segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A Uberaba do Meu Tempo

Havia no meu tempo uma Uberaba

Era calma, suave, cheia de tardes bucólicas.

A cidade da minha infância tinha um absoluto céu azul,

Chuvas fininhas, intermináveis, irritantes.

Aventura era encontrar Maria Boneca portando o brinquedo

E fugir, para descansar sob a sombra da Gameleira.

Na exposição de gado meus pais compravam mexericas

Levando-me a preferir, sempre, mexericas ao Zebu.



No meu tempo Uberaba tinha córregos a céu aberto

Guardados por muretas que nos serviam de encosto

Antes das sessões do Metrópole, do Palace

Esperando caronas do Padre Nicolau após aulas no Cristo Rei.

Brincava no Mangueirão, passeava pelos trilhos da Mogiana,

No parque infantil da Praça Rigoleto de Martino (hoje só resta a Codau!)

O autor do Hino do Uberaba Sport, o time que, na Uberaba do meu tempo

Rivalizava com o Independente, o Nacional…

No Boa Vista éramos todos sobrinhos da Tia Carola.

Fazíamos teatro com a Belinha

Sabíamos que era maio pelas congadas

E que era dezembro no presépio de d. Castorina.

Foram tempos de festas constantes

Quando bastavam as quermesses de santos e santas, soando sinos e cânticos nas sete colinas de Uberaba.

Parque Fernando Costa

A minha Uberaba tinha crônica ao meio-dia

O festival do Chapadão de Teatro e de Música

O Observatório, no Lavoura e Comércio,

Tudo criação do Ataliba Guaritá, o Netinho.

Raul Jardim fazia o “Escutando e Divulgando”

Lídia Varanda reinava na PRE-5

E Nhô Bernardino terminava o dia na hora do Ângelus.

Noite de Uberaba tinha o Parque Boa Vista (Eu era o filho do rei!)

O circo do Cheiroso, batuques no terreiro de Mãe Marlene

Cartas pelas mãos abençoadas de Chico Xavier

Mamãe rezando terço, aguardando-me dormir na noite sempre calma da cidade.

Recordo o café oferecido pelas freiras do Carmelo

As aulas na Escola Estadual Fidélis Reis

As tardes de jogos no pátio da Igreja Nossa Senhora das Graças…

Tantas coisas como essas que continuam na Uberaba de hoje.

Que vejo longe, sei de ler, de ouvir contar

A cidade de agora é de quem por lá está.

Há uma Uberaba que é minha, feita de sonhos acalentados

De planos vitoriosos, de projetos engavetados.

Guardada por todo o sempre e sempre teimando em sair à tona

Aquela cidade ganha meus dias, ocupa minhas noites de insônia.

A cidade de agora é porque um dia foi outra

Essa outra que chamo “minha”

Impregnada em ruas e morros, acalentando ternamente o coração transforma-se sempre

Vive o hoje, comemora o agora

Segue rumo ao tempo em que alguém, lá longe, lembrará:

A Uberaba do meu tempo… 


Valdo Resende


Francisco José dos Santos Neto, "Chico Xadrez"

Meu amado irmão Jornalista Pós-Graduado em Marketing e Relações Públicas Dr. Francisco José dos Santos Neto, o notável Enxadrista Xico Xadrez, reconhecido internacionalmente, detentor de grande pontuação no 'ranking' da F.I.D.E. (Federação Internacional de Desportos Especializados/Xadrez), Campeão Absoluto do primeiro Torneio Simultâneo de Xadrez Brasil-Portugal (realizado na Capital de Portugal Insular, nos Açores, vencendo 23 partidas simultâneas e empatando duas) e, dentre outras meritórias iniciativas, pioneiro Campeão da primeira Copa Internacional Centenário de Xadrez de Belo Horizonte. 

Francisco José dos Santos Neto - Foto acervo de família.

Inclusive, idealizou em Uberaba o Projeto "Xadrez na Praça", pioneiramente implementado na Praça "Carlos Gomes" (capacitando mais de dez mil participantes, menores de 18 anos) e que depois foi copiado pelo Governo estadual. 

Inaugurou, no Restaurante "Sorvetão" (na Avenida "Fidélis Reis", praticamente defronte à Rua "Vigário Silva"), Projeto de aulas de Xadrez, às quais ele lá as ministrava, gratuitamente, também disputando partidas com interessados e realizando torneios enxadrísticos. 

Além disso, reestruturou o Clube de Xadrez de Uberaba, obtendo sala para sediá-lo no Uberabão e sendo Presidente da primeira Diretoria após a reestruturação. 

O espaço aqui não é suficiente para tantas realizações desse notável Uberabense, que merece um Panteão para ser lembrado. 

Mas, fica minha gratidão e de minha Família, à tão oportuna lembrança, conforme há pouco dito por minha amada mãe, a Professora Norma Abadia de Oliveira Santos, quando mostrei à ela e à minha irmã Dra. Teresa Beatriz O. Santos a significativa postagem efetivada neste Grupo que tantas recordações nos traz. 

Em nome também de meus outros irmãos - o Pos-Doctor Ricardo Oliveira Santos e o Doctor Antônio de Pádua Oliveira Santos - envio nosso abraço a todos, na expectativa de que estejam bem, com Saúde em plenitude. 

DEUS abençoe, fortaleça e proteja! 



Engenheiro Civil Odair Santos Junior 

Mineiro Brasileiro Engenheiro que ama o Brasil, luta por nossa Pátria Livre e almeja um Mundo melhor para todos



domingo, 3 de janeiro de 2021

HISTÓRIA DE UBERABA

Uberaba está inserida em uma região que já pertenceu à Capitania do Espírito Santo, São Paulo, Goiás e finalmente Minas Gerais.

De 1660 a 1670 a Região do Triângulo Mineiro, onde está localizada a cidade de Uberaba, era conhecida como Sertão do Novo Sul, Sertão Grande, Sertão Sul e Geral Grande. Posteriormente, passou a ser conhecida como “Sertão da Farinha Podre”, termo nascido em 1807, quando uma bandeira saiu do Desemboque e invadiu os sertões do Pontal do Triângulo Mineiro até as margens do Rio Grande. Para justificar a denominação “Sertão da Farinha Podre” os viajantes deixavam sacos de farinha no caminho para se alimentarem na volta. Ao retornarem ao local encontravam a farinha apodrecida. Outra explicação mais plausível para a denominação é que seria originária de uma região portuguesa de onde vieram alguns portugueses exploradores.

Finalmente, em 1884 a região ficou conhecida como Triângulo Mineiro, denominação idealizada pelo Dr. Raymond Henrique Des Genettes, médico francês, jornalista e político, radicado em Uberaba, por saber que a região situava-se entre os rios Grande e Paranaíba, terminava na junção desses dois rios, formando o Rio Paraná, e apresentava a forma aproximada de um triângulo.

Os primeiros habitantes da região foram os índios tupis, depois os tremembés, os caiapós e os araxás, de tradições seminômades, cujas tribos se movimentavam de um local para outro. Eles viviam em grupos de poucas famílias, com simplicidade e sobreviviam do que a natureza oferecesse.

Portugal passou a ter interesse pela Região a partir dos fins do século XVI, tendo como objetivo encontrar os minerais preciosos, amansar os índios e, se fosse preciso, até exterminá-los para que as metas da Coroa Portuguesa fossem cumpridas.

A primeira investida do colonizador português, ou seja, do homem branco, sobre a Região do Triângulo Mineiro, começou em fins do Século XVI, precisamente a partir do ano de 1590, data da primeira “bandeira” (expedição), chefiada pelo capitão Sebastião Marinho, que partiu de São Paulo e atingiu o Rio Tocantins, em Goiás.

Por volta de 1600 surgiu a Aldeia de Santana do Rio das Velhas (hoje Araguari), considerado o primeiro núcleo de povoamento branco na área que seria o futuro Estado de Minas Gerais, fundado pelos padres jesuítas com o objetivo de aculturar os índios, ou seja, catequizá-los.

Posteriormente, inúmeras “bandeiras” paulistas foram organizadas ao longo dos séculos XVII e XVIII, com a mesma finalidade. As mais significativas para a Região do Triângulo Mineiro são descritas abaixo:
-Em 1615 partiu de São Paulo uma “bandeira” liderada por Antônio Pedroso de Alvarenga que atravessou a Região do Triângulo Mineiro com destino a Goiás.

-Outra “bandeira” partiu de São Paulo em 1682 e também atravessou o Triângulo Mineiro até alcançar Goiás, sendo liderada por Bartolomeu Bueno da Silva (o velho Anhanguera) que levou seu filho Bartolomeu Bueno da Silva Filho de apenas 12 anos.

-Em 1722 partiu outra “bandeira” de São Paulo rumo a Goiás, visando para a abertura de uma estrada para a exploração de minas de ouro, prata e pedras preciosas. Essa missão ficou a cargo de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de Anhanguera). Ao passarem pela região se depararam com os índios caiapós. Essa expedição era composta por 152 homens, entre os quais 20 índios carregadores, 3 religiosos, 20 índios, 1 mascate francês e 39 cavalos. Ela partiu de São Paulo seguindo os rios Atibaia, Camanducaia, Moji-Guaçu, Grande (Porto da Espinha), passando em Uberaba, a sessenta metros dos fundos do atual cemitério São João Batista. Depois a expedição continuou a viagem em direção ao Rio das Velhas e penetrou em Goiás pelo Rio Corumbá. Segundo alguns relatos da época, a expedição passou por terras de Uberaba. Esta rota ficou conhecida como Estrada Real ou Anhanguera, que consistia em um importante caminho para que as autoridades portuguesas implantassem a colonização, a produção e escoamento dos minerais preciosos. Na verdade, a maioria das riquezas minerais do Brasil-Colônia foi levada para Portugal e utilizada para o pagamento de suas dívidas em relação à Inglaterra.

