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domingo, 30 de dezembro de 2018

CAPINÓPOLIS: UM MONSTRO E SEUS MISTÉRIOS (II)

Há duas semanas, contei a história do “monstro de Capinópolis que assombrou o Triângulo Mineiro nos primeiros meses de 1972. Depois de um cerco policial que durou semanas e eletrizou a população do país – o caso chegou a ser relatado no Jornal Nacional e nas páginas de revista Veja – a polícia prendeu Orlando Sabino Camargo, um andarilho negro e franzino de 25 anos de idade com problemas mentais evidentes, que teria confessado a autoria de alguns dos crimes.

No final das contas, Orlando foi responsabilizado por um total de 25 assassinatos, sendo 13 em Minas Gerais e 12 em Goiás, além da morte de 19 bezerros. A maioria dos homicídios aconteceu na zona rural, sem presença de testemunhas, e nunca foi apresentada uma lista formal, com os nomes de todas as vítimas e as circunstâncias de cada morte. Examinado por uma junta médica, Orlando foi diagnosticado com oligofrenia e considerado inimputável. Acabou condenado pela Justiça a internação compulsória por tempo indeterminado em um manicômio judiciário na cidade de Barbacena, onde ficou detido por mais de 38 anos, até ser transferido para um lar de idosos, onde faleceu em 2013.

A prisão do “Monstro” colocou um fim nas mortes misteriosas no vale do Rio Paranaíba e deu resposta às cobranças da população. Mas muita gente não ficou convencida de que Orlando teria sido o responsável por todos os crimes. Interrogado pela polícia e por jornalistas, o suposto “assassino serial” limitava-se a confirmar a autoria das mortes com monossílabos e frases simples. Perguntado sobre sua motivação, dizia que “matava para comer”. Além disso, sua compleição física estava distante das fantasias criadas pela imprensa nos dias em que a região viveu a caçada humana: uma fera assustadora, com força e velocidade assombrosas, além de poderes fantásticos de dissimulação.
A morte dos bezerros e alguns dos homicídios se encaixam na narrativa de crimes praticados por alguém mentalmente perturbado. Mas houve casos de pessoas abatidas a tiros, em circunstâncias mal esclarecidas. Em ao menos um dos assassinatos, o do fazendeiro Oprínio do Nascimento, foi possível identificar o projétil responsável pela morte: uma bala .44, de uso exclusivo das forças de segurança, incompatível com a espingarda enferrujada que a polícia alegou ter apreendido com Orlando. Havia na sequência dos crimes a ele atribuídos alguns acontecidos com pouca diferença de tempo em lugares distantes, algo impossível para alguém que andava a pé vagando pelos campos, evitando estradas e já procurado pela polícia.

O Brasil vivia o período mais duro da ditadura de 1964, com a imprensa sob censura prévia, e ninguém ousava questionar versões oficiais. Mas um dos motivos da desconfiança era o tamanho do aparato mobilizado para capturar um criminoso tão singelo. O então governador mineiro Rondon Pacheco, natural de Uberlândia, envolveu-se diretamente na coordenação da buscas. No auge da perseguição, alguns relatos falam da participação de mais de mil agentes, entre soldados da Polícia Militar e investigadores da Civil, contando com o apoio do Exército, de aviões, helicópteros, cães rastreadores e de algumas dezenas de voluntários.

No final dos anos 1970, com a abertura política, alguns jornalistas começaram a questionar a história oficial. Em 1979, o uberabense Joaquim Borges divulgou a versão de que a perseguição a Orlando Sabino teria sido uma cortina de fumaça para encobrir as buscas por guerrilheiros de esquerda que estariam se escondendo na região do Pontal do Triângulo. Em 2011, Pedro Popó lançou o livro-reportagem “Monstro de Capinópolis” onde joga luz sobre a fragilidade das acusações. Em 2014, o jornalismo da rede de televisão SBT produziu uma reportagem sobre o caso, que pode ser encontrada no YouTube.

