depois. Sebastião Leitão, o padrinho, encaminhou-lhe na vida. Ao fazer parte da escola militar, “Dragões de Minas Gerais”, juntou-se a vários integrantes da aristocracia mineira, entre eles, poetas, advogados, fazendeiros, quando Joaquim envolveu-se com o movimento dos inconfidentes, que tinha como objetivo,conquistar a independência do Brasil. 

    Joaquim falava bem, comunicava-se melhor ainda, era convincente e idéias firmes.Organizado, tornou-se líder e estava à frente do movimento embrionariamente, sublevado.Quando tudo caminhava a contento, reuniões crescendo de adeptos , aconteceu a delação de Joaquim Silvério dos Reis...Movimento descoberto, inconfidentes presos e julgados em 1792.Alguns,protegidos da “aristocracia monárquica”, ganharam penas leves, confinados em masmorras ,mas,logo libertados.Outros,sem “padrinhos”, açoite em praça pública e degredo para a longínqua África.Joaquim, sem amparo econômico,frágil em amparo político, condenado à forca !

Decapitado, esquartejado , no campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro, a 21 de abril de 1792, as partes o seu corpo foram expostas em postes que ligavam o Rio de Janeiro às terras mineiras. Cúmulo da maldade, até a sua humilde casa, foi queimada por ordem do Reino e os seus poucos bens, confiscados. Joaquim, foi um herói nacional !Deu a vida pela independência do nosso país que sofria o domínio e a exploração de Portugal.O Brasil não tinha Constituição, direito a desenvolver indústrias, além do povo sofrer com os altos e escorchantes impostos cobrados pela Côrte.Nas regiões mineradoras, o “quinto”( imposto sobre o ouro extraído das nossas terras) e a “derrama”, causavam revolta na população.Tiradentes, o Joaquim, sonhava em ver um Brasil livre e independente ! E as”causas” da Inconfidência Mineira”,perguntarão ?

    - A escrava exploração colonial de Portugal ao Brasil –A cobrança do “quinto”(20%)taxa cobrada pela Coroa Portuguesa do ouro brasileiro que ia para os cofres portugueses.-----Quem não pagasse, sofria pesadas punições,incluindo o degredo (deportação)para a África---Criação da “derrama”.Cada região aurífera, tinha que pagar 100 arrobas ( 150 kilos!)de ouro, por ano, à Portugal. Se a região não conseguisse “cobrir a cota”,sol dados invadiam casas e retiravam ,à força, objetos de valor,até completar o imposto devido. A “derrama”foi o estopim da revolta !—a vontade da elite brasileira à época, em participar das decisões políticas do Brasil—a forte influência do liberalismo por parte de intelectuais brasileiros em contato com o pensamento liberal europeu, que defendia a liberdade e a democracia. Causas plenamente justificáveis !

    Joaquim, o Tiradentes,não era nenhum intelectual.Porém,interessava-se por atividades políticas e teve contatos com Alvarenga Peixoto, Tomaz Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, poetas respeitados ,seus companheiros de movimento. Presos,muitos dos inconfidentes,temendo punições severas,não confessaram seus crimes.O único a fazê-lo foi Joaquim, o Tiradentes e que, por isso, recebeu a pena capital. A imagem de Joaquim,o Tiradentes, é o ícone da Liberdade e da Independência do Brasil,o grande Herói da Nação !

    Desde 1965,lei federal instituiu o 21 e abril,como feriado nacional e, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira ! A Medalha da Inconfidência é a mais alta Comenda concedida pelo governo mineiro, atribuída a personalidades que contribuíram para o prestigio e projeção de Minas Gerais. :Criada em 1952, no governo JK, tem quatro designações : Grande Colar ( Comenda Extraordinária), Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência.