-Posteriormente, a expedição do filho de Anhanguera fundou em 1725 o povoado de Vila Boa em Goiás. Dessa forma foi aberta a estrada que passava pelas terras de Uberaba. Por esse feito, Bartolomeu Bueno da Silva Filho recebeu como recompensa a nomeação de Capitão-Mor Regente das minas de Goiás e o direito de conceder “sesmarias” (concessão de terras para povoamento).

-Em 1727, Antônio de Araújo Lanhoso foi o primeiro homem branco que se fixou na região de Uberaba e um dos primeiros a receber sesmarias ao longo da estrada de Anhanguera, a 15 km de Uberaba, no córrego do Lanhoso, que corre paralelo à rodovia para Uberlândia. 

-Outra estrada denominada Picada de Goiás foi aberta em 1736, saindo de Minas Gerais e passando do lado oriental da Serra da Canastra, atingindo terras de Araxá em direção à Vila Boa. A estrada foi terminada em 1738, ligando as minas goianas a São João Del Rei e Vila Rica. Ao longo dessas estradas foram concedidas também sesmarias, ou seja, terras que aos poucos foram sendo ocupadas pelo colonizador branco.

 Uberaba tem, então, a sua origem na ocupação do Triângulo Mineiro, que ficou sob a jurisdição de Goiás até 1816, quando a região passou a pertencer à província de Minas Gerais, de acordo com o Alvará de D. João VI, de 04/04/1816.

  A exploração e o povoamento de todo o Triângulo Mineiro, de modo geral, ocorreu, como em todo o “Brasil-Colônia”, pelo amansamento e extermínio das populações indígenas e dos negros nos quilombos. As estradas para a Região do Triângulo Mineiro e Goiás tornaram-se palco de batalhas entre os exploradores dos sertões e os índios. A invasão de terras indígenas provocou muitas vezes sangrentas guerras contra os caiapós, no antigo Sertão da Farinha Podre (Triângulo Mineiro). Vários quilombos também foram ameaçados pelos exploradores brancos.

Diante dessa insegurança, o governo de Goiás viabilizou o policiamento das estradas e nomeou, em 1742, o coronel Antônio Pires de Campos Filho para policiar, amansar e até mesmo exterminar os índios caiapós da região do Triângulo Mineiro. Fato constatado com a matança dos caiapós, sendo em sua maioria derrotados, submetidos e alojados também com tribos bororo, do Mato Grosso, em 18 aldeias ao longo da estrada. Uma dessas aldeias de índios mansos (Aldeia de Uberaba Falso) ficava onde se fundou Uberaba, próxima à Barra do Córrego da Lage. O coronel instalou apenas quatro dessas 18 aldeias ao longo da Estrada de Anhanguera para proteger as caravanas que nela trafegavam. Mais tarde, em 1751, o coronel Pires de Campos faleceu em Paracatu, vítima de uma flechada, ocasionando septicemia.

Em 1766 foi criado o Julgado de Nossa Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Velhas (Desemboque), sob a administração de Goiás, abrangendo a região do Triângulo e quase todo o sul de Goiás. Era um local rico em minas auríferas e de intensa exploração. A posse desse arraial pelo governo de Goiás era vantajosa aos moradores de Minas Gerais, pois estavam livres do pagamento de imposto sobre minerais, denominado "derrama", cobrado em Minas Gerais. Desemboque teve o seu esplendor até 1781, quando as minas auríferas se esgotaram. Algum tempo depois grande número de pessoas migrou para outras terras, ou seja, para o Arraial de Uberaba, fundado por Major Eustáquio. Portanto, a história do Desemboque é de fundamental importância para compreender o povoamento de Uberaba.
-Em 1807 um grupo de homens (Januário Luís da Silva, Pedro Gonçalves da Silva, José Gonçalves Heleno, Manuel Francisco, Manuel Bernardes Ferreira e outros) oriundos de Desemboque adentrou e ficou no Córrego da Lage. Segundo o historiador Borges Sampaio, o cirurgião prático Pedro Gonçalves da Silva, cujo apelido era Pedro Panga, aproveitando-se da vizinhança de índios mansos, se fixou e construiu, em 1809, uma casa, próxima de onde se encontra atualmente o Hospital Dr. Hélio Angotti.
Prosseguindo a exploração das terras, o governo de Goiás para dinamizar a administração dos Sertões, nomeou em 1809, Antônio Eustáquio da Silva Oliveira (major Eustáquio), para a função de comandante “Regente do Sertão da Farinha Podre” (Triângulo Mineiro) e, em 1811 foi nomeado por Ato Governamental, “curador de índios”. Ele era natural de Ouro Preto e residente em Desemboque.

-Em 1810, major Eustáquio organizou no Desemboque uma “bandeira”, passando por terras de Uberaba e seguindo até o Rio da Prata, formado pelos rios Piracanjuba e do Peixe.

-Outra expedição chefiada por José Francisco Azevedo, atingiu a cabeceira do Ribeirão Lajeado, fundando o arraial da Capelinha em 1812, aproximadamente a 15 km do Rio Uberaba, próximo ao povoado de Santa Rosa. O povoado chegou a ter vinte casas e foi erguida uma capelinha com as imagens de Santo Antônio e São Sebastião. O Arraial era conhecido como Lageado ou Capelinha. Entretanto, não se desenvolveu por falta de água e terras férteis, conforme constatou major Eustáquio em visita ao local.

-Para prosseguir a colonização, o “Regente dos Sertões” major Antonio Eustáquio da Silva Oliveira (conhecido como major Eustáquio e fundador de Uberaba), comandou outra expedição em fins de 1812, composta por 30 homens, com o objetivo de procurar novas terras para se estabelecerem. A expedição chegou ao Rio Uberaba e fixou-se na margem esquerda do Córrego das Lages com o Rio Uberaba, onde foi edificada a Chácara da Boa Vista (hoje Fazenda Experimental da Epamig na Univerdecidade). Major Eustáquio constatou que Uberaba tinha três condições para o povoamento: recursos hídricos, terras férteis e posição estratégica favorável. Junto com o major Eustáquio (considerado o fundador de Uberaba) vieram fazendeiros e aventureiros que passaram a produzir e comercializar com as caravanas que ligavam Goiás a São Paulo. Em 1816 o major Eustáquio construiu um retiro para o gado, uma tenda de ferreiro e a sua residência na Praça Rui Barbosa. A sua função consistia em dar proteção para os colonos e índios mansos, além de expulsar para longe do arraial os índios bravos e quilombolas. Consequentemente, grande número de pessoas e famílias do arraial da Capelinha e do Desemboque, sabendo das condições propícias do arraial de Uberaba, e do prestígio e segurança que o comandante major Eustáquio oferecia, migraram para o novo arraial. Era uma população muito heterogênea: mineiros que se estabeleceram como fazendeiros, boiadeiros, mascates, comerciantes, criadores de gado, ferreiros e até criminosos foragidos. Os moradores construíram suas casas térreas de pau-a-pique ao redor do retiro de major Eustáquio, formando a “Rua Grande” (atualmente Rua Manoel Borges e Vigário Silva). Edificaram suas casas e estabelecimentos comerciais acompanhando as ondulações dos terrenos e serpenteando os pequenos regatos. Os moradores do Arraial da Capelinha trouxeram para Uberaba os seus santos protetores e com autorização do major Eustáquio construíram uma Capela (atual Praça Frei Eugênio, hoje Escola Estadual Minas Gerais), tendo como oragos Santo Antônio e São Sebastião. Posteriormente a capela foi transformada em Matriz, com a criação da Paróquia, benzida em 1818 pelo vigário do Desemboque Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick. Assim foi estabelecido o reconhecimento do povoado pela Igreja, instituição que tinha prestígios decisórios junto aos governos. A Igreja Católica estava unida ao Estado e a bênção de uma capela oficializava, na administração, o nome do Arraial, que passou a chamar-se “Arraial de Santo Antônio e São Sebastião da Farinha Podre”, designação ostentada até 1820.

Segundo o historiador Borges Sampaio, “o Arraial se desenvolveu e tinha 30 casas e já contava com 1.621 habitantes, dos quais 417 eram escravos”, o que demonstra a riqueza dos proprietários de terras e a grande exploração da mão-de-obra escrava. A atividade econômica predominante era a agricultura de subsistência, necessária para alimentar a sua população, além das tropas que passavam pelo arraial. Em 1819 havia criadores com 500 e até 1.000 cabeças de gado, fato que demonstra grande atividade pecuarista. As casas eram construídas com material simples e sem jardim, erguendo-se no alinhamento das ruas e serpenteando a naturalidade dos córregos.

O colonizador branco foi ocupando as terras à medida que os índios eram aculturados ou expulsos de suas terras formando-se extensas propriedades, devido o baixo valor da terra e a isenção de impostos sobre elas. 

