sábado, 28 de dezembro de 2019

Soneto de Natal

Autor: Marco Túlio Oliveira Reis

Feito uma ideia de transformação
Surge lá, e dentro vai crescendo,
Vai tomando conta de tudo – e o bruto amolece
O desgraçado retoma a esperança e o pobre sorri.

É o espírito de Natal!
Que envolve a ideia do novo homem
O homem restaurado – encharcado de humanidade
O homem liame, estrutura e contexto da ceia do amor.

Natal é tempo de amar
Natal é tempo acolher
Natal é tempo de perdoar

Natal é esperança é contexto
Natal é plenitude do sagrado
Natal é preparação para uma nova vida!

Resumo da ópera de 2019

Autor: Euseli dos Santos

Ufa! 2019 está terminando. Foi um ano difícil para o povo brasileiro. Nem é preciso pensar muito para chegar a essa triste constatação. Basta relembrar os principais fatos ocorridos neste ano, é cada história que parece duas, como diz o ditado popular. Isso fica claro, também, nas rodas de conversa. Você já percebeu, caro leitor, que sempre há alguém que confidencia uma dificuldade financeira ou que compartilha um episódio lastimável atual?! 

Voltando no tempo: lá no finalzinho de janeiro, todo país assistiu ao mar de lama submergir centenas de vidas e parte das memórias de uma cidade. Foi duro carregar o “fardo” da ganância da mineradora Vale mais uma vez. Assim, Minas Gerais foi novamente vítima da riqueza de seus solos.

Após algumas semanas, fomos acordados com a notícia da morte de 10 meninos do time de base do Flamengo. O acontecimento expôs a incompetência dos órgãos de fiscalização. Sem contar a atitude arrogante da diretoria. O evento causou alarde. Falou-se muito, mas como sempre... A impunidade reinou. O resultado está aí: o clube acaba de ganhar o título de campeão da Libertadores. É isso mesmo, prezados governantes?!

Como os primeiros 2 meses foram dramáticos, a população se perguntava: o que nos aguarda ao longo do ano? Por sorte, as tragédias deram uma trégua. Não que tenha sido fácil. Infelizmente, a realidade está bem distante de um cenário tranquilo.

O ano de 2019 também foi o ano da posse do candidato de um partido diferente. O começo não foi nada promissor. Teve ministra declarando tolices como rosa é cor de menina e azul é de menino e fazendo críticas ao conhecimento de ciências. Ambas as falas denotam um anacronismo sem igual. Por isso, logo, trataram de deixá-la de lado para evitar outros deslizes verbais.

Claro que o novo presidente contribui e muito para o show de patacoadas. Como esquecer o post vulgar publicado durante o carnaval? Ou os discursos nepotistas em favor da candidatura de seu filho para a embaixada americana? Fora as justificativas preguiçosas para explicar o aumento das queimadas das matas nativas. Para nossa tristeza, elas continuam ardendo em chamas em várias partes do Brasil.

O tempo foi passando e dentre tantas polêmicas quanto ao seu conteúdo, foi aprovada a reforma da previdência em outubro. Uma das resoluções mais conflituosa é aquela que determinou o aumento de tempo de contribuição. Será que não foi um tiro no próprio pé? Com a população idosa crescendo cada dia mais. Teremos trabalho para toda essa gente? Se hoje são mais de 13 milhões de desempregados, imagine daqui a algumas décadas.

É evidente que este item é apenas a ponta do iceberg. Há muitos outros pontos que podem estar em desacordo com a realidade. De qualquer forma, temos que ter esperança de que dias melhores virão.

Talvez esse seja o grande mérito do povo brasileiro: a esperança. A crença de dias melhores por aí. Só assim poderemos eliminar o sobrepeso que transportamos ano após ano. Porque, em 2019, o fardo pareceu pesado demais para carregar, transgredindo a interpretação da velha sabedoria popular.




A IGREJA DE PEDRA DOS DOMINICANOS

Estatua de São Domingos no jardim defronte à igreja. Foto de André Borges Lopes.
Não é todo mundo que gosta do seu estilo e, para muita gente, o prédio parece uma construção inacabada. Outros admiram-se com a sua beleza rústica. Impossível é ficar indiferente diante da Igreja de São Domingos, o centenário templo neogótico erguido pela congregação dos dominicanos em Uberaba na virada do século XIX para o XX. Mesmo nos dias de hoje, essa igreja construída com grossas paredes de pedra aparente impressiona por sua imponência e grandiosidade. Dá para imaginar a sensação que devia causar na Uberaba completamente sem prédios de 1904. No dia 2 de outubro daquele ano, o templo foi oficialmente inaugurado – ainda sem as duas torres e as abóbadas centrais sob a estrutura do telhado – em uma solenidade que agitou a vida pacata da cidade.

As novenas preparatórias tiveram início uma semana antes, em 23 de setembro. Estiveram presentes na missa de inauguração, além do chefe da diocese local – Dom Eduardo Duarte – dois bispos especialmente convidados: Dom Cláudio Ponce de Leão, do Rio Grande do Sul, e Dom José Lourenço, do Amazonas. Mais de 300 romeiros chegaram pelos trens da Cia. Mogiana. “As ruas da cidade, durante os dias de festa, regurgitavam de povo. O vasto templo, cuja beleza arquitetônica o faz um dos primeiros desse estado, enchia-se diariamente de gente”, contou o correspondente do jornal Correio Paulistano. Missas cantadas contaram com a participação de várias bandas da cidade, do “Schola cantorum” do Ginásio Diocesano e do Coro do Rosário. Na inauguração, cantou-se o Hino Nacional Brasileiro, a Marcha Pontifical e a Marselhesa. Em 1907, o grande templo sediou posse de Dom Eduardo, o primeiro bispo da nova diocese de Uberaba. No ano seguinte, celebrou-se ali a missa de comemoração do 7o centenário da revelação de São Domingos – em uma cerimônia na qual teriam sido concedidas mais de 3 mil comunhões.

Fundada por São Domingos em 1216, a “ordem dos pregadores” (mais conhecidos como“dominicanos”) havia se estabelecido em nossa cidade em 1881, proveniente de Tolouse, na França. Dois anos depois, chegou por aqui o frade italiano Raimundo Anfossi, responsável pela construção do primeiro prédio do Colégio Nossa Senhora das Dores (inaugurado em 1895). Os dominicanos haviam ocupado o pequeno convento erguido pelo franciscano Frei Paulino e assumido a antiga igrejinha de Santa Rita, que não conseguia acolher mais que duas centenas de fiéis nas missas de domingo – muito pouco para uma população que crescia rapidamente. Na época, a tradicional festa de Nossa Senhora do Rosário já reunia todos os anos milhares de devotos vindos de toda a região. Por isso, em janeiro de 1899, Frei Anfossi lançou a pedra fundamental de uma nova igreja, que deveria ser capaz de abrigar entre 1200 e 1500 pessoas. O terreno para a construção, no alto da antiga Ladeira do Mercado (atual Rua Lauro Borges), foi doado pelo Comendador José Bento do Vale e por sua esposa, Francisca Teodora.

