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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Largo da Matriz e Jardim Público (atual Praça Rui Barbosa) da cidade de Uberaba, por volta de 1890.

Dos imóveis retratados, o sobradão do canto direito da foto é o único que permanece preservado. Conhecido como "Casarão Tobias Rosa", esse sobrado sediou as oficinas do jornal Gazeta de Uberaba e, anos mais tarde, as reuniões da Sociedade do Herd Book Zebu, embrião da atual ABCZ.

 Largo da Matriz e Jardim Público (atual Praça Rui Barbosa) da cidade de Uberaba, por volta de 1890. Acervo do Arquivo Público Mineiro. Restauração: André Borges Lopes.

É o mais antigo logradouro público de Uberaba, pois, foi na sua parte inferior que se começou a edificação do primeiro prédio que Uberaba teve. Dele partem as seguintes ruas, a saber, canto inferior direito, a Coronel Manuel Borges; centro, a Artur Machado. Esquerda, a Vigário Silva, lado sul, ao meio, a rua de Santo Antônio. Canto superior direito, a rua Olegário Maciel e superior esquerdo, a rua Tristão de Castro; lado norte, no meio, a rua São Sebastião. É inteiramente calçada a paralelepípedos e com luxuoso jardim à frente da Catedral do Bispado. Nos alinhamentos em diferentes lugares ficam o Paço Municipal, hoje Prefeitura, o Teatro São Luís e custosos prédios particulares. Primitivamente chamava-se ‘Largo’, mais tarde ‘Largo da Matriz Nova’, ‘Largo da Matriz’, praça ‘Afonso Pena’ (1894-1916) e finalmente praça Rui Barbosa." (PONTES, 1970, p.287).


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Cidade de Uberaba

sábado, 14 de setembro de 2019

CORNO BIOLÓGICO

Oi, turma !


(Cuidado com a casca de banana jogada na calçada. Alguém pode escorregar...)



Mário Prata, tem descendência uberabense. Filho do médico saudoso, Alberto Prata, sobrinho paterno do Padre Prata e do lado materno, de Maurilio Cunha Campos de Morais e Castro. Talento de todos os lados. Escreveu livros, novelas, contos e artigos. Dizia ter nascido em Lins (Lugar Incerto e Não Sabido), com convicção. Os filhos, Antônio e Maria, puxaram o pai; “cuspido e escarrado”, afirmava. Revendo meus “guardados” nos últimos 30 anos, deparei-me com uma crônica sua em que ele traduz, com a sua verve costumeira, a classificação em que define o “corno-biológico”. Ao final da crônica, é taxativo:- “quem não entender a lista, pode se considerar corno-burro. “ E arremata” você não deve se preocupar; esse negócio de corno é uma coisa que puseram ( ou colocaram ?) na sua cabeça”... Acompanhe a classificação:

*Corno – manso:- o que vê a mulher com outro e só balança a cabeça.

*Corno-banana- a mulher vai embora e lhe deixa uma penca de filhos.

*Corno-Xuxa- aquele que não larga a mulher por causa dos “baixinhos”.

*Corno-azulejo – baixo, quadrado e liso.

*Corno-galo – aquele que tem chifre até nos pés.

*Corno-prevenido- o que liga para a esposa antes de ir para casa.

*Corno-atleta- ele sai prá jogar futebol, aí o Ricardão chega para encher a bola.

*Corno-inflação- a cada dia que passa, mais o chifre aumenta.

*Corno-político- aquele que promete:”-vou matar esse cara “! Nunca cumpre !

*Corno-cético- quando vê a sua mulher com outro, não acredita.

Corno elétrico- quando lhe conta que sua mulher está com outro, responde:” tô ligadão”!

*Corno-salário- baixinho e só comparece uma vez por mês.

*Corno-cebola- quando vê a mulher com outro, começa a chorar.

*Corno 7 de setembro- aquele que a mulher só dá bandeira.

*Corno-geladeira- aquele que leva chifre e não se esquenta.

*Corno- yoyô- aquele vai embora de casa e sempre volta.

*Corno- justiceiro- aquele que se vinga da mulher, dando...

*Corno-jibóia- aquele que dorme entre as pernas da mulher.