O arraial foi crescendo e isso permitiu que em 2 de março de 1820, o rei D. João VI decretasse a elevação do Arraial de Santo Antônio e São Sebastião à condição de Freguesia (Paróquia). (documento oficial mais antigo de Uberaba)

Freguesia era o termo eclesiástico que designava o território de atuação de um vigário. Com isso ocorreu um desligamento dos laços religiosos que subordinavam o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião (Uberaba) à Vila do Desemboque. O decreto constituiu um grande avanço para a comunidade. Significou a emancipação e gerência própria em assuntos de ordem civil, militar e religiosa. Foi o reconhecimento oficial tanto pela Igreja, quanto pelo Governo Real. Dada a importância histórica de 02/03/1820, quando a cidade foi elevada à Freguesia, (Decreto: documento oficial mais antigo do Município), instituiu-se oficialmente tal data para que se comemorasse o aniversário de Uberaba a partir de 1995.

A Catedral (Igreja do Sagrado Coração de Jesus) também comemora 199 anos em 2019, pois em 1820 foi criada por decreto, a Freguesia (termo eclesiástico), que deu autonomia em relação a Desemboque em assuntos eclesiásticos na Freguesia. 

O fundador e comandante de Uberaba major Eustáquio e os fazendeiros mais importantes passaram a exigir a criação da Câmara Municipal. Entretanto, o fundador de Uberaba faleceu em 1832 e assumiu a liderança da Freguesia o seu irmão capitão Domingos da Silva Oliveira. Nessa época o Governo Regencial (1831 a 1840) implantou no Brasil uma política descentralizadora, viabilizando a elevação de Vila em muitos locais do País. A Freguesia de Uberaba em pouco tempo mostrava grande desenvolvimento e já contava com um número considerável de habitantes: agricultores, pecuaristas, comerciantes e de outras profissões, reunindo as condições para ser elevada à condição de Vila. Devido a esses fatos o Governo Provincial de Minas Gerais elevou Uberaba (Freguesia) à condição de Município (Vila) de Santo Antônio de Uberaba em 02 de fevereiro de 1836, tornando-se autônomo, com território demarcado e com a Câmara Municipal. Esta foi instalada em 1837, em um prédio na Praça Rui Barbosa, que também abrigou a cadeia, uma tradição dos tempos coloniais. Os primeiros vereadores eleitos eram comerciantes prósperos, fazendeiros e representantes do clero. A Vila cresceu e assumiu importância pela posição geográfica e pela grande atividade econômica.

Uberaba, em 1840 passou a sediar uma Comarca pela Lei provincial mineira nº 171, com a finalidade de implantar a justiça na região, tendo como primeiro juiz de Direito Joaquim Caetano da Silva Guimarães.

O crescimento econômico e populacional da Vila de Santo Antônio de Uberaba viabilizou em 1846 a conquista de um Colégio Eleitoral, vindo a ser sede de grande colégio, que era responsável pela nomeação de um Deputado Geral e de um suplente para a Assembléia Legislativa. Tornou-se um importante centro comercial, com uma população de aproximadamente duas mil pessoas e 337 habitações.

Em 1850 teve início a industrialização, com a implantação da fábrica de chapéus por Luís Soares Pinheiro.

A primeira escola pública feminina de Uberaba foi criada em 1953 e o engenheiro Fernando Vaz de Melo funda em 1854 o 1º estabelecimento de ensino Secundário de Uberaba.
A Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus, situada na Praça Rui Barbosa, iniciou a celebração dos atos paroquiais em 1856, muito antes do término de sua construção iniciada em 1827.
Devido ao seu grande crescimento de Uberaba que era uma vila, mereceu o título de Cidade em 02 de maio de 1856, pela Lei Provincial Mineira nº 759.

A Igreja Santa Rita, construída em 1856, é a primeira edificação de Uberaba tombada em 1939 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan pelo seu grande valor histórico, arquitetônico e cultural.

Na década de 1860 a cidade tentou produzir algodão para a exportação, atendendo os interesses das indústrias de tecelagem. 

Teatro São Luiz, localizado na Praça Rui Barbosa entrou em funcionamento em 1864 promovendo eventos e espetáculos.

Em 1865 passou a funcionar o primeiro Centro Espírita de Uberaba, por iniciativa do professor João Augusto Chaves.

Sabe-se que a história e o desenvolvimento de Uberaba na década de 1870 estão diretamente ligados à guerra do Paraguai, que ocorreu entre 1865 a 1870, com o consequente bloqueio do Rio da Prata que desviou todo o trânsito destinado à Província de Mato Grosso para Uberaba, esta passou a ter sua atividade comercial intensamente ampliada e serviu como ponto de passagem das tropas rumo ao Mato Grosso. Aconteceu em Uberaba o encontro de tropas que compuseram o Corpo Expedicionário, tendo como um dos membros o visconde de Taunay. Houve a construção do Cruzeiro do Cachimbo, próximo do 4º Batalhão, considerado um marco histórico pela celebração da missa em intenção ao Corpo Expedicionário que seguiu para a guerra do Paraguai. Hoje, o Cruzeiro do Cachimbo é um bem tombado pelo Conphau e instalado na Praça Magalhães Pinto.

O jornal Gazeta de Uberaba foi fundado em 27/04/1879 por João Caetano de Oliveira e Sousa e Tobias Antônio Rosa.

Entre 1881 e 1882 foi construída a igreja em homenagem a Nossa Senhora da Abadia, padroeira de Uberaba. A primeira festa ocorreu em 15 de agosto de 1882 e as obras foram concluídas em 1899.
Em 1882 foi inaugurada a iluminação pública por meio de vinte e cinco lampiões a querosene.
A Fábrica de Tecidos do Cassu foi fundada em 1882 pelos irmãos Zacarias. Mais tarde, a fábrica, foi denominada Cia. Têxtil do Triângulo Mineiro e funcionou até 1993.

O Colégio Nossa Senhora das Dores foi fundado em 1885, pelas irmãs dominicanas, e está em pleno funcionamento até hoje.

O progresso de Uberaba se acentuou com a inauguração da Estrada de Ferro em 1889, um acontecimento que viabilizou:

- A partir de 1890, desenvolvimento da pecuária zebuína a pecuária que buscou melhoria da qualidade bovina, nascendo a zebuinocultura, que projetou o criatório uberabense e transformou Uberaba em centro difusor de tecnologia e pesquisa genética das raças de origem indiana;

- O desenvolvimento comercial e intercâmbio com os grandes centros de Minas Gerais e São Paulo;
- A aceleração da urbanização. Crescimento de edificações urbanas e comerciais;

- A vinda do imigrante europeu para a Uberaba. Os primeiros imigrantes foram os italianos que criaram inclusive um consulado na cidade. Depois vieram os portugueses, espanhóis, árabes, alemães, chineses, japoneses. Consequentemente, acentuou-se o desenvolvimento cultural e econômico de Uberaba que passou a refletir na estrutura urbana, onde surgiram requintadas construções no estilo eclético. Muitas dessas edificações foram projetadas e construídas pelos imigrantes italianos e espanhóis que trouxeram de seus países de origem a técnica e a experiência. Muitos fazendeiros uberabenses transferiram suas residências do campo para a cidade e passaram a morar nos palacetes em estilo eclético. Estas requintadas residências constituíam locais de encontros políticos, sociais e festivos, eventos que permitiram muitas decisões que definiram a história do município.

A população do município crescia, assim como os atos ilegais e devido a isso era preciso um aparato policial para resguardar os cidadãos uberabenses. Em 06 de maio de 1890 o governador de Minas Gerais, João Pinheiro da Silva, institui um decreto s/nº, que em seu artigo 8º organizou “quatro corpos militares” e estabeleceu os locais de estacionamento, com o objetivo de dar maior segurança para as regiões de Minas Gerais.

- Primeiro Corpo - Capital (Ouro Preto);
- Segundo Corpo - Uberaba (Triângulo Mineiro);
- Terceiro Corpo - Juiz de Fora;
- Quarto Corpo –Diamantina.


Uberaba foi contemplada com o Segundo Corpo Militar, respondendo por todo o Triângulo Mineiro. Entretanto, teve uma efêmera permanência na cidade, pois o Decreto nº 1.631 de 26/08/1903, assinado pelo Dr. Francisco Sales, o transferiu para a capital do Estado de Minas Gerais, a população de Uberaba desassistida de proteção militar. Apenas permaneceu em Uberaba um pequeno efetivo da corporação. Foi somente em 25 de novembro de 1909 que a Força Militar se estabeleceu definitivamente na cidade, quando foi criado o 4º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, sediado em Uberaba. Inicialmente, a força policial se estabeleceu em um prédio na Rua Arthur Machado até o ano de 1932. Depois o 4º Batalhão foi instalado na Praça Frei Eugênio (Prédio do Senai) até 1947, quando foi instalado definitivamente em prédio próprio na Praça Magalhães Pinto e permanece, até a presente data.

O Instituto Zootécnico de Uberaba, proposto por Alexandre Barbosa, foi inaugurado no dia 5 de agosto de 1895, com a finalidade de formar profissionais cientificamente preparados para orientar a produção pecuária. O Instituto foi instalado em uma fazenda desapropriada pelo governo do estado de Minas Gerais para abrigar essa nova instituição de ensino.

Em 1899 foi fundado o Clube Lavoura e Comércio com o objetivo de defender a lavoura e a pecuária, combatendo os altos impostos e as interferências do novo governo republicano na atividade rural. Foi lançado o jornal Lavoura e Comércio que, em seu primeiro número, ocupou toda sua primeira página, expondo os ideais dos ruralistas.