  
Interior da igreja durante a construção, por volta de 1900.
Foto do arquivo dos Dominicanos de Tolouse.

Não está devidamente documentada a autoria do seu projeto, que tem a planta da nave em forma de cruz. Sabe-se que a construção ficou a cargo do empreiteiro italiano Emílio Betti Monsagratti, já estabelecido na cidade, que teria contado com a colaboração de um engenheiro francês de nome Florent, do qual não se tem maiores informações. Segundo a pesquisadora francesa Claire Pic, autora de um trabalho sobre a missão dominicana no Brasil (“Les dominicains de Toulouse au Brésil – 1881-1952:de la mission à l’apostolat intellectuel”), “sua aparência maciça, com tijolos ou pedras expostas (...) é similar à das construções no estilo gótico. Essas obras contrastam com as que eram usuais no Brasil, onde a arquitetura dos edifícios religiosos é geralmente colonial ou neocolonial, relacionadas às origens portuguesas do país. Elas testemunham a origem dos dominicanos, por sua semelhança com o estilo de edifícios religiosos construídos durante o período medieval no sudoeste da França”.


Igreja de São Domingos vista de frente, ainda sem as duas torres,
 e a réplica da Gruta de Lourdes. Esse cartão postal foi enviado em 1919, quando as torres já haviam sido concluídas.

       A igreja de São Domingos introduziu algumas novidades em Uberaba, como o teto de alvenaria em forma de abóboda, feito com tijolos (inaugurado em 1939). Usou-se na construção das paredes uma rocha sedimentar do tipo “Limonita”, abundante na região do cerrado, onde é conhecida como “pedra Tapiocanga”. Rica em óxidos de ferro, ela deu à igreja sua coloração marrom avermelhada. O trabalho de erguê-la contou com a colaboração de muitos operários e construtores locais, entre eles José Cotani. Jornais da época estimaram o custo da construção em mais de 600 contos de reis – uma pequena fortuna, suficiente para comprar três ou quatro fazendas grandes na região – que foi obtida com doações da comunidade. Uma réplica da Gruta de Lourdes foi construída, usando pedras e galhos de árvores, ao lado da edificação pelo cantareiro italiano Miguel Laterza. Dentro da melhor tradição dominicana – de seguir a fé sem virar as costas à ciência – quatro para-raios foram especialmente encomendados e instalados no telhado antes da inauguração.



Vista de Uberaba nos anos 1920, tomada do alto da torre da catedral. Ao fundo, no canto direito, aparece a igreja de São Domingos já com as torres construídas. Cartão Postal de Marcelino Guimarães.
Durante cerca dez anos, o templo funcionou sem as duas torres que, previstas no projeto original, só foram concluídas em 1914. Tinham a estrutura e a parte inferior feitas em madeira de lei, com os telhados pontiagudos revestidos com placas de cobre importado, o que dava a elas uma coloração particular. No início da década de 1960, o interior da nave passou por uma reforma a cargo do arquiteto Carlos Millan, que restaurou telhado e vitrais além de substituir parte do piso em ladrilho hidráulico por pedra branca de Pirenópolis. Os altares de madeira foram trocados, parte do mobiliário original e das imagens antigas foram vendidos, doados ou se perderam durante essa obra.

Vista aérea da igreja de São Domingos no final dos anos 1950, tendo como fundo o centro da cidade de Uberaba. Foto Postal Colombo.
Durante cerca dez anos, o templo funcionou sem as duas torres que, previstas no projeto original, só foram concluídas em 1914. Tinham a estrutura e a parte inferior feitas em madeira de lei, com os telhados pontiagudos revestidos com placas de cobre importado, o que dava a elas uma coloração particular. 
Praça defronte à igreja de São Domingos feita provavalmente em 1967, quando a igreja ainda tinha as torres originais.
Foto: jornal Correio da Manhã/Arquivo Nacional
Detalhe do telhado das torres, feito em folhas de cobre, já em processo de deterioração no final dos anos 1960. Foto: jornal Correio da Manhã/Arquivo Nacional

No final de 1980, as duas torres estavam em estado precário de conservação e algumas placas de cobre começavam a se desprender, colocando em risco os visitantes. A prefeitura municipal contratou a Construtora Urbano Salomão para fazer a demolição das antigas estruturas e a construção de duas réplicas. Novas torres foram erguidas com estrutura de metal e concreto, com revestimento do telhado feito em chapas de ferro pintado com tinta epoxi, serviço executado pela empresa uberabense Promelco. O obra, concluída em agosto de 1981, deixou as torres com uma aparência mais rústica que a original. Em 2003, a igreja de São Domingos foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).

(André Borges Lopes – uma primeira versão desse texto foi publicada na coluna “Binóculo
Reverso” do Jornal de Uberaba em 22/12/2019)




quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Adivinha quem é ele?

Quando é investido na atividade bate-lhe uma amnésia e não se lembra mais: do Brasil, da sua região e cidade, do seu bairro ou condomínio e até da sua rua. Muitos até tiram o nome do catálogo telefônico. Quem é ele? 

Não precisamos de muito esforço mental para lembrar logo, que ele, com raríssimas, eu disse raríssimas, exceções, é o parlamentar brasileiro. Feliz daquele eleito pelo povo que pode ler este texto e dizer a si mesmo: eu não sou esse aí! E também me contestar.

Não há como ficar inerte a essa aberração chamada Fundo Partidário, aprovada pelo Congresso que subtrai bilhões de setores vitais à vida brasileira e os joga inteiramente nas mãos de partidos políticos.

Aí é onde mora a amnésia. Não lembrar da saúde precária no país, da educação classificada lá atrás, da violência que nos tira o sono, dos milhares de desempregados, do fechamento de empresas então rentáveis, dos bolsões de desvalidos (não me agrada usar o termo pobreza), das pesquisas que poderiam estar noutros patamares. O rosário é grande... Só pode ser mesmo amnésia.

Segundo Aurélio Buarque de Holanda, amnésia é: “Perda total ou parcial da memória”. A definição do vocábulo não vem acompanhada do termo “intencional”, daí porque vejo o parlamentar brasileiro (olha as exceções) no gozo pleno das suas faculdades mentais. Não sentem amnésia.
Se por um lado ele se “esquece” dos itens acima mencionados, há um que, nem que a vaca tussa, jamais é esquecido. Trata-se da proteção do próprio umbigo, ou melhor, de si mesmo e asseclas.

Já vi pela televisão um apartamento com 54 milhões de reais dentro. Fiquei perplexo. Mais de 3 bilhões para o Fundo Partidário não tenho a menor ideia da metragem cúbica, mas o estrago que a subtração deles provocará, aí sim! Muitas pessoas morrerão de fome ou em hospitais, escolas fecharão, inocentes morrerão por balas de bandidos, desempregados aumentarão e o país patinará se não recuar, sem dizer de outros inevitáveis desastres que virão em cadeia.