*Corno-porco- aquele que só come o resto.

*Corno-socialista- aquele que não se importa em dividir a mulher com os “cumpanheros”.

“Corno-Brahma- aquele que pensa que é o “ número um”.

*Corno-Antártica- aquele que sabe que a mulher “ é paixão nacional”.

*Corno-granja- o que dá casa ,comida,dinheiro,roupa lavada e passada e os outros, comem.

*Corno 120- aquele que vê a mulher fazendo aquele número; vai no boteco e bebe uma “51”.

*Corno-toureiro- aquele que prefere segurar a vaca.

*Corno-desinformado- só ele é que não sabe...

*Corno-português- quando lhe perguntam sobre a “performance” da mulher, responde:”-Uns dizem que sim, outros dizem que não”...

Finalizo: Espero que não receba nova lista. Alguns “setores ”de Uberaba, é o que mais tem...
Desculpem o tamanho do texto. Foi ou não merecido? Abraços do “ Marquez do Cassú”.



Cidade de Uberaba


O SUSTO DO TOTINHA...

Oi, turma !


(Amigo é aquele que fica quando todo mundo se afasta...)


Núncio Cicci, pertenceu a uma tradicional família uberabense, onde irmãos e irmãs, ajudaram a construir a grandeza de Uberaba. Dono de um dos mais famosos e saudosos bares- restaurantes da terrinha, “seo”Núncio e o genro, Joaquim de Oliveira Maia, “Quinzinho”, o “Tip-Top”, fez e deixou história.

Políticos, empresários, casais, gente do povo, faziam “ponto” naquela casa, instalada no térreo do prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba. Obrigatoriamente, gente da cidade, visitantes, não deixavam de ‘”aperitivar” naquele bar.

No trecho da Leopoldino de Oliveira, entre Artur Machado e Segismundo Mendes, os tipos populares se faziam presentes. “Foguinho”, não saia do ‘Guarani’, “Coisão”, no “Marabá”, “Zé Gigante” , no “Buraco da Onça” e o ‘Escurinho”, no “Tip-Top”. Mas, a lembrança da” velha guarda dos cervejeiros”, se volta para a singela figura do “Totinha”. Nascido José Antônio Costa, ninguém nunca soube a origem do apelido. 

Ligado aos meios de comunicação, seus amigos eram radialistas e jornalistas. Inclusive eu. Pequenino, mas, de “ tambor grande”. Era “bom de copo”. O que lhe oferecessem, ele “traçava”: cerveja, uísque, cachaça, vinho, rabo de galo, conhaque, vodca, ele não tinha preconceito de paladar...Mandava ver...

Certa noite, devidamente “calibrado”, bebia seus destilados no ‘Tip-Top”. Cansado, depois de um fim de tarde/noite movimentado, “Quinzinho”, fechou o bar e foi prá casa usufruir do merecido descanso. Não poderia jamais supor que o telefone iria tocar , às duas da madrugada ! Sonolento, atende. Do outro lado da linha, voz trêmula, alguém pergunta:

-“Quinzinho, aqui é o Totinha. A que horas ocê vai abrir o bar amanhã?” Puto, “Quinzinho”, despeja uma saraivada de palavrões e desliga. Cinco da manhã, novamente o tilintar do telefone: - “Quinzinho, ocê me desculpe, mas que hora mesmo vai abrir o bar ?” Nervoso, “Quinzinho” xinga a família do Totinha até a quinta geração e o clássico “ vai a p.q.p.” !

Sete da manhã, “Quinzinho”, banho tomado, barba feita, roupa trocada, prepara para o café. Eis que o telefone toca novamente. “Quinzinho”, perde a paciência:- “Outra vez, Totinha! Para de me amolar! “Cê bebe a noite inteira e vem me encher o saco “? Totinha, voz rouca, docemente, responde:- “ Não, Quinzinho, não é bebedeira não. É que eu dormi debaixo da mesa do bar; quando acordei, o bar já estava fechado.Tô preso aqui até agora. A` hora que ocê abrir, eu vou embora prá casa”...