Orlando Sabino “ Monstro de Capinópolis”

Publicado em 2016 pela Editora da Universidade Federal de Uberlândia, o segundo tomo do “Relatório da Comissão da Verdade do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba” traz os resultados das investigações sobre o assunto, sem que tenham sido encontradas respostas definitivas. Alguns pesquisadores consideram que a sequência de assassinatos possa ter servido para ocultar ajustes de contas pessoais e crimes por outras motivações, que ao final foram atribuídos a Orlando Sabino – deixando os verdadeiros autores impunes.

A tese da perseguição a guerrilheiros nunca foi devidamente comprovada. Mas há ao menos um indício bastante curioso. No meio da caçada ao “Monstro de Capinópolis”, as autoridades relataram à imprensa a prisão de um cidadão paraguaio de nome Gerardo Martinez Herrera, que despertou suspeitas ao procurar trabalho numa fazenda da região. Investigado, descobriu-se que o homem teria curso superior e havia sido militar no país vizinho. Tão rápido como surgiu, o tal Herrera desapareceu dos noticiários. Até hoje, a sua prisão é um mistério absoluto.


André Borges Lopes








Cidade de Uberaba

domingo, 1 de janeiro de 2017

QUEM SEMEIA VENTO, COLHE TEMPESTADE

Lá vai Luiz Henrique: Os mais novos não estão lembrados, no Triângulo, tivemos um” monstro assassino”. Assim, a imprensa tratou um caso de um cidadão que aterrorizou a região, principalmente as cidades do pontal do Paranaíba.. O fato se deu nos anos 72 e ganhou repercussão nacional. A zona rural de Capinópolis, Canápolis, Ituiutaba, Ipiaçú, ficou em polvorosa com as estripulias que vinham acontecendo e amedrontando os fazendeiros. Animais mortos, corpos decapitados, animais mutilados e ninguém conseguia “ botar a mão no assassino”. Diziam ser um homem franzino, que matara seis pessoas na zona rural de Ituiutaba. A população estava em polvorosa. Delegado e soldados da cidade, organizaram escolta porá prender o assassino e nada ! O bandido conseguia fugir de todas as situações. Pedido reforço policial em Belo Horizonte, veio para a região, o delegado especiaTacir Menezes Sá e uma “leva” de detetives especializados. Buscas incessantes, a imprensa estadual dando destaque especial. Ninguém conseguia deitar mão no assassino. A população em polvorosa. A região em parafuso. Era medo só. A grande imprensa tomou ciência e, diariamente, noticiava a “caçada ao monstro do Triângulo”. Recorreu-se ao Quarto Batalhão de Minas, sediado em Uberaba. O comandante Newton Oliveira, colocou em prática, uma verdadeira operação de guerra, à captura do misterioso individuo. Depois de 10 dias de intensa busca, em Ipiaçú, margens do Tijuco, o dito cujo foi preso. Moreno escuro, franzino, cabelos encaracolados, olhar assustado, rosto de retardado mental, dizia chamar-se Orlando Sabino. Trazido para Uberaba , Orlando, foi apresentado à imprensa nacional, em meio a um intenso arsenal policial. Jornais do Brasil inteiro , na capa, mostravam aquele negrinho, magrinho, , cabelos encaracolados, olhar assustado, rosto de retardado mental, , respondendo “sim” a tudo que lhe perguntavam, inclusive o assassinato das 6 pessoas em Capinópolis. Orlando Sabino, foi removido para Barbacena (MG), onde morreu tempos depois.
Com a captura de Orlando Sabino, cessaram as mortes no pontal do Tijuco e apenas uma interrogação: teria sido aquele menino franzino, quase raquítico, “pinta” de retardado, o “monstro do Triângulo”, tão decantado pela imprensa nacional?.

