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sábado, 22 de fevereiro de 2020

UMA LEMBRANÇA DOS MEUS 50 ANOS NO JORNALISMO

Paulo Nogueira

No espaço me concedido pela direção do JU todas as semanas, hoje vou narrar um fato de repercussão nacional e até internacional que cobrimos durante meses, que estará no meu livro sobre meus 50 anos no jornalismo no Rádio, TV, Jornal e Assessoria de Comunicação. No início de minha carreira no jornalismo, foi a façanha do Ramiro Matilde Siqueira, que até então era um homem comum da pacata cidade de Jaboticatubas, em Minas Gerais, até se tornar uma fera pelos seus crimes cometidos na década de 70, foram mais de 35 vítimas. As armas utilizadas eram sempre espingardas cartucheiras usadas para roubar dinheiro e armas que encontrava, assim como, na execução cruel de suas vítimas, em sua maioria, fazendeiros desprotegidos. Em razão disso, ganhou a alcunha de “O Bandido da Cartucheira”. Foram vários os latrocínios praticados por este indivíduo, causando verdadeira histeria e paranóia no meio rural, pelo temor dos moradores de se tornarem a próxima vítima. Mesmo na capital, algumas mortes foram atribuídas a ele. Depois de várias mortes em Minas Gerais, começaram a surgir novas vítimas em Goiânia com as mesmas características do “Bandido da Cartucheira”, famílias inteiras eram chacinadas. Pelo menos duas equipes de policiais civis de Belo Horizonte participaram da caçada ao perigoso assassino, como também as policias civil e militar de Uberaba, quando de sua passagem pela região. Ele esteve na região próximo a Sacramento, e eu estava cobrindo tudo, dirigia o carro de reportagem, fazia as fotos e os textos.

QUASE FUI MORTO

Numa sexta feira por volta de 5 horas da manhã, eu dormia dentro do carro embaixo de uma árvore próximo ao acostamento da estrada que liga a BR- 262, a cidade de Sacramento.Estava um pouco frio, e já havia percorrido muitos quilômetros durante a noite e madrugada, juntamente com os policiais á caça do bandido. Acordei com uma pessoa batendo com um pedaço de madeira no vidro do carro. De imediato abri o vidro, era o Ramiro, com uma espingarda na mão e outras duas nas costas e com a roupa muita suja. Muito assustado, perguntei o que queria, ele disse, “ preciso sair daqui, estou quase cercado e preciso ganhar tempo”, e neste momento passava um caminhão na estrada, e fazia muito barulho, aproveitando, dei partida no carro e sai em velocidade, e pelo retrovisor vi que o bandido se embrenhava no mato novamente. Foi um alívio. escapei por pouco de morrer.

MORREU NA DELEGACIA

Depois de muitas investigações e diligências em cidades visitadas pelo criminoso pela região e no estado de Goiás, conseguiram sua prisão. Ramiro foi preso em Corumbaíba, em Goiás, e transferido para a carceragem a Delegacia de Vigilância Geral, em Goiânia, onde em 1981 apareceu morto na cela, ao que tudo indica, por ataque cardíaco.

Jornalista- Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico

Artigo publicado na edição do jornal de Uberaba – 21/02/2020


Cidade de Uberaba


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

LEOPOLDINO

Oi, turma!

(Eleitor gosta de ser sacaneado pelos políticos em troca de 30 dinheiros...)

Nome mais falado em Uberaba nos últimos tempos, já morreu. Leopoldino de Oliveira, a quem foi dada homenagem da ex-mais charmosa e serpenteada avenida da sagrada terrinha. De origem humilde, cursou o Grupo Escolar “Brasil”, concluiu o ginasial no Colégio Marista, mercê intenso sacrifício financeiro dos pais. Ânsia de saber, Leopoldino, foi para Belo Horizonte, trabalhando e estudando formou-se em Direito na Universidade de Minas Gerais. Jornalista, chegou a Redator-Chefe do “Estado de Minas”, o mais tradicional matutino mineiro, embora não tenha deixado de assinar artigos nos jornais locais, “Lavoura e Comércio” e “Gazeta de Uberaba”. Na capital, para manter-se e estudar, sujeitou-se a todos os tipos de serviços que lhe aparecia. Retornando a Uberaba, instalou movimentada banca de advocacia.

Seduzido pela política, fez carreira meteórica: vereador, Presidente da Câmara; depois, Agente Executivo, nome que era dado ao atual Prefeito. Dinâmico, trabalhador, sem preguiça, leal aos princípios democráticos, isento de “ manobras”, já comum à época, sem conhecer as manjadas “licitações’, super exigente no trato das “ coisas públicas”, principalmente o dinheiro sujo, sistemático na transparência dos seus atos, sofreu ataques e uma série de problemas. Por não concordar com costumeiros “ métodos” praticados pelos “ caciques políticos” que dominavam a cidade , oriundos das tradicionais famílias da terrinha, adversários ferrenhos, de morte, de Leopoldino, “armaram” de tudo, covardemente e nas sombras, infames na forma de agir, e o “apearam” do poder.

Decepcionado, não sem razão, ao sofrer tamanha “ rasteira”, aborrecido com as atitudes “sujas” de pessoas em quem confiava, mudou-se para Belo Horizonte. Candidatou-se à Deputado Federal, elegeu-se representando Uberaba. Faleceu em B.H., anos depois. Além do Agente Executivo probo, digno e decente, Leopoldino de Oliveira, nos deixou uma grande obra. Inicio da construção e canalização do córrego das Lages, que cortava o centro da cidade. Mais tarde, em u homenagem, colocaram o seu nome na recém inaugurada avenida.

Leopoldino de Oliveira, deixou um vigoroso legado à política de Uberaba: seriedade, decência, trabalho desinteressado, tino administrativo. As pressões sofridas no cargo, soube superá-las com galhardia e coragem Quando iniciou os trabalhos na avenida, trecho do “morro da Onça” ao mercado municipal, duas pistas de cada lado, advertiu:- “Não tentem “entubá-la”, nem os afluentes da Lages; o centro da cidade, situado numa encosta, não irá resistir o volume d’água das chuvas; os nossos “altos” (bairros) vão crescer e aí será o caos”...

Os “ deuses” da ignorância, prepotência e soberba, na ânsia de serem lembrados, não respeitaram o alerta, quase profecia de Leopoldino. Deu no que deu ! Leopoldino, na sua morada eterna, está remoendo de tristeza e decepção, vendo a avenida no estado em que está . Outrora charmosa, cartão-postal da cidade, ponto comercial de excelência; hoje, “entubada”, “corredor de ônibus”, “cerca de fazenda”, fedentina espalhada em grande trecho, comerciantes fugindo dela e muita gente aproveitando-se dos SEISCENTOS MILHÕES DE REAIS que teriam sido gastos no tal projeto Água viva”, que “revitalizou” uberabenses “quebrados’...A história não pode ser esquecida e muito menos, omitida. Abraços do “Marquez do Cassú”.


Cidade de Uberaba


VILA DOS CONFINS

Oi, turma!

(Demoraram a acreditar que “ Inês é morta”...)

O livro foi publicado em 1956. Dezenas de edições. O romance-depoimento , nasceu de um pequeno relatório sobre uma campanha política e acabou num “baita”romance que deu à Mário Palmério, cadeira de “ imortal” na Academia Brasileira de Letras. “Vila dos Confins” relata, com indescritível crueza, a história de uma eleição num lugarejo perdido nos confins brasileiros. Alí, Palmério, conta com um delicioso sabor sertanejo, aspectos da vida nesse Brasilzão sem fronteiras. Entre caçadas, pescarias, reuniões e comícios, “causos’ que o “coronel” político, “ manda- chuva” da currutela, comanda as eleições, suas artimanhas e as promessas feitas. Mário Palmério, condensa sua experiência relatada na obra que se tornou “best-seller” nacional...

Misturando realidade com ficção, “Vila dos Confins”, é de uma atualidade incrível, pureza verdadeira, passados mais de 65 anos de sua publicação inicial. As “peripécias” narradas por Palmério, faz do livro, um apanágio do comportamento dos “ coronéis”, começando pela figura do “ deputado Paulo Santos”, apoiando o candidato “João Soares”. Outras personagens como “Xixi Piriá”, mascateava lá pelas bandas dos “Confins”, “Gerôncio”, amigo e compadre do “Paulo Santos”, apaixonado por pescaria, sem contar o “Jorge Turco”, “vendeiro” do lugarejo, preguiçoso que só ele, ficava a “ contar estrelas”, o “ velho” Aurélio, tio do “ Paulo Santos”, responsável pelo seu ingresso na política, sem contar a liderança da “Almira”, que mandava no Prefeito...