Mais que depressa, o nosso simpático “Quinzinho”, correu ao “Tip-Top” e “soltou” o Totinha. Agora, o final triste da breve vida do meu personagem. Internado numa casa de recuperação de alcoólatras, em Baurú (SP), numa triste madrugada, tentou fugir. Ao pular a janela do quarto onde dormia, caiu no apiário, ao lado da janela. A cena, inimaginável ! Picado pelo enxame de abelhas, teve morte horrível . Dócil, comunicativo, pau para toda obra, educado e amigo, até hoje, é lembrado pelos seus verdadeiros amigos.

Volto , amanhã, com mais historinhas da sagrada Uberaba. Abraços do “ Marquez do Cassú”.


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Prata (cestinha do Tijuca) aponta os males do basquete.

Contagens elevadas afastam os torcedores

- Só sairia do Tijuca, caso fosse convidado, para ingressar num clube que excursionasse bastante e desse mais apoio ao basquete,- A revelação é de Prata, pivô da equipe principal do Tijuca. Calmo, como todo mineiro - é de Uberaba – ele vai desfolhando o livro:

- Gosto imensamente do basquete é só o pratico para conseguir novas amizades e viajar, pois sou doido para excursionar. Infelizmente, o Tijuca nunca saiu do Rio...
- É verdade que o Tijuca não dá apoio ao basquete, Prata?

- Até certo ponto, sim. Infelizmente, no meu clube, os diretores não se preocupam com o esporte de cesta e só aceitam e só aceitam o cargo para ajudá-lo. 

O Tijuca sente, na realidade, grande dificuldade em conseguir quem queira trabalhar. 

José Roberto Borges Prata, eis seu nome completo, nasceu num dia de trovoada, (21-11-39) sendo o terceiro de uma família relativamente pequena e que não é do esporte. Veio para Rio (60) a fim de estudar advocacia, conseguindo seu intento, pois formou-se no ano passado. Disse nos que pretende fazer uso da profissão – seu grande ideal – aguardando, apenas uma oportunidade.

Nós:

- Cite seu clube de coração?

-Sou vascaíno doente e seria o clube em que jogaria, na hipótese de deixar o Tijuca. Todavia, nunca fui convidado e, sinceramente, até agora não me interessei por “cantadas”.

Prata, em seguida, contou-nos como ingressou no Tijuca:

- Quando vim para o Rio fui morar com um tio em frente ao clube.

Como gosto imensamente do basquete, uma certa tarde fui ao ginásio e me apresentei ao técnico da época, Odínio. Dei uns treinos, fui incluído na equipe, principalmente, como reserva, e depois peguei o time de cima, na equipe, primeiramente, como reserva, e depois peguei o time de cima. 

- Dê sua opinião sobre Helinho.

- Meu ex-técnico, para mim, é um grande preparador. No Banco, porém, há superiores, como Kanela e Zé Carlos ex-treinador do Vasco, que vibravam mais e incentivam os jogadores. 

- Aponte o melhor jogador da Guanabara?

- Indubitavelmente, na atualidade é Sérgio, que dentro de algum tempo será um dos melhores jogadores do Brasil. O jogador do Botafogo possui todas as qualidades que se exige para um craque. 

- Qual a sua altura, Prata?

- Tenho 1m91 e estou muitíssimo satisfeito, pois sempre me ajudou. Aliás, altura só auxilia quando um time está bem treinado, tecnicamente.

Prata - (Foto - Acervo da família). Data - 24 de julho de 1965.


Prata e Aloísio Garcia Borges. (Foto - Acervo da família). Data - 01/07/55.

Prata pede-nos tempo para um esclarecimento:

- Não sou tão ceguinho assim como “alguns” dizem. Na realidade uso lentes de contato para jogar, mas nunca me atrapalharam. Elas são grandes e não há perigo de caírem. E note-se: sempre fui cestinha no quadro tijucano.

- É verdade que você esta contrariado de ser pivô?

Sorriu: 

- De fato, gostaria muito de jogar atrás. Infelizmente, meus técnicos me acostumaram tanto na posição que hoje não sei jogar em outro ponto da quadra.

- Revele o mal do basquete?