Luiz Gonzaga de Oliveira

domingo, 16 de abril de 2017

TERRA MADRASTA

Orlando Ferreira, doca 


Terminal Rodoviário de Uberaba

Terminal Rodoviário de Uberaba - Anos 2000

A criação do Terminal Rodoviário de Uberaba foi feito através do Decreto Lei nº 433, de 07 de fevereiro de 1944, na Praça da Bandeira (atual Praça Dr. Jorge Frange). O projeto inicial foi elaborado pelo Serviço de Indústria da Secretaria de Agricultura do Estado de Minas Gerais. Este projeto foi substituído por um novo, executado pelo Engenheiro Dr. Tomás Bawden, em 1943, por determinação do Prefeito Carlos Martins Prates. O Terminal Rodoviário funcionou precariamente, de 1944 até 06 de julho de 1945, quando foi concluído. De acordo com o jornal "O Triângulo", inauguradas que foram as dependências do Terminal Rodoviário, passou a Prefeitura a alugá-las, recebendo por isso, cerca de dois mil e poucos cruzeiros mensais, o que veio acontecendo até abril de 1948. As verdadeiras finalidades, entretanto, não foram concretizadas. A falta de regulamentação criava sensível embaraço aos passageiros e às próprias Empresas que exploravam o serviço, pois, as passagens não eram adquiridas em local próprio e os veículos não tinham ponto certo de partida e chegada, causando, tudo isso, uma série de confusões e de dificuldades. Mesmo os serviços de despacho e de encomendas não eram convenientemente oficializados, dando motivo a constantes extravios e reclamações por parte dos interessados. Por outro lado, a renda auferida pela Prefeitura, em relação ao capital arrecadado e aos gastos de conservação do edifício, era quase nula. Inteirado de tudo isso, o Sr. Dr. Boulanger Pucci, meses após a sua posse na direção dos negócios municipais, determinou que o Serviço de Patrimônio elaborasse os necessários estudos, não só para a regulamentação do Serviço de Transporte Coletivo Inter-municipal, como, também, o Regimento Interno do Terminal Rodoviário. De posse dessas sugestões, o Sr. Prefeito encaminhou à consideração do Legislativo os projetos de Leis necessários, convenientemente justificados. Aprovadas que foram as matérias e imediatamente convertidas em Lei, foram, logo, postas em execução. Os resultados obtidos excederam todas as expectativas. Assim, o Terminal Rodoviário de Uberaba, trouxe grande movimento e desenvolvimento para o Bairro São Benedito; inúmeras pensões, hotéis, bares, postos de serviços, garagens, etc., se instalaram nas imediações da Praça da Bandeira, bem como inúmeras construções foram levadas a efeito. Houve um aumento significativo quanto ao número de embarques e desembarques de passageiros, mantendo assim o horário fixo para os itinerários dos veículos. O antigo Terminal Rodoviário de Uberaba, com o passar do tempo foi se tornando pequeno e inadequado, para a população que crescia. Então, no dia 22 de dezembro de 1972, durante a gestão do Prefeito Municipal de Uberaba, Arnaldo Rosa Prata, inaugurou-se o Novo Terminal Rodoviário de Uberaba, localizado na Praça Dr. Carlos Terra, no Bairro São Benedito. No início da segunda quinzena de dezembro de 1999, na gestão do Prefeito Municipal de Uberaba, Dr. Marcos Montes Cordeiro, o Terminal Rodoviário passou por uma reforma geral, sendo reinaugurado no dia 1º de setembro de 2000.

(Arquivo Publico de Uberaba)



sábado, 15 de abril de 2017

Reforma da Catedral de Uberaba

Reforma da Catedral


    Eleita, no ano passado como umas das Setes Maravilhas de nossa cidade, a Catedral Metropolitana foi fundada com o nome de paróquia de Santo Antônio e São Sebastião, em 2 de março de 1820 vinculada à então diocese de Goiás.

    Em 1890, o Bispo de Goiás Dom Eduardo Duarte e Silva solicitou à Santa Sé a criação de uma diocese com sede em Uberaba, por causa da grande extensão territorial da diocese de Goiás. A Santa Sé condicionou  sua criação à construção de uma Catedral. Dom Eduardo mandou construir, então, a atual Igreja do Santíssimo Sacramento (antiga Adoração)para a Catedral de seu bispado. Essa construção foi concluída em 30 de setembro de 1905, mas só foi inaugurada em 27 de janeiro de 1907 e, com a criação da Diocese de Uberaba, passou a condição de Catedral, em 29 de setembro de 1907.