“Vila dos Confins”, traz crítica política e social, fatos que permeiam a narrativa do texto no campo das batalhas surgidas na “campanha”, envolvendo a luta pelo Poder. Mário Palmério, dá voz à minoria, denuncía desigualdades, revela um contexto de absoluta opressão que o “adversários”, os que não comungavam com as ideias do “coronel”, eram sumariamente, excluídos e esquecidos, num linguajar bem matuto, embora altamente dignificante. Engraçado, a “ Vila” continua bem atual...

Confesso, não consigo dissociar ”Vila dos Confins” com a cidade que me viu nascer, crescer e a certeza que morrerei por ela. Figuras folclóricas da “ currutela”, narradas por Palmério, me vem à mente, toda hora. Gente que vejo, todo dia, nas rádios, jornais e TVs. da terrinha. Quando falam em conquista ( não confundir com a nossa simpática vizinha...), estampo a figura do “Xixi Piriá”, “vendendo” ilusões ( planta de amônia, gasoduto, ZPE, aeroporto internacional..), o ”deputado Paulo l Santos”, acobertado pelo “tio”, o “velho Aurélio” que morria de vontade ser advogado para ocupar a Procuradoria do município...

Vejo o “Gerôncio”, “dono da venda”, com cargo na Prefeitura, pois amigo do “Paulo Santos”, recebendo sem trabalhar, bons “caraminguás”, o “Jorge Turco”, adorando as “ estrelas’ que andam, falam e rebolam, o “João Soares’”, dono do alto falante da” currutela”, apadrinhado do deputado “Paulo Santos”, sem esquecer a única mulher da tropa, a “ Almira”, que manda no Prefeito...

“Vila dos Confins”, foi tão famosa como a minha cidade. Coitada ! Perdeu-se no tempo ! Não tem mais Mário Pamério, seu autor...Ainda assim, continua resistindo ao tempo. É charmosa, doce e delicada, embora os “ moradores da Vila “ foram morrendo; outros mudando por falta de emprego. Os filhos e netos que ficaram, não estão dando conta do recado. Chegaram os forasteiros e fizeram “ a festa”. São os novos donos da terrinha. Até quando ? Não se sabe...outubro vem aí....Tudo pode acontecer...(Luiz Gonzaga de Oliveira)


Cidade de Uberaba


domingo, 16 de fevereiro de 2020

À beira do abismo (*)

No final dos anos cinquenta, lembro-me de ouvir através da Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro-PRE 5-ZWV 37, o programa “Por detrás das grades”. Era também comum ver os adolescentes jornaleiros em desabalada carreira saírem por um corredor lateral do vespertino Lavoura e Comércio, bradando : “Ó o Laaavouuuuura! Deu o crime!”. Nomes eram citados e a seguir não citarei nenhum para evitar problemas. 

Na Rodoviária Velha, tínhamos os Agentes de Polícia, ou “Bate Paus” que, investidos de autoridade prendiam para averiguação. A um deles foi atribuído o fato em que ao pedir os documentos a certo suspeito, foi-lhe apresentada uma receita médica. “Está tudo certo. Só falta você colocar a sua fotografia” disse a autoridade. Um certo investigador ostentava em sua Vespa a legenda: “Polícia Secreta”. 

A Revista O Cruzeiro publicou a foto do veículo. Um soldado destacado no Bairro Santa Maria cortou seu cacetete cumprindo ordens superiores para “cortar a borracha”. Tínhamos os comissários de menores voluntários (não vai longe o tempo) que, exercendo suas atividades particulares recebiam do Poder Judiciário a credencial para agir em cima da infância e juventude. Um deles, que também foi vereador e dono de pensão, se fazia respeitar pelo seu jeito irrepreensível. 

Sensatos e comedidos à parte, muitas autoridades de antão e recentes seriam penalizadas, sujeitas a cumprir de meses até quatro anos de detenção, além de indenizar o ofendido. Por quê? É que, por exemplo: expor o preso ou parte do seu corpo, entrevistá-lo, interrogá-lo durante o período de repouso noturno, perambular com ele dentro de camburão, misturar detidos de sexos diferentes, “constranger”, etc., etc., etc., vai dar cana para quem o fizer. Agora sim; o bandido receberá o trato de excelência e o membro de tribunal, o juiz, o promotor de justiça, o policial, o agente penitenciário e outros ficarão expostos até à perda do cargo e função. Está instalada a ditadura em plena democracia. Alguém duvida? 

Na minha embaçada visão jurídica, considero que houve avanços(a lei menciona as redes socias no Art.38), mas é inegável que os agentes do Estado irão recuar. Vamos pagar a conta com valores astronômicos. O juiz não pede, ele manda. Tanto que a sua ordem é expressa em “MANDADO” que poderá virar “PEDIDO”. Guardemos a “Lei do Abuso de Autoridade” para não nos esquecermos desde quando o Brasil parou à beira do abismo com a lei 13.869, vigorando desde 05/01/2020. 


(*) - João Eurípedes Sabino 
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 
Membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerias. 
Presidente do Fórum dos Articulistas de Uberaba e Região

Cidade de Uberaba


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

FLAGRANRE INDIGESTO...

(Toda experiência deve e precisa ser vivida..)

Contei essa história verídica e personagens com nomes fictícios, acontecida na santa terrinha há uns 50 anos. Uberaba, sempre foi uma cidade boêmia. Sua fama ultrapassou fronteiras . Responsável por grandes “ programas” de maridos que aproveitam as férias da família e caiam na “gandaia”. Era mulher e os filhos viajarem, em férias de janeiro, e o “ capeta corria solto” no grupo dos (des)casados. A frequência nas casas da Deide, Lêda, “Dentinho de Ouro”, Ivete, Sônia e Vailda, aumentava de forma assustadora . A mulherada vinha dos “ fundões” do Triângulo, Goiás e Mato Grosso, atraídas para “fazer a vida” na cidade grande.

“Putas novas na praça”, era a senha. Pequena fase de “solteiro”, dinheiro no bolso, a alegria era total. Combinava um grupo de amigos e a “farra” varava noites. A casa da Zenilda, a mais frequentada, por razões óbvias... Certa noite, comeram, beberam, dançaram, treparam e tudo mis que tinham direito. Divertiram- se a valer. Zenilda, nada cobrou. Apenas deu uma “cantada” no Astrogildo, gerente do banco onde ela tinha conta. Queria um pequeno empréstimo... -”Vai lá amanhã. Sem problemas”, disse ele, devidamente “trolado”....

Dito e feito. No outro dia, Zenilda, lá estava. Roupa discreta, sem pintura, lenço nos cabelos, sandália “rasteirinha” e, humildemente, senta-se à frente do gerente. Ele, ar sério, terno e gravata, meio sem graça, abre a gaveta da mesa e mostra à Zenilda, um telegrama do banco “suspendendo a carteira de empréstimos”. Desculpou-se e a “dama da noite”, decepcionada, deixa a agência. Abatida, volta prá casa.

“Bolou” um plano diabólico. Semana seguinte, toda “ produzida”, cabelos alinhados, rosto maquiado, lábios borrocados de um reluzente batom, bem vermelho, sapatos de salto alto, saia provocante, colante, deixava à mostra suas lisas e roliças coxas. “ bustiê” generoso, destacava parte dos seus seios . Ás mãos, uma nota fiscal. Dirige-se ao caixa, o Calixto, velho de casa. Do fundo, Astrogildo, gelado . –“Por favor, pague-me esta nota’”, disse sorrindo.

Calixto, quis saber a origem do débito. –“Foi a despesa do seu gerente, lá em casa, com as minhas periguetes”...O “caixa’, foi direto ao gerente. Ele, sem olhar, deu o seu sonoro visto, “pague-se” . Dinheiro na bolsa, Zenilda, deu-lhe uma piscadinha marota e rebolando, deixou a agência. Querer armar “pé de briga” com o Astrogildo depois do acontecido, é convidá-lo à ir dar um ligeiro passeio na “ zona”...

Uma reverência aos boêmios casados de ontem, com o alerta aos que, hoje, se aventuram nas escapadelas das férias.


(Luiz Gonzaga Oliveira)


Cidade de Uberaba

FIO DE BIGODE

(O povão quando pende para um lado, é fogo de morro acima, água de morro abaixo...)

Às vezes penso que vivo no tempo em que “ fio de bigode” era o selo, assinatura de compromisso que não pode ser desfeito”. Ouví histórias sobre a dignidade e lealdade de homens que tinham no fio de bigode, sua palavra de honra. Hoje, homens usam pouca barba e bigode. Os que usam são adeptos de Fidel Castro. É preferível esse uso, barba e bigode densos que esses brinquinhos nas orelhas ... Não sou puritano, nem machista. Talvez, retógrado... .Cada um usa os brincos onde lhe aprouver. Quanto a honradez do “fio de bigode” que os antigos marcavam posição, apesar de não existirem mais, o meu respeito. De corpo e alma.