O Colégio Marista iniciou o ensino para 86 alunos internos e externos, em 1903, por iniciativa dos irmãos maristas que vieram da França.

Em 1904 inaugurou-se a Igreja São Domingos, um marco para os dominicanos, pelo fato de ser a primeira igreja da ordem dominicana construída no Brasil.

Em 1905 foi implantada a energia elétrica pela empresa Ferreira, Caldeira & Cia, fato que impulsionou o desenvolvimento da cidade.

Em 1906, tiveram início as exposições de gado bovino, que foram muito prestigiadas, notadamente pelo Presidente da República Getúlio Dorneles Vargas, nas décadas de 1930 a 1950.

A Diocese de Uberaba foi criada em 1907, tendo como primeiro bispo D. Eduardo Duarte Silva e foi elevada à categoria de Arquidiocese em 1962.

O Agente Executivo Felipe Aché criou em 1909 a primeira Biblioteca Pública Municipal de Uberaba, denominada “Bernardo Guimarães”, estabelecendo-a em um porão da Câmara Municipal de Uberaba, um fato que denotou na época a pequena importância dada à educação e à cultura do município.
Em 1909 foi inaugurado pelo estado de Minas Gerais o primeiro grupo escolar de Uberaba, denominado Grupo Escolar Brasil, localizado até hoje na Praça Comendador Quintino.

Pela iniciativa de José Maria dos Reis, o governo do Estado de Minas Gerais criou, em 1917, a primeira instituição de ensino agrícola de Uberaba, denominada Aprendizado Agrícola Borges Sampaio.

Em 1926 criou-se a primeira instituição de ensino superior na área da saúde bucal e da farmacologia, conhecida como Escola de Farmácia e Odontologia, que recebia alunos das mais diversas regiões do Brasil e até do exterior.

Os primeiros protestantes de Uberaba foram os metodistas, cujos missionários iniciaram seus trabalhos em 23/08/1896 nas casas de fiéis e amigos. O templo foi inaugurado em 1924, na Rua Moreira César, no bairro Fabrício.

Mário Palmério fundou em 1947 a Faculdade de Odontologia do Triângulo Mineiro, oportunizando mais tarde o ensino em outras áreas do conhecimento, na década de 1950, com as Faculdades Integradas de Uberaba (Fiube) e, desde 1988 Universidade de Uberaba (Uniube).

Em 1949 as irmãs dominicanas fundaram a Faculdade de Filosofia e Letras São Tomás de Aquino.
As irmãs concepcionistas chegaram a Uberaba em 1949 e em 1961 inauguraram a Igreja da Medalha Milagrosa.

A Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro se estabeleceu em 1954 e foi transformada em Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005, oferecendo cursos em diversas áreas do conhecimento.

Nas décadas de 1970 e 1980 foram instalados os primeiros distritos industriais da cidade, apoiados com investimentos do Governo Federal.

Na década de 1990 nasceu a Univerdecidade-Parque Tecnológico de Uberaba para viabilizar a pesquisa e o ensino técnico-profissionalizante, relacionados à ciência da informação e à agroindústria, notadamente para a genética vegetal e animal.

O Centro de Pesquisas Paleontólogicas Llewellyn Ivor Price e Museu dos Dinossauros foram criados em 1992. O museu é um dos mais importantes do Brasil, possuindo fósseis de 65 a 72 milhões de anos de idade. Localizado em Peirópolis, o museu é conhecido pela população regional e por visitantes de outros estados e países.

Uberaba conta com marcos reconhecidos no Brasil e no mundo: a expressão espiritual de Chico Xavier, o desenvolvimento da pecuária zebuína e a paleontologia.

Nos primórdios da sua história fora um Arraial, e hoje, no terceiro milênio (Século XXI) representa um centro comercial dinâmico; uma agricultura produtiva; uma pecuária seletiva, com importação de reprodutores e matrizes da Índia; um parque industrial diversificado, uma estrutura de ensino desenvolvida; uma planejada estrutura urbana, com características culturais sui generis, que têm atendido as demandas nos aspectos econômicos, culturais e de serviços essenciais à população.


Marta Zednik de Casanova
Superintendente do Arquivo Público de Uberaba

Fundadores de escolas

No século XIX, ainda na monarquia, uma das maiores dificuldades para a população do do Brasil era conseguir estudar. Fora das grandes cidades, contavam-se nos dedos os estabelecimentos de ensino disponíveis, na grande maioria iniciativas particulares ou religiosas. Tanto o governo imperial como os das províncias dedicavam pouquíssima atenção à oferta de educação pública. O resultado desse descaso apareceu de forma dramática no primeiro recenseamento nacional, realizado pelo Império em 1870: 77% dos homens livres e 87% das mulheres livres não sabiam ler e escrever. Entre a população escrava esse número superava os 99%. No conjunto da população do país, 4 em cada 5 brasileiros eram completamente analfabetos.

O problema era ainda mais grave quando se pensa na oferta de escolas de nível médio ou superior. Num país que era essencialmente rural, qualquer jovem que desejasse estudar além do nível básico tinha como única opção mudar-se para uma capital ou matricular-se em um colégio interno. Cursos superiores eram ainda mais raros. Os filhos da aristocracia frequentemente buscavam instrução em Portugal ou algum outro país da Europa.

Por isso, era sempre saudada com entusiasmo a fundação de escolas nas cidades do interior. Não foi diferente quando, em 1º de outubro de 1854, o engenheiro Fernando Vaz de Mello anunciou a abertura do primeiro “Collegio Uberabense” (outro, com o mesmo nome, seria aberto em 1903). A escola foi montada em um pequeno prédio nas imediações da atual Praça Dom Eduardo, onde, décadas depois, instalou-se o Colégio Marista. Oferecia “Instrução Primária de 2º Grau” e “Ensino Colegial” – o que seria algo equivalente aos atuais Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Entre as disciplinas, Gramática, Latinidade, Francês, Geografia, Aritmética, Álgebra e Geometria. Havia ainda aulas de Catecismo Romano.

Em agosto do ano seguinte, o Colégio contava com mais de 100 alunos, dos quais 25 colegiais e 77 do ensino primário apresentaram-se para os exames de avaliação – realizados entre os dias 13 e 18. Um grupo de examinadores convidados reuniu-se no salão da Câmara Municipal para avaliar os estudantes. Compunham a banca, entre outros, o Cônego Hermógenes, o jornalista e historiador Borges Sampaio, o juiz de direito Manoel Pinto de Vasconcelos e o presidente da câmara Francisco Barcellos. Embora tenha havido algumas reprovações – na sua maioria de alunos matriculados há pouco tempo – relatos da época dizem que o resultado geral superou as expectativas.

Infelizmente, como era comum em Uberaba nessa época, a alegria durou pouco. Em 1856, Fernando Vaz de Mello envolveu-se na luta política local. Publicou um artigo no qual criticava a inoperância da Justiça e o número de assassinos e criminosos que circulavam impunemente pela província, muitos sob a proteção dos proprietários de terras e coronéis da região. O texto melindrou parte das famílias abastadas, que se sentiram ofendidas e passaram a dirigir ataques anônimos ao colégio e a seu diretor. Matrículas foram canceladas e, no ano seguinte, a escola fechou as portas, frustrando a população.

Fernando era um homem de posses e, por algum tempo, tentou permanecer na cidade. Entre 1857 e 1858, desenvolveu por conta própria um extenso levantamento dos rios Pardo e Mogi Guaçu, com o objetivo de implantar uma linha de navegação que oferecesse ao Triângulo Mineiro uma alternativa de transporte com os portos do Rio de Janeiro e Santos – na época feito em lombo de burro e carros de boi. O memorial foi publicado pela província de São Paulo em 1859, mas as sugestões de obras e melhorias nunca foram implantadas por falta de interesse e de verbas.

Não descobri a data exata em que Fernando Mello deixou o Triângulo. Aparentemente, mudou-se para a então capital mineira Ouro Preto, onde um de seus filhos, Cornélio Vaz de Mello (nascido em Uberaba em 10/01/1855) completou os estudos. Cornélio foi para o Rio de Janeiro, onde formou-se em Medicina em 1884. De volta a Minas Gerais, tornou-se professor de Anatomia e História Natural na Escola de Farmácia de Ouro Preto. Entrou para a política, filiando-se ao Partido Liberal e mudou-se para a nova capital, Belo Horizonte. Seguindo os passos do pai, fez parte do grupo de médicos que, em março de 1911, fundou a Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, ocupando a primeira vice-diretoria. Durante o governo de Delfim Moreira (1914-1918), o uberabense Cornélio exerceu o cargo de prefeito da capital mineira.

André Borges Lopes

A HISTÓRIA DE UBERABA DE HILDEBRANDO PONTES

INTRODUÇÃO

Desde pelo menos o início do século XX, Hildebrando Pontes (1879-1940) efetuou pesquisas sobre a História de Uberaba, acumulando, com o passar dos anos, informações, conhecimentos e documentos.

No Governo Municipal do engenheiro Guilherme Ferreira (outubro de 1930 a fevereiro de 1935) Hildebrando foi contratado para elaborar livro sobre o município com todos os dados históricos e estatísticos conhecidos e disponíveis. No apagar das luzes da referida administração municipal ou logo em seguida, Hildebrando entregou seu trabalho, então intitulado “O Município de Uberaba”.