- A falta de promoção e de maior número de jogos. Jogador, no Rio fica restrito as atividades pequenas, pequenas, somente dos campeonatos. Além do mais. O certamente principal reúne equipes sem nenhuma capacidade. O ideal seria uma seleção rigorosa, para que as competições tivessem só a nata dos clubes propiciando belos espetáculos e não o que se vê hoje em dia. Os nossos dirigentes deveriam seguir o exemplo de São Paulo, onde as competições são em larga escala e o gabarito técnico é bem melhor.

Prata - (Foto - Acervo da família). Data - 24 de julho de 1965.


Seleção Carioca. Da esquerda para direita: (01) Márvio;...;....;....;....;....;....; (07) Marquinhos Abddala;...;...;...;(04) Ilha. (Foto - Acervo da família) Década:1960


Seleção Americana x Seleção Carioca. (Foto - Acervo da família)
 Década:1960


- Basquetebol é violento, Prata?
  
- Acredito que sim, tanto que num treino, casualmente meu companheiro Zézinho, numa disputa de bola, caiu em cima de minha perna esquerda e provocou rutura dos ligamentos. Em sequência, fiquei no “estaleiro” vários dias. E com é duro assistir do banco de reservas. 

- Você é violento?

- Dê maneira alguma. Creio, até, que sou um dos jogadores mais delicados já produzidos pelo esporte da cesta do Brasil. Vista só a bola. 

José Roberto Borges Prata - (Foto - Acervo da família). Data - 24 de julho de 1965.

Prata nos revelou que possui apenas o título de vice-campeão carioca (60) e alguns outros, porém como reserva, em sua cidade natal, quando jogou pelo Jóquei Clube de Uberaba, onde aliás iniciou sua carreira (55).

Prata termina falando de amor. E meio triste: 

- Nunca tive sorte com namorada e não sei mesmo a razão, pois não sou tão feio assim. Não acham? Tive uma decepção com uma linda garota de minha terrinha e agora não quero nem pensar em namorar. Se “Cupido” me acertar, garanto que terá que esperar muito, pois casamento só daqui há séculos. 

Fonte: REVISTA DO ESPORTE – Ano – VI – N 333 – 24 de julho de 1965 – Diretor: Anselmo Domingos – Redação: Adilson Povil , Waldemir Paiva, Nóli Coutinho, Tarlis Batista, Ademar de Almeida e Otto Correia * DEPARTAMENTO FOTOGRÁFICO – Jurandir Costa, Odete Moraes * DEPARTAMENTO ARTÍSTICO: Jorge Brandão.


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Rua Dr. José de Souza Prata


Conheça o Patrono da Sua Rua
                                                           
                           Rua Dr. José de Souza PrataNome: José de Souza Prata ★1897 †1962                            


Bairro: São Benedito CEP.: 38.045-190




Naturalidade: Ouro Preto – MG


Filiação: Carlos Simões Prata e Maria Antonieta de Souza Prata


Casado com: Nadir Cruvinel Borges Prata (3 filhos)


Profissão: Advogado


Participação da Comunidade: Formado pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, exerceu os cargos de Promotor de Justiça, Delegado e Juiz Municipal da Comarca de Sacramento e Uberaba. Deixando a magistratura, abriu escritório de advocacia em Uberaba, distinguindo-se logo como profissional de altas qualidades e impondo-se imediatamente ao apreço de seus colegas e clientes pela sua consciência jurídica esclarecida, sólida cultura e elevada idoneidade moral. Foi professor da Escola Normal Oficial e pertencia ao corpo docente da Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro e Faculdade de Direito de Franca – SP, sendo um dos professores fundadores, prestando a estes estabelecimentos de ensino superior até o fim de sua existência os mais apreciáveis serviços. Exerceu também cargos eletivos na vida várias instituições uberabenses, inclusive na Presidência da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, hoje ABCZ, sendo um dos fundadores. Durante a sua administração foi erguido o edifício na Rua Manoel Borges que lhe serviu de sede por longos anos. Varias vezes diretor do Jockey Club de Uberaba; Provedor da Santa Casa de Misericórdia: Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Uberaba. Militou na imprensa local durante muitos anos, como comentarista sagaz e cronista, sendo um de seus colaboradores efetivos, contribuindo para maior projeção dos nossos jornais e elevação de seu conceito cultural.