Atualmente o cidadão assina cheque sem fundos, promissórias que não vão pagar nunca, dão sua palavra de “ homem” que jamais cumpre, mente com a cara mais deslavada do mundo... A falta de seriedade chegou a tal ponto que os homens não mais se respeitam, compromissos não são levados a sério. Palavra de homem, antigamente, era cumprida. Hoje, é motivo de chacota. Uberaba, não foge à regra. Basta ler o “Diário do Judiciário” e constatar essa veracidade.

Casamentos feericamente realizados, com pompas, galas e brasões de rainha, champanhe e coloridas páginas sociais, meses depois, sem constrangimento e espanto de outrora, desfeitos e a indefectível desculpa das famílias:- “ houve incompatibilidade de gênios; daí a separação.. E o longo período da paquera, namoro, noivado, nada adiantou para que os noivos se conhecessem? Custa-se a acreditar, mas, é a rotina dos mal casados...

Na política, a falta de seriedade, decência, desfaçatez, compromissos não cumpridos, “ puxada de tapete”, o “canga macaco”, a mentira, o cinismo, a “cara de pau”, são somente triviais... Não tem explicação ? Tem sim ! Esses malandros que usam essas artimanhas , são conhecidos, carinhosamente pelos colegas, com “ gente inteligente”... Pode ? Como se “inteligência” fosse sinônimo de mau caratismo, safadeza, sem-vergonhice e desonestidade!

Um fato verdadeiro ao tempo do “fio de bigode” do século passado. Um dos “coronéis” de um dos partidos, para espanto e decepção dos companheiros, mudou de lado. Em busca de apoio, soube que o Juiz de Paz, de Veríssimo, não o acompanhara na mudança. Procurou o velho Quirino Matheus e saber o “ porquê” da sua rebeldia. O diálogo travado foi severo e ríspido:

-“Porque me abandonou, Quirino? Companheiro de tantas lutas, vitórias e derrotas?
-“Não, coronel, não o abandonei. Vosmecê é que nos abandonou. Continuamos firmes com os “Arara”. Coronel é que pulou o barranco pros lado dos “Pachola”... O “ papo” terminou alí...≥ Qualquer não coincidência com os políticos profissionais de hoje, não se pode falar em mera semelhança...

(Luiz Gonzaga de Oliveira)

Cidade de Uberaba

“DOCA”... SEMPRE ELE...

(O rabo não pode balançar o cachorro. Os homens de bem estão desaparecendo...)

Algumas pinceladas sobre o livro proscrito, “Terra Madrasta”, escrito por Orlando Ferreira, o temível “Doca”, excomungado pela Igreja Católica, na metade do século passado. Abordando assuntos até então não publicados pela imprensa local, “Doca, deixou boa parte dos políticos locais de “cabelos em pé”. Um trecho do livro que aborda a política que aqui se praticava , escreve:-“A política de Uberaba é um acervo de misérias, futricas, futilidades, desonestidade. Tudo que é de mal e prejudicial aqui se pratica”. Prossegue:- “A política local é um contato impuro e imoral que prostituiu também a Justiça. Aqui não se deseja independência de caráter; educa mal o homem “.

Ao comentar sobre eleições, “Doca’, é contundente:- “Não são livres . Sempre campeou a imoralidade, a mais pérfida corrupção. Os chefes políticos são todos cretinos e idiotas. A única aptidão é que são mandões, usam a violência , o suborno, a compra de votos, a covarde traição. Funcionários públicos, partidários deles, não vacilam em prostituir , se no cargo que ocupa, seja para agradar o “ chefe”.
Sobre os partidos políticos, “Doca”, foi claro , direto e taxativo:- “ Sempre foram compostos por indivíduos sem honra, sem patriotismo, sem cidadania, sem instrução e de uma ignorância apavorante, autênticos boçais”. “Doca”, além de irreverente, era também bastante cáustico . Está lá no “Terra Madrasta”:- Uberaba não deve à chefe político nenhum favor; só tem a lamentar as desgraças por eles ocasionadas “.

Esses pequenos trechos do livro, comentários e opiniões, “Doca” escreveu há 90 ( noventa) anos. A sua antevisão e ou qualquer premonição , semelhança com os dias atuais, não é mera coincidência...

(Luiz Gonzaga de Oliveira)

Cidade de Uberaba

A VINDA DA FOSFÉRTIL PARA UBERABA

(As coisas andam tão ruins em Uberaba que estou perdendo a vontade de protestar)

1975, auge do regime militar. Prisões acontecendo em todo o Brasil. Uberaba, a nossa terra mãe, o aprisionamento se dava de forma diferente. Um governo estadual ostensivamente hostil , comandado pelo uberlandense Rondon Pacheco, de triste memória, fazia o possível e o impossível, descaradamente, à prejudicar o lento desenvolvimento da cidade . Benefícios maiores, conquistas definitivas, eram carreados, sem dó e piedade, a cidade de Rondon . Indústrias, escolas, estradas, verbas públicas, saneamento, oportunidade de negócios, fluíam numa só direção: exatamente 102 kms. da ex-“capital do Triângulo’...

Uberaba, completamente órfã. Sem representantes aliados ao governo revolucionário, nos restava políticos da oposição(MDB), sem forças que pudessem “brigar” pela santa terrinha. Por mais que se esforçassem, eram tolhidos nos seus preitos. Vivíamos na mais completo abandono, apesar da boa vontade e seriedade administrativa do prefeito Hugo R. da Cunha. Sem apoio nas esferas maiores, era impotente para conter a onda avassaladora de favores colhidos para Uberlândia, cidade do governador Rondon Pacheco.

Luta covardemente desigual. Uma cidade com “ capa e espada”, lâmina afiada, ferina; outra, com uma faca de cozinha, pequena e em corte. Foi quando, luminosamente, a estrela divina se fez presente. Uberaba, pode enxergar uma luz no fim do túnel. Hugo Rodrigues da Cunha, sabia. Embora da elite oligárquica da cidade, aliado da Revolução/64, numa radiosa manhã de abril, recebeu a confirmação da notícia que guardava a 7 chaves : Uberaba ia ganhar uma importante indústria química, produtora de fertilizantes. Mineiramente calado, ele segredou a noticia com receio de Rondon ter ciência e atrapalhar o empreendimento. Ele sempre ódio Uberaba...Era uma “fábrica de fábricas”!

A Valefértil, subsidiária da Petrobras, unidade nitrogenada, seria instalada aqui na terrinha ! Quando soube da decisão governamental, Rondon, “roeu unhas”, “desgrenhou os cabelos”. Quis agir. Era tarde. As jazidas de fosfato de Tapira e Araxá, iriam abastecer a futura planta. Projeto do mineroduto concluído, inicio da construção . A área, às margens do rio Grande, água em abundância. Nada mais poderia impedir a grande conquista ! Uberaba respirava aliviada. Finalmente, a Revolução/64, premiava nossa terra-mãe !

A CDI ((Cia. Distritos Industriais-MG), preparava-se para o levantamento topográfico da área Tecnicos, engenheiros, agrimensores, topógrafos e outros profissionais, foram chegando. Um fato curioso aconteceu. O prefeito de Sacramento(MG)), era homônimo do prefeito de Uberaba. Também Hugo Rodrigue da Cunha...Ao receber uma correspondência endereçada “confidencial” da Presidência da República, extraviada, Hugo sacramentano, exultou de alegria. Ao ler o conteúdo, caiu em perdidas lágrimas, a carta era para o Rodrigues da Cunha, de Uberaba.

Ressalto, por dever de justiça, a atuação do engenheiro Wagner Nascimento, funcionário da CDI-MG, encarregado de acompanhar os técnicos belorizontinos no levantamento preliminar do local da futura fábrica. Wagner, atuou com um profissionalismo exemplar. A equipe de trabalho passou por maus momentos nas barrancas mineiras do rio Grande...

Decidida e sacramentada a instalação da fábrica nas barrancas do rio Grande, o prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, com autorização da Câmara municipal ( nos anos 70, vereador trabalhava com espírito de cidadania, não era remunerado e muito menos tinha um bando de assessores), criou o Distrito Industrial 3 para abrigar não só a Fosfértil, como também as demais misturadoras que, inexoravelmente, como de fato aconteceu, alí iriam se instalar. Fosse melhor o trabalho de persuasão e “venda” da fábrica, muitas outras misturadoras, por certo, teriam vindo. Pena...

