domingo, 30 de dezembro de 2018

PALMARES E A CONSCIÊNCIA NEGRA

Quilombo dos Palmares fez história na era colonial brasileira. Instalado na serra da Barriga, Pernambuco, hoje, pertence ao município de União dos Palmares, em Alagoas. O quilombo foi o mais emblemático refúgio dos negros no período colonial e resistiu, mais de um século, às perseguições dos “senhores do Engenho”. Transformou-se em mito, símbolo da resistência africana à escravatura brasileira. Palmares, rebelou-se contra a condição de escravos trazidos, homens e mulheres da África, para trabalhos forçados, sem remuneração, forma desumana a que os negros eram obrigados a realizarem , sujeitos a todas as intempéries.

Esse tratamento inóspito, resultou na reação dos escravos quando “Ganga Zumba”, acompanhado de outros escravos, formou o “Quilombo dos Palmares”. Atacado por umas 20 vezes, o quilombo, sempre muito bem organizado, política e militarmente, resistia. Embora sem precisar números, a população que ali habitava, chegou a atingir 20.000 moradores . Eles viviam da pesca, caça, plantação de frutas e produziam na roça, feijão, milho, mandioca e etc., responsáveis pela sua sobrevivência.

Com a expulsão dos holandeses de Mauricio de Nassau, em Pernambuco, os “ senhores de Engenho”, tiveram escasseada a mão de nas usinas de açúcar. Daí, a elevação do “ preço dos escravos” que originou os constantes ataques ao “Quilombo dos Palmares”. “Ganga Zumba”, conhecendo métodos de guerrilha e seduzido pelo “branco” Fernão Castilho, ofereceu liberdade aos nascidos no quilombo, assim como terras inférteis, no local chamado “Cocaú”. Veio a tragédia.”Ganga Zumba” ,morre envenenado. Seu posto, ocupado pelo irmão, “Ganga Zona”, aliado dos portugueses ricos, fazendeiros donos das terras.

Foi então que surgiu ,chefiando a desistência do acordo, “Zumbí”. O quilombo passou a sofrer terríveis ataques dos “senhores de Engenho” e ordem expressa para matar todos os escravos ali residentes. Em janeiro de 1694, um quilombola, foi preso. Com a promessa de ser solto, delatou o esconderijo de “Zumbi”. Encurralado, morto. Teve a cabeça decepada, enviada para Recife e exposta em praça pública, à servir de “ exemplo a outros escravos”. Sem liderança, o quilombo foi extinto...
20 de novembro, dia da Consciência Negra, é comemorado nacionalmente. A escolha, homenagem ao líder “Zumbi”, baluarte na luta contra a escravidão no nordeste do País. Dia que se celebra a importância da reflexão do negro na sociedade brasileira. A data, a maneira de lembrar a importância de valorizar um povo que teve e tem, alto grau de contribuição do desenvolvimento da cultura brasileira. Oportunidade também de conscientizar a população, na formação social, histórica, costumes e tradição da gente brasileira.

O movimento negro, em diferentes etapas, organizado em reivindicar direitos à população negra que ainda sofre com o preconceito e racismo na sociedade. É um movimento plural. Reúne, além do combate ao racismo, vertentes diferentes como feminismo, a luta pelos direitos LGBT e tolerância religiosa. Na questão do racismo, outras discussões como o preconceito à mulher negra, a apropriação cultural, o “ embranquecimento cutâneo”, a cristianização de tradições afro-brasileiras , como o “acarajé” e a “capoeira” e a “marcação”aos jovens negros, alvo preferido das batidas policiais, são debatidas.

Racismo no Brasil, é fruto da era colonial e escravocrata. Embora haja liberdade jurídica, as dificuldades persistem. Ao branco, tudo é permitido. Desde as fortunas mal explicadas , aos roubos e falcatruas do dinheiro público. Do negro, tudo é cobrado em dobro. Ele tem que “matar um leão por dia” para provar que é bom. A covardia e o cinismo do branco racista , não tem limite. – “Que é isso ?” Não tenho preconceito. Somos todos irmãos! “...
Cinismo e mentira deslavada! Nenhum “branco” tem preconceito racial até que um negro peça sua filha em casamento ...

Bom feriado. Respeitoso e solidário abraço aos negros e “negas” da minha Terrinha. “Marquez do Cassú “.




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