quinta-feira, 19 de junho de 2025

O HOMEM INVISÍVEL

Dele pouco se tem informações, muito embora seja uma figura importante na história local sequer sabemos se seus pais tinham origem europeia ou africana. Natural de Coromandel, MG, onde nasceu em 1823, filho de Zózimo de Moura e de Joaquina da Conceição, ele mudou-se para Uberaba em 1860, vindo de Franca, SP, aqui passando a exercer relevante atividade empresarial e social. Tendo por atividade principal próspera tenda de ferreiro onde produzia foices, machados, enxadas e ferragens para carros de boi, ele também atuou nos ramos escolar e da hotelaria.

Imagem: foto meramente ilustrativa,
 por Moacir Silveira editada, tendo por fundo
 registro iconográfico da Comissão Cruls.

Sua tenda de ferreiro ficava no alto do morro da onça, hoje Praça Sta. Terezinha, onde ele foi seu primeiro morador. Na ampla área chegavam e saiam mercadorias destinadas ao comércio local e região norte do país. Ali, bem defronte ao seu estabelecimento, ficavam estacionados os carroções de boi carregados com açúcar, sal, querosene e utensílios domésticos.

Cinco anos após sua chegada, em 1865, por ocasião da passagem das tropas em direção à Guerra do Paraguai, a cidade se viu assolada por sério surto de varíola, com as dependências do Hospital da Misericórdia lotadas de bexiguentos, contando com apenas dois médicos, ele, sem hesitar, se dispõe a abrigar doentes em seu hotel.

Demais disso, como homem diletante e despreendido nada cobrava para ensinar a ler e escrever, bem como a arte de ferreiro, pelas escolas da cidade.

Por ser um autêntico liberal foi espancado publicamente, em 1887, por adversários políticos apenas “por ter dito que dois chefes conservadores, negociantes, estavam quebrados.”

O seu nome era Fabrício José de Moura Marinho, que viria a morrer em 1895, aos 72 anos de idade, sendo só o que dele se sabe, não restando qualquer imagem, registro ou maiores informações a justificar os motivos pelos quais ser ele o único personagem da história local a identificar importante área da região central, ou seja, o Bairro do Fabrício, em decisão oficial da Câmara Municipal, realizada oito antes de seu falecimento.

Até que dele se encontre alguma imagem e para que não figure como homem invisível relegado aos limbos da história é que faço esse singelo registro para os anais de Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.

Moacir Silveira


Fontes: - Arquivo Público de Uberaba; - Diário de Uberaba, de Marcelo Prata, (Vol. I, páginas 306, 531, 579, 580 e 762);

- Site Genea Minas e recorte do Jornal do Comécio, do RJ, com nota de falecimento enviada pelo correspondente local Antônio Borges Sampaio (ambos gentilmente enviados pelo historiador André Borges Lopes.