Será que no peito dessa gente não bate ou mesmo, digamos, fibrila um coração? Deixo a resposta a você que ouve ou lê esse texto.

Alguém sugeriu um boicote geral às eleições. Idem à anterior. 

Enquanto isso, a conta para pagarmos o mega FP vem na velocidade da luz, que, aliás, já deve estar em nossa caixa de correspondência.


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG.
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil


Cidade de Uberaba


Eleição na Academia Brasileira de Letras do Triângulo Mineiro

Seis candidatos se apresentaram para concorrer ao preenchimento das duas vagas existentes na Academia de Letras do Triângulo Mineiro. A eleição deverá ocorrer por escrutínio secreto no dia 11/01/2020. São eles os aspirantes a ocuparem as vagas de Thomáz de Aquino Prata (4) e Luiz Manoel da Costa Filho (18):

-Ani de Sousa Arantes Santos. 
-Ernesto Rosa.
-Izabel Cristina Alves Durynek.
-Júlio César Oliveira Bernardo.
-Luiz Gonzaga de Oliveira.
-Olga Maria Frange de Oliveira.

O presidente João Eurípedes Sabino e sua diretoria estão felizes por ver a Academia despertando o interesse dos escritores, fato esse comprovado pelas seis inscrições consumadas. Cada candidato buscará agora os seus votos junto aos Acadêmicos e tal trabalho não é nada fácil. Trata-se de convencer a alguém a votar no candidato que muitas vezes é desconhecido pelo votante. É difícil, mas não impossível. Voto se ganha furando a sola do sapato! Dizem os entendidos.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O ITALIANO QUE MUDOU A FACE DA CIDADE

O que têm em comum em nossa cidade o sobradão da Câmara Municipal, a Santa Casa de Misericórdia, a velha Fábrica de Tecidos do São Benedito, os prédios do Senai/Fiemg, a capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, a sede da Associação Comercial, o Asilo Santo Antônio e o Sanatório Espírita? Todos esses prédios – entre centenas de outros menos conhecidos – têm a mão daquele que foi o maior dos construtores que repaginaram a cidade de Uberaba na primeira metade do século passado: o imigrante italiano Santos Guido.

Santos Guido (de terno claro), Alfredo Sabino, José Mendonça e Odilon Fernandes
 em reunião do Rotary Club de Uberaba, 1963.Fotógrafo não identificado / Casa do Cinza

Nascido na pequena vila de Scigliano, na região da Calábria (a ponta da “bota” no sul da Itália) em outubro de 1889, Santos Guido chegou em Uberaba ainda muito jovem. Em 1913, com pouco mais de 20 anos de idade, foi um dos fundadores da Liga Operária local – provavelmente a primeira das iniciativas associacionistas que marcaram a sua vida em nossa cidade. “Oriundi” orgulhoso de suas origens, foi um dos fundadores (e primeiro presidente) do time de futebol Palestra Itália de Uberaba, em 1918. Nas décadas seguintes, trabalhou pela estruturação da Associação Comercial e da liga “Fratelanza Itália”. Foi ainda membro do Rotary Clube e da Loja Maçônica “Estrela Uberabense”.

Prédio em estilo Art Decó onde funcionava a carpintaria e o depósito de materiais de construção das Indústrias Santos Guido na década de 1930 (Praça Comendador Quintino, esquina com Rua Henrique Dias). Foto do Google, em julho de 2011.

Mas foi no ramo da construção civil que Santos Guido se destacou. Engenheiro e arquiteto autodidata, operário, marceneiro e dono de lojas de materiais de construção, Guido já era, no início da década de 1930, o mais renomado construtor da cidade. No triênio 1928-1930, mudanças no código de obras municipal haviam obrigado os proprietários a alterar as fachadas das edificações construídas defronte às ruas do centro. Saíam de cena as velhas casas coloniais, com os beirais dos telhados pendurados sobre as calçadas, para dar lugar às novas fachadas retas com platibandas decoradas. O historiador Hidelbrando Pontes atribui a Santos Guido “a introdução das ordens civis modernas” em nossa cidade: normas técnicas e urbanísticas que disciplinaram a construção civil.

Localização onde funcionou a serraria das Indústrias Santos Guido entre o início da década de 1930 e meados dos anos 1960. Trecho inicial da atual Avenida Odilon Fernandes.
Detalhe de planta da cidade elaborada por Gabriel Totti em 1956.

Em dezembro de 1934, o jornal Lavoura e Comércio dedicou uma matéria de uma página (escrita por um cronista que assinou apenas P. S.) sobre as empresas de Santos Guido. O construtor era dono de uma grande serraria – situada na baixada da atual avenida Dr. Odilon Fernandes, ao lado da praça da Concha Acústica – onde grandes toras de madeira de lei se transformavam em tábuas, caibros e vigas. Na esquina das ruas Martim Francisco e Henrique Dias, um elegante predinho em estilo “art déco” abrigava sua carpintaria e um depósito de materiais de construção. Na praça Rui Barbosa, quase defronte ao Paço Municipal, ficavam os escritórios. As empresas somavam uma centena de empregados e Santos Guido era o maior cliente da companhia de luz e força da cidade (o consumo só perdia para o da fábrica de tecidos, que dispunha de usina própria).

Matéria especial sobre Santos Guido, publicada na edição de 24/25 de 
dezembro de 1934 do jornal uberabense Lavoura e Comércio.

Perguntado sobre quantas casas havia construído até então, Santos Guido não soube responder. Dizia ele que ao menos um terço das casas do centro havia passado por suas mãos, na construção ou em reformas. E que nos dois terços restantes, certamente havia alguma madeira, cal ou cimento fornecido por suas lojas. Laços familiares ampliavam essa participação. Sua irmã, Rosina Guido, casou-se com outro importante empreiteiro italiano estabelecido em Uberaba: Miguel Laterza, um dos construtores da igreja de São Domingos.

Detalhe do caminhão das indústrias Santos Guido na Praça Rui Barbosa. Lavoura e Comércio, 24/12/1934

Santos Guido também foi, por décadas, o maior construtor de obras públicas do município e um inovador em diversos setores. Trouxe à cidade o primeiro caminhão pesado movido a óleo diesel (provavelmente um Fiat 642N italiano), introduziu um estilo de residências recuadas em relação à rua do tipo “bungalow” – um contraponto menos suntuoso aos antigos “palacetes” – e foi um dos entusiastas e construtores da primeira piscina pública de Uberaba: no clube da Associação Comercial, na rua Manoel Borges, inaugurada em janeiro de 1936.

Caminhão italiano pesado Fiat 642N fabricado no início dos anos 1930. Provavelmente, do mesmo modelo utilizado pelas indústrias Santos Guido, primeiro caminhão movido a óleo diesel de Uberaba.
Foto: Wikipedia

Um de seus filhos, João Guido, formou-se engenheiro na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. No final dos anos 1940, passou a dirigir a empresa – renomeada Santos Guido & Filhos – ao lado do pai. Duas décadas mais tarde, foi eleito prefeito municipal. Aliviado do cotidiano dos negócios, Santos Guido dedicou-se ao associativismo, à militância política e a obras de filantropia. Foi delegado local da Federação das Indústrias e presidente por vários mandatos do asilo Santo Antônio.