    Em 1926, Dom Frei Luiz Maria de Santana transladou o título de Catedral para a primeira igreja da cidade de Uberaba, a Paróquia de Santo Antônio e São Sebastião. Por ser padroeiro da diocese o Sagrado Coração de Jesus, a nova Catedral do Sagrado Coração de Jesus e de Santo Antônio e São Sebastião.

    A Catedral tem como padroeiro titular o Sagrado Coração de Jesus e padroeiro secundário, Santo Antônio e São Sebastião.

    Tornou-se Catedral Metropolitana com a elevação da diocese a Arquidiocese de Uberaba, em 14 de abril de 1962. 

     É um grande patrimônio de nossa cidade e cabe a nós, cristãos e cidadãos, o cuidado e a preservação desse patrimônio.

    Ao fazermos o planejamento da nova pintura, que se faz necessária há algum tempo deparamo-nos com a necessidade urgente e delicada de renovar as instalações elétricas e o telhado. Nas instalações elétricas ainda existem fiação de pano; o telhado precisa ser trocado, pois, em uma das chuvas ocorrida neste ano, a sacristia foi inundada. Se não consertarmos o telhado antes da pintura, as infiltrações e os riscos de curtos circuitos, pela fiação muito antiga, serão uma constante e o serviço será perdido.

    Sendo assim, feitos os orçamentos e o levantamento da mão de obra para troca geral do telhado e da instalação elétrica, chegou-se ao montante de R$244.227,78 (duzentos e quarenta e quatro mil, duzentos e vinte sete reais e setenta e oito centavos).

    Para essa reforma se viabilize, o Conselho Paroquial Administrativo optou pela realização de um bingo de um carro 0 km. Estão sendo vendidas 10.000 (dez mil cartelas) no valor de R$15,00 cada. Para que alcancemos esta meta e tenhamos os 150.000,00 livres, precisamos ainda de patrocinadores para aquisição do carro.

    Estamos abrindo o Livro de Ouro da Catedral. Neste livro, serão colocados os nomes das famílias que generosamente contribuírem com as ações promovidas por nossa Igreja, no  que diz respeito  às necessidades financeiras,sendo,neste primeiro caso, a troca do telhado e a parte elétrica. Esse livro ficará futuramente sobre o Altar-mor da Catedral, no Presbitério, onde sempre se celebra a Eucaristia e de onde virão as bênçãos de Deus sobre as famílias que não medirem esforços para a manutenção de nossa Catedral.


Serviços a serem executados:

Ref. ORÇAMENTO PARA A TROCA DO TELHADO

Segue abaixo relatório sintético de serviços e estimativas de materiais para o FEITIO dos serviços solicitados.
SERVIÇOS A SEREM EXECUTADOS NO TELHADO:

*Retirada e recolocação geral do ripamento;
*Colocação geral de uma manta de proteção;
*Retirada e colocação geral de todas as telhas e emboque, sendo as novas telhas do tipo cerâmica, modelo AMERICANA – M-14, de cor vermelha, sem impermeabilização;
*Reforma dos chumbamentos das calhas e rufos existentes;
*Reforma de parte dos reboques das platibandas da CATEDRAL.

SERVIÇOS DE TROCA DOS CONDUTORES NAS PAREDES:

*Acreditamos que não será necessária a troca, porém, após as devidas análises, iremos decidir se realmente teremos que efetuar esse serviço.
Por isso, apresentamos os valores separadamente.


1-ORÇAMENTO PARA A TROCA DO TELHADO COM A MANTA, APENAS NA PARTE QUE NÃO TEM LAJE (ATRÁS DO ALTAR):

*VALOR TOTAL DOS SERVIÇOS.....................57.650,00
*VALOR ESTIMADOS DOS MATERIAIS........77.782,00
*VALOR TOTAL GERAL...................................135.432,00


2-ORÇAMENTO PARRA A TROCA DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS:

*VALOR ESTIMADO DOS MATERIAIS..........80.589,47
*VALOR TOTAL DOS SERVIÇOS ...................28.206,31
*VALOR TOTAL GERAL..................................108.795,78


CUSTO TOTAL PARA A TROCA DO TELHADO E DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: R$244.227,78.



 (Órgão oficial de Comunicação da Arquidiocese de Uberaba).