sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

OSSOS DO OFÍCIO

Paulo Nogueira

Vou contar um pouco das histórias que aconteceram comigo durante os meus mais de 50 anos no jornalismo. Ano 1972, iniciei minha carreira como repórter de TV, na TV Uberaba, depois passei pela TV Tupi, SBT, TV Manchete, e Universitária. Eu já trabalhava na imprensa escrita e falada na cidade e fazia matérias especiais para a revista “O Cruzeiro”, e demais órgãos de comunicação dos Diários Associados. Na TV Uberaba, fui escalado para acompanhar uma missão do Projeto Rondon, com alunos da Universidade de Uberaba, no Pará e Amazonas. Eu, e o cinegrafista Geraldo Botelho, embarcamos em um avião DC3, e após algumas horas de viagem, com várias escalas, chegamos a Altamira, no Pará. 

A previsão de ficar por lá era de 15 dias. Ao desembarcamos, fomos imediatamente trabalhar. Após oito dias de reportagens nas agrovilas, na transamazônica, Rio Negro e outros, fomos até uma aldeia de índios distante a 300 quilômetros de Altamira, fazer uma matéria especial. Assim que chegamos a Aldeia, com três máquinas fotográficas, várias lentes, e um aparelho de radiofoto, o Geraldo com a câmara de filmagem, bater ias, iluminação e outros quites para uma cobertura externa, fomos imediatamente dominados por quatro índios, que me amarram de imediato, e me colocaram em uma rede, no interior de uma tenda. Geraldo, conseguiu correr e pegar o helicóptero que estava a nossa espera. Eu fiquei naquela situação, sem comer e sem tomar água, por quase dois dias. Não estava entendendo o que estava acontecendo, até que veio o socorro trazido pelo Geraldo. Dois catequizadores que estavam na região, foram levados me socorrer.

 Depois de muito diálogo com os índios, eles me deixaram livre, e me entregaram o equipamento novamente. Porque procederam daquela maneira? Depois de algumas horas, fiquei sabendo que queriam dinheiro, em troca da reportagem que pretendia fazer naquela aldeia. Passados alguns dias, descobri que a chefia da tribo estava sendo manipulada por pessoas ligadas a eles, só que não eram índios. Após libertado, fui imediatamente medicado em Altamira pois estava bem desidratado. Eu, não me aborreci, realizei outras matérias jornalísticas, que foram publicadas em jornais, na revista O Cruzeiro, como também levadas ao ar na TV Uberaba na época, com grande repercussão.

 Conto este episódio, não como forma de denegrir quem quer que seja, mas marcou muito minha trajetória no início de minha carreira no jornalismo, e naquela época, já deparar com pessoas que pretendiam tirar suas vantagens, em cima do nosso trabalho, e daquela maneira. Após alguns anos, pude voltar a Amazônia e realizar matérias exclusivas na mesma aldeia indígena, onde fui recebido com um tratamento digno. 

Esta é uma das centenas de façanhas por que passei nestes mais de 50 anos de jornalismo, cujo objetivo será sempre, de levar ao leitor, o ouvinte, e ao telespectador, matérias jornalística reais, sem mistificações e mentiras, pois o público que nos acompanha sabe da nossa seriedade dentro do jornalismo. Até hoje, ainda existe o glorioso Projeto Rondon, que leva alunos das universidades brasileiras a Amazônia e nordeste do Brasil, ajudando as pessoas carentes, e ao mesmo tempo, que os alunos universitários das diversas áreas, coloquem em prática, o que aprenderam, É um excelente projeto, e tenho certeza, que os universitários brasileiros, sempre terão o prazer em participar do mesmo, dada a sua integração com as comunidades em geral, trazendo mais experiências aos alunos.

Jornalista-Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

MAIS UMA ESTRELA NO CÉU

Therezinha Pousa Corrêa de Paiva -  Foto/Família.


É com profundo pesar que recebi e comunico a todos a triste notícia do falecimento de Therezinha Pousa Corrêa de Paiva, ocorrido no início da noite de hoje, nessa cidade de Uberaba. Figura por demais conhecida na comunidade espírita, ela também atuou durante muitos anos à frente da Malharia Colegial. Depois de 71 anos de casados, ela deixa viúvo Antônio Corrêa de Paiva, os filhos Domingos, Jeziel, Júnia, Cíntia, Ismael, Lívia, além de 11 netos e 4 bisnetos.

Faltando-me palavras para consolar seus familiares, demais parentes e seus inúmeros amigos, estou certo de que, onde quer que agora esteja, é ela quem nos envia as doces palavras de Santo Agostinho:

PARA SEMPRE

A morte não é nada.

Eu somente passei

para o outro lado do Caminho.


Eu sou eu, vocês são vocês.

O que eu era para vocês,

eu continuarei sendo.


Me dêem o nome

que vocês sempre me deram,

falem comigo

como vocês sempre fizeram.


Vocês continuam vivendo

no mundo das criaturas,

eu estou vivendo

no mundo do Criador.


Não utilizem um tom solene

ou triste, continuem a rir

daquilo que nos fazia rir juntos.


Rezem, sorriam, pensem em mim.

Rezem por mim.


Que meu nome seja pronunciado

como sempre foi,

sem ênfase de nenhum tipo.

Sem nenhum traço de sombra

ou tristeza.


A vida significa tudo

o que ela sempre significou,

o fio não foi cortado.

Porque eu estaria fora

de seus pensamentos,

agora que estou apenas fora

de suas vistas?


Eu não estou longe,

apenas estou

do outro lado do Caminho...


Você que aí ficou, siga em frente,

a vida continua, linda e bela

como sempre foi.

Moacir Silveira

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

LUCI ARAUJO ARAGÃO

A APAE – Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Uberaba, foi fundada em 12 de março de 1972, por Maria de Lourdes Vasquez Martins Marino.

De sua sede inicial instalada na praça Dom Eduardo, mudou-se para a rua Major Eustáquio de onde saiu em 1989 para sua sede própria localizada no bairro Amoroso Costa.

Foram 17 anos de muita garra das diversas diretorias da Entidade para se chegar a esta grande conquista.

Luci Araujo Aragão - Foto - Casa do Folclore

A saga desta construção está para ser contada. Todavia o nome de Luci Aragão se destaca. Presidente da entidade por vários anos, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, conseguiu, em parceria com Nivea Ferreira, a doação do terreno pela Prefeitura Municipal de Uberaba. Iniciada a luta em fins da década de 1970, além das doações, conseguiram recursos junto à

Fundação Banco do Brasil.

Hoje a APAE de Uberaba atende a mais de 400 alunos com deficiência, em cursos matutinos e vespertinos.

Luci Aragão e Nivea Ferreira, tão logo cumprida a missão da APAE, se juntaram como voluntárias do Instituto de Cegos do Brasil Central – ICBC, conseguindo a melhoria da sede e do corpo profissional do Instituto.

Luci se casou em 14 de janeiro de 1968 com o empresário de espirito associativista, José Vitor Aragão, comerciante, industrial e ruralista, proprietário da Brasilar e, desta união, nasceram Victor Aragão Netto, Luciana Araújo Aragão Andrade, Pedro Henrique Aragão e Luiz Gustavo Aragão.

Luci Aragão veio a falecer em um trágico acidente em 03 de Julho de 2007, aos 61 anos de idade. Deixou o exemplo de seu trabalho para toda a comunidade e as saudades para a família e amigos.

Luci Araújo Aragão ´nome de rua do conjunto Presidente Tancredo Neves. Empestou também seu nome para Unidade de Acolhimento Casa de Proteção Infanto Juvenil.

Gilberto Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Dom Alexandre Gonçalves do Amaral

“Vou cancelar esta cerimônia”. Mal ele terminou estas palavras, já avisamos a Dom Alexandre Gonçalves do Amaral que a noiva já estava se posicionando para o tradicional desfile, dando início ao casamento.

Havia sempre uma preocupação maior com a questão de horário quando se tratava de um casamento realizado pelo arcebispo na década de 70, na Casa do Folclore.

Foto: Curia Metropolitana

Jamais recusou qualquer solicitação nossa. A sua presença era por nós considerada como uma demonstração de estima e de consideração, já que a maioria dos padres e outros bispos, com exceção de Dom Alberto Guimarães, recusava-se a realizar casamentos sob o argumento de que não havia ali uma capela.

Dom Alexandre, de uma educação esmerada e de afável trato, era, todavia, rígido em disciplinas eclesiásticas e em horários, motivo de sua impaciência.

Em termos de disciplina, de defensor intransigente da fé, do rito e das determinações religiosas, basta o fato de usar fivelas em sapatos que lhe machucavam os pés, mas que compunha as indumentárias determinadas pelo Vaticano e que, para tirá-las teve que receber autorização, após graves ferimentos provocados, conforme relata César Vannucci em seu livro “Um Certo Dom”.