O programa do Governo Revolucionário/64, o badalado “PoloCentro”, chegava na região dos cerrados, terras extremamente pobres em vegetação, no jargão caboclo onde só florescia “ lobeira e calango”. Uma fábrica de fertilizantes viria cobrir essa lacuna no solo inapropriado para a agricultura, tornando-o mais produtivo. Fator de desenvolvimento para a nossa região, mas, se estenderia em todo o Brasil Central, como de fato aconteceu.

O “casamento” insumos agrícolas e fertilidade das terras em função do “PoloCentro”, resultou no extraordinário desenvolvimento do setor agroindustrial que o Brasil, hoje, experimenta. A chegada dos técnicos mineiros, ciceroneados pelo engenheiro da CDI-MG, Wagner Nascimento, foi acompanhada de peripécias incríveis . Fazendas enormes, terras agricultáveis, proprietários antigos- de pai para filho-, arraigados a velhos costumes, desconhecendo o enorme progresso que estava chegando para Uberaba, e daí a nossa redenção industrial, tentaram impedir, por todas as formas, meios e armas, o levantamento topográfico da área a ser desapropriada...

Os donos das terras, fazendeiros honestos e decididos, acompanhados de seus capatazes e valentes peões, faziam “ piquetes” à impedir o trabalho daquele “pessoal estranho”, invadindo suas terras seculares... –“Onde já se viu, desmanchar os currais, acabar com a nossa roça, desativar os alambiques, onde se fazia nossa inigualável cachaça?”, lamentavam , raivosamente, os donos das terras. Espingardas ”cano longo”, “treizoitão” carregado de balas, azeitado, esparramando tiros prá cima, à afugentar aqueles “ intrusos”...

Conhecendo os fazendeiros, Wagner Nascimento, com seu jeitão simples, humilde, educado, bons argumentos, foi explicando , um a um, o que representava a fábrica para Uberaba. Em curto espaço de tempo, ligeiramente conformados, aquiesceram em fornecer informações, documentos da área, discutiram valores da desapropriação, forma de pagamento e etc...

A terrinha ganhou vida nova ! Comercio, indústria, prestadoras de serviço, passaram a abastecer a obra. Mão de obra local, ganhou fôlego. Os primeiros funcionários da Petrobras, chegavam a cidade. Locação de imóveis, em grande demanda. A primeira residência locada, a do casal Zilma Bugiato-Rubens Faria ,na avenida Santos Dumont. Primeiro locador, o engenheiro George Pedersen, encarregado das primeiras obras no DI- 3.

Uberaba com a Fosfértil, era alegria plena ! Ressurgiu o progresso. Veio a privatização. O ‘slogan” “Fábrica de fábricas”, continuou. O DI-3, realidade saudável. Aumentou o incentivo ao campo, novas tecnologias aplicadas. Sem favor algum, Uberaba tornou-se o maior polo químico da América do Sul ! Graças a Deus, estamos às margens do benemérito Rio Grande. Senão....

Qualquer outra história, não passa de ficção... 


(Luiz Gonzaga Oliveira)


Cidade de Uberaba

A CRIAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA

O curso de Medicina, pioneiro e incorporado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro, foi criado ao final da década de 40, do século passado. Mário Palmério, “ pai do ensino superior no interior do Brasil”, tinha instalado as Faculdades de Odontologia, Direito e Engenharia CiviL que funcionavam a pleno vapor, abrindo um novo leque de progresso e desenvolvimento na cidade e região. Uberaba, respirava cultura e dinamismo.

A eterna briga política da cidade, facções que não se entendiam, se juntaram à causa meritória, no episódio que vou lhes contar . PSD e PTB, na “situação”, UDN/PR/PSP, agrupavam-se na “ oposição”, morrendo de inveja da atuação de Palmério. Naquele tempo, a Exposição Nacional de Gado Zebu, promovia a cidade. O Brasil inteiro, voltava suas vistas para o maior evento agropecuário nacional. As presenças das maiores autoridades do país, se encontram na santa terrinha. Na Presidência da República, Juscelino Kubischeck, revolucionava o país, era a figura central.

Simpático, afável, fazia questão de pernoitar na cidade e participar do baile do “Presidente”, no Jockey Club, como, quando Governador, prestigiava o baile em sua homenagem, no Uberaba Tenis Clube. A agenda oficial, reservava o 3 de maio para Uberaba. Com ele, Ministros, Governadores, Deputados, se faziam presentes. A abertura da Exposição de Gado de Uberaba, era manchete nos principais órgãos da imprensa nacional. Hoje... .deixa pra lá...

O PSD, partido de JK, era comandado na terrinha pelo “coronel” Ranulfo Borges, cercado de figuras honradas da cidade. A cadeia pública, defronte ao Mercadão, “caindo aos pedaços”. PSD, em peso, foi à Juscelino, pedir-lhe que reformasse aquele velho pardieiro . JK, ouviu calado, as lamúrias. De pé, ouviu o pedido . Pigarreou, esfregou os pés, sem sapatos e num largo sorriso, disparou:- Não vou reformar cadeia nenhuma nesta cidade que gosto muito”. A “velha guarda” do PSD, emudeceu, esperando pelo pior...Foi aí que...

Juscelino, enfático, completou:- Vou dar à Uberaba, uma Faculdade de Medicina, ouviram?“. Palmas ecoaram na ampla sala da casa de Adalberto Rodrigues da Cunha, presidente da SRTM. Na “esquina do enjeitei”, a “fazendeirada” zombava. Não acreditava. Uberaba, tinha pouco mais de 80.000 habitantes, ganhando uma Faculdade de Medicina! A euforia tomou conta da santa terrinha.

Lideranças políticas, empresariais, classistas, clubes de serviços, agropastoris, esqueceram suas divergências; deixaram de lado suas picuinhas e se juntaram para a grande conquista fosse logo alcançada. Um comboio com as nossas principais lideranças , se agrupou rumo à Brasilia. Uberaba, graças a Deus, estava unida.


A CRIAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA – 2 –

Uberaba, a sagrada terrinha, sempre se destacou pelo pioneirismo de sua gente. Na medicina não foi diferente. Os farmacêuticos e suas poções, pesquisando e manipulando formulas medicinais, experimentando a nossa rica flora, os caminhos percorridos por eles, médicos-farmacêuticos, parteiras e benzedeiras, suas atuações se revertiam de grandeza e abnegação no tratamento das doenças existentes. Uma história muito rica e de inexcedível valor. Penoso enumerar os grandes feitos, as fantásticas pesquisas dos profissionais da saúde, normalmente bem sucedidas e que vieram salvar vidas.

Tudo começou na Santa Casa de Misericórdia, onde é hoje, o complexo da Universidade Federal do Triângulo Mineiro- UFTM. Fundada pelo primeiro bispo de Uberaba, Frei Eugênio Maria de Gênova, a vocação humanitária dos médicos daquela época, atendiam e davam guarida aos doentes de qualquer classe social. A Santa Casa, enquanto existiu, teve a bondosa e desprendida colaboração das “Irmãs Dominicanas”, caridosas por vocação e a segura direção de dedicados e fraternos Provedores.
Uma Provedora de notável destaque, Maria da Glória Leão Borges, esposa de Ranulfo Borges, o “chefão” políticos da cidade. Maria da Glória, teve efetiva participação na criação da Faculdade de Medicina. Dada a largada pelo Presidente JK, médicos e demais lideranças locais, esqueceram suas divergências politicas, ojerizas pessoais , irmanados, visando a concretização de tão grande conquista; o nobre ideal de tão especial presente.

Registro, com muita honra, preito de gratidão aos “ 18 do forte” pelo trabalho realizado: Alfredo Sabino de Freitas, Alyrio Furtado Nunes, Antônio Sabino de Freitas Júnior, Carlos Smith, Fausto Cunha Oliveira, Hélio Angotti, Hélio Luiz da Costa, João Henrique Sampaio Vieira da Silva, Jorge Azôr, Jorge Henrique Marquez Furtado, José de Paiva Abreu, José Soares Bilharinho, Lauro Fontoura, Mário Palmério, Mozart Furtado Nunes, Odon Tormin, Paulo Pontes e Randolfo Borges Júnior, por ordem alfabética, homens de cêpa, despidos de vaidades pessoais, vantagens políticas, dedicaram grande parte dos seus preciosos tempos, trabalho, talento e profissionalismo para que Uberaba tivesse a grande glória: Faculdade de Medicina!