Dado o desinteresse da sociedade e, em decorrência o dos políticos e administradores que a representam, e, ainda, a descontinuidade administrativa dos executivos municipais, a obra, em seus alentados cinco volumes manuscritos e encadernados, permaneceu inédita por décadas e só sabida e frequentada por um ou outro historiador (José Mendonça e Gabriel Toti, por exemplo), somente sobrevivendo pelos cuidados pessoais e especiais que lhe dedicou o escritor e secretário da Prefeitura, Lúcio Mendonça.

Por incrível possa parecer, atestando o alto grau de desinteresse e descaso pela História do município e pela obra de Hildebrando, nem mesmo por ocasião das ruidosas comemorações do centenário da elevação da vila (município) de Uberaba ao título honorífico de cidade, em 1956, foi lembrada e resgatada do olvido a que as administrações municipais a relegaram. Mesmo tendo a Prefeitura recebido do Governo Estadual de Juscelino Kubitschek, segundo consta, 5 milhões de cruzeiros (4 milhões para educação e/ou saúde e 1 milhão para a comemoração).


DESCOBERTA E PUBLICIDADE


Estava escrito que um dia, no futuro, essa omissão e descaso chegariam ao fim. E chegaram!

Em julho de 1968 começou a ser editado o “Suplemento Cultural do Correio Católico”, em formato tabloide e periodicidade variando entre quinzenal e mensal. Com certa carência de matérias publicáveis e nenhuma atinente à História local, a editoria do Suplemento, tomando conhecimento da existência da obra de Hildebrando, considerou que ela deveria conter informações sobre a literatura e o passado cultural da cidade. Não deu outra! Lá estava incrustado, em determinado de seus cinco grandes e volumosos volumes, capítulo intitulado “O Intelectualismo em Uberaba”, que, copiado à mão e posteriormente datilografado, foi reproduzido com destaque de primeira página no nº 20, de 12 de abril de 1969, do Suplemento, antecedido de nota introdutória e ilustrado com foto do autor.

FINALMENTE, EM LIVRO


A partir daí, a editoria do Suplemento e o advogado e escritor Edson Prata, à época secretário da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, decidiram tentar publicar a obra. Edson Prata entrou em contato com a direção do então operoso Instituto Nacional do Livro, solicitando-lhe fosse incluída em sua ativa programação editorial, que exigiu fosse obra de interesse geral e não apenas local, pelo que, dada sua abrangência, com larga introdução histórica sobre a formação brasileira, Edson Prata a reintitulou, muito apropriadamente, de “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.

Mesmo assim, não se logrou editá-la pelo mencionado Instituto, assoberbado por extensa lista e fila de inéditos aguardando publicação.

Em decorrência dessa impossibilidade, Edson Prata e a editoria do Suplemento voltaram suas vistas para a própria detentora dos direitos autorais da obra, a Prefeitura, cujo prefeito, engenheiro João Guido, prontificou-se a cobrir 50% (cinquenta por cento) dos custos, orçados em C$ 14.000,00.

Obtida essa participação, os originais foram em 1969 encaminhados à gráfica, estando concluída a impressão um ano depois, 1970, para lançamento no salão principal do Jóquei Clube de Uberaba, totalmente lotado.


Guido Bilharinho

Morre aos 87 anos Tati, ex-jogador do Uberaba Sport, Palmeiras e Internacional

O meio-campo Tati foi um dos principais jogadores da história do Uberaba Sport Club

Morreu na manhã desta sexta-feira (9), em Uberaba, Walter Celani, o Tati, um dos principais jogadores da história do Uberaba Sport Club e ex-meia de Palmeiras e Internacional. Tati tinha 87 anos e era natural de Guaxupé, no Sul de Minas.

Foto/Arquivo Pessoal

O ex-jogador morreu em casa após parada cardiorrespiratória. Conforme um dos filhos de Tati, o pai enfrentava demência e sequelas de uma isquemia. O sepultamento será às 18h, no Cemitério São João Batista. 

O meio-campo foi um dos grandes da história do clube mineiro nos anos 1950. Em 356 jogos com a camisa do Zebu, marcou 73 gols. O jogador chegou a Uberaba após passagens por Palmeiras e Internacional, na segunda metade daquela década. – (Artigo publicado originalmente na coluna do Jornal da Manhã, em 09/10/2020).

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O ano é 1953. O apito inicial do árbitro em Juca Ribeiro, deu início uma das mais belas passagens da história do Uberaba Sport Club. A derrota para o rival Uberlândia por 3x2 não diminuiu a importância da data. Em sua estréia, Walter Celani, o Tati, mineiro de Guaxupé, marcando um dos gols alvirrubros, se apresentou como aquele que seria um dos maiores ídolos a ter envergado a camisa alvirrubra.

Foram 7 anos de clube e, assim como numa partida de futebol, dois períodos separados por um pequeno intervalo, quando Tati foi ali, no Palmeiras e no Internacional de Porto Alegre, emprestar sua elegância ao futebol nacional e buscar conhecimento, informação e maturidade.

De volta a Uberaba, o “Fita Métrica” não jogou; ele desfilou, provocando genuíno entusiasmo em quem tinha o privilégio de assisti-lo.

Hoje, o apito final. Aos 87 anos, Tati nos deixou. Se uniu a Paulinho, Zé Luiz e Oliveira. Mas não nos deixou de mãos ou mentes vazias. Sua precisão de passes, seus 356 jogos, os 73 gols - em sua maioria, verdadeiras pinturas relatadas por quem as presenciou - nos enchem de muito orgulho e saudosismo.
Descanse em paz, Tati, e daí de cima, torça pelo sucesso do nosso Colorado. Seu legado nos impele a subir a régua de nossos esforços. (Artigo publicado originalmente na coluna "Facebook do Uberaba Sport Club", em 09 de outubro de 2020). 


José Mendonça: História de Uberaba

O advogado José Mendonça nasceu em Uberaba em 1904, aqui falecendo em 1968



O AUTOR 

José Mendonça nasceu em Uberaba em 1904, aqui falecendo em 1968. Estudou no então Grupo Escolar Brasil e no Colégio Marista Diocesano, formando-se em Direito no Rio de Janeiro, em 1926. Exerceu a profissão até 1930 na cidade do Prata, transferindo-se em seguida para Uberaba. Paralelamente ao exercício profissional, lecionou na Escola Normal e nas faculdades de Filosofia e de Direito.
Participou da fundação, integrou as diretorias e também presidiu a 14ª Subseção da OAB, o Rotary Clube de Uberaba e a Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

José Mendonça discursando.
 Foto Arquivo Público de Uberaba



História de Uberaba

OBRAS



Além das obras inéditas que deixou − Soluções Econômicas e Sociais, Ação Declaratória e História das Américas − escreveu e publicou os livros Ação Nacional (1937), que suscitou o entusiasmo de Monteiro Lobato e de vários outros intelectuais brasileiros, 

A Prova Civil (1940), considerado um clássico no assunto, e, ainda, os ensaios históricos O Centenário do Município de Uberaba (1936), Santa Casa de Misericórdia de Uberaba (1949) e O Visconde de Taunay e o Triângulo Mineiro em 1865 (1964).




PESSOAS E INSTITUIÇÕES FOCALIZADAS

O livro abrange a maioria dos acontecimentos e instituições mais importantes da cidade.
Além disso, são ressaltadas em capítulos especiais as atuações do major Eustáquio (fundador da cidade), vigário Silva (seu primeiro vigário e primeiro historiador), frei Eugênio (missionário e gênio empreendedor, construtor do primeiro cemitério e do hospital da Santa Casa), des Genettes (fundador da imprensa), dom Eduardo (primeiro bispo), dr. José Ferreira (um dos maiores médicos do país e o visconde de Mauá do Brasil Central), Fidélis Reis (introdutor do ensino técnico profissional no país) e Quintiliano Jardim (notável jornalista), focalizando também, ao final do volume, mais de trinta outras figuras históricas na seção “Pequenas Notas Biográficas”, como as denominou.


Fidélis Reis, Quintiliano Jardim, José Mendonça e Valdemar Vieira.  
Foto Arquivo Público de Uberaba


Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017.




Epidemias em Uberaba

Uberaba, no decorrer de sua história, como provavelmente a maioria das cidades brasileiras, foi assolada, ora mais ora menos, por diversas epidemias, afora a atual coronavírus, das quais resultaram mortes e transtornos de toda ordem.


Lavoura e Comércio. Uberaba 10 de novembro de 1918


Cólera (1850)

A epidemia do cólera originou-se na Índia por volta de 1840, espalhando-se pelo mundo, atingindo Uberaba a partir de 1850, segundo informa Borges Sampaio: “na quadra de terror e angústia, por que há pouco passamos, na invasão dessa horrorosa epidemia, desse flagelo do cólera” (“Uberaba: História, Fatos e Homens”, p. 259).


Varíola (1865)

Em novembro de 1862 deu-se o primeiro surto epidêmico de varíola no município, que, “em junho de 1863 ainda não desaparecera de todo” (José Soares Bilharinho, “História da Medicina em Uberaba”, vol. III, p. 797).