A preocupação de servir foi a tônica de sua personalidade e dinamizou diversos setores na vida de Uberaba.

”A memória é que constrói a História”

(Jacques Le Goff)

Criação e Coordenação de Dorival Luiz Cicci.

Fonte: Documentos e Certidões em poder da família e publicações no Jornal Lavoura e Comércio. Publicado em 15 de outubro de 1999.

Pesquisa: Familiares e amigos.

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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Diálogos entre o deputado uberabense Fidélis Reis e o físico Albert Einstein através de cartas

Em 14 de março de 1930, o jornal uberabense Lavoura e Comércio anunciava o aniversário do célebre físico alemão Albert Einstein. Naquela ocasião, o jornal reproduziu a íntegra de uma carta do então deputado Federal Fidélis Reis enviada a Einstein anos antes. Em seguida, traz a carta de resposta do físico alemão ao deputado de Uberaba.

O aniversário de Albert Einstein. 

O deputado Fidélis Reis foi autor da “Lei Fidélis Reis” de 1927, que dava diretrizes ao Ensino Profissional no Brasil. Por meio desta lei foi edificado em Uberaba o Liceu de Artes e Ofícios, atual sede do Centro de Cultura José Maria Barra e entorno da Escola Profissional Fidélis Reis do Senai e a Fiemg.

História, ética e nacionalidade: a trajetória política do deputado federal Fidélis Reis na Primeira República.

É farta a produção historiográfica sobre a educação profissional, bem como estudos sobre pressupostos de nacionalidade que rodas de intelectuais e projetos políticos debatiam quanto à entrada de estrangeiros em solos brasileiros. Tais matizes abordam de forma secundária a trajetória política do deputado federal por Minas Gerais Fidélis Reis. Este artigo nasceu da percepção da importância que estes debates em evidência no cenário político e intelectual brasileiro nos finais da Primeira República, não foram profundamente estudados e carece de estudos futuros centrados na biografia do deputado Fidélis Reis, agente político preponderante no cerne destes assuntos em tal período.

Fidélis Reis - Foto: Superintendência Arquivo Publico de Uberaba.

Fidélis Reis nasceu em Uberaba/MG em 4 de janeiro de 1880 e faleceu e 29 de março de 1962 na mesma cidade aos 82 anos de idade. Formou-se em Agronomia, tendo se graduado na primeira e única turma do Instituto Zootécnico de Uberaba, em 1901. Prestou serviços à Diretoria-Geral de Povoamento, ligada ao Governo Federal em 1907, investigando secretamente na Argentina o serviço de colonização e imigração do governo argentino. A partir de então, sua experiência na Argentina por seis meses o despertou profundamente para o assunto da imigração que mais tarde como deputado federal iria defender. (SOARES, s/d. p. 103). Em seguida foi inspetor do Serviço de Povoamento Federal no Estado do Espírito Santo de 1907 a 1909. Em Belo Horizonte foi inspetor agrícola federal do 7° e 18° distritos nos anos de 1910 da Secretaria de Agricultura, Indústria, Terras, Viação e Obras Públicas. Na capital mineira foi eleito presidente da Sociedade Mineira de Agricultura e foi um dos fundadores da Escola de Engenharia de Belo Horizonte, nesta entidade lecionou ao longo de cinco anos e ganhou o título de professor honorário em 1961. (REIS, 1962 p. 123). 

Em 1912, Fidélis Reis foi a Europa para fazer novos estudos. Na França fez o curso de Ciências Físicas e Naturais na Sorbonne, seguindo posteriormente para Suíça e Itália. Na Itália esteve em Roma e prestou serviços ao governo brasileiro estudando planos para emigração de italianos ao Brasil. 

Dedicou-se à vida pública como Deputado Estadual e Federal entre os anos de 1919 e 1930. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro – SRTM, atual ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu, entidade que congregou particularmente os pecuaristas uberabenses que se dedicavam à criação de gado indiano, conhecido como Zebu. Foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberaba – ACIU, quando foi construída a sede da entidade, a Casa do Comércio e da Indústria. Participou da fundação e presidiu o Banco do Triângulo Mineiro. Também participou como co-responsável pela construção do Palácio do Departamento Regional dos Correios e Telégrafos de Uberaba. Reis escreveu os seguintes livros: País a Organizar; Política Econômica; Política da Gleba; Ensino Técnico Profissional; Homens e Problemas do Brasil e Problemas Imigratórios (REIS, 1962. p. 123). Manteve um intenso trabalho como articulista de vários jornais da época em que viveu.