A primeira vez que recebemos a visita de Dom Alexandre na Casa do Folclore foi em razão de um convite feito por meio do professor Erwin Pühler e sua esposa, Eunice, amigos de longa data do arcebispo. Acompanharam-no nesta visita também o padre Hyron Fleury, João Francisco Naves Junqueira, seu médico particular e algumas religiosas.

Neste dia, acontecia mais uma apresentação da Catira dos Borges. O Arcebispo gostava de manifestações culturais. Conheceu essa dança folclórica em Iturama.

Na época desta visita, década de 1970, não havia grandes construções no local, e sim jardins, o que levou Dom Alexandre a dizer que o local se parecia com os jardins do Éden. Muito gentil, disse ainda que batizaria a Casa do Folclore como Academia Brasileira do Folclore.

Filho de Benjamim Gonçalves e Maria Cândida Gonçalves do Amaral, Alexandre nasceu em Carmo da Mata, Minas, aos 12 de junho de 1906.

Aos 23 anos, em 22 de setembro de 1929, foi ordenado padre. Dez anos após, ao ser eleito bispo, foi ungido em 29 de outubro de 1939 o mais jovem bispo em todo o mundo. Neste mesmo ano, tomou posse em Uberaba em 8 de dezembro de 1939, exercendo a função episcopal até 1962, por indicação do Papa Pio XII. Foi o 4º bispo da cidade, após D. Luiz Maria de Sant’Anna.

Na década de 1940, dono de uma inconfundível voz, Dom Alexandre foi considerado o maior orador sacro do Brasil. Segundo César Vannucci, apesar de conhecer bem a ortografia, apegava-se em escrever seus artigos de próprio punho e utilizando a grafia antiga, como “pharmácia”, e não aceitava a revisão do jornal.

Em 14 de abril de 1962, o papa João XXIII elevou a Diocese de Uberaba a Arquidiocese e criou a Província Eclesiástica de Uberaba, abrangendo as dioceses de Patos de Minas, Uberlândia e Paracatu. A Catedral obteve o título de Catedral Metropolitana e o bispo Dom Alexandre foi elevado à categoria de arcebispo, o 1º de Uberaba.

Manteve este título até maio de 1978, quando renunciou juntamente com seu administrador apostólico, Dom José Pedro Costa. Dom Alexandre Gonçalves do Amaral e Dom Pedro passaram à categoria eclesiástica de “bispo emérito”.

A atuação de Dom Alexandre como supremo dirigente da Igreja em Uberaba, iniciada em 1939, não ficou restrita a pastor espiritual.

Diversos desafios ocorreram em sua longa trajetória episcopal. Assumindo suas funções eclesiásticas em plena 2ª Guerra Mundial (1939/1945), sua primeira intervenção se deu quando os padres dominicanos foram acusados de manter uma emissora clandestina para passar informações para os alemães. Buscas foram realizadas na igreja São Domingos e nada foi encontrado. Quando os fiéis quiseram fazer o desagravo deste lamentável fato foram impedidos e o próprio Jornal Católico, censurado.

No governo de Juscelino Kubitschek (1951/1955) ocorreram em Uberaba graves manifestações contra os abusos cometidos por fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais, comandada por José Maria Alkimim, resultando em uma revolta dos contribuintes. Baderneiros aproveitaram para provocar atos de vandalismo, destruindo arquivos da Receita Federal, que funcionava no prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba, e os da Receita Estadual, instalada na rua Major Eustáquio com a rua Manoel Borges.

Na época, foram presos inúmeros uberabenses. Coube a Dom Alexandre partir para a defesa dos injustiçados, em artigos virulentos contra o arbítrio, publicados no Correio Católico, conseguindo a vinda do então Secretário Estadual a Uberaba para apaziguar a situação.

Como o governador Juscelino tinha interesse na eleição para Presidente da República, além de serenar os ânimos dos uberabenses, atendeu às solicitações de Dom Alexandre e, pouco tempo depois, deu de presente, segundo relato de Frederico Frange, o prédio da antiga cadeia, situada na Praça do Mercado, acrescido de um bom numerário para que a Associação de Medicina de Uberaba implantasse uma Faculdade de Medicina particular, que se transformou na UFTM, uma das grandes Universidades Federais do Brasil.

Dom Alexandre foi uma poderosa voz na Revolução de 1964. Nas palavras de César Vannucci, não lhe faltavam carisma, cultura, inteligência, sabedoria, vivência humanística e espiritual. Sobrava coragem para enfrentar desafios. Para corrigir abusos que estavam sendo cometidos em nome do governo, foi pessoalmente a Belo Horizonte para um encontro marcado com o governador Magalhães Pinto. Nessa oportunidade, conseguiu a transferência do comandante do 4º Batalhão, que era o objeto de reclamações dos injustiçados.

O Governador designou para seu lugar o ajudante de Ordens do Gabinete Militar tenente-coronel PM José Vicente Bracarense, que depois de pacificar os relacionamentos entre o governo estadual e a Igreja, fincou raízes em Uberaba, ocupando por duas vezes secretarias nos governos municipais de Hugo Rodrigues da Cunha (1973/1976) e Silvério Cartafina (1977/1982).

A Fista – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino, criada pela Congregação das Irmãs Dominicanas em Uberaba no ano de 1948, por iniciativa de Dom Alexandre, teve sua diretoria invadida, em abril de 1964, por elementos estranhos ao quadro da Instituição, que assumiram o poder em nome do Governo. Repudiados pelo bispo, foi necessário manter contato com o general Castelo Branco para terminar com esta situação. O Presidente determinou que onde houvesse Diocese a Igreja deveria ser ouvida antes de quaisquer atividades em entidades vinculadas.

Além dessas interferências, durante seu bispado, teve que enfrentar tempos desagradáveis e polêmicos, entre os quais os desentendimentos com a classe médica em relação a cartas anônimas – pichações anônimas –, tomada de posição em favor da implantação da Cemig e muitas outras registradas pela imprensa.

Dom Alexandre fazia sua defesa por meio do Correio Católico, jornal por ele criado e que inicialmente era mensal, passando para semanal e se tornando diário em 1954, na gestão de Dom José Pedro Costa. Segundo César Vannucci, em seu livro “Um Certo Dom”, foram escritos cerca de 6.000 artigos para o Jornal.

Em 1972, o Correio Católico foi vendido para um grupo de empresários, do qual participavam na diretoria Joaquim dos Santos Martins, Gilberto Rezende e Edson Prata. O nome foi mudado para Jornal da Manhã.

Como empreendedor, Dom Alexandre construiu o Seminário São José (Praça Dom Eduardo) na década de 1980, hoje chamado Centro Pastoral João Paulo II, sede da Cúria Metropolitana. Durante seu bispado, trouxe a Uberaba três mosteiros contemplativos – das beneditinas, carmelitas e concepcionistas. Trouxe ainda as carmelitas, da Afonso Rato; os capuchinhos, os padres sacramentinos, as irmãs do Asilo São Vicente e do Orfanato Santo Eduardo.

Pastor e evangelizador, pregador, conferencista, jornalista e escritor, foi também professor de Filosofia e Teologia. Um de seus alunos ilustres foi Mário Palmério, a quem incentivou a criação das Faculdades.

Foi um dos fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM), ocupando a cadeira número 21, sendo sucedido por Maria Antonieta Borges Lopes. Escreveu três livros, entre eles “Os Católicos e a Polícia”, em 1946.

Dom Alexandre faleceu aos 5 de fevereiro de 2002, tendo vivido 96 anos, 73 como padre, 39 anos de governo episcopal e 23 anos como bispo emérito. Está sepultado na cripta dos bispos na Catedral, onde, em 2006, foi celebrado o centenário de seu nascimento.

Sua vida bateu três recordes quase impossíveis de serem repetidos, pois foi ordenado padre aos 23 anos, nomeado bispo com apenas 33 anos e viveu 63 anos como bispo.

“Dom Alexandre Gonçalves do Amaral” é hoje nome de uma rua no residencial Mário de Almeida Franco.

Fontes: Jornal da Manhã; César Vannucci – livros “Um Certo Dom” e “Voz da Arquidiocese”.


Gilberto de Andrade Rezende

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

LÉLIA INÊS DE RESENDE TEIXEIRA.

Na nossa história política, foram poucas as mulheres que conseguiram se eleger para a Câmara de Vereadores de Uberaba. Todavia, quando se elegem, fazem a diferença, como aconteceu com Lélia Teixeira, uma das fundadoras do PSDB, na 10ª Legislatura (1983/1989).