Embarque de gado zebu em um avião Curtiss C-46 no aeroporto de Uberaba em junho de 1948. Detalhe do caminhão das Indústrias Santos Guido & Filhos Ltda.
Foto de J. Schroden Jr.

“Santos Guido não tem seu nome ligado à história de Uberaba”, dizia P. S. na premonitória crônica de 1934. “Não venceu exércitos nem comandou legiões de eleitores. Mas fez mais do que isso. Fez casas para muita gente que hoje, metida dentro de quatro paredes confortáveis, nem sequer se lembra das mãos do artista que delas fez a planta, que as elevou e que sobre elas arranjou as telhas”. O construtor faleceu em 1982, pouco antes de completar 93 anos de idade. São raras as suas fotos e não consta que alguém tenha publicado sua biografia.

Palanque de recepção ao presidente Getúlio Vargas em maio de 1953, na praça Rui Barbosa. No canto direito superior, um detalhe dos escritórios das Indústrias Santos Guido no centro da cidade.
Foto do Arquivo Nacional.

(André Borges Lopes / uma primeira versão desse texto foi publicada na coluna "Binóculo Reverso" do Jornal de Uberaba em 24 de novembro de 2019. )

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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

LIVRO NOVO NA PRAÇA !


A odontóloga e escritora Dina Lúcia Lucas Bessa lançará no próximo sábado 7/12 seu livro sobre a história da cidade de Conceição das Alagoas.

Obra de excelente material gráfico, o livro remonta aos primórdios daquela cidade e mostra sua bela história em detalhes com textos e fotos. É o resultado de meticulosas pesquisas realizadas por 10 anos pela autora.

Espera-se a presença de grande público formado por conterrâneos da escritora que também residem em Uberaba. Todos prometem marcar presença ao lançamento de Dina Lúcia Lucas Bessa.

Vale a pena prestigiar o evento!


DIA DA BANDEIRA NACIONAL

No dia 19 de novembro, de frente ao 4ª Batalhão foi realizado a solenidade do Dia da Bandeira Nacional.

Policiais Militares, alunos do Colégio Tiradentes e demais órgãos do Sistema de Defesa Social participaram do evento.

Nesta data comemora-se o aniversário de adoção da Bandeira Nacional como símbolo exponencial da Pátria.

A Bandeira Nacional foi projetada em 1889 por Raimundo Teixeira Mendes, auxiliado por Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares.

A Bandeira do Brasil foi instituída em 19 de novembro de 1889, 4 dias após a Proclamação da República, trazendo em seu cerne os ideais republicanos sintetizados no lema “Ordem e Progresso”, originário do positivismo de August e Comte, que se traduz em : “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”.

Em dias de festa ou luto nacional é obrigatoriamente hasteada em repartições públicas, escolas e sindicatos. Durante o ano letivo, é obrigatório seu hasteamento solene, em escolas públicas e particulares, pelo menos uma vez por semana. No entanto, no dia 19 de novembro, o hasteamento e arriamento ocorrem às 12 horas e 18 horas respectivamente, com solenidades especiais.

A Polícia Militar de Minas Gerais, nessa data realizou as atividades inerentes ao culto à Bandeira Nacional, reafirmando sua tradição de amor, respeito e patriotismo. (4ª Batalhão)

Foto - 4ª Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais.
                
De acordo com o Art. 32 da Lei N.º 5.700 de 1º de setembro de 1.971, “As Bandeiras em mau estado de conservação deverão ser entregues a qualquer Unidade Militar, para que sejam incineradas no Dia da Bandeira, segundo o cerimonial peculiar.”


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ANIVERSÁRIO DE 110 ANOS DO 4º BPM

No dia 25 de novembro, às 09:30 horas, no auditório da 5ª RISP, foi realizada a solenidade em comemoração aos 110 anos do 4º Batalhão de Polícia Militar.

O evento contou com a presença de várias autoridades civis e militares.

Foram homenageados militares e personalidades com medalhas e diplomas em razão dos relevantes serviços prestados para a sociedade uberabense.

Houve a entrega da Medalha Centenário do 4º BPM, Medalhas de Mérito Militar, Certificado de Destaque Administrativo, Operacional e Motorista Padrão, Troféu do 4º Batalhão, Diploma de Reconhecimento e a realização de uma grande operação após a solenidade.

A Banda de Música e a Orquestra Jovem do Colégio Tiradentes abrilhantaram o evento com apresentação de várias músicas.

(ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL DO EM/5ª RPM.)


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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

É com grande pesar que noticiamos o falecimento do professor PLAUTO RICCIOPPO

Casado com a professora aposentada Thereza Mendonça Riccioppo, Plauto. Deixou dois filhos, Marília Mendonça Riccioppo, médica, e Plauto Riccioppo Filho, engenheiro mecânico.Foi expedicionário da FEB na Segunda Guerra Mundial,foi fundador do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira e responsável pela expansão do Colégio São Judas Tadeu, atual Colégio Rubem Alves.

Foto/divulgação.


O corpo está sendo velado na funerária no Salão de Velórios da Pagliaro Serviços Sociais, na rua Cel. Manoel Borges,467, em frente à Associação Esportiva e Cultural de Uberaba.

O sepultamento será amanhã, 26/11/19, às 9h, no Cemitério de São João Batista.

Uberaba em Fotos presta suas condolências à família, professores e amigos.

domingo, 24 de novembro de 2019

Equipe do Clube de Judô Oriente de Uberaba 1972

Equipe campeã mineira de 1972.(Foto do acervo pessoal de Tranquilo Baliana). 

A equipe campeã mineira de 1972, do Judô Oriente, de Uberaba. Da esquerda para direita: o presidente da academia, Afrânio de Almeida, o diretor Mário Toitio, os atletas Adel Caetano, Dilmar Félix, Iraci Pedro Martins, Ataíde Fonseca, Nilo Martins, Tranquilo Baliana e Otávio Martins (Sansão). Foto no pátio do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), do Exército, em Belo Horizonte. 

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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

UBERABA TEM SUA ACADEMIA DE LETRAS DESDE 1962

A Academia de Letras do Triângulo Mineiro foi idealizada por um grupo de intelectuais e escritores de Uberaba, entre eles José Mendonça, Edson Gonçalves Prata, Monsenhor Juvenal Arduini e Lúcio Mendonça de Azevedo. Foi fundada em 15 de novembro de 1962, a partir de uma reunião realizada na sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, então situada na Rua Manoel Borges, nº. 84, sob a Presidência de José Mendonça, coordenador do movimento para a sua fundação, ocasião em que foi sugerido e, posteriormente, aprovado o seu estatuto: Tem por finalidade a cultura da língua, da literatura, especialmente do Triângulo Mineiro, e o estudo dos problemas sociais e científicos, a união dos intelectuais do Brasil Central, a difusão de suas obras e conhecimentos gerais.