Luiz Gonzaga de Oliveira

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

CAPINÓPOLIS: UM MONSTRO E SEUS MISTÉRIOS

Em fevereiro de 1972, o norte do Triângulo Mineiro foi assombrado pelo medo. Assassinatos inexplicáveis em fazendas do entorno da cidade de Ituiutaba deixaram em pânico os moradores da zona rural. Cadáveres de homens e mulheres eram encontrados em fazendas, mortos por tiros de espingarda ou desfigurados por golpes de facão. Bezerros apareciam degolados nos pastos, sem que a polícia encontrasse qualquer pista dos autores dos crimes.

O pânico se espalhou pela região. Levantamentos da polícia davam indícios de uma trilha de mortes misteriosas, começando na região de Paracatu e descendo pelo vale do Rio Paranaíba até a cidade de Capinópolis, na época com cerca de 14 mil habitantes, a maioria na zona rural. Os pequenos destacamentos policiais eram impotentes para garantir a segurança da população e para encontrar os rastros dos assassinos.

O pânico logo se transformou em terror, com boatos correndo de boca em boca. Pessoas da região contavam ter avistado o “monstro” caminhando pelos campos e brejos: era descrito como um homem negro, alto e forte, de olhos vermelhos como o fogo. Sua habilidade de se esconder e fugir da polícia foi atribuída a poderes mágicos. O “monstro” teria um pacto com o diabo e se alimentaria do sangue dos bezerros. Disfarçava-se durante o dia na forma de um boi preto ou de um ninho de cupins. Podia virar fumaça e deslocar-se na velocidade do vento para cometer crimes que aconteciam no mesmo dia a dezenas de quilômetros de distância.

Notícias de mais de 12 mortes chamaram a atenção da grande imprensa, que enviou jornalistas. Jornais, rádio e televisão falavam sobre o “louco do Pantanal” ou “monstro de Capinópolis”, cobrando respostas. O governo de Minas Gerais montou uma operação de guerra, sob comando da Polícia Militar. Cerca de 200 homens do 4º Batalhão de Uberaba foram deslocados para a região sob comando do tenente-coronel Newton de Oliveira, que recebeu reforços de Uberlândia e Belo Horizonte. Caminhões com militares armados de fuzis e metralhadoras, acompanhados de cães rastreadores, cruzavam as estradas do Vale do Paranaíba, uma verdadeira caçada humana.

Nas pequenas cidades, o clima de suspense era ampliado pela chegada de moradores do campo, que fugiam em busca de segurança. Ninguém ousava dormir nas fazendas, as aulas foram suspensas nas escolas e as portas e janelas das casas passaram a ser trancadas a ferrolho e chave. Ruas ficavam desertas à noite mas, durante o dia, curiosos reuniam-se nas praças e bares para saber das novidades. Militares e policiais de passagem eram cercados por repórteres e moradores em busca de informações.

Em 3 de março, uma notícia na capa do jornal Correio Brasiliense contava que o “louco-assassino” havia escapado de um cerco formado por mais de 400 homens. Havia a suspeita de que se tratasse de um ou mais detentos, recentemente fugidos de uma penitenciária em Goiás. Cinco dias depois, o jornal contava que o “monstro” dera um drible nas forças policiais, dessa vez “conseguindo escapar de tiros de revolveres, metralhadoras e granadas de gás lacrimogênio”, reaparecendo logo depois em lugar muito distante.

Orlando Sabino Camargo.

Finalmente, em 10 de março, o maníaco acabou sendo encontrado e preso por 60 soldados da PM mineira, às margens do Rio Tijuco, em Ipiaçu. Identificado como Orlando Sabino Camargo, natural de Arapongas, no Paraná, foi levado ao centro de operações em Capinópolis, para ser apresentado a jornalistas e autoridades, que se amontoavam em torno da delegacia. Ao entrar na sala, causou enorme decepção. Orlando era um homem negro de idade indefinida, cabelos desgrenhados, magro e franzino, com pouco mais de 1,60 de altura. Descalço, vestia roupas surradas e tinha um ar assustado, que lembrava um adolescente com evidentes distúrbios mentais. Respondia com frases curtas às perguntas dos jornalistas e dos policiais. Segundo a polícia, havia assumindo a autoria de ao menos cinco dos crimes investigados. No interrogatório, era premiado com lascas de rapadura a cada resposta que dava. Levado ao Instituto de Medicina Legal de Uberaba, foi diagnosticado com oligofrenia, o que lhe rendeu mais de 38 anos de internação num manicômio judiciário. Libertado em 2011, viveu mais dois anos em uma casa de repouso, antes de morrer de infarto. 