Entre os inúmeros projetos aprovados pela sua iniciativa, se destacam as normas de prevenção e de combate a incêndios bem como na aprovação de construções de uso coletivo.

Na área empresarial criou a Livraria Chapadão do Bugre e o Caramanchão e

Rotisserie (1988/1991).

Formada e pós-graduada em Psicologia, deu atendimento em sua clínica particular por 24 anos, a partir de 1979. Porém, foi na área de saúde pública, na qual era especialista formada na UNAERP, que mais se destacou.

Lélia Inês de Rezende Teixeira

Coordenadora de Projetos de Cursos de Profissionalização em diversas cidades do Triângulo Mineiro, foi Professora/Consultora na área de saúde de Uberaba, e Estado de Minas Gerais, além de consultora do Ministério da Saúde.

Idealizou e criou o Centro de Atenção Integral à saúde da Mulher – CAISM/Uberaba e de Araxá. Com o irmão Beethoven Teixeira, criou e participou da diretoria da Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis.

Idealizou o CODEMA – Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente de Uberaba. De sua iniciativa a criação do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher. E, quem não se lembra da grande repercussão que teve primeira Conferência Municipal de Políticas Públicas paras as Mulheres de Uberaba? Foi de onde nasceu o CIM – Centro de Integração da Mulher de Uberaba.

Poucas mulheres tiveram atuação tão marcantes como a Lélia que atuou por seguidas décadas nas áreas municipais, estaduais e federais, defendendo o direito das mulheres, seus ideais políticos e o meio ambiente, através de palestras, conferências, programas de rádios e colunas de jornais.

Lélia Teixeira faleceu em 27 de junho de 2016, aos 63 anos de idade. Era filha do Folclorista e Historiador Edelweiss Teixeira e Inês Resende Teixeira e irmã de Beethoven, Leonardo, Mozart e Edelweiss Jr,

Deixou os filhos Arturo, Edelweiss, Isadora e a neta Mirela. Seu nome está escrito na história da Saúde Pública de vários municípios e estados brasileiros. Suas atividades, sua alegria, seu entusiasmo e sua garra estão ainda vivas na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de conhece-la.

Gilberto Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – Beethoven Teixeira.

Jornal da Manhã.

Câmara Municipal de Uberaba.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Sultan Mattar, ex-diretor do Nacional, morre aos 95 anos

Gratidão, carinho, admiração e uma tristeza profunda são os sentimentos do Nacional Futebol Clube, dos colaboradores, torcedores e amigos, com a notícia de falecimento do ex-presidente Dr. Sultan Mattar nesta manhã de terça-feira (01).

Sultan Mattar- Foto/Reprodução.

Quem teve o privilégio de conviver com ele, conheceu, além de um profissional dedicado e competente, um ser humano sem igual, uma pessoa do bem, sempre gentil e afetuoso.

Dedicamos essa homenagem a esse grande homem, que nos deixará muitas saudades. Neste momento doloroso, viemos também externar nossos sentimentos e solidariedade à sua família, amigos e admiradores. Que Deus o receba de braços abertos e conforte o coração de todos por essa lamentável perda. (Nacional Futebol Clube)

sábado, 29 de janeiro de 2022

IRMÃ MARIA ANTONIA ALENCAR.

Irmã Maria Antônia Alencar foi uma das fundadoras do Mosteiro da Imaculada Conceição da Divina Providência e de São José, da qual faz parte o Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.

Irmã Maria Antônia Alencar. 
Foto/Mosteiro da Medalha Milagrosa.

Irmã Maria Antônia pertenceu à Ordem da Imaculada Conceição das Monjas Concepcionistas. Ela chegou em Uberaba em 1949 com mais seis irmãs, sob a condução da Madre Maria Virginia do Nascimento. Juntas, formaram o Mosteiro na rua Gonçalves Dias e, em 1951, se mudaram para a rua Afonso Rato. Em 1961, o Mosteiro foi transferido para o endereço definitivo, na rua Medalha Milagrosa.

Irmã Maria Antônia é dedicada às causas sociais e à literatura. Em 1979, fundou a Pequena Obra de Santa Beatriz, destinada a oferecer apoio moral, religioso e material para mais de cem famílias. Para contribuir com a cultura, publicou dez livros, sendo o último divulgado quando ela tinha 96 anos e intitulado “Encontra-se Deus”.

A ALTM (Academia de Letras do Triângulo Mineiro), na gestão de Ilcea Sonia Andrade Borba Marquez como presidente (2015/2016), reconheceu a dedicação da irmã. A homenagem foi tamanha que ela recebeu permissão para sair do claustro e ganhar o diploma de Honra ao Mérito.

Em 2018, nas últimas eleições, Irmã Maria Antônia deu exemplo de civismo ao superar todas as dificuldades de locomoção para votar, na esperança de ajudar a construir um país mais justo.

Irmã Maria Antônia de Alencar faleceu no dia 21 de dezembro de 2018, aos 97 anos no Mário Palmério Hospital Universitário. Deixou um legado de realizações sociais, culturais e religiosas. Deixou, ainda, além da saudade de todos que com ela conviveram, o exemplo de abnegação em favor do próximo e de uma inquebrantável fé nos desígnios de sua Ordem.

Gilberto Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

LUSA ANDRADE

Nas décadas de 1980 e 1990 tornou-se tradicional o encontro de ceramistas brasileiros na Casa do Folclore para comemorar o encerramento dos cursos ministrados pela Lusa Andrade.

Eram três dias de aulas, normalmente realizadas nas dependências da UNIUBE, cedidas graciosamente pelo reitor Marcelo Palmério. Nesses encontros, que às vezes juntavam mais de 300 artistas de todos os rincões brasileiros, antes da festa de confraternização oferecida por Gilberto Rezende, seu parceiro na Fundação Cultural, fazia-se a queima do barro.

Lusa Andrade - Foto/Reprodução.

O forno, montado em área livre chegava a 900°. Quando aberto, dele saiam maravilhosas peças que valorizavam o artesão do barro. A grande estrela da festa era a Lusa Andrade, organizadora e anfitriã do evento e também a criadora e presidente da Associação Brasileira de Cerâmica Artística, fundada em 1976 e da Associação dos Artesãos e Artistas de Uberaba.

Lusa, que desde criança brincava com modelos de barro na fazenda de seus pais em Peirópolis, somente em 1974, após cursos de preparação realizados em São Paulo, é que se revelou como grande artista da cerâmica. Um ano após, em 1975, montou uma escola de cerâmica em sua própria residência, denominada “Barracão de Barro”. Entre seus alunos, figuras de prestígio nacional como Hélio Siqueira e Ivani Bessa.

Lusa Andrade, reconhecida nacionalmente como uma grande artista do artesanato do barro, se consagrou com o lançamento de seu livro “Barracão de Barro – Cerâmica”, lançado em 1984, adotado por escolas no Brasil e em Portugal. Em dezembro de 2017, a Fundação Cultural de Uberaba, na presidência de Antônio Carlos Marques, fez uma homenagem à Lusa Andrade, através de uma exposição de seus trabalhos no MAS (Museu de Arte Sacra).

Lusa nasceu na fazenda Morro Alto, perto de Peirópolis, no dia 1º de setembro de 1928. Ex-aluna dos colégios: Nossa Senhora das Dores em Uberaba e Stafford em São Paulo, casou-se com o médico Olavo Soares de Andrade, com quem teve uma união de 54 anos, da qual nasceram quatro filhos: Ana Cristina, Eduardo, Fernando e Guilherme Almeida Andrade. Sempre com um sorriso no rosto, Lusa dizia às suas amigas que conseguiu realizar todos os seus sonhos.

Faleceu em 03 de março de 2019, aos 90 anos de idade, deixando um grande acervo artesanal, uma lacuna no setor cultural e saudades eternas entre amigos e parentes.

Gilberto Rezende – membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

MORRE O EMPRESÁRIO UBERABENSE LUÍZ BOTINA DA ANTIGA BOTINAS ZEBU

Luíz Antônio Costa - Foto: Revista Caras.

Morreu na manhã desta sexta-feira (28) o empresário uberabense Luíz Antônio Costa mais conhecido como Luíz Botina. Segundo informações, a causa da morte foi infarto. 

O velório será na funerária Liv, a partir das 12h30 desta sexta.
Luiz Botina foi criador das botinas Zebu e idealizador do Santuário Ecológico Zebu.

domingo, 23 de janeiro de 2022

BEATRIZ DE MOURA TELLES GUIDO

A Mogiana que tanto progresso trouxe para a cidade, trouxe também problemas sociais. Ao longo de muitos anos, principalmente na década de 1960, inúmeras prefeituras de cidades do interior do Estado de São Paulo despachavam seus indigentes para Uberaba.