Reconhecida de Utilidade Pública Municipal, pela Lei nº. 1.125, de 21 de setembro de 1963; e Utilidade Pública Estadual pela Lei nº. 9.470, de 21 de dezembro de 1987, a ALTM constitui-se de 40 membros efetivos, além dos sócios correspondentes até o máximo de 40.

A eleição é feita por voto secreto, em Assembleia Geral. Cada cadeira tem o seu Patrono, que foi indicado pelo seu respectivo sócio fundador, ou pelo primeiro acadêmico que dela tomou posse. A escolha do Patrono, embora de livre vontade dos acadêmicos, teria que ser, necessariamente, de um intelectual ilustre das letras brasileiras, de preferência vinculado ao Estado de Minas Gerais e em especial à região do Triângulo Mineiro.

A ALTM foi instalada, de forma solene, em 22 de dezembro de 1962, no Salão Nobre da Associação Comercial e Industrial de Uberaba, com posse de sua primeira diretoria, eleita em 25 de novembro daquele ano, biênio 63/ 64; e de seus acadêmicos fundadores. 


Acadêmicos Fundadores:


José Mendonça, Cadeira n° 1

Santino Gomes de Matos, Cadeira n° 2

Victor de Carvalho Ramos, Cadeira n° 3

Padre Thomaz de Aquino Prata, Cadeira n° 4

Monsenhor Juvenal Arduini, Cadeira n° 5

Rui de Souza Novaes, Cadeira n° 6

Ari Rocha, Cadeira n° 7

Padre Antônio Thomas Fialho, Cadeira n° 8

César Vanucci, Cadeira n° 9

Antônio Édson Deroma, Cadeira n° 10

Raimundo Rodrigues de Albuquerque, Cadeira n° 11

João Rodrigues da Cunha, Cadeira n° 12

Augusto Afonso Neto, Cedeira n° 13

Maurício Cunha Campos de Moraes e Castro, Cadira n° 14

George de Chirée Jardim, Cadeira n° 15

Lúcio Mendonça de Azevedo, Cadeira n° 16

Quintiliano Jardim, Cadeira n° 17

João Henrique Sampaio Vieira da Silva, Cadeira n° 18

Lauro Savastrano Fontoura, Cadeira n° 19

Mário de Ascenção Palmério, Cadeira n° 20

Dom Alexandre Gonçalves Amaral, Cadeira n° 21

Jacy de Assis, Cadeira n° 22

Soares de Faria, Cadeira n° 23

João Edson de Mello, Cadeira n° 24

Pereira Brasil, Cadeira n° 25

Lycidio Paes, Cadeira n° 26

Edson Gonçalves Prata, Cadeira n° 27


 Sede da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, na Rua Lauro Borges, nº 347, em Uberaba - Minas Gerais.


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Dárcio Campos Tarquínio

Na Historia 8 de setembro de 1945 – Nascia – Dárcio Campos Tarquínio - o
apresentador de TV, radialista e cantor Dárcio Campos. (Uberaba - MG)

Dárcio Campos Tarquínio - Foto: Reprodução.


Nascimento: 08/09/1945, Uberaba/MG

Óbito: 28/08/1995, São Paulo/SP

Relacionamentos: Teve um primeiro casamento, uma filha: Janaína. Foi casado com a atriz Maria Stella Splendore (1981-1982). 

Nota: Também atuou com publicidade e propaganda.

Carreira: 1975-1992 

Faleceu Prematuro antes do 50 - vítima da Síndrome da Aids.

Dárcio, começou sua carreira em comunicação nos anos 60 como radioator e locutor na antiga Rádio São Paulo (na época, pertencente às Emissoras Unidas junto com as rádios Jovem Pan, Record, TV Record de SP e TV Rio da Guanabara). Em 1970, faz sua estréia como comunicador na Rádio Record apresentando o "Discoteca Record" que mais tarde seria o Programa Dárcio Campos. Nessa época, se torna diretor artístico da emissora dirigindo comunicadores como Zé Bettio, Silvio Santos, Gil Gomes, Altieris Barbiero entre outros.

Dárcio por ter em seus programas um público em sua maioria formado por crianças e jovens, ficou conhecido como o líder da "Geração Chanti" que acreditava na inteligência como a base para a construção de um mundo mais justo para todos e para praticar o amor ao próximo. Tanto que em seus programas de rádio ou TV sempre dizia a seguinte frase: "Nós somos a Geração Chanti e sabemos que a inteligência é nossa força"

O sucesso no rádio, fez com que Dárcio levasse sua atração para a TV. Sua estréia aconteceu em novembro de 1976 com um programa de auditório na TV Gazeta canal 11 de SP. Passou pela Record canal 7 onde ficou um tempinho e a partir de 79 na Bandeirantes onde ficou até maio de 81, só voltando a emissora em 1984 para apresentar um programa infantil. Em rádio, Dárcio Campos ainda passou por: Bandeirantes, Gazeta, Globo, Super Rádio Tupi SP e Rádio Atual. Como cantor, Dárcio já gravou vários discos desde a época pós Jovem Guarda. Em 1977 gravou a música "A Marcha do Chanti Beijo", para o carnaval daquele ano. Em 78 participa da música "Minha Mãe, Minha Heroína" do cantor Lindomar Castilho declamando um verso ao final da canção.

Dárcio morreu em SP dias antes de completar 50 anos, vítima de uma embolia pulmonar decorrente do vírus da AIDS em 30 de agosto de 1995. Um ídolo do rádio e da TV que deixou saudades.(Famosos que Partiram)



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domingo, 3 de novembro de 2019

ENSAIOS DE CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA


VINTE ANOS – MIL ARTIGOS           


                                                                                                                       Trajetória e Circunstâncias 


A circulação do livro de papel caiu sensivelmente nos últimos vinte anos. Precisamente em 1999 foi iniciada em Uberaba a publicação da coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica com a edição de um livro por ano, iniciando-se com O Cinema de Bergman, Fellini e Hitchcock. 

Conquanto não contando com nenhum apoio midiático no eixo Rio-São Paulo ou no triângulo constituído pelo eixo e Belo Horizonte, a coleção foi comercializada nessas cidades por distribuidoras nelas radicadas e que por sua iniciativa contataram o autor para essa finalidade. 

Além disso, em São Paulo, mesmo não tendo nenhuma cobertura da mídia impressa, televisiva e radiofônica, foi a coleção comercializada pela dinâmica e versátil 2001 Vídeo, que chegou a ponto de adquirir de 30 a 40 exemplares por mês de seus diversos títulos. 

A livraria Cultura promoveu os livros da coleção em seu site, adquirindo-os à medida das solicitações dos interessados. 

Livros Físicos e Eletrônicos - Guido Bilharinho.

