sábado, 14 de janeiro de 2017

BRASIL X CHILE 1989

BRASIL X CHILE 1989




Numa volta ao tempo, podemos recapitular uma das maiores farsas do futebol mundial, que teve como palco o Maracanã, em 3 de setembro de 1989. Neste dia, o então goleiro Rojas, da seleção chilena, conseguiu dividir opiniões quando simulou ter sido atingido por um sinalizador marítimo. A imprensa chilena denunciou os brasileiros de mafiosos e assassinos. O jornal “Fortim”, por exemplo, destacou em manchete de capa, no dia posterior ao jogo, o seguinte: “Herido el condor”. Houve um jornal que optou pelo título de capa em uma palavra: “Mafiosos” (numa referência aos brasileiros).O Chile precisava ganhar a partida para ter chances de classificação ao Mundial da Itália, de 1990, e o Brasil também necessitava vencer pelas Eliminatórias Sul-Americanas. O jogo estava difícil para o time chileno e a torcida brasileira levou para o Estádio Maracanã o clima de guerra. Disso se aproveitou Rojas, que esperou o exato momento em que uma torcedora atirou fogos atrás de sua meta, para simular um ferimento na testa. Acreditem: o catimbeiro Rojas se cortou propositalmente, e seu rosto logo se banhou de sangue, provocando a interrupção da partida em que o Brasil vencia por 1 a 0.No tumulto, na arquibancada, a torcedora Rosemary – que não tinha hábitos de freqüentar campos de futebol – foi denunciada por atirar o tal simulador marítimo. E por mais que tentasse argumentar que o goleiro não havia sido atingido pelos fogos, não conseguia. Foi crucificada.A verdade dos fatos só foi restabelecida três meses depois, quando a Comissão Jurídica e Médica do Chile divulgou relatório de 74 páginas, em que acusava o goleiro de ter provocado em si mesmo o corte na testa, com o objetivo de interromper aquela partida. Rojas foi suspenso por 18 meses do futebol chileno, enquanto a Fifa pretendia bani-lo. O goleiro ainda tentava confundir a cabeça das pessoas, alegando inocência, justificando que teria sido injustiçado. Mas prevaleceu a punição. Posteriormente, o São Bento, de Sorocaba (SP), numa jogada de marketing intermediada por uma fábrica de artifício da cidade, tentou contratá-lo, porém não deu certo. Assim, o bom goleiro chileno acabou no Morumbi, no time do São Paulo. Sem a mesma motivação para continuar jogando, Rojas encurtou a carreira de atleta, mas foi aproveitado no próprio São Paulo, na preparação de goleiros de todas as categorias. O trabalho competente de Rojas para ensinar segredos aos goleiros ainda é reconhecido, mas aquele episódio de setembro de 1989 sempre será lembrado. Eu consegui fotografar exatamente o momento em que o goleiro Rojas cortava a testa. A foto foi solicitada á direção do Jornal de Uberaba na época e foi anexada ao processo da CBF contra o goleiro.

 Jornalista – Paulo Nogueira