Beatriz Guido - Foto/Reprodução. 

No governo municipal de João Guido (1967/1970), a primeira dama Beatriz Guido, preocupada com este amontoado de necessitados, com o apoio de diversas paróquias, criou a LAC – Legião de Assistência Cristã.

Com a chegada em Uberaba do Bispo Dom José Pedro Costa, a LAC mudou seus procedimentos de distribuição de alimentos para cuidar de crianças.

Em 1972, com o terreno doado para a LAC pelo Prefeito João Guido, Beatriz Guido e Abigail Miranda criaram a Casa do Menino e decidiram construir uma sede própria para abrigar crianças com problemas na Justiça.

Os recursos iniciais vieram de uma Instituição de Caridade Alemã, a Misereor. Teve participação também da Ordem Religiosa dos Capuchinhos da Colômbia.

Outra grande contribuição foi de Abigail Miranda, através de doações de todos aqueles que eram agraciados com as serenatas de seu grupo de jovens.

Em 24 de novembro de 1975 a Casa do Menino, tendo como mantenedora a LAC, recebia os primeiros adolescentes enviados pelo Juizado de Menores.

Beatriz Guido, formada pelo Colégio Sion que sempre pregava ação, participou de várias organizações sociais e por muitos anos foi diretora e presidente do Hospital da Criança.

Mãe de cinco filhos, João Eduardo, Antônio Augusto, Paulo Roberto, José Luiz e Gilberto, Betriz Moura Telles Guido faleceu em 2003, aos 83 anos de idade, após uma vida intensa de trabalho em prol de sua cidade.

Seu nome é guardado com carinho na Casa do Menino, através do seu “Bazar Beatriz”.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

domingo, 16 de janeiro de 2022

MARIA PONTICCELLI VASQUES - BAR DA VIÚVA

Em fins de semanas na rua Arthur Machado, por muitos e muitos anos era comum a formação de grandes filas, esperando abertura de vagas na porta do Bar da Viúva.

Saborear uma pizza ou picadinho de filé ao molho e outros petiscos, era o programa semanal de centenas de famílias uberabenses. O local era também ponto de encontro de todos os que visitavam a cidade.

As bebidas, sempre da Antártica, vinham pela Mogiana, diretamente de Ribeirão Preto.

Junto com o chope e as cervejas, uma especial, a Niger. Só não entravam no cardápio, os velhos e valiosos uísques escoceses enfileirados nas prateleiras.

No início da década de 1930, Maria com o seu marido Felipe Vasques, fundaram a “Confeitaria Vasques”. Na década de 1950, com o falecimento precoce de Felipe, aos 40 anos de idade, Maria meteu a mão na massa, literalmente.

Maria Ponticcelli Vasques - Foto: Prieto.

Começou a produzir pizzas e salgados a partir das 6 horas da manhã, se banhava no próprio local e à noite assumia a administração do bar com a ajuda dos filhos Felipe e Gilberto.

Uma rotina que durou quatro décadas, mesmo estando com problemas de saúde. Os amigos e frequentadores mudaram o nome da Confeitaria para Bar da Viúva.

Maria Ponticcelli Vasques, mais conhecida como dona Maria, faleceu em 1989. O Bar encerrou suas atividades em 1994.

Fechou as portas uma tradição de quase setenta anos.

Todavia, as lembranças do exemplo de uma mulher guerreira que deixou profundas marcas da sua tenacidade, vão viver para sempre.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Bar do Luiz e Marcos - Uberaba

Em 17 de dezembro de 1978 (há 43 anos) os irmãos Luiz e Marcos Mutão abriram um Bar, L&M na rua Governador Valadares, 350. Vindos de distrito de Jubaí, Conquista, MG os dois conseguiram o prodígio de não fechar nenhum dia durante todo esse período. É ponto de encontro de amigos de longa data com cadeira cativa no local.

                                     
Irmãos Luiz e Marcos Mutão - Antônio Carlos Prata

Pintura à óleo, 0,50x0,70 por Marta Kikuchi. Retratando o "Bar do Luíz", dos dois irmãos, Marcos e Luiz, estão expostas no bar, na rua Governador Valadares, 350 (Centro). Fotografia e Produção Marta Kikuchi. "Homenagem as pessoas mais populares e queridas de Uberaba".

Passar pela porta, cumprimentar os amigos, soltar uma piada, puxar uma cadeira e esperar que aquela cerveja bem gelada seja colocado na mesa. Essa é a rotina comum de qualquer frequentador.

- O freguês chega e a gente já serve a bebida que ele sempre toma. Sabemos como ele gosta de comer o torresmo, mais ‘carne’, ou se ele gosta de menos. São gostos que você vai conhecendo e que fazem o freguês se sentir em casa – completa um dos proprietários.

É uma tradição que chega aos mais variados públicos.
Mais do que um estabelecimento, eles já fazem parte da história de Uberaba e são roteiros obrigatórios dos uberabenses.
No local, os comensais encontram
variedades, entre salsicha, almôndega, moela, torresmo, linguiça, esfirra, pé de porco e até salgadinhos, todos feitos no local.

Antônio Carlos Prata

“Cruzeiro do Cachimbo”

Está fixado na praça Governador Magalhães Pinto, ou "praça do Quartel". O Cruzeiro do Cachimbo tem significado importante para história de Uberaba. Foi embaixo do cruzeiro que as famílias faziam suas preces e orações para as tropas militares que foram para a guerra do Paraguai.

Cruzeiro do Cachimbo - Foto Antônio Carlos Prata

Dados históricos – O Cruzeiro do Cachimbo surgiu em 1865, entre os meses de julho e agosto, quando as tropas do Rio de Janeiro, sob o comando de Manuel Pedro Drago, comandadas pelo Coronel José Antônio da Fonseca Galvão, reuniram-se em Uberaba com o intuito de constituir um corpo expedicionário para a invasão do Paraguai. Segundo relato do Visconde de Taunay, participante desta expedição, os comandantes e oficiais ocuparam as salas e cômodos da Câmara Municipal, enquanto as tropas acamparam o lugar conhecido à época como Cachimbo, onde hoje fica o bairro Fabrício.

O cruzeiro foi construído neste local para a missa dos expedicionários. Ele foi confeccionado em madeira aroeira, medindo cerca de cinco metros de altura, encimado por galo em chapa de ferro e fixado sobre base de pedras tapiocanga. (CMU)

CAMPO SANTO

O que leva um homem a atravessar um oceano, embrenhar-se pelos sertões, vir dar em distante vila nos confins de um novo mundo, para acudir pobres e desvalidos? Difícil saber.

Mas foi exatamente o que fez João Batista Maberino, um italiano natural de Oneglia, Gênova, nascido em 4/11/1812. Mas antes de partir ele ingressa na ordem dos capuchinhos, isso em 1836 e, cinco anos depois, em 1943, aos 31 anos de idade, a mando do próprio Papa, assume importante encargo missionário.

Iniciou sua jornada pelo Rio de Janeiro, depois Cuiabá e mais tarde Pitangui (MG). E foi ali que ele recebeu a visita do Major Joaquim Alves Teixeira que, em nome da Câmara Municipal de Uberaba, o convidou para vir empreender obra caridosa nesse município.

De índole calma, paciente, educado e caridoso, vivia como pobre e das doações dos fiéis. De espírito empreendedor é considerado o maior benfeitor desse município, pois além dos cemitérios construiu o Hospital da Misericórdia (Hoje Santa Casa), os serviços de água, cisternas, fossas, promovendo assistência aos órfãos, índios e escravos.

Tão logo aqui chegou, em 12/8/1856, deu início as obras de construção do Cemitério São Miguel, considerado um dos mais amplos e modernos do interior do país e então situado onde estão hoje o conjunto de prédios do SENAI e da E.E. Minas Gerais.

Em relação ao Hospital da Misericórdia, segundo informação no site Uberaba em Fotos, "entre 1862 e 1863, por conta da epidemia de varíola no país, às pressas foi preparada uma ala do prédio em que a construção estava mais adiantada, para receber os doentes. Em 1865 as obras seguiam graças à colaboração de pessoas com maior poder aquisitivo. Neste ano uma ala do hospital abrigou as tropas do Corpo Expedicionário que aqui se aquartelaram a caminho de Mato Grosso para a Guerra do Paraguai durante 45 dias, cujos doentes de bexiga (varíola) ali se internaram. A estada das tropas no prédio inacabado foi desastrosa, estragos se viam por toda parte. Camas, cozinha, utensílios, nada restou."