Tudo isso, porém, esvaiu-se. Uma ou duas das citadas distribuidoras fecharam. A portentosa 2001 Vídeo, com seis ou sete grandes lojas nos principais shoppings de São Paulo, vendendo e alugando DVDs e CDs de filmes e músicas e livros sobre cinema, encerrou as portas. A Cultura está em recuperação judicial, como também a Saraiva. 

Com a mais recente edição da coleção, em 2017, do livro físico O Cinema de Hitchcock e Woody Allen, que comercializou poucos exemplares, encerrou-se também a edição de livros em papel da mencionada coleção, por sinal, a primeira, única e possivelmente em papel a última a existir e atuar no país. 

Observou-se nesse período de 20 anos (1999-2019) descenso espantoso do interesse pelo conhecimento, fruição e estudo do cinema como forma de arte e cultura e, acredita-se, de todas as demais formas de arte e de conhecimento. 

Até mesmo o acesso a filmes antigos e lançamentos de filmes de valor vem paulatinamente sendo dificultado pela crescente marginalização provocada pelas atuais gigantes de projeção de filmes, como a Netflix e o Youtube, este ainda apresentando filmes antigos, porém, raríssimos clássicos no estrito sentido cultural da arte. 

Os estabelecimentos de ensino ignoram completamente a existência da arte cinematográfica e quando neles algum grupo promove projeções de filmes, são elas presididas quase inteiramente pelo interesse temático e não cultural e artístico. 

Em consequência, tem restado para as edições de novos títulos da coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica o amplo espaço eletrônico, no qual, no blog: https://guidobilharinho.blogspot.com/, existente desde setembro de 2017, juntamente com livros de outros gêneros, já foram editadas nada menos de dez obras sobre cinema, a exemplo de Obras-Primas do Cinema Brasileiro, Obras-Primas do Cinema Europeu, Filmes de Ficção Científica e O Cinema de Godard. 

Dois aspectos salientam-se nessa nova prática editorial: ausência de custos e planetária difusão, já tendo o citado blog, até 30 de setembro último, mais de 950 (novecentos e cinquenta) acessos nos EE.UU. e mais de 200 (duzentos) na Rússia, além de dezenas de acessos em mais de 20 países, notadamente europeus, mesmo estando os livros vazados em português. 

Livros Físicos e Eletrônicos 

Desde 1999 é editada em Uberaba, como informado no artigo anterior, a coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica. 

Até 2017 foram publicados quinze livros físicos, enfocando tanto o cinema brasileiro quanto o cinema de outros países. 

No primeiro caso, seguiu-se o critério cronológico, contemplando o cinema nacional por décadas, iniciada pela de 1990, com dois livros, retroagindo-se em seguida aos períodos anteriores e encerrando-se esse ciclo com a obra Seis Cineastas Brasileiros (2012), contendo análises das filmografias de Mário Peixoto, Humberto Mauro, Nélson Pereira dos Santos, Gláuber Rocha, Paulo César Saraceni e Júlio Bressane. 

Já a cinematografia estrangeira abrangeu tanto estudos sobre filmes de grandes realizadores (Bergman, Fellini, Hitchcock, Buñuel, Kurosawa, Visconti e Woody Allen), quanto livros específicos dedicados aos clássicos do cinema mundo, faroeste, segunda guerra, musical e filmes dramáticos europeus e estadunidenses. 

A maioria desses livros contêm índices, fichas técnicas de filmes, classificações qualitativas e ilustrações. 

No já referido ano de 2017, quando se publicou o último livro em papel da coleção, O Cinema de Hitchcock e Woody Allen, iniciou-se a edição dos livros eletrônicos da coleção no blog editorial Um Livro Por Mês (https://guidobilharinho.blogspot.com/), já estando nele publicados, juntamente com livros sobre outros assuntos, nada menos de dez novos títulos, desde Obras-Primas do Cinema Brasileiro e Europeu a livros específicos sobre filmes de guerra, terror, ficção científico, policiais e outros temas, bem como a segunda edição consideravelmente aumentada do livro sobre Bergman e Fellini, além de obras sobre as filmografias de Antonioni, Pasolini, Godard e referentes a filmes europeus dos anos de 1990 (neste mês) e dos EE.UU. (novembro próximo), neste enfocando, além das produções convencionais, os filmes de seu excelente cinema independente. 
Tais livros eletrônicos encontram-se disponibilizados no referido blog, podendo ser gratuitamente acessados, gravados, impressos e transferidos a tablets. 

Mil Artigos 

No total, esses vinte e cinco títulos da coleção abrangem aproximadamente 1.000 (mil) artigos de análise e avaliação de filmes.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/.


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EVENTO LITERÁRIO NACIONAL!

O relançamento dos livros: “Vila dos Confins” e “Chapadão do Bugre” de Mário Palmério promete balançar as estruturas da terra de Major Eustáquio! 07/11-quinta-feira- 19:00h - no Centro Cultural Cecília Palmério - Av. Guilherme Ferreira,217-Uberaba/MG.

Aberto ao Público! Você está convidado(a) e estenda o convite a outras pessoas!

 A Academia de Letras do Triângulo Mineiro e a UNIUBE lhes receberão de braços abertos! Livros serão vendidos no local! O momento é esse! Vamos fazer bonito!


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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O MORRO DA ONÇA

Uberaba tem, como em toda cidade, seus caprichos e mistérios. As verdades locais vão perdendo o viço com o passar dos dias... pois bem, quem não conhece o bucólico Morro da Onça? Por que leva esse nome? É lá, na subida da Rua Senador Pena, em direção à Igreja Santa Terezinha.... mas como surgiu essa denominação? Lembro que quando criança, ao deslocar-me ardendo em febre, nos braços de minha mãe, para enfrentar a longa fila dos desvalidos disputando ficha para atendimento médico no INPS, passava no sopé do Morro. Creio que a febre aumentava, tamanho o pavor da tal onça... mas qual o quê. Muitas febres, inúmeras filas, medo e pavor e nada, nadinha de nada dessa onça mostrar as fuças.

Rua: Senador Pena - Popularmente conhecido como "O Morro da Onça". Foto: Antonio Carlos Prata.
E com onça ou sem onça o tempo levou minha infância me fez homem. E foi aí que resolvi passar essa história à limpo. O Morro, nos idos tempos era uma mataria só, poucas casas, uma capoeira de mato fechado, lugar ermo e isolado. Algumas quadras dali, o prefeito, médico Boulanger Pucci tinha lá suas excentricidades e uma delas era criar uma bicharada em casa. Belo dia, um descuido do tratador e a malvada fugiu da jaula e foi reinar no Capão do Morro. Percebendo a fuga, Dr Boulanger, a contra gosto, no insucesso da captura da bicha viva, sabendo do perigo iminente, autorizou a força policial a passar fogo na danada. A onça morreu, a história se perdeu, mas o MORRO DA ONÇA tá lá, firme e sereno, atiçando a curiosidade dos uberabenses.