Com recursos próprios, viajaram inúmeras vezes para Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasilia, as suas expensas. Nada de dinheiro público. Enfrentando os naturais percalços de tão nobre empreitada, merecem o nosso respeito, orgulho e gratidão ! Uberaba, é grata aos seus filhos verdadeiros !. Com o tempo, contarei passagens iniciais da nossa Faculdade de Medicina, quando as aulas eram ministradas dentro das celas do antigo “cadeião


(Luiz Gonzaga Oliveira)

Cidade de Uberaba

UBERABA – SEMPRE ELA...

( A vida é bela quando não se tem medo dela...)

I
Aqui nascí, viví na cidade que escolhhi
Meus pais, mulher e filhas também
Plagas outras, trabalhei. Daqui, saudade sentí
Voltei correndo. Não agradei do vai e vem.

II
“Uberaba dos meus amores” disse o poeta
Concordo, Gênero, número e grau.
Viajando sempre, quando a saudade aperta
Volto correndo. Brigando com quem dla fala mal.

III
Ando triste. Preocupado. Não minto.
Malandros dela tomaram conta, eu sinto.
Fantasiados de políticos, só sabem mentir
Faláciass, promessas, querendo nos iludir!

IV
Chegaram ontem. Bons de papo e meneios
Devagar vão enganando os “ trouxas”
Não medem trapaças e outros meios
Acham Uberaba terra de gente frouxa...

V
Vereadores, Prefeitos, Deputados
Temos de tudo um pouco
Eleitos, safados, deixam todos frustrados
Não adianta gritar até ficar rouco...

VI
Conhecidos “ze ninguém”, desclassificados
Uns “caça-dotes” de meia tigela
A política deixou-os abonados
Nadando, sem pressa, no dinheiro “dela”

VII
Uberaba alegre, festiva, sempre dadivosa
Bondosa, acolhe “picaretas” de toda parte
Eles, quando sentem a “rebordosa”
Tchau! Recebe a “longa” do Pedro Malazarte...

Luiz Gonzaga Oliveira



Cidade de Uberaba


A “RUA SÃO MIGUEL” E OS POLÍTICOS...

(Quanto mais você agacha, mais a bunda aparece...)

Pornográfico? Não ! Texto realista ? Sim ! Chega de “ puta véia”. Elas não “ dão mais caldo”, nem nos representam “.. A pedida da vez, as meninas que perderam a virgindade a pouco tempo...”Respeitosamente, esse era o “papo” dos boêmios frequentadores da famosa rua “São Miguel”, “baculerê” da saudosa Uberaba dos anos 50 do século passado. ( Tempos que não voltam mais...) .Incrustada no centro da cidade, atrás da Catedral Metropolitana, inicio da praça Frei Eugênio, direção ao bairro d’Abadia, a “ rua São Miguel”, era famosa no Brasil inteiro. Macho que visitasse Uberaba e não conhecesse a “ rua do santo”, não conheceu a sagrada terrinha..

As “ putas véias” daquele tempo, Amelinha, Negrinha, Jovita, “tia Moça” ( que era velha...), Tubertina, Isolina, Nena, além de outras menos votadas. A moçada da época queria “ficar” com as “meninas novas”, procedentes de Goiás, Mato Grosso e interiores de Minas e São Paulo... Na “São Miguel”, abrigavam eleitores de todos os partidos políticos sediados na terrinha.. Não existiam muitas legendas partidárias. . Eram o PTB, de Mário Palmério, a UDN, dos Rodrigues da Cunha, o PSP, de Boulanger Pucci e Antônio Próspero, o PR, do Tatí Prata e Homero Vieira de Freitas, o PSD, do Coronel Ranulfo e Lauro Fontoura, PCB, do Durval da Farmácia. Nada mais!

Quem era “abonado”($$$), jantava no Tabú, com as “ primas”. A plebe rude, se fartava com o churrasquinho do Jaime, à porta do Tabú. “Bebum”, sem grana, “fazia ponto” na “Boca da Onça”, do Caio Guarda. Os “shows” no “Casino Brasil” , comandado pelo Paulo da Negrinha, “estreladosera “fresco” ou “viado”. Motel não existia. O máximo que se permitia, alguns “esconderijos” para encontros furtivos, tinha o pomposo nome de “rendez-vouz”..

Hoje, a “coisa’ está mudada. “Zona do meretrício”, virou “zona eleitoral”, “michê” chama-se “propina”, “gigolô” é assessor, “bate-pau”, é “segurança”... “Puta véia”, políticos que não querem abandonar as “bocas”; “Rendez-vouz”, ou “casas de prostituição”, conhecidas como Câmara, Senado, Assembléias, Palácios e Prefeituras. “Donas de bordel”, políticos corruptos, agarrados ao Poder. “Rua São Miguel”, mudou de endereço... “Meninas novas no puteiro”, os jovens, ingressando na vida publica. Frequentadores do “puteiro”, eleitores que votam por dinheiro, cargo público, sem concurso..Esperando sempre por uma “ boquinha”....

Ao frequentar as “ ruas das eleições”, procure “ficar” com “puta nova”. Neca de “puta véia”. Política não é prostíbulo. Os políticos é que frequentam a “ casa errada”. As “Negrinhas’, “tia Moças, “, “Tubertinas”, “Nenas” e “Isolinas” da nossa política ,não devem ser reconduzidas às “velhas pensões’. São “putas véias”; não dão mais caldo”. São “bananeiras que deram cacho”. O eleitor quer “ puta nova”, recém chegada, limpinha, no “ bordel”...


Luiz Gonzaga de Oliveira


Cidade de Uberaba


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Adivinha quem é ele?

Quando é investido na atividade bate-lhe uma amnésia e não se lembra mais: do Brasil, da sua região e cidade, do seu bairro ou condomínio e até da sua rua. Muitos até tiram o nome do catálogo telefônico. Quem é ele? 

Não precisamos de muito esforço mental para lembrar logo, que ele, com raríssimas, eu disse raríssimas, exceções, é o parlamentar brasileiro. Feliz daquele eleito pelo povo que pode ler este texto e dizer a si mesmo: eu não sou esse aí! E também me contestar.

Não há como ficar inerte a essa aberração chamada Fundo Partidário, aprovada pelo Congresso que subtrai bilhões de setores vitais à vida brasileira e os joga inteiramente nas mãos de partidos políticos.

Aí é onde mora a amnésia. Não lembrar da saúde precária no país, da educação classificada lá atrás, da violência que nos tira o sono, dos milhares de desempregados, do fechamento de empresas então rentáveis, dos bolsões de desvalidos (não me agrada usar o termo pobreza), das pesquisas que poderiam estar noutros patamares. O rosário é grande... Só pode ser mesmo amnésia.

Segundo Aurélio Buarque de Holanda, amnésia é: “Perda total ou parcial da memória”. A definição do vocábulo não vem acompanhada do termo “intencional”, daí porque vejo o parlamentar brasileiro (olha as exceções) no gozo pleno das suas faculdades mentais. Não sentem amnésia.
Se por um lado ele se “esquece” dos itens acima mencionados, há um que, nem que a vaca tussa, jamais é esquecido. Trata-se da proteção do próprio umbigo, ou melhor, de si mesmo e asseclas.

Já vi pela televisão um apartamento com 54 milhões de reais dentro. Fiquei perplexo. Mais de 3 bilhões para o Fundo Partidário não tenho a menor ideia da metragem cúbica, mas o estrago que a subtração deles provocará, aí sim! Muitas pessoas morrerão de fome ou em hospitais, escolas fecharão, inocentes morrerão por balas de bandidos, desempregados aumentarão e o país patinará se não recuar, sem dizer de outros inevitáveis desastres que virão em cadeia.

Será que no peito dessa gente não bate ou mesmo, digamos, fibrila um coração? Deixo a resposta a você que ouve ou lê esse texto.

Alguém sugeriu um boicote geral às eleições. Idem à anterior. 

Enquanto isso, a conta para pagarmos o mega FP vem na velocidade da luz, que, aliás, já deve estar em nossa caixa de correspondência.


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG.
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil


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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

DIA DA BANDEIRA NACIONAL

No dia 19 de novembro, de frente ao 4ª Batalhão foi realizado a solenidade do Dia da Bandeira Nacional.

Policiais Militares, alunos do Colégio Tiradentes e demais órgãos do Sistema de Defesa Social participaram do evento.

Nesta data comemora-se o aniversário de adoção da Bandeira Nacional como símbolo exponencial da Pátria.

A Bandeira Nacional foi projetada em 1889 por Raimundo Teixeira Mendes, auxiliado por Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares.

A Bandeira do Brasil foi instituída em 19 de novembro de 1889, 4 dias após a Proclamação da República, trazendo em seu cerne os ideais republicanos sintetizados no lema “Ordem e Progresso”, originário do positivismo de August e Comte, que se traduz em : “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”.