Despojado, desapegado de riquezas e honrarias, preferia remendar seus trajes sacerdotais a onerar os donativos recebidos e destinados aos menos favorecidos.


Fotos: 1 e 2 – Cemitério São Miguel;3 –
Frei Eugênio; 4 e 5 – Praça F. E. (ontem e hoje).

Assim quando hoje passares pela Praça Frei Eugênio lembre-se desse grande benfeitor, preste-lhe uma reverência, pise com respeito no sagrado solo desse outrora campo santo e onde mais de 4.400 mortos foram sepultados.

(Moacir Silveira)

*Banca da praça do Grupo Brasil faz 45 anos*

As filas para a compra de jornais e de revistas não existem mais, lamenta Vilmar da Silva Bovi.

Ele é o proprietário da antiga Banca Comendador, localizada na praça do Grupo Brasil, denominação anterior da centenária Escola Estadual Brasil.

Banca da praça Comendador Quintino - Foto Antônio Carlos Prata

São 45 anos dedicados à clientela, com "fregueses de carteirinha, há decadas", diz orgulhoso.

Situada no Bairro Estados Unidos, defronte com a Loja Maçônica Estrela Uberabense e hospital Beneficência Portuguesa uma das mais antigas da cidade.

Segundo Vilmar da Silva Bovi, proprietário do local. “Há 45 anos, quando abri a banca, não imaginava que um dia ficaria tão tenso e que isso me prejudicaria.

Com tanta informação disponível nos celulares e nos computadores, as vendas nas tradicionais bancas de jornais diminuíram. Antigamente existia filas para comprar jornais e revistas. Hoje elas tiveram que se reinventar e diversificar as atividades para continuar existindo como nas capitais. Exigindo que as bancas passassem por uma reformulação, uma diversificação de produtos e serviços. E esses locais ainda têm um fluxo grande de pessoas que busca outros serviços que antes não eram oferecidos. Penso no futuro montar uma loja de conveniência para se adaptar e aumentar o faturamento. Hoje é possível comprar águas, doces, lápis, caneta e chip de telefone celular, e em tempos de pandemia, e reforçando os livrinhos de palavras cruzadas e caça palavras, contou Vilmar.

Antônio Carlos Prata

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

CECILIA ARANTES PALMÉRIO.

Foi igual à um conto de fadas o casamento de Cecília Arantes com Mário Palmério. Em 1939, sabendo da determinação dos pais em não permitir o namoro da filha, o príncipe encantado, na calada noite, rapta a donzela, ainda em trajes de dormir, para se casarem em Santos.  

Após dois anos morando em São Paulo, o casal se mudou para Uberaba, onde tiveram os dois filhos, Marcelo e Marília. Unidos pela paixão, se uniram também no propósito de revolucionar o ensino da cidade. 

Cecília Arantes -
 Foto/Reprodução

No início da década de 1940, Mário e Cecília construíram os primeiros alicerces de uma gigantesca obra educacional, na Avenida Guilherme Ferreira. Ali nasceu o Colégio Triângulo e ali mesmo, construíram sua residência. 

Em 1950 foi criada a Sociedade de Educação do Triângulo, entidade sem fins lucrativos, com sede na própria Escola. Cecília Arantes Palmério foi sua primeira presidente por 20 anos.  

Em toda sua vida Cecilia Arantes foi o braço direito na Administração da 

Entidade que era uma Escola que se transformou na FIUBE em 1972 e na UNIUBE-Universidade de Uberaba., em 1988.  

Cecilia Arantes, nascida em 22 de novembro de 1915, trabalhou ao lado de Mário Palmério na área educacional, por 46 anos e colaborou com seu filho Marcelo Palmério, por cerca de 30 anos, até o seu falecimento ocorrido em 29 de maio de 2011. 

Em 1997, a UNIUBE – Universidade de Uberaba, criou no Campus I, o “Centro Cultural Cecilia Palmério”, implantado em um magnífico conjunto arquitetônico, com o objetivo de apoiar as manifestações artísticas e culturais e perenizar o nome de quem por toda sua existência dedicou sua vida, em prol da família e da educação. 

“Cecília Palmério” é nome também de uma rua localizada no bairro Santos Dumont. 


Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

domingo, 12 de dezembro de 2021

*DÉCIO BRAGANÇA, PRESENTE*

Feito as mães, educadores não deveriam morrer nunca

Em especial aqueles ao qual se junca

O Coração, a alma e a cuca,

E mais o Natal perpétuo.

Ao sereno ou sob teto

A fé, o educar e o afeto

Parabólico esse meu Mestre 

E também barbudo

No Castelo Branco da infância

De muitos, o Português e seus encantos

Formando gente na UNIUBE

Ou militando no  SINPRO Sua verve, Orbi et urbi 

E era uma ode

Seu amor ao estudo

Da língua, 

tão castiça e engalanada. 

Que bem podia ser flor, 

E que podia ser granada

Professor que abraçava o mundo

Andava pelas ruas anunciando 

A antiga e mais nova novidade: 

*O nascimento de Cristo.*

E o grito solidário ao Grito dos excluídos.

Décio era isso era aquilo

Se houveram más línguas 

Ele as concertou. 

E consertará ainda

É infinda a trilha do educador

que queria a lida: 

Lúdica, fraternal e linda

Uma ação do bem por mais

ordinária, sendo diária 

E com afinco, juntada feito

Muro de arrimo

Faz a cidade, o galo e a alvorada. 

Trás felicidades inusitadas 

É... Décio,  meu mestre amigo

continuas ensinando-me. 

Aqui comigo, ao lado, Falando...  Ouvindo...

Enternecendo - me de

Sublimes verdades

Nessa nossa aula da

Saudades

Nas salas do peito

É... Feito as mães

Educadores não deveriam

morrer nunca.


Prof. *_Orlando Coelho_*

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Morre, aos 71 anos, o professor Décio Bragança

Comunicamos aos amigos e familiares mais distantes o falecimento de nosso querido Professor, Décio Bragança, que partiu hoje (09), com 71 anos, após uma vida de realizações. O sentimento que predomina no momento entre nós é o da imensurável gratidão por todas as bênçãos que recebemos, neste ciclo de nossa evolução em que desfrutamos do prazeroso convívio, dos seus ensinamentos, e do empenho pela educação. Que Deus esteja conosco. Saúde e Paz para todos.

O velório acontece na manhã e tarde desta quinta, na funerária Live, e o sepultamento está marcado para o cemitério São João Batista, às 17h30.

Com pesar, o Blog Uberaba em Fotos se solidariza com os familiares e amigos de Décio Bragança.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

SAUDADES DE UBERABA

Composição: Oscar Louzada – Letra : Tharsis Bastos

Às vezes fecho meus olhos, deixo a memória fluir
E entre sonhos contemplo, a terra que me viu nascer, crescer e depois partir!
As águas tão cristalinas, foram avenidas formar
Por entre as Sete Colinas, Uberaba surgiu, cresceu e é pra sempre meu lar!

Nas ruas de pé de moleque se abre meu leque de recordações
Papos de esquina, flertar com as meninas nas exposições – como esquecer?
Nossa Princesinha, que esta valsa ganha, se tornou tamanha que dá gosto ver
Pois todo o Brasil vem aqui sentar quando quer comer!  (Bis)

Minha Uberaba eu diria, como Palmério ensinou
Saudade é melancolia.... Distante do teu chão restou viver sempre a recordar!
Neste distante castigo, sem ombros para chorar
Lembro do teu povo amigo, que sabe receber e, a sorrir, todos abraçar!

Gente de todas as crenças, respeita o padre ou o pastor
Sem discutir diferenças; aprendeu com Chico Xavier o que nos diz a Cruz, que maior é o Amor! (Bis) 

]Minha Uberaba eu diria.... etc

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

"O Marques do Cassu"

Não é tarefa fácil classificar o cidadão Luiz Gonzaga de Oliveira, o "Marques do Cassu".Era assim que eu cumprimentava, ou melhor, que reverenciava. O caminho menos penoso seria rotulá-lo de jornalista, pela paixão que devota à profissão. Soube dar conta do recado, colaborando, informando, registrando acontecimento e opinando construtivamente sobre a vida social uberabense. Mas o cronista, o desportista, o escritor, o advogado, o professor, o botafoguense, o zelo que sempre demonstrou para com toda a família e amigos, o amante apaixonado da música, da literatura e da natureza.

Luiz Gonzaga de Oliveira, o "Marques do Cassu" Foto/Divulgação.

O cumprimento, sempre respeitoso e afetivo, era fruto da minha admiração por aquela figura serena, bem-humorada, que parecia se divertir com o mundo onde conseguia enxergar a natureza em toda a sua plenitude.