Autor: Marco Túlio  Oliveira Reis


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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

JORNAL DE UBERABA, 33 ANOS A SERVIÇO DA INFORMAÇÃO

No meu artigo de hoje, escrevo sobre minha passagem com muita honra no Jornal de Uberaba, desde sua fundação no dia 7 de setembro de 1986. O JORNAL DE UBERABA iniciou suas atividades no prédio onde funcionava o Colégio Cristo Rei, depois mudou-se para o Palácio Episcopal, e em 1995, para sua sede própria, na avenida Leopoldino de Oliveira. Com muito orgulho, sou um dos fundadores do JU, onde trabalhei por muitos anos como repórter, repórter fotográfico e subeditor, cobrimos muitos acontecimentos nacionais, sempre com o aval de Fabiano Fideles, como sua grande e experiente visão jornalística, aprovava sempre nossas coberturas nos principais acontecimentos no país, principalmente as decisões de campeonatos esportivos em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de janeiro, além da seleção brasileira.

Paulo Nogueira - Jornalista - Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.
Fui um dos primeiros jornalistas a ser convidado a integrar a equipe do jornal. Trabalhava com o Fabiano Fideles no Jornal de Brasília, como correspondente em Uberaba e na região, quando o Fabiano teve a ideia de montar um jornal diário em Uberaba. Fomos a luta e conseguimos o prédio onde funcionou o Colégio Cristo Rei. Ali ficamos por alguns anos, depois passamos para o Palácio Episcopal, onde após trabalhar algum tempo, fui para o Jornal O Triângulo, em Uberlândia, adquirido pelo Fabiano, onde trabalhei na redação como subeditor.

Posteriormente, retornei a Uberaba, para a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, a convite do professor Valdemar Hial, diretor na época, para ser o assessor de Comunicação da Instituição.

No esporte por exemplo há várias passagens inéditas que acontecerem comigo. Precisando vencer o Brasil em pleno Maracanã para se classificar para a Copa do Mundo da Itália de 1990, o Chile protagonizou uma das maiores farsas da história do futebol. Com sua equipe perdendo de 1 a 0 e dando adeus ao sonho de disputar o Mundial, o goleiro Roberto Rojas se aproveitou do fato de um foguete sinalizador ter sido atirado no gramado próximo a ele, tirou da luva uma gilete, e se cortou, simulando ter sido atingido pelo artefato.

Durante o tumulto, os jogadores do Chile que estavam no banco, tentaram me tirar o equipamento fotográfico, quando notaram que havia sido o único jornalista a ter clicado o lance polêmico. Retirei o filme da máquina e coloquei dentro da meia, para minha garantia, eles queriam o filme de toda maneira. A CBF solicitou as fotos e as mesmas foram colocadas no processo contra o Chile.

Outro fato, foi uma entrevista exclusiva que fizemos com o então deputado Ullisses Guimarães, que fez na época revelações bombásticas sobre a política nacional. Registramos com exclusividade a visita do então presidente Fernando Collor ao médium Chico Xavier, também as fotos foram cedidas a todas as agências noticiosas do mundo. Foram muitas as matérias exclusivas e importantes que cobrimos, que em sua maioria eram cedidas para várias agências noticiosas. 

No dia 15 de agosto de 2016, após alguns dias internado, falece Fabiano Fideles, uma perda irreparável. Sua esposa Nancy, passa ser a diretora do jornal, até abril de 2017. Nesta data, o advogado uberabense Lawrence Borges, adquire o jornal, que com muito equilíbrio, continua fazendo do JU um órgão de imprensa sério, com um só compromisso, o de bem informar, com transparência e a credibilidade. Parabéns ao Lawrence e toda sua equipe, fazendo com que o leitor esteja diariamente sempre por dentro dos principais acontecimentos da cidade, da região, do País, e, do mundo. Meu abraço ao experiente e competente editor do JU, jornalista Júlio César de Oliveira, sua equipe, e a todos os funcionários deste prestigioso órgão de imprensa que engrandece a nossa cidade. 


Paulo Nogueira - Jornalista - Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.

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MORRE O JORNALISTA E ESCRITOR SAULO GOMES

Com muito pesar e dor do coração que divulgo esta notícia. Meu amigo e meu eterno professor no jornalismo, Saulo Gomes, que me ensinou os primeiros passos na TV, morreu na madrugada desta quarta-feira (23), em Ribeirão Preto (SP).. Ele tinha 91 anos e foi vítima de um infarto. O velório está previsto para começar às 13h na Sala Diamante do Memorial Campos Elíseos. O enterro será às 10h desta quinta-feira (24). Nascido no Rio de Janeiro (RJ), Saulo ingressou no jornalismo em janeiro de 1956, quando foi o primeiro colocado entre 200 jovens que disputavam uma vaga de repórter na Rádio Continental. O nome de Gomes também consta entre os pioneiros da televisão brasileira. Entre os pontos altos da carreira dele estão entrevistas com o médium Chico Xavier: em 1968, em Uberaba (MG), e em 1971, no programa Pinga Fogo, na TV Tupi.

Saulo Gomes e Paulo Nogueira.

Saulo e Paulo Nogueira.

Aliás, consta na biografia que ele protagonizou um momento triste e histórico da televisão no país, quando, às 16h21 de 2 de maio de 1980, anunciou ao vivo que TV Tupi deixava de gerar suas imagens.

(Jornalista Paulo Nogueira)

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terça-feira, 22 de outubro de 2019

AS PRENSAS FRANCESAS DO DOUTOR EDGARD

Em maio de 1956, Uberaba celebrou seu primeiro centenário em grande estilo. Por meses, uma comissão nomeada pela Câmara Municipal encarregou-se de organizar as festas, bailes e eventos que – aproveitando o período da Expozebu – estenderam-se por todo o mês. Mas, por pouco, a celebração não deu errado: no dia 2, uma tempestade quase impediu a chegada dos aviões com convidados e acabou forçando o adiamento do desfile cívico na Praça Rui Barbosa, o ponto alto das comemorações. O Douglas DC-3 da FAB que trouxe o presidente Juscelino Kubitscheck só conseguiu pousar à noite, debaixo de forte chuva, na pista de terra do aeroporto.

Dr. Edgard (de camisa clara e gravata) supervisiona o início das obras da Produtos Ceres em Outubro de 1953.
Em meio à festa, um evento passou quase despercebido. Na manhã do dia 3, Juscelino e o governador mineiro Bias Fortes aproveitaram para conhecer uma planta industrial que estava prestes a ser inaugurada. Nos cafundós do alto da Boa Vista, ao lado da linha férrea da Companhia Mogiana, engenheiros e operários completavam os testes na fábrica da Produtos Ceres SA. Na placa da obra, uma ideia da ambição de seu criador: ali seriam produzidos óleos vegetais de algodão, arroz, amendoim, babaçu e soja. Lance ousado para uma cidade interiorana onde a população cozinhava em fogões de lenha com banha de porco e manteiga de leite. E cuja economia dependia da agricultura familiar e dos humores do mercado de gado Zebu.