Em dias de festa ou luto nacional é obrigatoriamente hasteada em repartições públicas, escolas e sindicatos. Durante o ano letivo, é obrigatório seu hasteamento solene, em escolas públicas e particulares, pelo menos uma vez por semana. No entanto, no dia 19 de novembro, o hasteamento e arriamento ocorrem às 12 horas e 18 horas respectivamente, com solenidades especiais.

A Polícia Militar de Minas Gerais, nessa data realizou as atividades inerentes ao culto à Bandeira Nacional, reafirmando sua tradição de amor, respeito e patriotismo. (4ª Batalhão)

Foto - 4ª Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais.
                
De acordo com o Art. 32 da Lei N.º 5.700 de 1º de setembro de 1.971, “As Bandeiras em mau estado de conservação deverão ser entregues a qualquer Unidade Militar, para que sejam incineradas no Dia da Bandeira, segundo o cerimonial peculiar.”


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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

UBERABA TEM SUA ACADEMIA DE LETRAS DESDE 1962

A Academia de Letras do Triângulo Mineiro foi idealizada por um grupo de intelectuais e escritores de Uberaba, entre eles José Mendonça, Edson Gonçalves Prata, Monsenhor Juvenal Arduini e Lúcio Mendonça de Azevedo. Foi fundada em 15 de novembro de 1962, a partir de uma reunião realizada na sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, então situada na Rua Manoel Borges, nº. 84, sob a Presidência de José Mendonça, coordenador do movimento para a sua fundação, ocasião em que foi sugerido e, posteriormente, aprovado o seu estatuto: Tem por finalidade a cultura da língua, da literatura, especialmente do Triângulo Mineiro, e o estudo dos problemas sociais e científicos, a união dos intelectuais do Brasil Central, a difusão de suas obras e conhecimentos gerais.

Reconhecida de Utilidade Pública Municipal, pela Lei nº. 1.125, de 21 de setembro de 1963; e Utilidade Pública Estadual pela Lei nº. 9.470, de 21 de dezembro de 1987, a ALTM constitui-se de 40 membros efetivos, além dos sócios correspondentes até o máximo de 40.

A eleição é feita por voto secreto, em Assembleia Geral. Cada cadeira tem o seu Patrono, que foi indicado pelo seu respectivo sócio fundador, ou pelo primeiro acadêmico que dela tomou posse. A escolha do Patrono, embora de livre vontade dos acadêmicos, teria que ser, necessariamente, de um intelectual ilustre das letras brasileiras, de preferência vinculado ao Estado de Minas Gerais e em especial à região do Triângulo Mineiro.

A ALTM foi instalada, de forma solene, em 22 de dezembro de 1962, no Salão Nobre da Associação Comercial e Industrial de Uberaba, com posse de sua primeira diretoria, eleita em 25 de novembro daquele ano, biênio 63/ 64; e de seus acadêmicos fundadores. 


Acadêmicos Fundadores:


José Mendonça, Cadeira n° 1

Santino Gomes de Matos, Cadeira n° 2

Victor de Carvalho Ramos, Cadeira n° 3

Padre Thomaz de Aquino Prata, Cadeira n° 4

Monsenhor Juvenal Arduini, Cadeira n° 5

Rui de Souza Novaes, Cadeira n° 6

Ari Rocha, Cadeira n° 7

Padre Antônio Thomas Fialho, Cadeira n° 8

César Vanucci, Cadeira n° 9

Antônio Édson Deroma, Cadeira n° 10

Raimundo Rodrigues de Albuquerque, Cadeira n° 11

João Rodrigues da Cunha, Cadeira n° 12

Augusto Afonso Neto, Cedeira n° 13

Maurício Cunha Campos de Moraes e Castro, Cadira n° 14

George de Chirée Jardim, Cadeira n° 15

Lúcio Mendonça de Azevedo, Cadeira n° 16

Quintiliano Jardim, Cadeira n° 17

João Henrique Sampaio Vieira da Silva, Cadeira n° 18

Lauro Savastrano Fontoura, Cadeira n° 19

Mário de Ascenção Palmério, Cadeira n° 20

Dom Alexandre Gonçalves Amaral, Cadeira n° 21

Jacy de Assis, Cadeira n° 22

Soares de Faria, Cadeira n° 23

João Edson de Mello, Cadeira n° 24

Pereira Brasil, Cadeira n° 25

Lycidio Paes, Cadeira n° 26

Edson Gonçalves Prata, Cadeira n° 27


 Sede da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, na Rua Lauro Borges, nº 347, em Uberaba - Minas Gerais.


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domingo, 3 de novembro de 2019

ENSAIOS DE CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA


VINTE ANOS – MIL ARTIGOS           


                                                                                                                       Trajetória e Circunstâncias 


A circulação do livro de papel caiu sensivelmente nos últimos vinte anos. Precisamente em 1999 foi iniciada em Uberaba a publicação da coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica com a edição de um livro por ano, iniciando-se com O Cinema de Bergman, Fellini e Hitchcock. 

Conquanto não contando com nenhum apoio midiático no eixo Rio-São Paulo ou no triângulo constituído pelo eixo e Belo Horizonte, a coleção foi comercializada nessas cidades por distribuidoras nelas radicadas e que por sua iniciativa contataram o autor para essa finalidade. 

Além disso, em São Paulo, mesmo não tendo nenhuma cobertura da mídia impressa, televisiva e radiofônica, foi a coleção comercializada pela dinâmica e versátil 2001 Vídeo, que chegou a ponto de adquirir de 30 a 40 exemplares por mês de seus diversos títulos. 

A livraria Cultura promoveu os livros da coleção em seu site, adquirindo-os à medida das solicitações dos interessados. 

Livros Físicos e Eletrônicos - Guido Bilharinho.

Tudo isso, porém, esvaiu-se. Uma ou duas das citadas distribuidoras fecharam. A portentosa 2001 Vídeo, com seis ou sete grandes lojas nos principais shoppings de São Paulo, vendendo e alugando DVDs e CDs de filmes e músicas e livros sobre cinema, encerrou as portas. A Cultura está em recuperação judicial, como também a Saraiva. 

Com a mais recente edição da coleção, em 2017, do livro físico O Cinema de Hitchcock e Woody Allen, que comercializou poucos exemplares, encerrou-se também a edição de livros em papel da mencionada coleção, por sinal, a primeira, única e possivelmente em papel a última a existir e atuar no país. 

Observou-se nesse período de 20 anos (1999-2019) descenso espantoso do interesse pelo conhecimento, fruição e estudo do cinema como forma de arte e cultura e, acredita-se, de todas as demais formas de arte e de conhecimento. 

Até mesmo o acesso a filmes antigos e lançamentos de filmes de valor vem paulatinamente sendo dificultado pela crescente marginalização provocada pelas atuais gigantes de projeção de filmes, como a Netflix e o Youtube, este ainda apresentando filmes antigos, porém, raríssimos clássicos no estrito sentido cultural da arte. 

Os estabelecimentos de ensino ignoram completamente a existência da arte cinematográfica e quando neles algum grupo promove projeções de filmes, são elas presididas quase inteiramente pelo interesse temático e não cultural e artístico. 

Em consequência, tem restado para as edições de novos títulos da coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica o amplo espaço eletrônico, no qual, no blog: https://guidobilharinho.blogspot.com/, existente desde setembro de 2017, juntamente com livros de outros gêneros, já foram editadas nada menos de dez obras sobre cinema, a exemplo de Obras-Primas do Cinema Brasileiro, Obras-Primas do Cinema Europeu, Filmes de Ficção Científica e O Cinema de Godard. 

Dois aspectos salientam-se nessa nova prática editorial: ausência de custos e planetária difusão, já tendo o citado blog, até 30 de setembro último, mais de 950 (novecentos e cinquenta) acessos nos EE.UU. e mais de 200 (duzentos) na Rússia, além de dezenas de acessos em mais de 20 países, notadamente europeus, mesmo estando os livros vazados em português. 

Livros Físicos e Eletrônicos 

Desde 1999 é editada em Uberaba, como informado no artigo anterior, a coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica. 

Até 2017 foram publicados quinze livros físicos, enfocando tanto o cinema brasileiro quanto o cinema de outros países. 

No primeiro caso, seguiu-se o critério cronológico, contemplando o cinema nacional por décadas, iniciada pela de 1990, com dois livros, retroagindo-se em seguida aos períodos anteriores e encerrando-se esse ciclo com a obra Seis Cineastas Brasileiros (2012), contendo análises das filmografias de Mário Peixoto, Humberto Mauro, Nélson Pereira dos Santos, Gláuber Rocha, Paulo César Saraceni e Júlio Bressane. 