Na época, pouca gente acreditou que um andarilho miserável com problemas mentais tivesse mesmo cometido todas aquelas atrocidades, mas a sua prisão encerrou a série de crimes. O Brasil vivia o período mais duro da ditadura militar de 1964. Órgãos de repressão do governo combatiam os grupos de oposição armada ao regime, entre eles os que tentavam montar um foco guerrilheiro na região do Rio Araguaia. Com a imprensa sob censura e a oposição mantida sob controle, questionar versões oficiais da polícia e de militares representava um sério risco, inclusive de vida. Só recentemente, a história oficial do “monstro de Capinópolis” passou a ser contestada. Falaremos disso na próxima semana.


(André Borges Lopes)




Cidade de Uberaba

sábado, 2 de setembro de 2017

“DOCA” E O “ TERRA MADRASTA“


Orlando Ferreira, o “Doca”, ao escrever “Terra Madrasta”, sabia que o livro teria a maior repercussão na então provinciana Uberaba e seria objeto de ataques frontais. Não tremeu! Seu acendrado amor pela terra que o viu nascer, falou mais alto. Não se intimidou ao elogiá-la, manifestar seu desagrado pelo que a terrinha passava; mormente a classe política ( tal e qual como hoje, opinião minha...)que dominava a outrora e saudosa “Princesa do Sertão”.

Se Uberaba não mais progrediu,deveu-se ao nefasto e preguiçoso “trabalho” dos nossos políticos , provados pela incompetência, exceção ( opinião minha...)aos sempre lembrados Leopoldino de Oliveira, Hildebrando Pontes, Fidélis Reis e Mário Palmério.Uberaba esperava mais de seus representantes , inclusive os que aqui apoitaram suas canoas. Tiveram atuação de dar dó desde à época da pouca lembrada “revolução de 64”, também tão madrasta quanto o livro de “Doca”, com a sagrada terrinha, até os dias de hoje.

Uberaba cresceu praticamente como uma filha órfã.Não fosse a nossa privilegiada posição geográfica, banhada pelo nosso “melhor político”, o Rio Grande, não sei o que seria do nosso sagrado torrão, tão carente de efetivas e trabalhadoras lideranças políticas. Meu ilustre e fraterno amigo, João Euripedes Sabino, Presidente da ALTM, descreve com maestria, a figura imponente e contraditória de Orlando Ferreira, o “Doca”. Assim ele se expressa:

-“Homem lúcido, audaz, nascido sem medo, comunista assumido, espiritualista ardoroso. Uns o vêem como fascista.Discordo. Polêmico? Sim. Desequilibrado ? Não ! Cometeu excessos ? Pode sim. Quem não os cometeu até em nome de Deus e da Paz?Não fosse “Doca”, a história de Uberaba seria narrada com a marca “chapa branca” e à revelia dos “poderosos”,tentando mascarar a verdade dos fatos.

