sexta-feira, 23 de junho de 2017

ZÉ CALMON - “O BONITO”- MEU AMIGO

   Amigo, nome que se dá a um companheiro(a)com quem mantemos afeto, consideração e respeito. Para ser amigo,nem sempre é preciso conhecer , mas, é preciso possuir uma grande afeição. Para ser amigo, estar no dia a dia. Amigo, é para sempre. Tem amizades que começam repentinamente e duram eternamente. Amigo, é aquela pessoa em quem confiamos. Amigo, nem sempre tem os mesmos gostos e vontade que a gente tem. Amigo, não precisa ser idêntico a nós. Amigo, é aquele que divide conosco, momentos , sentimentos, alegrias e tristezas.

    Amigo e amizade se identificam. É um relacionamento de reciprocidade ,afeto, confiança. Na Argentina,o dia do Amigo comemora-se no dia 20 de julho, data em que o homem pisou na Lua.O grande Vinicius de Moraes, definiu bem o que é ser amigo:- “Eu talvez não tenha muitos amigos, mas, os que eu tenho são os melhores que alguém poderia ter “. Ainda que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum.Basta sentir as mesmas e gostosas recordações...

   Conhecí Zé Calmon lá pelos idos de 1952. 65anos e caquerada de pura amizade. Nós dois,jogando bola com a molecada.Um de cada lado.Ele, no Nacional do Domingão.Eu, no Ypiranga, do Jairão. De adversários em campo,surgiu uma grande amizade fora dele. Que durou até 2ª. Feira. Zé Calmon,subiu na carreira. Era bom de bola.Eu, tomei “bomba”.Era ruim demais...Calmon,seguiu carreira.Cracão! Íntimo da bola, a chamava de “meu amor”. Eu, continuei no esporte,atividade diferente:locutor esportivo, ora, vejam só...”Enchendo a bola do Zé Calmon.Nacional,Uberaba,Francana,América Mineiro e por aí. Por algum tempo, ficamos separados.Cada um na “sua”.Sem nunca perder a amizade. A cada encontro, mesmo depois de veteranos, era festa !Regada a cerveja.

    Zé Calmon, “oficial de sapatos”,nobre profissão adquirida depois que a “bola foi embora”, ficou viúvo novo. Quatro filhos que tiveram que “se virar” desde cedo e, por isso, “cair no mundo”, novinhos,seguindo o exemplo do pai.”Derem gente” e muitas alegrias ao “Bonito”, tratamento que dava aos amigos. Gesto e atitude simpática ,além de cativante, próprias de um homem “ de bem com a vida” e que nunca demonstrava tristeza.Andava impecavelmente bem vestido.Sapato”bico fino”,cromo alemão,feito à mão,pelo próprio.Camisas? Manga comprida,abotoaduras e francesas,dizia.Calças? confeccionadas na Itália...quer mais ? Relógio no pulso direito,fazia a diferença. –“Tenho uma bela coleção de “bobos”(como ele chamava os relógios...)Um dos filhos, mora na Suiça.Daí...

     Filhos educados no mundo, tornaram-se excelentes profissionais.Uns da bola, outro do Direito.Todos no afã de dar “vida boa “ ao velho Zé Calmon. De repente, outro dia mesmo, sem avisar, veio a doença.Gripe primeiro, depois a pneumonia. Doença matreira, traiçoeira....Zé Calmon, “viajou fora do combinado”, sem avisar os amigos.Amigos que ele prezava tanto...

Zé, procê deixo apenas uma sincera lembrança:- “Amigo é jóia rara,preciosa; precisa ser guardada no coração.Naquela gaveta escondidinha onde se esconde carta de namorada...”


Luiz Gonzaga de Oliveira