sexta-feira, 11 de setembro de 2020

O CASO DAS BANANADAS

Morávamos na Rua Sete de Setembro e a lotérica era, como é até hoje, na Arthur Machado, só que do outro lado da rua e no número 81, tendo como vizinhos a loja do Sr.Benzinho (o porquê do apelido me escapa agora) à direita, e o salão de barbearia do João Speridião (vivo até hoje) à esquerda.

Invariavelmente, meu pai saia da lotérica às 11 da manhã, comprava algum doce, almoçava, comia o doce, fazia a “siesta” e descia em torno das 14h.

Pois bem, um belo dia fazendo o já citado trajeto de ida, comprou umas bananadas que se vendia em pedaços, e passou na loja Laterza e Fantato (loja de materiais elétricos no 5º quarteirão de propriedade do Sr. Elmo Fantato) para comprar um disjuntor ou algo do gênero.

Chegando em casa percebeu que esquecera o saquinho de bananada, e como só havia parado naquela loja, deduziu que só poderia ter esquecido lá.

Cumprido o ritual da siesta, desceu a ladeira Estados Unidos, virou à esquerda na Artur Machado, e entrou novamente na loja do amigo Elmo para resgatar suas bananadas.

Trabalhavam ali além do Sr. Elmo uns quatro ou cinco atendentes mais um caixa.
Como o Elmo não estava, meu pai perguntou pelos doces ao balconista que o havia atendido e percebeu de pronto pela troca de olhares culposos que seus doces haviam sido divididos e consumidos pelos atendentes.

Diante da negativa dos folgados, gozador que era e como “bom cabrito não berra”, Caparelli deu uma pensadinha e informou, fazendo cara de preocupação:

- Sabe o que é? No caminho de casa esqueci um embrulhinho com umas bananadas e como passei em três lugares, não sei onde foi.

- O Fausto (Fausto de Martino, farmacêutico antigo da Artur Machado) injetou veneno de rato para eu levar para o rancho porque tem uns que não caem em ratoeira de jeito algum.

E completou:- Bem, se não foi aqui, deve ter sido em outro lugar, e saiu pensativo...

(Marcelo Caparelli)