Orlando Ferreira,o “Doca”

Em longo e seguro depoimento inserido no meu livro “Terra Mãe”,João Euripedes Sabino, escritor e poeta, analisa:- “Pontos explícitos ficaram para mim quanto ao imortal Orlando Ferreira,o “Doca”:-1º.Tão cedo não veremos outro paladino do seu nível- 2º.Excomungaram-no,covardemente,como são todas as excomunhões.Sumiram com o local de sua sepultura no cemitério “S.João Batista”.Não há registro onde descansa seus restos mortais. Nada disso impede que seu nome esteja no patamar da imortalidade”.
Continuo: não há como negar a totalidade dos conceitos e opiniões emitidos(as) por “Doca”, no seu livro “Terra Madrasta”. Pena que a única edição do livro, não esteja ao alcance da população. Felizmente, tenho original exemplar... Uberaba, com todos os pesares e apesares, continua sendo uma cidade para ser amada, querida,festejada, glorificada, vivida e, apaixonadamente, uberabensemente, NOSSA!

Se ontem os políticos eram “mandões”, violentos, bravos e valentes, mantinham “currais eleitorais”, os “políticos” de hoje, encastelados na administração municipal, estão “oferecendo” empregos em troca de “saídas sexuais” nos motéis d cidade....Vergonha !


Luiz Gonzaga de Oliveira

sexta-feira, 14 de julho de 2017

ORLANDO FERREIRA (DOCA) DENUNCIAVA EM SEU LIVRO “TERRA MADRASTA”

                            Orlando Ferreira (Doca) denunciava em seu livro “Terra Madrasta”

Uma pergunta. O que esperar quanto ao combate às drogas, se o mal se arrasta por quase um século em Uberaba? Há 90 anos, conforme pesquisa do nosso articulista João Sabino, Orlando Ferreira (Doca) denunciava em seu livro “Terra Madrasta”- página 67, o tráfico de drogas em Uberaba. Vejamos: “Está assumindo um aspecto muito grave a venda de tóxicos, cocaína principalmente, nas casas públicas nocturnas da cidade, e mesmo por toda parte, a qualquer hora, nas barbas de quem quer que seja. As victimas dessa exploração são principalmente as decahidas. Os vendedores da morte agem despudoradamente, certos de não serem incomodados”. (Lavora e Commercio nº 2.751, de 16-10-1924).

Jornalista Gê Alves

Matéria publicada no Jornal da Manhã em 21-08-14

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

“DOCA” E UBERABA

Acordei, pensando em Você, minha doce e amada Uberaba ! Como estão judiando da nossa querida terrinha, meu Deus ! Logo me veio a mente, Orlando Ferreira, que conheci na minha infância na vila Maria Helena, onde éramos vizinhos. Lembrei do “Terra Madrasta”, o livro tão polêmico, proscrito pela Igreja Católica, objeto de estudos históricos até hoje. “Doca”, tinha acendrado amor por Você, Uberaba amada ! Ao elogiá-la, manifestou também o seu desagravo,com o que faziam com Você ! A classe política que dominava a terrinha e a chamavam de “ Princesa do Sertão”...

Hoje, Uberaba amada, colocaram na rua, as mazelas que apostavam em Você. No livro, segundo a sua dedicatória, “Doca” ,dizia” está podre, andrajosa e descalça”. Em outro trecho, terra querida, ele afirmava:- “ Estás infeliz, embora ofereça o meu trabalho, aprenda nele a odiar seus malfeitores”. “Doca”, Uberaba ,minha paixão, mais adiante no livro que chamou de “Terra Madrasta”, dá o seu testemunho a claríssima, deslumbrada e autêntica visão do futuro que te aguarda, Uberaba de todos nós. Foi assim que ele falou numa hora inspirada:

“Em ti, no teu solo estupendo, só existe a eterna beleza e ver-te é considerar-se acordado nas paragens dos sonhos. Por toda parte, poesia, encanto, paisagens maravilhosas, brilho, caridade, esplendor! Do teu solo ubérrimo, das suas árvores lindas, das tuas águas brilhantes, evola-se um murmúrio doce e harmonioso, apaixonado e indefinível, música sublime em concerto com o Sol que canta, nas alturas, a eterna canção da Luz e a Lua, as sonatas do amor! Tens tudo, Uberaba, mas, estás pobre, andrajosa e descalça. És honesta, mas estás amarrada, subjugada e assim seus malditos algozes ti prostituiram facilmente ! Estás em mesmo estado, sim ! Além disso, muito desprezada e injuriada”!. Contudo, te amo ! Apaixonadamente !”