Já a cinematografia estrangeira abrangeu tanto estudos sobre filmes de grandes realizadores (Bergman, Fellini, Hitchcock, Buñuel, Kurosawa, Visconti e Woody Allen), quanto livros específicos dedicados aos clássicos do cinema mundo, faroeste, segunda guerra, musical e filmes dramáticos europeus e estadunidenses. 

A maioria desses livros contêm índices, fichas técnicas de filmes, classificações qualitativas e ilustrações. 

No já referido ano de 2017, quando se publicou o último livro em papel da coleção, O Cinema de Hitchcock e Woody Allen, iniciou-se a edição dos livros eletrônicos da coleção no blog editorial Um Livro Por Mês (https://guidobilharinho.blogspot.com/), já estando nele publicados, juntamente com livros sobre outros assuntos, nada menos de dez novos títulos, desde Obras-Primas do Cinema Brasileiro e Europeu a livros específicos sobre filmes de guerra, terror, ficção científico, policiais e outros temas, bem como a segunda edição consideravelmente aumentada do livro sobre Bergman e Fellini, além de obras sobre as filmografias de Antonioni, Pasolini, Godard e referentes a filmes europeus dos anos de 1990 (neste mês) e dos EE.UU. (novembro próximo), neste enfocando, além das produções convencionais, os filmes de seu excelente cinema independente. 
Tais livros eletrônicos encontram-se disponibilizados no referido blog, podendo ser gratuitamente acessados, gravados, impressos e transferidos a tablets. 

Mil Artigos 

No total, esses vinte e cinco títulos da coleção abrangem aproximadamente 1.000 (mil) artigos de análise e avaliação de filmes.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/.


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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O MORRO DA ONÇA

Uberaba tem, como em toda cidade, seus caprichos e mistérios. As verdades locais vão perdendo o viço com o passar dos dias... pois bem, quem não conhece o bucólico Morro da Onça? Por que leva esse nome? É lá, na subida da Rua Senador Pena, em direção à Igreja Santa Terezinha.... mas como surgiu essa denominação? Lembro que quando criança, ao deslocar-me ardendo em febre, nos braços de minha mãe, para enfrentar a longa fila dos desvalidos disputando ficha para atendimento médico no INPS, passava no sopé do Morro. Creio que a febre aumentava, tamanho o pavor da tal onça... mas qual o quê. Muitas febres, inúmeras filas, medo e pavor e nada, nadinha de nada dessa onça mostrar as fuças.

Rua: Senador Pena - Popularmente conhecido como "O Morro da Onça". Foto: Antonio Carlos Prata.
E com onça ou sem onça o tempo levou minha infância me fez homem. E foi aí que resolvi passar essa história à limpo. O Morro, nos idos tempos era uma mataria só, poucas casas, uma capoeira de mato fechado, lugar ermo e isolado. Algumas quadras dali, o prefeito, médico Boulanger Pucci tinha lá suas excentricidades e uma delas era criar uma bicharada em casa. Belo dia, um descuido do tratador e a malvada fugiu da jaula e foi reinar no Capão do Morro. Percebendo a fuga, Dr Boulanger, a contra gosto, no insucesso da captura da bicha viva, sabendo do perigo iminente, autorizou a força policial a passar fogo na danada. A onça morreu, a história se perdeu, mas o MORRO DA ONÇA tá lá, firme e sereno, atiçando a curiosidade dos uberabenses.


Autor: Marco Túlio  Oliveira Reis


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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

JORNAL DE UBERABA, 33 ANOS A SERVIÇO DA INFORMAÇÃO

No meu artigo de hoje, escrevo sobre minha passagem com muita honra no Jornal de Uberaba, desde sua fundação no dia 7 de setembro de 1986. O JORNAL DE UBERABA iniciou suas atividades no prédio onde funcionava o Colégio Cristo Rei, depois mudou-se para o Palácio Episcopal, e em 1995, para sua sede própria, na avenida Leopoldino de Oliveira. Com muito orgulho, sou um dos fundadores do JU, onde trabalhei por muitos anos como repórter, repórter fotográfico e subeditor, cobrimos muitos acontecimentos nacionais, sempre com o aval de Fabiano Fideles, como sua grande e experiente visão jornalística, aprovava sempre nossas coberturas nos principais acontecimentos no país, principalmente as decisões de campeonatos esportivos em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de janeiro, além da seleção brasileira.

Paulo Nogueira - Jornalista - Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.
Fui um dos primeiros jornalistas a ser convidado a integrar a equipe do jornal. Trabalhava com o Fabiano Fideles no Jornal de Brasília, como correspondente em Uberaba e na região, quando o Fabiano teve a ideia de montar um jornal diário em Uberaba. Fomos a luta e conseguimos o prédio onde funcionou o Colégio Cristo Rei. Ali ficamos por alguns anos, depois passamos para o Palácio Episcopal, onde após trabalhar algum tempo, fui para o Jornal O Triângulo, em Uberlândia, adquirido pelo Fabiano, onde trabalhei na redação como subeditor.

Posteriormente, retornei a Uberaba, para a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, a convite do professor Valdemar Hial, diretor na época, para ser o assessor de Comunicação da Instituição.

No esporte por exemplo há várias passagens inéditas que acontecerem comigo. Precisando vencer o Brasil em pleno Maracanã para se classificar para a Copa do Mundo da Itália de 1990, o Chile protagonizou uma das maiores farsas da história do futebol. Com sua equipe perdendo de 1 a 0 e dando adeus ao sonho de disputar o Mundial, o goleiro Roberto Rojas se aproveitou do fato de um foguete sinalizador ter sido atirado no gramado próximo a ele, tirou da luva uma gilete, e se cortou, simulando ter sido atingido pelo artefato.

Durante o tumulto, os jogadores do Chile que estavam no banco, tentaram me tirar o equipamento fotográfico, quando notaram que havia sido o único jornalista a ter clicado o lance polêmico. Retirei o filme da máquina e coloquei dentro da meia, para minha garantia, eles queriam o filme de toda maneira. A CBF solicitou as fotos e as mesmas foram colocadas no processo contra o Chile.

Outro fato, foi uma entrevista exclusiva que fizemos com o então deputado Ullisses Guimarães, que fez na época revelações bombásticas sobre a política nacional. Registramos com exclusividade a visita do então presidente Fernando Collor ao médium Chico Xavier, também as fotos foram cedidas a todas as agências noticiosas do mundo. Foram muitas as matérias exclusivas e importantes que cobrimos, que em sua maioria eram cedidas para várias agências noticiosas. 

No dia 15 de agosto de 2016, após alguns dias internado, falece Fabiano Fideles, uma perda irreparável. Sua esposa Nancy, passa ser a diretora do jornal, até abril de 2017. Nesta data, o advogado uberabense Lawrence Borges, adquire o jornal, que com muito equilíbrio, continua fazendo do JU um órgão de imprensa sério, com um só compromisso, o de bem informar, com transparência e a credibilidade. Parabéns ao Lawrence e toda sua equipe, fazendo com que o leitor esteja diariamente sempre por dentro dos principais acontecimentos da cidade, da região, do País, e, do mundo. Meu abraço ao experiente e competente editor do JU, jornalista Júlio César de Oliveira, sua equipe, e a todos os funcionários deste prestigioso órgão de imprensa que engrandece a nossa cidade. 


Paulo Nogueira - Jornalista - Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.

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MORRE O JORNALISTA E ESCRITOR SAULO GOMES

Com muito pesar e dor do coração que divulgo esta notícia. Meu amigo e meu eterno professor no jornalismo, Saulo Gomes, que me ensinou os primeiros passos na TV, morreu na madrugada desta quarta-feira (23), em Ribeirão Preto (SP).. Ele tinha 91 anos e foi vítima de um infarto. O velório está previsto para começar às 13h na Sala Diamante do Memorial Campos Elíseos. O enterro será às 10h desta quinta-feira (24). Nascido no Rio de Janeiro (RJ), Saulo ingressou no jornalismo em janeiro de 1956, quando foi o primeiro colocado entre 200 jovens que disputavam uma vaga de repórter na Rádio Continental. O nome de Gomes também consta entre os pioneiros da televisão brasileira. Entre os pontos altos da carreira dele estão entrevistas com o médium Chico Xavier: em 1968, em Uberaba (MG), e em 1971, no programa Pinga Fogo, na TV Tupi.

Saulo Gomes e Paulo Nogueira.

Saulo e Paulo Nogueira.

Aliás, consta na biografia que ele protagonizou um momento triste e histórico da televisão no país, quando, às 16h21 de 2 de maio de 1980, anunciou ao vivo que TV Tupi deixava de gerar suas imagens.

