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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

A CRIAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA

O curso de Medicina, pioneiro e incorporado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro, foi criado ao final da década de 40, do século passado. Mário Palmério, “ pai do ensino superior no interior do Brasil”, tinha instalado as Faculdades de Odontologia, Direito e Engenharia CiviL que funcionavam a pleno vapor, abrindo um novo leque de progresso e desenvolvimento na cidade e região. Uberaba, respirava cultura e dinamismo.

A eterna briga política da cidade, facções que não se entendiam, se juntaram à causa meritória, no episódio que vou lhes contar . PSD e PTB, na “situação”, UDN/PR/PSP, agrupavam-se na “ oposição”, morrendo de inveja da atuação de Palmério. Naquele tempo, a Exposição Nacional de Gado Zebu, promovia a cidade. O Brasil inteiro, voltava suas vistas para o maior evento agropecuário nacional. As presenças das maiores autoridades do país, se encontram na santa terrinha. Na Presidência da República, Juscelino Kubischeck, revolucionava o país, era a figura central.

Simpático, afável, fazia questão de pernoitar na cidade e participar do baile do “Presidente”, no Jockey Club, como, quando Governador, prestigiava o baile em sua homenagem, no Uberaba Tenis Clube. A agenda oficial, reservava o 3 de maio para Uberaba. Com ele, Ministros, Governadores, Deputados, se faziam presentes. A abertura da Exposição de Gado de Uberaba, era manchete nos principais órgãos da imprensa nacional. Hoje... .deixa pra lá...

O PSD, partido de JK, era comandado na terrinha pelo “coronel” Ranulfo Borges, cercado de figuras honradas da cidade. A cadeia pública, defronte ao Mercadão, “caindo aos pedaços”. PSD, em peso, foi à Juscelino, pedir-lhe que reformasse aquele velho pardieiro . JK, ouviu calado, as lamúrias. De pé, ouviu o pedido . Pigarreou, esfregou os pés, sem sapatos e num largo sorriso, disparou:- Não vou reformar cadeia nenhuma nesta cidade que gosto muito”. A “velha guarda” do PSD, emudeceu, esperando pelo pior...Foi aí que...

Juscelino, enfático, completou:- Vou dar à Uberaba, uma Faculdade de Medicina, ouviram?“. Palmas ecoaram na ampla sala da casa de Adalberto Rodrigues da Cunha, presidente da SRTM. Na “esquina do enjeitei”, a “fazendeirada” zombava. Não acreditava. Uberaba, tinha pouco mais de 80.000 habitantes, ganhando uma Faculdade de Medicina! A euforia tomou conta da santa terrinha.

Lideranças políticas, empresariais, classistas, clubes de serviços, agropastoris, esqueceram suas divergências; deixaram de lado suas picuinhas e se juntaram para a grande conquista fosse logo alcançada. Um comboio com as nossas principais lideranças , se agrupou rumo à Brasilia. Uberaba, graças a Deus, estava unida.


A CRIAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA – 2 –

Uberaba, a sagrada terrinha, sempre se destacou pelo pioneirismo de sua gente. Na medicina não foi diferente. Os farmacêuticos e suas poções, pesquisando e manipulando formulas medicinais, experimentando a nossa rica flora, os caminhos percorridos por eles, médicos-farmacêuticos, parteiras e benzedeiras, suas atuações se revertiam de grandeza e abnegação no tratamento das doenças existentes. Uma história muito rica e de inexcedível valor. Penoso enumerar os grandes feitos, as fantásticas pesquisas dos profissionais da saúde, normalmente bem sucedidas e que vieram salvar vidas.

Tudo começou na Santa Casa de Misericórdia, onde é hoje, o complexo da Universidade Federal do Triângulo Mineiro- UFTM. Fundada pelo primeiro bispo de Uberaba, Frei Eugênio Maria de Gênova, a vocação humanitária dos médicos daquela época, atendiam e davam guarida aos doentes de qualquer classe social. A Santa Casa, enquanto existiu, teve a bondosa e desprendida colaboração das “Irmãs Dominicanas”, caridosas por vocação e a segura direção de dedicados e fraternos Provedores.
Uma Provedora de notável destaque, Maria da Glória Leão Borges, esposa de Ranulfo Borges, o “chefão” políticos da cidade. Maria da Glória, teve efetiva participação na criação da Faculdade de Medicina. Dada a largada pelo Presidente JK, médicos e demais lideranças locais, esqueceram suas divergências politicas, ojerizas pessoais , irmanados, visando a concretização de tão grande conquista; o nobre ideal de tão especial presente.

Registro, com muita honra, preito de gratidão aos “ 18 do forte” pelo trabalho realizado: Alfredo Sabino de Freitas, Alyrio Furtado Nunes, Antônio Sabino de Freitas Júnior, Carlos Smith, Fausto Cunha Oliveira, Hélio Angotti, Hélio Luiz da Costa, João Henrique Sampaio Vieira da Silva, Jorge Azôr, Jorge Henrique Marquez Furtado, José de Paiva Abreu, José Soares Bilharinho, Lauro Fontoura, Mário Palmério, Mozart Furtado Nunes, Odon Tormin, Paulo Pontes e Randolfo Borges Júnior, por ordem alfabética, homens de cêpa, despidos de vaidades pessoais, vantagens políticas, dedicaram grande parte dos seus preciosos tempos, trabalho, talento e profissionalismo para que Uberaba tivesse a grande glória: Faculdade de Medicina!

Com recursos próprios, viajaram inúmeras vezes para Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasilia, as suas expensas. Nada de dinheiro público. Enfrentando os naturais percalços de tão nobre empreitada, merecem o nosso respeito, orgulho e gratidão ! Uberaba, é grata aos seus filhos verdadeiros !. Com o tempo, contarei passagens iniciais da nossa Faculdade de Medicina, quando as aulas eram ministradas dentro das celas do antigo “cadeião


(Luiz Gonzaga Oliveira)

Cidade de Uberaba