Relembro, minha amada Uberaba, a lucidez e clarividência de Orlando Ferreira, o “Doca”, ao se referir a Você ! Ele descreve, com sabedoria invulgar, no livro que completou 90 anos, o quanto a amava, terra querida ! Enaltece , Você nem imagina, o que representa também áqueles que aqui aportaram , à busca de melhores dias...Uns,se sobressaíram com altivez e honra ! Outros, denegriram e denigrem a sua gloriosa imagem, Uberaba de todos nós...

“Doca”,é transparente quando afirma:- “As nossas maiores desgraças , devemo-las à maldita política uberabense. Politiqueiros sem escrúpulos , em ações descuidadas, se cercaram de maus elementos vindo de fora, aventureiros mortos de fome, que aqui aportaram com o fito único e exclusivo, ganhar a vida. Gente que não tem o menor amor a nossa amada terra, cujo principal desejo, é forrar o estômago. Assaltam, com facilidade e ganham posições de destaque, graças a imbecilidade dos nossos caricatos dirigentes. Uberaba amada, tem sido vítima desgraçada desses malditos aventureiros- todos mal intencionados -, desonestos, ladrões e muito ignorantes. Entretanto, nossa terra não se emenda, não se corrige”...

Amanhã, continuo com meus pensamentos voltados à memória de Orlando Ferreira, “Doca”, tão perseguido por dizer a verdade que, segundo o historiador, escritor e presidente da ALTM, João Euripedes Sabino, até o seu túmulo, não consta do cadastro do cemitério do “ brejinho” e muito menos nos arquivos públicos e historiadores da cidade. Uma outra história...
Grato pela atenção da leitura. Abraço fraterno do “ Marquez do Cassú”.



Luiz Gonzaga de Oliveira




Cidade de Uberaba

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O BANCO DO CHORO

Oi, turma !

(Ele não quer saber se a mula é manca; quer é rosetar...)

Escrevi em crônicas anteriores, sobre o “Banco do Choro”. Um pedaço de pouco mais de 6 metros quadrados, fincados na esquina da Artur Machado com Leopoldino de Oliveira. À hora do almoço e fim de tarde, os fanáticos torcedores e diretores do Uberaba Sport (Rodolfinho Cunha Castro, Júlio Gimenez, Badú Rocha, “Padrinho” Antônio Rodrigues, Bolão, Nenê Mamá, Orlando Bruno, Luciano Machado, entre outros de saudosa memória), alí se reuniam para lamentar as derrotas e ou glorificar as vitórias do time do coração.

A Avenida Leopoldino, tinha o córrego das Lages ainda aberto, balaústres protetores e uma bucólica paisagem. A Artur Machado, ainda sem “calçadão”, ligada por uma ponte estreita, era passagem obrigatória de carros, caminhões, ônibus e pedestres. Veio o progresso. O corguinho, canalizado. A ponte acabou e o asfalto chegou. O “banco do choro” ficou... Com outros personagens, novos assuntos, “fofocas” diferentes, mas, o eterno “bate papo” diário.

Hoje, fala-se no “mensalão”, lixo, “coronéis” da cidade, quem tá “dando”, quem tá “comendo” e a corrupção é o assunto da moda. Tanto lá “em cima”, quanto aqui em “baixo”. Das 10 da manhã, ao meio dia, Ary Rossi, Silveira, Eduardo, das “Pernambucanas”, Cristovão, dr.Horácio, Nelito Português, comentam os fatos da terrinha. Lembram-se, com saudade, do Maurinho Bartonelli, Marinho Laterza, Cristiano, Tião Motorista e Rubico Buzollo, os mais comentados.