Desde que o conheci, admirei nele essa postura sábia diante da vida. Refletida sempre no rosto iluminado por um suave sorriso de acolhimento, a sintetizar o propósito maior da transcendência de ser, no minimalismo de cada gesto. Via o que os outros não veem e era capaz de fazer uma crônica.

Dizem que o tempo passa rápido – e passa mesmo. Principalmente nos dias atuais, de vida corrida, quase frenética. Apenas os muito jovens talvez não sintam essa rapidez do tempo, tão cheios de futuro estão os que ainda não sentiram o peso da existência. Ter saudade é bom. Só o ser humano tem saudade.

 Saudade é fome de presença. Imenso Gonzaga. Mestre na mistura de palavras com sentimento. Cá do fim da fila, o meu aplauso permanente. Estaremos em sintonia nas melhores frequência.

A toda a família e amigos, nossas mais elevadas vibrações de paz, amor e luz. Uberaba, 23 de outubro de 2021.

Antônio Carlos Prata

Agência Central dos Correios de Uberaba - Minas Gerais - Brasil.

Correios de Uberaba


Agência Central dos Correios de Uberaba - Foto Antonio Carlos Prata.

A Agência Central dos Correios de Uberaba, foi inaugurado em 17 de dezembro de 1955, ainda em funcionamento. Em frente do prédio encontra-se a Praça Henrique Kruger, ou "Praça dos Correios" com espaço para descanso e lazer. Há um busto do Dr. Henrique Kruger. Era médico, maçom, espírita e ex presidente da Câmara Municipal de Uberaba. No pilar há uma placa de bronze em relevo que revela sua dedicação aos enfermos pobres. 

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Agência de Correio Uberaba Praça Henrique Von Krugger, 33 - Bairro: Centro - Uberaba - MG - CEP: 38001-970 (34) 3321-8152. Correios


domingo, 17 de outubro de 2021

“Morro da Onça” 🐅

Da Série: Minha Paixão por História 


- Uberaba -


*Morro feito de macadame conta com 21,4% de inclinação.

História que deu nome ao morro ainda é contada em detalhes por seus moradores mais antigos

Em meio à colina do Fabrício, na cidade de Uberaba, nomeada pela fertilidade (Uber) e também pelos acidentes geográficos, como no antigo monte da Abissínia (Aba), existe um morro.
O trecho da rua Senador Pena, situado entre as ruas Silva Jardim e Governador Valadares, já foi chamado de "Morro do Fontoura" e "Morro do Chico Velho", mas tornou-se realmente conhecido após um episódio que marcou em definitivo seu mais conhecido nome: "Morro da Onça". Marcou de tal  maneira  que poucos são aqueles que desconhecem ou nunca ouviram dele falar. A onça já não está mais lá, é certo. Mas a história que deu nome ao morro, ainda é contada em detalhes por seus moradores mais antigos.

🐅 Rua Senador Pena - Morro da Onça - Foto Antonio Carlos Prata. 🐅


Na casa de número 209, do lado esquerdo da rua, pouco abaixo da metade do morro, mora dona Odette Camargos, 94 anos, pianista, fundadora do Instituto Musical Uberabense, residente no morro da onça há 46 anos. As informações de Dona Odette dão conta de que o morro passou a ser chamado de "Morro da Onça" após um episódio curioso acontecido há muitos anos. “Havia um médico, acredito que se chamava Dr. Boulanger Pucci, que morava em uma rua próxima a este local e que gostava muito de bichos. No quintal da casa dele havia uma jaula com uma onça e por descuido, deixaram a porta da jaula aberta e a onça fugiu. Como este morro na época era só mato, a onça veio e se escondeu aqui. Começaram a procurar a onça e acharam-na aqui neste morro. E é por isto que o morro passou a ser chamado de Morro da Onça", relembrou dona Odette..

Dona Zilda Borges, bordadeira talentosa, 95 anos, também com mais de quarenta anos vividos na ingrimidade do morro, já um pouco esquecida, tentou com dificuldade se lembrar de datas, mas estas não eram tão importantes.Quando perguntada pela origem do nome do morro da onça não soube me explicar detalhadamente. "Eu calculo que aqui era tudo mato, então devia ter a tal da onça! O meu netinho falava assim: vovó cadê a onça? Eu quero ver a onça vovó! E eu falava: não tem mais onça, não! Ele queria ver a onça de qualquer jeito", afirma dona Zilda.

Seu Luís Oliveira Fernandes, talvez tenha sido o mais esclarecedor, por se apresentar bastante lúcido e ter nascido e crescido em Uberaba. Morador do morro da onça desde fevereiro de 1960, sua versão foi apresentada de forma bastante coerente. "Doutor Boulanger Pucci morava logo aqui na rua João Pinheiro, pouco acima de onde hoje é o restaurante Balão. Dr.Boulanger gostava de criar animais, passarinhos e pegou uma onça para criar. Eu sei que ele criava uma onça, tinha a jaulazinha, e o tratador da onça um dia foi tratar o bicho e esqueceu  a porta da jaula aberta. 

Essa onça saiu e quando ele notou a porta aberta, foi lá e contou para o dr. Boulanger. Foi aquele alvoroço. Eles foram procurar a onça e viram a onça por aqui, enfurnada no mato. O dr. Boulanger foi até a polícia. Os soldados vieram e pelejaram, armaram rede, fizeram o maior esforço para pegar a onça viva e entregar para o doutor. Mas a onça foi enfezando e ficando mais difícil. Então voltaram lá e falaram: doutor, a onça não tem jeito de pegar não! Como é que faz? Vai deixar ela solta na cidade? E ele falou que era um perigo e pediu para tentar mais um pouco, mas se eles não dessem conta, poderia matar a onça. Experimentaram, experimentaram e não deram conta de pegar e aí mataram a onça.

Foi então que ficou esse nome de”Morro da Onça”, porque o morro não tinha outro nome 🐅

sábado, 9 de outubro de 2021

CASA CARVALHO – UMA VIAGEM NO TEMPO.

Início da semana. Mais um encontro com os amigos da segunda-feira. Sob o comando do Presidente Flamarion Batista Leite, o grupo, formado por ex-presidentes e diretores da ACIU, sempre procura prestigiar, em cada semana, a diversidade de cardápios oferecida pelos bons restaurantes da cidade. Uma forma de usufruir da agradável companhia de velhos companheiros de ideais e degustar da rica gastronomia da cidade. Um ritual que já ultrapassou a marca dos 40 anos.

Desta vez o local escolhido foi a imponente casa do Silvinho Rodrigues da Cunha, transformada em restaurante do Hotel Tamareiras. Além de Flamarion, estavam presentes Sérgio Marcos Guarato, Ivan Moratelli, Gilberto Rezende, Anderson Cadima, José Peixoto, Marcos Rodrigues, Carlos Humberto Rocha, Paulo Fabiano Resende, Sérgio Bóscolo e Paulo Batista de Carvalho. Por motivos justificados deixaram de comparecer neste dia, Eleiçon Mariano, Ricardo Resende, José Arlênio, Stefesson Pena, José Maria Pereira e Artur Barillari.

Ao me despedir dos companheiros, percebi que ia ter que esperar um pouco pela chave do carro pelo grande o movimento que ocorria no pátio do Hotel.

Aproveitei o tempo para admirar novamente arquitetura, estilo mouro florentino, daquela mansão que foi construída no final da década de 1930, pelo agropecuarista Guiomar Rodrigues da Cunha, mais conhecido por Marico. Um conjunto de ciprestes ornamentavam a entrada. As tamareiras que enfeitam o pátio, foram importadas do Oriente em 1941.

Ao ver do outro lado da rua o salão onde estava o carro, lembrei-me de que naquele local funcionou, por mais de sessenta anos, a Casa Carvalho, um dos maiores estabelecimentos comerciais da região do Triângulo Mineiro e que deu uma grande contribuição para o desenvolvimento econômico de Uberaba.

É uma bonita história como se deu a constituição dessa empresa. Nasceu da amizade e da mútua confiança entre Mousinho Teixeira Leite e Arlindo de Carvalho. Um relacionamento fraternal e empresarial que durou tanto quanto suas vidas. Cristalizada nesta sociedade, tornou-se a primeira de muitas outras que seriam celebradas no futuro. 

Mousinho nasceu em 1905 e passou sua infância no Caçu, uma vila construída pela Fábrica de Tecidos, implantada pelo meu bisavô materno e seus irmãos da família Borges Araújo, localizada nas proximidades da Casa do Folclore. 

Arlindo, nascido em Igarapava, SP, em 1903 e veio para Uberaba em 1910, então com 7 anos.

Ambos se conheceram em 1932, Arlindo como sócio da empresa Magiotti, vizinha da Drogaria Alexandre, onde Mousinho era contador. 

