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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A RUA DO “SANTO”...

Há uma condicionante que, volta e meia, gosto de lembrar: Uberaba é uma cidade exemplar. Tudo aquilo que os nossos homens públicos propuseram realizar, conseguiram vitoriar-se em suas conquistas. Começou com a saga do zebu, o pioneirismo da nossa gente, o intrépido homem do campo, melhorando a genética do rebanho bovino e seus avanços. Na Educação, fomos vanguardeiros, iniciando no ensino profissionalizante e a culminância dos cursos universitários.

Em tempos idos, os bailes homéricos de uma cidade rica, incluindo até “prado de corridas de cavalos”, cassinos luxuosos, a terrinha se fez presente também . Uberaba, entre tantos fatores altamente positivos, não poderia deixar de receber o título de “cidade boêmia”. Cabarés, jogos de azar, prostituição, juntos e misturados, aliados aos “chiques” clubes sociais ...Turistas, forasteiros, visitantes que aqui aportavam em outros tempos, se assustavam quando ouviam falar que o nosso puteiro, tinha nome de santo: São Miguel...Arcanjo ? Não tenho certeza...

                Rua São Miguel – atual Rua Dr. Paulo Pontes                                


Bem central,início do bairro São Benedito, atrás da Catedral Metropolitana, encravada entre ruas familiares, a “São Miguel”, era conhecida no Brasil inteiro. Bem mais “falada” que a “casa da Eny”, em Baurú (SP).Logo na esquina da praça Frei Eugênio, o “Tabu”,Bar-restaurante, famoso e que resiste ao tempo, só que em outro local e inteiramente familiar. Do outro lado da rua, a “venda” do Armando Angotti. Descendo a rua, feéricamente iluminada, lâmpadas”pisca-pisca”, vermelhas , anunciavam as casas: Tunica,Amelinha,Negrinha,Jovita,”tia Moça”,a travessa Ernesto Pena,conhecida como o “beco dos aflitos”.

Do outro lado da rua, a Erotildes, o “Cassino Brasil”, a Tubertina, Nena, Isolina e, quase chegando à rua Vigário Silva, o bar “Boca da Onça”(Não confundir com o sério”Buraco da Onça”...)do Caio “Guarda”,que não fechava nunca, pois,não tinha porta...Final de semana, o movimento na rua, “dobrava”.O “Tabu”,com o Chin e o Antônio, varavam madrugada. O churrasquinho do Jaime,cheirava até no bar do “Yassu”, na rua Tristão de Castro...

A rua do “santo”,também era conhecida como”baculerê”,puteiro,”rua das primas” e outras alcunhas. A “São Miguel”, era freqüentada pela fina flor da sociedade masculina, sem distinção de classe, cor ou credo.Ali, se misturavam homens sisudos,figuras patéticas, jovens bem vestidos,maltrapilhos,pais com os filhos e outras extravagâncias.

O “Cassino Brasil”, era a atração. A mulherada vestia suas melhores roupas, os perfumes mais caros, a “maquiagem” mais atraente, a fim de conseguir o melhor “programa”. O “show” comandado pelo Paulo, amante da Negrinha, culminava com a apresentação da dupla”Birinha e Diquinha”,dois “frescos”( naquele tempo, ninguém falava em homossexual,bicha,travesti,transgênero ou outra espécie) era “fresco” ou “viado”..Além deles, tinha o Amador,viado metido a intelectual, vivia com livros debaixo do braço e puxava a “lili”, sua cachorrinha de estimação, por um cordão encardido...

O respeito na “São Miguel”,era total.Qualquer desavença entre , “gigolô” agredindo mulher,bêbado inconveniente,lá estava o “cabo Tatá”, colocando ordem na “casa”, escoltado pelo “cabo Ranulfo” e o “investigador “ Benedito.

“Andei” pesquisando sobre as “moças de vida nada fácil” que residiam na “São Miguel”. Confesso-lhes,não encontrei nenhuma mãe da atual safra de políticos da santa terrinha...


Luiz Gonzaga de Oliveira