Detalhe da placa:

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Obras da fábrica de óleos vegetais

PRODUTOS CERES SA

Indústria e Comércio

            
  Algodão                                                                                                                       
                             Arroz 
                                      Amendoim
                                                         Babaçu
                                                                      Soja

Por trás dessa ousadia estava Edgard Rodrigues da Cunha. Aos 45 anos de idade, esse uberabense conhecia a realidade local mas, desde cedo, sonhava alto. Nascido na Fazenda da Cruz, no então Distrito de Uberabinha (atual Uberlândia), Edgard fora estudar Direito no Rio de Janeiro. Em 1937, voltou e deu início a uma bem sucedida carreira de advogado. Seu pai, Gustavo, havia sido um dos responsáveis por trazer a Uberaba o primeiro caminhão. No negócio dos transportes conheceu o empreiteiro Santos Guido e acabou tornando-se gerente da sua serraria.

Dr, Edgard Rodrigues da Cunha mostra ao presidente Juscelino a nova planta industrial da Produtos Ceres SA, 03/05/1956
Foto do acervo do Arquivo Nacional.
Por anos, Gustavo alimentou o sonho de montar uma fábrica de rações animais e produtos derivados de milho e mandioca. Em 1941, ele e dois de seus filhos homens, Edgard e Aparício, criaram a Produtos Ceres Ltda. Poucos anos depois, o pai decidiu passar suas cotas na companhia para os filhos, mas continuou na ativa, assumindo a chefia da produção. O engenheiro Aparício permaneceu na sociedade, mas mudou-se para ir trabalhar na construção da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. E coube ao advogado Edgard assumir o leme da empresa.

Planta industrial da Produtos Ceres nos anos 1960, no Alto da Boa Vista. Hoje, só resta preservado um pedaço da chaminé.

No final dos anos 1940, a Produtos Ceres já era uma indústria de destaque em Uberaba. Havia comprado um grande terreno nos limites da cidade, onde erguera um moderno galpão projetado pelo engenheiro italiano Ernesto Gullo. Com máquinas importadas dos Estados Unidos, fabricava derivados de milho para uso culinário e uma linha de rações balanceadas para bovinos, suínos e aves. Entre as modernidades da fábrica, ela dispunha de vestiário com chuveiros para os operários, coisa rara nessa época. Mas Edgard não estava satisfeito. Alinhado com o espírito desenvolvimentista da época, ele queria montar uma grande indústria que alavancasse o potencial agrícola da região e oferecesse empregos de qualidade à população uberabense.
Equipamentos franceses da Produtos Ceres SA. Foto: Prieto.
Desde meados do século XIX – quando fora inaugurada a fábrica de tecidos do Cassu – tentava-se incrementar a produção de algodão no Triângulo Mineiro. O uso têxtil do algodão gerava como subproduto grande quantidade de caroços que, por muito tempo, eram descartados. Foram os norte-americanos que primeiro desenvolveram um processo para extrair dessas sementes um óleo que, purificado e desodorizado, servia como alternativa alimentar à gordura animal. No início do século XX, outros grãos como o amendoim e a (então pouco conhecida) soja, também começaram a ser usados com essa finalidade. Todos esses processos industriais dependiam de maquinário caro e sofisticado. Por isso, apenas grandes empresas (em geral multinacionais) se arriscavam nesse setor. Mas Dr. Edgard não se intimidou e começou a mexer os pauzinhos.

Equipamentos franceses da Produtos Ceres SA. Foto: Prieto.
O primeiro dever de casa foi pesquisar. No início de 1952, entrou em contato com industriais norte-americanos e europeus, buscando a melhor alternativa técnica e os custos mais atraentes. Em algumas das correspondências trocadas nessa época, Edgard questiona os fabricantes sobre novos métodos de extração de óleo que, recentemente descobertos, sequer estavam disponíveis para venda. Um nível de interesse e de conhecimento técnico surpreendente para alguém que não tinha formação na área, especialmente numa época em que o acesso a informação atualizada era muito mais difícil do que hoje.

Vista externa da fábrica da Produtos Ceres. Foto: Prieto
Foram meses de perguntas, projetos, propostas e acertos comerciais. Edgard acabou fechando o negócio com ajuda da Sobemec, do Rio de Janeiro – um escritório de representação de grandes empresas francesas. Da França viriam as prensas, os equipamentos de purificação e a sofisticada tecnologia para a extração dos óleos com uso de solventes. Para levantar o capital necessário, Edgard transformou a Ceres em Sociedade Anônima e convidou para assumir a presidência o Sr. João Severiano Rodrigues da Cunha (conhecido como “Coronel Joanico”), empresário respeitado, que já havia sido prefeito de Uberlândia por três mandatos.

Anúncio da Produtos Ceres no jornal Lavoura e Comércio

O fornecimento de energia elétrica – ainda precário nessa época – e da matéria prima para a usina seria um segundo desafio. Foi preciso montar um grupo gerador próprio e, por muitos anos, a Produtos Ceres (em parceria com o Banco do Brasil) estimulou o plantio de milho, algodão e amendoim em Uberaba e nos municípios vizinhos. A empresa garantia aos agricultores a compra de toda a safra colhida, pagando o preço praticado na Capital Paulista, abatido o custo do frete. Mas boa parte dos grãos teria de vir do noroeste do estado de São Paulo, onde as culturas já estavam mais consolidadas. Toda semana, toneladas de carga chegavam em vagões da Cia. Mogiana carregados de caroços de algodão vindos da outra margem do Rio Grande.                                      
                                                       
Cartão com a linha de óleos vegetais da Produtos Ceres.

Ao mesmo tempo, era preciso levantar os recursos para a obra. Edgard, que fora diretor da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, buscou investidores entre os pecuaristas da região. Oferecia aos futuros acionistas da Ceres a garantia do fornecimento de “tortas” para alimentação bovina nos meses de seca – um subproduto altamente nutritivo da extração do óleo de algodão. Além disso, suas boas relações com JK, desde o tempo em este que ocupava o governo de Minas, facilitaram a liberação das linhas de crédito e das divisas em moeda estrangeira para a importação do maquinário.

Em outubro de 1955, cinco carretas trouxeram do Porto de Santos as novas máquinas. Com elas, vieram técnicos e um engenheiro francês, encarregados da montagem e de treinar o pessoal. No terreno da fábrica, que fora ampliado por novas aquisições, silos, galpões e prédios administrativos já haviam sido erguidos sob medida, projetados em estilo moderno pelo arquiteto Germano Gultzgoff. No final do ano seguinte, poucos meses após a visita de Juscelino, os mercados do interior do Brasil começavam a receber as latas do óleo de algodão Banquete e do óleo de amendoim Bem Bom. As Indústrias Matarazzo e as multinacionais Swift e Anderson Clayton tinham na pequena Uberaba um novo concorrente.


(André Borges Lopes / Uma primeira versão desse texto foi publicada originalmente na coluna Binóculo Reverso do Jornal de Uberaba.



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