Em 1934, Arlindo de Carvalho e Mousinho Teixeira Leite, adquiriram o fundo comercial da Casa Céres, empresa de propriedade de Arthur Sabino de Freitas, por indicação do gerente José Marinho. Este estabelecimento comercial foi implantado no final do século XIX,

Os novos proprietários mudaram a razão social, para “Carvalho & Teixeira” em 1º de setembro de 1934 e que veio a se transformar, em 31 de julho de 1937 com a entrada de outros sócios, na “Casa Carvalho”.

Seu endereço era rua 24 de fevereiro, (hoje rua Carlos Rodrigues da Cunha), esquina com a rua Juliana (hoje, Olegário Maciel).

Em relato de Renato Muniz de Carvalho, neto de Arlindo de Carvalho, as firmas fornecedoras da época fazem parte da história comercial e industrial do país. Entre outras indústrias e grandes atacadistas, podem ser destacadas a Cia. Antártica Paulista, Martins Fadiga & Cia., Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, Loureiro Costa & Cia (Casa da China), Ribeiro de Abreu (sal), Refinações de Milho Brazil e Moinho Paulista. 

Nesta época a Cia. Mogiana de Estradas de Ferro foi o sustentáculo para o transporte de mercadorias de toda esta região. 

Renato disse ainda que a entrada de novos sócios abriu novos horizontes para a Casa Carvalho. Sob o comando de Hilirandes Garcez de Morais, (Nenga), foi criado um departamento de atacado que foi administrado por Paulo Cândido de Souza. Várias cidades próximas, como Verissimo, Garimpo (Conceição das Alagoas), Dores de Campo Formoso (Campo Florido), Dourados (Pirajuba), Nova Ponte e outras localidades passaram a se abastecer com os produtos distribuídos pela Casa Carvalho.

Centenas de variados produtos faziam parte das ofertas da empresa, entre elas, cereais, sal, óleos vegetais, bebidas e materiais para construção.

Pelas informações de José Mousinho Teixeira, filho de Mousinho Teixeira, uma grande expansão foi registrada na Casa Carvalho após a implantação da Fábrica de Cimento no Distrito de Ponte Alta. 

Arlindo de Carvalho, então Presidente da ACIU, passou a integrar a diretoria desta indústria.  A Casa Carvalho contribuiu muito para o sucesso desta fábrica. Foi ela quem deu apoio para todas as relações e operações com o comércio local e ajudou na solução dos diversos problemas que surgiram no decorrer de sua montagem. 

Inaugurada a fábrica no início da década de 1950, a Casa Carvalho passou a ser a distribuidora do cimento.

Por algumas décadas, as ruas adjacentes eram atravancadas por caminhões que descarregavam mercadorias em seus armazéns e outros que estavam sendo carregados para distribuição em todo o Triângulo Mineiro. Os balcões da firma fervilhavam de gente.

Ao ter de volta a chave do carro, cessaram as lembranças de um tempo não muito distante. Recordações de pessoas que deram tudo de si para que Uberaba pudesse desenvolver. Pessoas honestas e exemplares. Pessoas de caráter integro, dotadas de espírito associativista.

Apesar da alegria que me foi proporcionada pelos meus companheiros de jantar, me despedi do lugar com muita tristeza. Tanto Arlindo quanto Mousinho, foram meus amigos. Apesar da diferença de idade, eles foram meus companheiros na ACIU e também meus sócios na Metalúrgica Santa Rita. Dei um adeus a eles e voltei para minha casa.

Gilberto de Andrade Rezende – membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro – Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes 

José Mousinho Teixeira Leite.

Renato Muniz de Carvalho.


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sábado, 2 de outubro de 2021

FOLCLORE – 02 -

Em 31 de agosto deste ano, em comemoração ao nosso Folclore, publiques, através do Jornal da Manhã e em nome da Associação Cultural Casa do Folclore, alguns artigos em homenagem à todos aqueles que participaram de Manifestações Culturais, por amor às nossas Tradições Culturais. 

Para os que não tiveram oportunidade de tomar conhecimento deste suplemento, comecei a divulgar pela rede social, tudo que foi publicado. Ontem, o n. 01. Hoje o n. 02;

Sei que tem omissões neste trabalho, mas irei corrigindo para que não se possa fazer injustiças.

A página n. 02 foi dedicada à todos que nos encantam com sua destreza, com sua magia em tanger as cordas de uma viola e dela extrair acordes que nos provocam emoções. Toninho da Viola, Alexandre Guti Saad, Roberto Corrêa, Nenêm Violeiro, Rei Gaspar, Baltazar da Viola, Ruizinho Barbosa e Renato Cartafina, são apenas alguns exemplos dos grandes violeiros de Uberaba. Renato de Andrade, Claudionor da Silveira, Zeca dos Anjos, Nico Trovador, Nicodemos e Manoel Teles, entre outros, deixaram saudades.

A Cultura Afro vem em seguida. Uma tradição centenária. Uma recordação dos trabalhos de Antônio Carlos Marques e de José Reynaldo. 

 Gilberto Rezende –  Ex- Conselheiro da Fundação Cultural de Uberaba. - Presidente da Associação Cultural Casa do Folclore.

Postado em 02-10-2021.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

ELEIÇÕES EM UBERABA. – N. 01.

Diversos projetos que visam reforçar o prestígio de Uberaba nas esferas políticas, estadual e federal, aconteceram em momentos pontuais, realizados por líderes comunitários com os quais já tivemos a oportunidade de participar.  

O primeiro projeto foi criado na década de 1990 e seu objetivo foi o de ampliar o Colégio Eleitoral da cidade. Era necessário combater a apatia de milhares de cidadãos que não se interessavam em tirar seu Título de Eleitor. Sendo o peso eleitoral um fator de força política, diversas entidades de classe participaram desse movimento.  

Havia o consenso entre as lideranças políticas que Uberaba precisava atingir o mínimo de 200.000 eleitores. Esse número abria oportunidades para que, os mais votados, pudessem disputar o segundo turno. Era também a demonstração do potencial da cidade no cenário político nacional.  

Um dos líderes deste movimento foi Sebastião Silva, mais conhecido por Tião Silva. Ele agregou ao seu redor nomes expressivos que participaram exclusivamente com o intuito de contribuir com a comunidade.  

Nas eleições municipais de 2004, ano em que Anderson Adauto foi eleito Prefeito, Uberaba ficou perto de atingir a meta com 194.045 eleitores inscritos.  Desses,  

a apatia eleitoral fez com que apenas 153.349 votos fossem aproveitados. Os 40.243 votos restante foram votos perdidos: nulos e brancos e abstenção. Ou seja, de cada cinco eleitores, um deixou de fazer sua escolha.  

Somente nas eleições de 2008 é que Uberaba atingiu o número de 203.451 eleitores, com direito à realização de segundo turno. Todavia, Anderson, que pleiteava a reeleição conseguiu se reeleger com 54,80% dos votos, o suficiente para evitar o segundo turno.   

Nesse ano Uberaba conquistou 9406 novos eleitores, mas o número de abstenções somados aos votos nulos e brancos, atingiu 48.225 de eleitores. Ou seja, desses 9.406 novos eleitores conquistados podemos dizer que apenas 1877 deles deram um voto útil.  

Outro projeto, também liderado por Tião Silva, foi o de Eleições Inteligentes, em 2001. Visava indicar nomes de pessoas, independentemente de partidos políticos, para concorrer a cargos na Câmara Federal e no Legislativo de Minas Gerais.   

O grupo questionava a dispersão de votos pelo excessivo número de candidatos indicados pelos partidos políticos. Isso fazia com que a potencialidade de nossa representatividade junto ao Governo Estadual e Federal ficasse reduzida.  

As reuniões do grupo, sem cor partidária, eram realizadas no escritório do Tião Silva e delas participavam sete diretores, pessoas cujo interesse maior era o fortalecimento político de Uberaba. Gradativamente o grupo foi se adensando e terminou contando com diversos elementos representativos da comunidade.  

Eram participantes do movimento “Eleições Inteligente”, entre outros, Dorival Cicci, Guido Bilharinho, Gilberto Rezende, Lélio de Oliveira, Cel. Hely Araújo Silveira, Ari de Oliveira, Sérgio Marcos de Souza, Carlos Alberto Pereira, Sérgio Bilharinho e Afrânio Fernandes de Paula.  

Apesar da rigidez da legislação eleitoral, que praticamente cerceava a possibilidade de indicações de candidatos mais viáveis pelo grupo, houve uma grande melhora nos índices de aproveitamento de votos dos candidatos de Uberaba, conquistados pela conscientização da comunidade.  