Já em junho/agosto de 1865, com a chegada à cidade dos soldados integrantes da Força Expedicionária que iria atacar o norte do Paraguai, irrompeu entre eles epidemia de varíola, “empolgando toda a brigada e grande parte da população da cidade que tinha doentes em cada um de seus cantos [....] Reinava a maior desolação na cidade, por cujas ruas ninguém mais transitava [....] Os roceiros aqui não vinham mais e o comércio paralisou-se inteiramente [....] Morriam, diariamente, 3, 4, 5, 6, 7 e mais soldados. Chegaram mesmo, em certa ocasião, a levar um soldado vivo para enterrar [....] Morreram numerosos soldados e alguns civis, ao todo, talvez, umas trezentas pessoas nos três meses de duração da epidemia” (Hildebrando Pontes, “Vida, Casos e Perfis”, p. 51/52).


Febre Amarela (1903)

Em 21 de fevereiro de 1903 foram impostas à população de Uberaba pelo agente executivo (prefeito) Antônio Garcia Adjuto medidas preventivas contra a febre amarela que grassava em município vizinho.

Em 03 de março, a febre amarela atingiu Uberaba trazida por empresário que chegou de viagem à Franca/SP, sendo internado em hospital improvisado, falecendo no dia 06 seguinte.

Em 10 de março, grande Assembleia Popular convocada pelo agente executivo discutiu e decidiu propostas dos médicos Filipe Aché (futuro fundador dos Laboratórios Aché) e José Ferreira de suspensão da quarentena imposta a todos que chegassem à cidade e de instalação de posto de desinfecção em Jaguara (ainda não existia a linha férrea da Mojiana vinda por Delta), sendo esta aprovada e rejeitada a primeira proposta.

No dia 12 seguinte, reunião dos agentes executivos das cidades triangulinas servidas pela Mojiana decidiu série de providências contra a proliferação da epidemia.

Em 30 de maio, o agente executivo comunicou à população de Uberaba não haver mais possibilidade de irrupção da febre amarela na cidade.


Sarampo (1908)

Em 1908, Uberaba foi tomada por forte surto epidêmico de sarampo, com casos fatais.


Varíola (1910)

Surto epidêmico de varíola assolou a região em junho de 1910, apresentando 12 (doze) casos em Uberaba, todos isolados no Lazareto. A epidemia, no entanto, expandiu-se. “O mal atingira proporções impressionantes. Ia penetrando em todos os lares” (José Soares Bilharinho, “História da Medicina em Uberaba”, vol. III, p. 815), havendo diversas mortes.


Sarampo (1911)

Em julho de 1911, “à varíola veio somar-se o sarampo, responsável, ele também, por vários casos fatais” (José Soares Bilharinho, op. cit., p. 815).


Maleita e Malária (1915)

Em dezembro de 1915 mais de 80 (oitenta) casos de maleita ocorreram no então distrito de Delta, onde também a malária grassou com intensidade.


Gripe Espanhola (1918)

A gripe espanhola chegou ao Brasil em setembro de 1918, pelo navio “Demerara”, propagando-se por todo o Rio de Janeiro. “Eminentemente contagiosa, eram inócuas as medidas sanitárias propostas para impedir sua marcha” (José Soares Bilharinho. “História da Medicina em Uberaba”, vol. III, p. 994).

Em 20 de outubro foram noticiados os primeiros casos de infecção em Uberaba, sendo o primeiro notificado o advogado Sebastião Fleuri. Com essa gripe, Uberaba se tornou “de súbito um verdadeiro hospital. Raríssimo era o lar onde não existissem um ou mais gripados [....] De início a doença se caracterizou pela benignidade”. A partir de 7 de novembro, “os pedidos de assistência se multiplicavam vertiginosamente. Uberaba se revestira de um aspecto triste [....] Os hospitais já não comportavam os doentes e o número de médicos era insuficiente para atender a todos os chamados. Houve lares onde todos adoeceram [....] No final da primeira semana do mês de novembro era de aproximadamente 2.500 [dois mil e quinhentos] o número de doentes. Devido a esse número exagerado de enfermos, a cidade tornou-se verdadeiramente insuportável. Era absoluta a carência de vida comercial e social” (José Soares Bilharinho, op. cit., p. 1.001).

Em 10 de novembro, a epidemia atingiu seu ponto culminante, “jungindo ao leito quase toda a população (Idem, p. 1.002).

Faleceram até 21 de novembro 193 (cento e noventa e três) pessoas, atingindo 215 (duzentas e quinze) na semana seguinte, sendo que 12.000 (doze mil) pessoas foram contaminadas num universo de aproximadamente 14.500 (catorze mil e quinhentos) habitantes. Ao final, conforme relatório apresentado pelo agente executivo Silvino Pacheco de Araújo, Uberaba teve 255 óbitos decorrentes da febre.


Paralisia Infantil (1924)

Em 10 de janeiro de 1924, o jornal “Lavoura e Comércio” noticiou a ocorrência em Uberaba de paralisia infantil (como então se denominava), informando já existirem dezenas de casos. O surto, no entanto, não durou muito tempo, desaparecendo paulatinamente.


Tifo (1925)

Em 25 de outubro de 1925 foi tornada pública a existência de casos de tifo na cidade, verificando-se nessa ocasião dois casos fatais.


Varicela/Catapora (1929)

No decorrer do primeiro semestre de 1929 ocorreram casos de varicela na cidade, sendo os doentes isolados e tratados e intensificada a vacinação.


Tifo (1935, Anos 40 e 1953)

Em abril de 1935 surto de tifo ocasionou 03 (três) casos fatais na cidade.

Em fevereiro de 1940 novo surto de tifo surgiu em Uberaba, recebendo o Centro de Saúde no dia 16 (dezesseis) do referido mês nada menos de 11 (onze) notificações de sua incidência.

Surtos de tifo se repetiram, com maior ou menor intensidade, nos anos de 1943, 1944, 1948 e 1953.


Hepatite (1951)

Série de reuniões, ocorrências e hipóteses marcaram o surto de hepatite que preocupou (e ocupou) Uberaba em 1951.

Em 20 de junho, a Sociedade de Medicina promoveu reunião extraordinária. No dia 22 seguinte, realizou-se reunião na Câmara Municipal convocada pelo prefeito (e médico) Antônio Próspero, sendo que, até essa data, a hepatite já vitimara quase uma centena de pessoas, das quais sete faleceram. No dia 25, em reunião na Sociedade de Medicina, o médico Madureira Pará, do Instituto Osvaldo Cruz, do Rio de Janeiro, revelou a ocorrência de hepatite causada por vírus, ora benigno ora extremamente grave.

No dia 04 de julho, por solicitação de diversas entidades de classe, o jornalista Quintiliano Jardim promoveu reunião no auditório da PRE-5 para debater a situação da cidade face à poluição de suas águas, conforme verificada por exame procedido dias antes pelo Instituto Osvaldo Cruz, do Rio, notícia que causou grande impacto na cidade. Dessa reunião, os presentes dirigiram-se ao Paço Municipal, onde a Câmara estava reunida, sendo suspensa a sessão, falando Quintiliano Jardim em nome de todos, aceitando o prefeito a incumbência de contatar Juscelino e Getúlio.

No dia seguinte (5 de julho), foi publicado no “Lavoura e Comércio” comunicado do Centro de Saúde, assinado por seu dirigente, médico Manuel Benjamin Pável, afirmando, com segurança, que na maioria dos casos a propagação da hepatite se deu por meio de agulhas e seringas insuficientemente esterilizadas, havendo também transmissão pelo contágio direto de pessoa doente à pessoa sadia, ponderando, ainda, que não se poderia subestimar o papel propagador de água poluída.

No dia 06, a Sociedade de Medicina lançou manifesto afirmando não se poder imputar à água f0rnecida na cidade como elemento transmissor da enfermidade, já que a água clorada é isenta de germes.

Segundo José Soares Bilharinho (op. cit., p. 1.019), “de janeiro até fim de agosto foram 69 casos (de hepatite infecciosa), dos quais 51 causados pelo uso de seringas mal esterilizadas e 18 pelo contágio direto.

Dos primeiros 51, em 32 casos, um único enfermeiro, dedicado à prática de injeções a domicílio, foi o culpado.

Sobre o assunto, Benjamin Pável escreveu a monografia “Surto Epidêmico de Hepatite Infecciosa em Uberaba”.



Gripe Asiática (1957)

Em setembro e outubro de 1957, epidemia de gripe asiática assolou a cidade, suspendo a comemoração do dia 7 de Setembro e aulas em alguns estabelecimentos de ensino.

Dengue (2006)

Em março de 2006 forte epidemia de dengue, transmitida por um tipo de mosquito, espalhou-se pela cidade com índices de infestação de residências de 5,3%, muito acima do 1% tolerável segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, tendo alguns bairros índices próximos a 19% (!), conforme constatado pelo órgão de controle de endemias e zoonoses.

À época, noticiou-se que no período de 1º de janeiro a 31 de março desse ano, só num laboratório da cidade, em 3.314 testes foram detectados 2.159 confirmados. Houve superlotação dos hospitais da cidade, ocorrendo até final de abril pelo menos duas mortes por dengue.

Órgãos da área de saúde atribuíram essa alta incidência de dengue ao descumprimento nos anos anteriores dos protocolos e medidas indispensáveis ao combate e eliminação do mosquito transmissor.