Olhares curiosos se voltam para as beldades que desfilam, os fatos que os jornais fizeram questão de omitir e outros assuntos. Do outro lado da rua, conversam , Juarez Batista, quando vem de Brasilia para saber as novidades da terrinha, Rubão, Sabino Ferrari, Arnaldo, do Banespa e eles não esquecem da falta que faz a simpatia do João Bosco. O “papo” não muda muito...Política, mulher, samba e futebol, né, Netinho ?...
O pessoal do “banco”, está envolto na raiva e fica envergonhado com a falta de pudor, ética, decência, honestidade e integridade dos nossos políticos dirigentes. Sentem-se aflitos em ver esses bandidos de “colarinho branco”, gozando na nossa na nossa cara, tornarem-se ricos da noite pro dia, donos de grandes patrimônios, fazendo festa , viajando com a família para o exterior e comemorando resultados judiciais quase sempre favoráveis a eles.

A turma fica indignada com a corrução que reina por todos os cantos. Lá como cá. Sem a certeza se haverá luz no fim do túnel. Até “ontem”, esses “coronéis” eram “pés rapados”. Atingiram o poder , arvoram-se em empáfias, tornam-se “ídolos de barro” e não passam de reles ladrões. Um dos meus amigos, frequentador do “banco”, desabafou:- “ O Netinho e o Raul Jardim, sempre escreveram que “Uberaba está em todas.” Por certo, estão remoendo em seus sagrados túmulos, ao ver o nome de Uberaba, nos últimos anos, figurar com destaque, nas páginas policiais do Brasil”., completou.
Será que o uberabense vai mudar alguma coisa em novembro? Abraços.“ Marquez do Cassú”.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Histórias e Memórias


Sinto-me extremamente honrado por estar nesta casa de ensino e diante de alunos do curso de História, cujo Diretório Acadêmico tem como patrono Orlando Ferreira, o Doca, nosso mais aguerrido escritor. Assim, no dia 17/11/2015, saudei aos participantes do VI Seminário de História da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.


Jorge Alberto Nabut, Guido Bilharinho e eu passamos pelo crivo da instituição para coordenarmos mesa-redonda sobre “Histórias e Memórias de Uberaba”. Jorge dissertou com propriedade sobre seus livros: “Paisagem provincial”, “Geografia da Palavra”, “Livro das Chuvas” e “Corredor dos Boiadeiros”. Guido, usando sua maestria, voltou ao passado e discorreu sobre sua obra: “Uberaba, Dois Séculos de História”, de 1800 até 2007. A mim coube explanar sobre o que tenho escrito.

Perfilando-me aos dois confrades sinto o quanto é grande a minha responsabilidade para cumprir com o meu dever de uberabense, que é o de preservar a nossa memória. Sem ela, a memória, ficamos sem rumo e não chegaremos a lugar nenhum. Reforcei em mim esta conclusão, ouvindo universitários e professores naquele memorável encontro.

Fiquei feliz quando soube que a minha escrita, muitas vezes enfocando pessoas valorosas e fatos locais ou regionais, me referendou para que o convite fosse a mim formulado. “Somos abridores de caminhos para a história”, frisou o professor Wagner da Silva Teixeira, coordenador do evento.

Concordo com o mestre.

Brindei aos participantes com o seguinte fato histórico: Dr. José Rodrigues de Resende, então acadêmico de Direito no ano de 1953, na Revista do Estudante - Ano I/jul – número 2, pág. 17, no artigo “Academia de Letras”, conclamou pela primeira vez aos nossos intelectuais de então: “Todos os triangulinos precisam empreender uma destemida campanha em prol da formação de uma sociedade que trabalhe unida e harmoniosamente, em busca de uma academia de letras para esta próspera e acessível zona mineira”.

Ficou lançada a ideia de se criar nossa Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Nove anos depois – 15/11/1962 – nasceu a ALTM pelas mãos de José Mendonça, Juvenal Arduini, Edson Prata e outros intelectuais.

27 de novembro de 2015

João Eurípedes Sabino