Nas eleições de 2002, graças ao trabalho do grupo “Eleições Inteligentes”, Uberaba conseguiu eleger dois Deputados Federais, Anderson Adauto e Nárcio Rodrigues e três Deputados Estaduais, Paulo Piau, Fahim Sawan e Adelmo Carneiro e, ainda, um suplente de Senador, Luiz Guaritá Neto.  

Em 2006 a cidade “jogou fora” 60.000 votos entre brancos e nulos e para os “paraquedistas”. Eram votos suficientes para eleger mais um deputado Federal e dois Estaduais.  

Por isso, em 2010, lideramos a campanha do Voto Útil conclamando a população a votar em candidatos de Uberaba e a não votar nos “paraquedistas”, ou seja, candidatos que vêm buscar votos na cidade para assumir cargo na Assembleia de Minas ou na Câmara Federal, sem nenhuma vinculação com os interesses da cidade. O slogan era “Vote em quem você quiser, mas vote para sua cidade”. 

Decorridos mais de vinte anos do início destes movimentos foram eleitos, no pleito de 2018, apenas um Deputado Estadual, Heli Andrade Grilo e um Deputado Federal, Franco Cartafina. O suplente Aelton Freitas, assumiu seu lugar na Câmara Federal  em 2021 em razão da renúncia da Deputada Margarida Salomão.  

Em 2022 teremos novas eleições. Precisamos ampliar o número de nossos representantes junto ao Governo Estadual e Federal. Se não houver união entre as lideranças vamos perdendo musculatura política. Há que se criar novos movimentos para despertar novas lideranças políticas. Temos uma razão muito grande para arregaçar as mangas em prol de nosso desenvolvimento. Somos todos, com muito orgulho, uberabenses.   

Gilberto Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro – Ex Presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

FABRICA DE CIMENTO PONTE ALTA – UMA HISTÓRIA DE 60 ANOS.

A notícia chegou e causou um alvoroço em toda a região do Triângulo Mineiro no ano de 1949. Uma empresa de São Paulo recebeu autorização para implantação de uma grande fábrica de cimento, aproveitando a rocha de calcário da região que se estende por vários municípios. A abertura de novos empregos e a ampliação do comércio da região eram as expectativas mais comentadas.  

Quando se tomou conhecimento de que a área comprada pela empresa estava localizada parte no município de Uberaba e parte no município de Conquista, a euforia tomou conta dos uberabenses, conforme relata José Mousinho Teixeira, citando ainda que a disposição para esta empreitada era de responsabilidade da família Matos Barreto, os irmãos José e Francisco e outros familiares.  

Fábrica de cimento Ponte Alta - Foto: década de 1950
 - Autoria desconhecida.

Cientes de que a região era rica em pedras calcária, conhecida pela extração e produção de cal virgem, os irmãos Barreto, e da potencialidade que estas terras poderiam oferecer e ainda visando a exploração da área para produção de cimento, contrataram estudos técnicos como sondagens e viabilidade econômica, por meio de uma empresa da Dinamarca, país mais preparado na produção de cimento portland.   

A área adquirida no município de Uberaba ficava localizava no Distrito de Ponte Alta e o local, a antiga Caieira Fantini, fundada em 1883, era propriedade de Flamínio Fantini, um emigrante italiano.  

Como a parte da fazenda comprada pela família Matos Barreto, no município de Conquista, era maior do que a parte de Uberaba houve uma acirrada disputa pela conquista da preferência para a instalação da fábrica.  

De um lado, representando Conquista, o Cel. Tancredo França, incansável na batalha para que a fábrica de cimentos fosse implantada em seu município. Uberaba acabou ganhando na preferência por mostrar para à diretoria da fábrica que a estrutura da cidade oferecia melhores condições.   

Há que se registrar o empenho da ACIU-Associação Comercial e Industrial de Uberaba, sendo presidente o empresário Arlindo de Carvalho e tendo a seu lado, na diretoria, João Guido, Lívio da Costa Pereira, Reynaldo de Melo Rezende, Durval Furtado Nunes, Geraldo de Oliveira, Rubens Dornfeld e ainda no Conselho Fiscal, Paulo José Derenusson, Mário Amaral e Bruno Martinelli.  

O esforço dispendido pela Entidade não ficou restrito à apresentação das vantagens de Uberaba. Muitos obstáculos ainda teriam que ser superados para que o sonho se tornasse realidade. Um destes obstáculos era a questão da energia elétrica.  

Não havia energia suficiente para atender a demanda de uma fábrica de grande porte.  Novos estudos foram realizados através da empresa AEG, buscando um local onde se pudesse instalar uma usina hidrelétrica, recaindo a preferência em uma queda d’agua no rio Araguari, no local denominado Cachoeira dos Macacos. A própria AEG se encarregou da construção que acabou sendo conhecida como a “Usina dos Macacos” que, após concluída, se instalou uma linha de transmissão até Ponte Alta.  

Resolvida esta questão veio a do transporte que somente foi equacionada, conforme relata José Mousinho: “merece registrar que, em complemento à infraestrutura necessária ao empreendimento, foi construído um ramal ferroviário ligando a localidade de Ponte Alta aos trilhos da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro que, à época, trafegava com o ramal Uberaba/MG à cidade de Franca/SP.”  

Relata ainda José Mousinho que “na mesma oportunidade, os irmãos Barretos, por deferência à região onde deveria situar o empreendimento, liberaram dez por cento de subscrição do capital a ser integralizado pela Companhia de Cimento Ponte Alta a investidores das cidades de Conquista e de Uberaba. 

A quota gentilmente oferecida foi prontamente subscrita em apenas uma semana. Destaca-se que entre os uberabenses a subscrição de maior vulto foi realizada pelo pecuarista Sr. Lamartine Mendes dos Santos e de Conquista pelo também pecuarista Sr. Theodulfo de Rezende”.  

Neste sentido a firma Carvalho & Teixeira & Cia. Ltda. - Casa Carvalho tornou-se o ponto de apoio em todas as relações e operações com o comércio local. As encomendas destinadas à construção que chegavam via ferroviária em Uberaba eram encaminhadas à Casa Carvalho e, em seguida, por sua ordem, enviadas ao canteiro de obras da fábrica na localidade de Ponte Alta. 

As turbinas, fornos e outros equipamentos de grande porte que igualmente vinham por via ferroviária eram encaminhados para a Estação de Erial da Companhia Mogiana e de lá transportados por caminhões até o canteiro de obras”.  

Junto à construção da fábrica se iniciou a construção de uma vila para abrigar os funcionários. Vieram pessoas dos municípios da região e do todo o país, principalmente do Nordeste, para se habilitar ao trabalho. Afinal, precisavam ser contratados algumas centenas de trabalhadores, se registrando na época cerca de 400 famílias para atender a demanda da fábrica. 

A vila chegou a ter uma população de 2.500 pessoas. A fábrica de cimento era a maior empregadora de toda a região.   

A diretoria era composta por Antônio Aymoré Pereira Lima, Augusto Freire de Matos Barretos Filho, Armando Freire de Matos Barreto, Walter Prado Dantas e Arlindo de Carvalho.  

Por volta de 1975 o controle acionário foi transferido para os empresários das famílias Moraes Barro e Mesquita Vidigal, conforme nos informou José Mousinho, sendo posteriormente incorporada pela Lafarge Holcim. De origem francesa é a maior indústria cimenteira do mundo, presente em 80 países.  

Em Ponte Alta a Lafarge ainda produziu por cerca 18 anos até encerrar as atividades e se transferir, em 2004, para a cidade de Arcos, em Minas Gerais. Os fornos foram adquiridos pela Magnesita S/A que produz refratários para sua sede em Contagem, Minas Gerais. 

Ponte Alta, localizada a cerca de 40 KM de Uberaba, às margens da BR 262, viu sua economia encolher, obrigando uma parte de sua população a se transferir para outras cidades, principalmente Uberaba.   

Atualmente o Distrito de Ponte Alta, criado em 1879, vem se adaptando aos novos tempos, vendendo ou arrendando suas terras para as empresas canavieiras, tendo a Magnesita como importante apoio econômico e diversificando suas atividades rurais em criação de animais.

Por 60 anos a fábrica de Cimento Portland Ponte Alta, considerado o melhor cimento do país, foi oi principal suporte da economia de Ponte Alta que teve, nesse período, um extraordinário desenvolvimento, contribuindo para a economia de Uberaba através da comercialização de seus produtos, elevação do nível de emprego e arrecadação de seus tributos.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA. Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.  

Fontes –  

José Mousinho Teixeira -    

Jornal da Manhã  

Arquivo Público de Uberaba. 


Postado em 21 de setembro de 2021.