Outras Moléstias

Hidrofobia, Tuberculose e Hanseníase estiveram presentes em Uberaba, como nas demais cidades do país, por décadas desde o século XIX e no decorrer de toda a primeira metade do século XX, eliminando dezenas e dezenas de pessoas anualmente, conforme exposto na “História da Medicina em Uberaba” acima citado, e em “Uberaba: Dois Séculos de História”, de nossa autoria.

Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br


Cidade

ENSAIOS TÉCNICOS UBERABENSES (VI)


GUERRA DO PARAGUAI

Não obstante Uberaba tenha participado diretamente da Guerra do Paraguai com a reunião e concentração na cidade, em 1865, das Forças Expedicionárias que invadiram o norte do Paraguai, do que resultou na ominosa Retirada da Laguna, ao que se sabe apenas o ensaio de JOSÉ MENDONÇA, “O Triângulo Mineiro de 1865 e o Visconde de Taunay” (1964), refere-se a esse acontecimento histórico e, assim mesmo, não diretamente, mas, para muito justamente defender Des Genettes das incompreensões do visconde em relação a essa importante personagem da História de Uberaba.

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Contudo, mesmo que não concernente a fato local, o advogado, romancista e contista JOÃO CUNHA publicou, sem indicação do ano da edição, mas em 1981, consoante a data da dedicatória, o livro “Guerra do Paraguai – Indiscrições de Um Soldado”, consistente em cartas de voluntário maranhense a um seu amigo, por sinal, pai da sogra de João Cunha, recipiendário dessa correspondência. Na primeira parte do livro, João Cunha disserta sobre o missivista e o destinatário, publicando, na segunda, por ordem cronológica, todo esse importante e significativo depoimento de quem participou dessa Guerra e sobre essa participação previdente e livremente depôs.


MEIO AMBIENTE

Acompanhando a crescente preocupação com o meio ambiente, alguns livros foram escritos por uberabense a respeito da momentosa questão.



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O professor JOSÉ HUMBERTO BARCELOS, em edição da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, publicou, em 1994, o livro “Uberaba, Meio Ambiente e Cidadania”, focalizando o processo educativo ambiental; localização e características do município; áreas verdes de preservação permanente; habitação; saneamento básico; atividades produtivas; legislação municipal e estadual sobre meio ambiente.



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Em 1997 foi publicado “Lendo e Recriando o Verde”, sob coordenação e redação geral da professora e escritora VÂNIA MARIA RESENDE e estudos sobre o cerrado e aspectos botânicos de ÉLCIO CAMPOS GÁRCIA, focalizando em bela e ilustrada edição, entre outros temas, educação e ecologia, paisagem urbana de Uberaba, reciprocidade entre o ser humano e o meio e áreas verdes na Univerdecidade.

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Em setembro de 2019 foi publicado o livro eletrônico no blog http://guidobilharinho.blogspot.com/, de nossa autoria, “Meio Ambiente e Patrimônio Arquitetônico”, no qual são expendidas considerações a respeito desses temas, questionando as tendências contemporâneas de transferir para os produtores e proprietários todos os ônus da preservação ambiental e de restrições e manutenção de imóveis tidos em geral equivocadamente como de excepcional valor arquitetônico.


ESTUDOS CINEMATOGRÁFICOS

Na década de 1950 iniciaram-se os estudos cinematográficos em Uberaba em reuniões de troca de ideias e diálogos de pequeno grupo de cinéfilos liderados pelo dominicano frei Raimundo Cintra. Em 1962 foi fundado o Cine Clube de Uberaba com projeções de filmes, debates, cursos, Bolsa de Cinema (avaliação mensal de filmes lançados na cidade) e seleção anual dos Dez Melhores Filmes projetados nos cinemas locais, além de artigos esparsos publicados no “Correio Católico” e eventuais cursos e palestras em colégios e faculdades.

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Porém, livros sobre cinema somente começaram a ser elaborados e editados de 1996 em diante, todos de nossa autoria, iniciados com “Cem Anos de Cinema” e “Cem Anos de Cinema Brasileiro”.

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Em 1999 começou a ser editada a coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica, a única coleção editorial brasileira do gênero, ainda em andamento, com 17 (dezessete) livros publicados em papel e 13 (treze) livros eletrônicos no blog https://guidobilharinho.blogspot.com/, abrangendo tanto a análise e avaliação de filmes brasileiros quanto estrangeiros, sendo o primeiro deles “O Cinema de Bergman, Fellini e Hitchcock” e, o mais recente, “O Cinema dos EE.UU. (I): Filmes Ótimos”.


MANIFESTAÇÕES POPULARES

Existem muitas diferenças entre Folias de Reis, Catira, Benzeções e Crendices, porém, forte elo as une, que é a cultura popular, em seu mais amplo sentido, onde ocorrem e vicejam, abrangendo, nesse amplexo, o Folclore.

Nessa linha de manifestações, vários livros foram publicados em Uberaba, dos quais aqui se registram os que se teve acesso.

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Em 1997, o Arquivo Público de Uberaba editou “Em Nome de Santos Reis, vol. I: Um Estudos Sobre Folias de Reis em Uberaba; vol. II: Os Números das Folias”, ambos sob a coordenação de SÔNIA MARIA FONTOURA e autoria dessa renomada pesquisadora e de LUÍS HENRIQUE CELULARE e FLÁVIO ARDUINI CANASSA. No primeiro volume expõem-se a história, a composição social, a organização ritual e o processo da Folia, além de outras considerações, incluindo-se capítulo sobre o futuro da Folia. O segundo volume apresenta levantamento do número de Folias existentes no município.

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Em 1998, o professor e pesquisador CARLOS PEDROSO publicou o livro “Cafubira e Vauranas”, em que expõe, analisa e explica crendices, benzeções e diferenças entre o benzedor, que não receita nem recomenda remédios, e o carimbamba, espécie de farmacêutico prático, lido no Chernoviz, concluindo, por fim, e revelando o propósito do livro, que constitui a necessidade de registrar a benzição porque ela vai desaparecendo aos poucos.

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Em 2003, o mesmo professor e pesquisador CARLOS PEDROSO publicou a obra “Folia de Reis – Folclore Encantado”, na qual se encontra, conforme expõe o prefaciador João Batista Domingos Filho, “explicação das mais profundas camadas da criação e da repetição de um padrão social de relacionamento da religiosidade com as demais instituições sociais”. 

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Já GILBERTO ANDRADE RESENDE, um dos maiores promotores culturais do país, publicou em 2004 o livro “Catira – A Poesia do Sertão”, composto de pesquisa, exposição e recuperação de textos de cantorias, modas e recortados de autoria principalmente de Manuel Rodrigues, mas também de Sinhô Borges, Antônio Augusto Soares Borges, Paulo José Curi, Manuel Teles José Barbosa e diversos outros.

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Com indenização e colaboração de texto de GILBERTO ANDRADE RESENDE e pesquisa e texto de LISETE RESENDE, foi publicada, em 2014, em primorosa edição, a obra “Catira – Uma Tradição de 450 Anos”, dividida em duas partes: Catira (origem, estrutura musical e coreográfica, a música, a viola, a moda, o recortado, etc.) e Catireiros (apresentação de mais de trinta grupos de Catira de todo o país), ambas as partes profusa e coloridamente ilustradas.


FRANÇA

O país com que Uberaba mais se identificou no século XIX e primeiras décadas do século XX – antes da avassaladora presença do cinema estadunidense – foi a França, a ponto de ser cunhada a expressão “Paris, Rio de Janeiro, Uberaba” e o poeta e historiador Jorge Alberto Nabut denominá-la de “França Sertaneja” em artigo que destaca principalmente a presença e atuação na cidade do médico e polígrafo francês Raimundo des Genettes desde 1853, dos frades e irmãs dominicanas e irmãos maristas que para aqui vieram, respectivamente, em 1881, 1885 e 1903.

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Nada menos de dois livros foram editados por uberabenses sobre a influência da França, seja no país seja em Uberaba, no primeiro caso “A França do Brasil” (2009), de autoria de LUÍS EDMUNDO DE ANDRADE, radicado no Rio de Janeiro e filho de José Sexto Batista de Andrade (presidente do Banco do Triângulo Mineiro e vice-presidente do Jóquei Clube de Uberaba), enfocando a presença francesa nas artes, ciências, filosofia, diplomacia, direito, literatura e diversos outros setores e atividades.

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O outro livro, publicado por iniciativa e organização da então superintendente do Arquivo Público de Uberaba, LÉLIA BRUNO SABINO, “A França em Uberaba” (2010), refere-se particular e exclusivamente a Uberaba no qual, em nada menos de 27 (vinte e sete) artigos de diversos autores, é repassada e analisada a influência e os traços marcantes da presença cultural, religiosa e social francesa na cidade.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, 

Cidade Uberaba

ENSAIOS TÉCNICOS UBERABENSES 

(VII, Conclusão)


IMIGRAÇÃO

Uberaba e região beneficiaram-se enormemente, desde a década de 1870, principalmente da imigração portuguesa, italiana e espanhola, e, nas primeiras décadas do século XX, da imigração sírio-libanesa e japonesa.

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Em 2015 foi editado pela Academia de Letras do Triângulo Mineiro e Bolsa de Publicações de Município de Uberaba o livro “Representação e Vestígios da (Des)Vinculação do Triângulo Mineiro: Um Estudo da Imigração Italiana em Uberaba, Sacramento e Conquista – 1890/1920”, de HELADIR JOSEFINA SARAIVA E SILVA, ao que se sabe a primeira – e notável – obra sobre o assunto, instruída com quadros, anexos e inúmeras ilustrações.


