terça-feira, 15 de setembro de 2020

DESPEDINDO-ME DO JM

Bem, tudo tem seu dia, sua hora, com sua licença, meu senhor, minha senhora, pego meu chapéu, vou-me embora.

Neste sábado (29/08/2020), logo cedo, pela manhã, eu me despeço do Jornal da Manhã. Aqui depositei o melhor mim. Lançamentos, desfiles, bailes, baladas, boates, boutiques, salões de festas, jantares, clubes (Uirapuru, Jockey, Sírio-Libanês) de campo, academias de ginástica (todas!), quermesses, estúdios fotográficos, reuniões de ocasiões, até à comemoração-solo, organizada pela pandemia - um só bolo, uma só vela, uma só pessoa - tudo de excelente tem sido mostrado por aqui, dentro desta quadra, que é a folha de jornal, em quatro superativas décadas. Desde 1976!


Jorge Alberto Nabut/Divulgação.

Que, na saída, não me venham as chinelas, as bermudas florais, a rede rendada que a varanda colonial ainda pede corpo e cumplicidade. Nada disso ainda faz sentido. E acredito que nunca fará. A não ser na lírica literatura que nos aguarda a leitura. O barco quer traçar outro arco, vagar noutra correnteza, mesmo a desejada incerteza. Quereria enfrentar os jogos eletrônicos da criatividade que ainda viceja. Pois que assim seja. Apostar no oposto, como é do gosto.

A fila anda, mesmo que a dois metros uns dos outros, com máscaras, mas com olhos muito mais ativos, para sabermos se ainda estamos sorrindo para os semelhantes que vêm vindo ou para os dessemelhantes que vão indo. E como sempre fazem as letras, instrumento de meu trabalho, haverá vários meios de nos vermos, várias maneiras de nos lermos.

Foi excelente estar com vocês!

Há mais de quarenta anos estou com vocês e com a família Prata (dr. Edson e Lídia), escrevendo, reportando, contando, comentando. A chegada da internet nos usurpou a novidade e o que ficou de mais interessante passaram a ser os comentários. Que nunca foi feito à esmo. Sempre havia uma referência por trás dos comentários. Algo que tinha lido, visto, ouvido e que soprava a ideia para eu desenvolvê-la, levando em consideração máxima a importância do leitor.

Saio do Jornal da Manhã com o mestrado em paciência (paz-ciência, ou seja, a ciência da paz), e doutorado em jornalismo no nível suma cum laude. Assim espero. Brincar faz bem, sempre.

Abraço fraterno a toda equipe da casa, sem distinção de posição.


Jorge Alberto Nabut