(Jornalista Paulo Nogueira)

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terça-feira, 22 de outubro de 2019

AS PRENSAS FRANCESAS DO DOUTOR EDGARD

Em maio de 1956, Uberaba celebrou seu primeiro centenário em grande estilo. Por meses, uma comissão nomeada pela Câmara Municipal encarregou-se de organizar as festas, bailes e eventos que – aproveitando o período da Expozebu – estenderam-se por todo o mês. Mas, por pouco, a celebração não deu errado: no dia 2, uma tempestade quase impediu a chegada dos aviões com convidados e acabou forçando o adiamento do desfile cívico na Praça Rui Barbosa, o ponto alto das comemorações. O Douglas DC-3 da FAB que trouxe o presidente Juscelino Kubitscheck só conseguiu pousar à noite, debaixo de forte chuva, na pista de terra do aeroporto.

Dr. Edgard (de camisa clara e gravata) supervisiona o início das obras da Produtos Ceres em Outubro de 1953.
Em meio à festa, um evento passou quase despercebido. Na manhã do dia 3, Juscelino e o governador mineiro Bias Fortes aproveitaram para conhecer uma planta industrial que estava prestes a ser inaugurada. Nos cafundós do alto da Boa Vista, ao lado da linha férrea da Companhia Mogiana, engenheiros e operários completavam os testes na fábrica da Produtos Ceres SA. Na placa da obra, uma ideia da ambição de seu criador: ali seriam produzidos óleos vegetais de algodão, arroz, amendoim, babaçu e soja. Lance ousado para uma cidade interiorana onde a população cozinhava em fogões de lenha com banha de porco e manteiga de leite. E cuja economia dependia da agricultura familiar e dos humores do mercado de gado Zebu.

Detalhe da placa:

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Obras da fábrica de óleos vegetais

PRODUTOS CERES SA

Indústria e Comércio

            
  Algodão                                                                                                                       
                             Arroz 
                                      Amendoim
                                                         Babaçu
                                                                      Soja

Por trás dessa ousadia estava Edgard Rodrigues da Cunha. Aos 45 anos de idade, esse uberabense conhecia a realidade local mas, desde cedo, sonhava alto. Nascido na Fazenda da Cruz, no então Distrito de Uberabinha (atual Uberlândia), Edgard fora estudar Direito no Rio de Janeiro. Em 1937, voltou e deu início a uma bem sucedida carreira de advogado. Seu pai, Gustavo, havia sido um dos responsáveis por trazer a Uberaba o primeiro caminhão. No negócio dos transportes conheceu o empreiteiro Santos Guido e acabou tornando-se gerente da sua serraria.

Dr, Edgard Rodrigues da Cunha mostra ao presidente Juscelino a nova planta industrial da Produtos Ceres SA, 03/05/1956
Foto do acervo do Arquivo Nacional.
Por anos, Gustavo alimentou o sonho de montar uma fábrica de rações animais e produtos derivados de milho e mandioca. Em 1941, ele e dois de seus filhos homens, Edgard e Aparício, criaram a Produtos Ceres Ltda. Poucos anos depois, o pai decidiu passar suas cotas na companhia para os filhos, mas continuou na ativa, assumindo a chefia da produção. O engenheiro Aparício permaneceu na sociedade, mas mudou-se para ir trabalhar na construção da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. E coube ao advogado Edgard assumir o leme da empresa.

Planta industrial da Produtos Ceres nos anos 1960, no Alto da Boa Vista. Hoje, só resta preservado um pedaço da chaminé.

No final dos anos 1940, a Produtos Ceres já era uma indústria de destaque em Uberaba. Havia comprado um grande terreno nos limites da cidade, onde erguera um moderno galpão projetado pelo engenheiro italiano Ernesto Gullo. Com máquinas importadas dos Estados Unidos, fabricava derivados de milho para uso culinário e uma linha de rações balanceadas para bovinos, suínos e aves. Entre as modernidades da fábrica, ela dispunha de vestiário com chuveiros para os operários, coisa rara nessa época. Mas Edgard não estava satisfeito. Alinhado com o espírito desenvolvimentista da época, ele queria montar uma grande indústria que alavancasse o potencial agrícola da região e oferecesse empregos de qualidade à população uberabense.
Equipamentos franceses da Produtos Ceres SA. Foto: Prieto.
Desde meados do século XIX – quando fora inaugurada a fábrica de tecidos do Cassu – tentava-se incrementar a produção de algodão no Triângulo Mineiro. O uso têxtil do algodão gerava como subproduto grande quantidade de caroços que, por muito tempo, eram descartados. Foram os norte-americanos que primeiro desenvolveram um processo para extrair dessas sementes um óleo que, purificado e desodorizado, servia como alternativa alimentar à gordura animal. No início do século XX, outros grãos como o amendoim e a (então pouco conhecida) soja, também começaram a ser usados com essa finalidade. Todos esses processos industriais dependiam de maquinário caro e sofisticado. Por isso, apenas grandes empresas (em geral multinacionais) se arriscavam nesse setor. Mas Dr. Edgard não se intimidou e começou a mexer os pauzinhos.

Equipamentos franceses da Produtos Ceres SA. Foto: Prieto.
O primeiro dever de casa foi pesquisar. No início de 1952, entrou em contato com industriais norte-americanos e europeus, buscando a melhor alternativa técnica e os custos mais atraentes. Em algumas das correspondências trocadas nessa época, Edgard questiona os fabricantes sobre novos métodos de extração de óleo que, recentemente descobertos, sequer estavam disponíveis para venda. Um nível de interesse e de conhecimento técnico surpreendente para alguém que não tinha formação na área, especialmente numa época em que o acesso a informação atualizada era muito mais difícil do que hoje.

Vista externa da fábrica da Produtos Ceres. Foto: Prieto
Foram meses de perguntas, projetos, propostas e acertos comerciais. Edgard acabou fechando o negócio com ajuda da Sobemec, do Rio de Janeiro – um escritório de representação de grandes empresas francesas. Da França viriam as prensas, os equipamentos de purificação e a sofisticada tecnologia para a extração dos óleos com uso de solventes. Para levantar o capital necessário, Edgard transformou a Ceres em Sociedade Anônima e convidou para assumir a presidência o Sr. João Severiano Rodrigues da Cunha (conhecido como “Coronel Joanico”), empresário respeitado, que já havia sido prefeito de Uberlândia por três mandatos.

Anúncio da Produtos Ceres no jornal Lavoura e Comércio

O fornecimento de energia elétrica – ainda precário nessa época – e da matéria prima para a usina seria um segundo desafio. Foi preciso montar um grupo gerador próprio e, por muitos anos, a Produtos Ceres (em parceria com o Banco do Brasil) estimulou o plantio de milho, algodão e amendoim em Uberaba e nos municípios vizinhos. A empresa garantia aos agricultores a compra de toda a safra colhida, pagando o preço praticado na Capital Paulista, abatido o custo do frete. Mas boa parte dos grãos teria de vir do noroeste do estado de São Paulo, onde as culturas já estavam mais consolidadas. Toda semana, toneladas de carga chegavam em vagões da Cia. Mogiana carregados de caroços de algodão vindos da outra margem do Rio Grande.                                      
                                                       
Cartão com a linha de óleos vegetais da Produtos Ceres.

Ao mesmo tempo, era preciso levantar os recursos para a obra. Edgard, que fora diretor da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, buscou investidores entre os pecuaristas da região. Oferecia aos futuros acionistas da Ceres a garantia do fornecimento de “tortas” para alimentação bovina nos meses de seca – um subproduto altamente nutritivo da extração do óleo de algodão. Além disso, suas boas relações com JK, desde o tempo em este que ocupava o governo de Minas, facilitaram a liberação das linhas de crédito e das divisas em moeda estrangeira para a importação do maquinário.

Em outubro de 1955, cinco carretas trouxeram do Porto de Santos as novas máquinas. Com elas, vieram técnicos e um engenheiro francês, encarregados da montagem e de treinar o pessoal. No terreno da fábrica, que fora ampliado por novas aquisições, silos, galpões e prédios administrativos já haviam sido erguidos sob medida, projetados em estilo moderno pelo arquiteto Germano Gultzgoff. No final do ano seguinte, poucos meses após a visita de Juscelino, os mercados do interior do Brasil começavam a receber as latas do óleo de algodão Banquete e do óleo de amendoim Bem Bom. As Indústrias Matarazzo e as multinacionais Swift e Anderson Clayton tinham na pequena Uberaba um novo concorrente.


(André Borges Lopes / Uma primeira versão desse texto foi publicada originalmente na coluna Binóculo Reverso do Jornal de Uberaba.



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