FOTOGRAFIA

A arte fotográfica, bastante praticada em Uberaba desde o último quartel do século XIX, apresenta pelo menos três livros, todos de sofisticada feitura gráfica e esplêndidas fotos.

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Em 2008 foi lançado o livro “Uberaba – História, Tradição, Desenvolvimento e Cultura” com magnificas e multicoloridas fotos de CLÁUDIO AROUCA e precisos textos de MARIA ANTONIETA BORGES LOPES, abordando, entre tantos outros temas, a evolução política e administrativa da cidade, seu desenvolvimento comercial e cultural do século XIX e os tempos do zebu.

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No ano seguinte, o jornalista e editor FRANCISCO MARCOS REIS publicou “Uberaba – 100 Anos de Olhares e Memórias”, álbum de fotos da cidade em edição primorosa, apresentando dezenas de fotos vinculadas ao evolver do tempo, tanto de grupos de pessoas, como o time do Uberaba Sport de 1917, imigrantes italianos de Uberaba em 1928, terno de congada Minas-Brasil, banda do 4º BPM em 1936, jogadores do Independente Atlético Clube em 1943, grupo de combatentes uberabenses da 2ª Guerra Mundial em 1944 e time do Nacional Futebol Clube de 1950.

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Não obstante tenha Uberaba grandes fotógrafos desde o último quartel do século XIX, apenas sobre um deles, ao que se sabe, justamente o primeiro ou um dos primeiros (e dos mais importantes do país), José Severino Soares, foi organizado não apenas um livro, porém, o esplêndido “O Álbum de Jorge Henrique”, idealizado e esboçado por seu bisneto JORGE HENRIQUE PRATA SOARES, cujo teor foi organizado e editado pelo tio deste último, JOSÉ EXPEDITO PRATA, em 2014, contendo informações biográficas, profissionais e artísticas de José Severino Soares, além de dezenas e dezenas de suas fotografias, não só de Uberaba como de diversas outras localidades.


DINOSSAUROS

Os estudos sobre os fósseis encontrados na área de Peirópolis, antiga estação ferroviária da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro, remontam à segunda metade da década de 1940, procedidos pelo cientista Llewellyn Ivor Price.

Neste interregno de mais de sete décadas, possivelmente algum ou alguns livros podem ter sido publicados sobre o assunto, aos quais, contudo, não se teve acesso.

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Porém, em 2017, conforme a respectiva ficha catalográfica, ou 2018, segundo consta do colofão, foi publicada a obra “Peirópolis – O Vale dos Dinossauros Brasileiro”, de autoria de CARLOS EDUARDO CHEREM, em edição sofisticada e belíssima, farta e coloridamente ilustrada, remontando o texto aos princípios do surgimento do mundo e à destruição provocada pelo que se supõe ter sido o choque de gigantesco asteroide, originando verdadeiro cemitério de dinossauros, bem como focalizando as descobertas das preciosidades fósseis encontradas em Peirópolis.



TEMAS DIVERSOS

Tais são a produtividade e a riqueza da reflexão e da elaboração intelectual em Uberaba, que inúmeros livros foram e estão sendo publicados sobre assuntos os mais diversos, não enquadráveis ou classificáveis nos mais de vinte e cinco temas previstos no presente levantamento, registrando-se, pois, além de todos os ensaios referidos e ligeiramente comentados, mais os livros que se seguem.

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Editado em São Paulo, em 1994, o livro “Cotidiano e Sobrevivência – A Vida do Trabalhador Pobre na Cidade de São Paulo (1890-1914)”, da uberabense MARIA INÊS MACHADO BORGES, focaliza, em cinco substanciosos capítulos, priorização e política imigrantista, escassez e instabilidade do emprego fixo, trabalho informal e temporário, pobreza e formas marginais de sobrevivência e ritmo de vida e lazer.

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Em “Rádio Comunitária – Democratização da Comunicação Social”, de 2001, o advogado GLEIBE TERRA defende e discorre sobre as rádios comunitárias sob, entre outros, os aspectos constitucionais e legais, exercício da cidadania, direito à informação e interesse público.

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Em 2003 foi lançado “O Acesso ao Medicamento – A Gestão da Política Pública Entre 1997 e 2002”, do médico PLATÃO PÜHLER, em que o Autor discorre sobre as providências e práticas promovidas no período em que exerceu funções diretivas no Ministério da Saúde, incluindo textos sobre genéricos, programa de monitoramento de preços do mercado farmacêutico e planos de saúde.

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A partir de 2004, ZECA CAMARGO (José Carlos Brito de Ávila Camargo) vem publicando livros, principalmente de relatos de viagens, a exemplo de “A Fantástica Volta ao Mundo” (2004), “1000 Lugares Fantásticos do Brasil” (2006), “Isso Aqui é Seu: A Volta ao Mundo Por Patrimônio da Humanidade” (2009), “Eu Ando Pelo Mundo: Paris” (2016) e “Índia: Amores e Sensações” (2018). Além disso, vem incursionando por outros temas e gêneros, como na obra “Novos Olhares” (2007), no qual discorre sobre estudos de autores estrangeiros que abordam temas do cotidiano contemporâneo, e em “De A-ha a U2 – Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música” (2006) e “Medida Certa – Como Chegamos Lá” (2011), escrito em parceria com Marco Atalla e de Renata Ceribelli, aquele sobre tema explicitado no título e, este, sobre o quadro televisivo “Medida Certa”.

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O livro “Cotidianos Culturais e Outras Histórias – A Cidade Sob Novos Aspectos”, do professor ANDRÉ AZEVEDO DA FONSECA, divide-se em “Escombros da Memória Coletiva”, no que considera abandono do patrimônio cultural, no caso restrito a imóveis, e em “Cotidianos Culturais”, onde focaliza inúmeros e diversificados aspectos, fatos e pessoas da cidade.

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JOÃO EURÍPEDES SABINO, em 2005, lançou “O Andarilho - Quem é Ele?”, possivelmente o primeiro livro sobre o assunto publicado no país, no qual discorre, em dezoito capítulos, sobre as questões que envolvem o andarilho em sua perene peregrinação, enfrentando os rigores e as mutações do ambiente e as agruras dos despossuídos e desamparados, enfocando ainda as causas que o expeliram do seio da família e de seu lugar na sociedade.

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Em 2007, AHYGO AZEVEDO DE OLIVEIRA e UIARA DE OLIVEIRA AZEVEDO publicaram a 2ª edição do livro “Aigo – A Arte de Comunicação – Língua de Sinais”, no qual, após breve introdução, expõem, em forma de desenhos, os sinais e sua significação em diversas áreas da atividade humana.

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ELIETE RODRIGUES PEREIRA, versada na temática da sexualidade, prevenção às drogas e terapias holísticas, publicou, em 2008, o livro “O Poder do Sexo”, no qual, em quatro partes distintas, discorre sobre o tema-título sob os prismas ‘Sexualidade e Sexo’, ‘Sexo é Pecado?’, ‘O Prazer Sexual’ e ‘O Poder, Domina ou é Dominado?’.

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Nesse mesmo ano de 2008, HUGO PRATA lançou “Das Minas às Gerais – História, Cultura e Costumes de Um Povo Brasileiro”, em que aborda, em significativos capítulos, aspectos da formação brasileira e mineira, além do que denomina “caminhos da fala mineira”, listando inúmeros vocábulos oriundos do tupi e de línguas e dialetos africanos que enriqueceram a língua portuguesa no país.

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No ano seguinte, 2009, os professores IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e RODRIGO SANTOS DE CASTRO editaram o livro que organizaram com artigos e textos de diversos colaboradores, sob o título “Resgate Cultural: Por Entre os Labirintos da Memória”, no qual Irma, em expressiva dedicatória em nosso exemplar, informa que no “livro estão alguns registros da memória de pessoas comuns que, em suas tramas vividas, deixam traços culturais da comunidade a que pertencem”.

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No mesmo ano de 2009, foi lançada a obra “Memória e Cultura – Entre o Presente e o Passado”, organizada por FRANCISCO MARIANI CASADORE, HELIANA CASTRO ALVES, IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e LÍVIA MARIA ZOCCA, composta de texto dos organizadores e de vários outros autores, dividida em três partes atinentes ao despertar do imaginário e da memória, por uma cultura de memórias e, finalmente, recontando a memória ouvida.

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Em “5 Crimes Perfeitos”, subintitulado “A História do Assassinato de 5 Ex-Presidentes do Brasil”, editado em 2011, o Autor, VICENTE ARAÚJO NETO, adverte, desde a capa, com duas indagações correlatas: “Verdade que parece ficção? Ou ficção que parece verdade?”, para enfocar as mortes de Getúlio, Castelo Branco, Juscelino, João Goulart e Tancredo Neves, além dos falecimentos de Ulisses Guimarães e Severo Gomes.

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Ainda em 2011, VICENTE ARAÚJO NETO lançou “Mudando Conceitos”, em que discorre sobre mercado, aquecimento global e série de outras questões momentosas, como a cura do câncer e as origens das gripes aviária e suína.

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Em 2012, LUCAS B. CARRICONDE lançou o livro “Humano, Obsoleto Humano”, de antropologia filosófica, em que aborda intricadas questões, como transumamismo, pós-humanismo, potencialidades supra-humanas numa perspectiva futurista. 


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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017,