Sua vida na política pública começou em 1919, sendo eleito para o cargo de Deputado Estadual do Estado de Minas Gerais e, no ano de 1921, para Deputado Federal por Minas Gerais, cargo para o qual foi reeleito até 1930 quando se deflagrou o processo da Revolução de 1930 e o seu mandato foi então extinto. Um de seus principais projetos na vida parlamentar foi a criação da lei que levou seu nome – Lei Fidélis Reis – instituindo o ensino profissionalizante de caráter obrigatório no país. Como parlamentar, esteve envolvido em projetos xenófobos e racistas na Câmara dos Deputados (FONTOURA, 2001 p. 145), contrários à imigração de japoneses e de negros afro-americanos vindos dos Estados Unidos para o Brasil. 

Segundo o historiador Manoel Jesus Araújo Soares, em 1926 vem à tona uma proposta estudada por Fernando Azevedo que previa que uma reforma educacional se fazia necessária à época no intuito de “prevenir as desordens sociais, formando nas classes dirigentes elites esclarecidas, competentes e responsáveis” (SOARES, 1995. p. 98). O propósito de tal proposta seria disciplinar uma “educação adequada as massas populares” como uma solução alternativa a uma possível ameaça que as população poderia oferecer as oligarquias dos anos de 1920. (SOARES, 1995. p. 98). Na contrapartida desta proposta, o deputado Fidélis Reis encaminhou em 1922 a Câmara Federal o projeto de lei que previa a obrigatoriedade do ensino profissional no Brasil, projeto que foi intensamente discutido entre os parlamentares e a imprensa da região do Triângulo Mineiro e nacional até sua aprovação em 1926. Na elaboração da proposta de lei, o deputado mineiro correspondeu com Albert Einstein e Henry Ford, homenageando o segundo num dos pavilhões do Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba.

Como dissemos acima, a Lei sancionada não cumprida. Sobre este aspecto o deputado fez o seguinte comentário em livros de memórias:

(...) desde a sansão da lei foi sincero o Presidente da República em declarar-me que não poderia executá-la de pronto, mesmo dentro do crédito votado, que era o primeiro a reconhecer insuficientemente para uma obra de proporções tamanhas. O Tesouro não suportaria nenhum ônus além das despesas estritamente orçamentárias. Além de que, a execução integral da lei reclamaria quantia não inferior a 400 mil contos, dizia o Presidente”. (REIS, Fidélis. 1962, p. 186).

Paralelamente, em 1926, a Lei da Consolidação das Escolas de Aprendizes Artífices, determinava o curso profissional de quatro anos para o primário e dois anos para o complementar. Foi prevista na consolidação a possibilidade de nove seções de ofícios:

- seções de trabalhos de madeira

- seções de trabalhos de metal

- seção de arte decorativa

- seção de artes gráficas

- seção de artes têxteis

- seção de trabalhos em couro

- seção de fábricas de calçados

- seção de fabrico de vestuário

- seção de atividades comerciais

Uma grandiosa obra fomentada pelo deputado Fidélis Reis, a construção dos edifícios que iriam compor o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, contou com a contribuição financeira de inúmeros moradores do Triângulo Mineiro para sua construção, bem como recursos do governo federal e estadual, sendo inaugurado em 1928. O propósito de então deputado era que o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba servisse de modelo experimental ao seu projeto de lei aprovado recentemente. Todavia, o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba nunca chegou a funcionar de fato, pois inúmeros obstáculos insurgiram após sua inauguração, faltava apoio e recursos para o início dos trabalhos, e assim nos anos iniciais em suas dependências instalaram-se a Escola Normal de Uberaba, entendida como prioritária pelo governo federal, posteriormente nas mesmas edificações, funcionou o 4º Batalhão de Caçadores Mineiros. Apenas em 1942 que os sonhos do deputado Fidélis Reis esboçaram a possibilidade de se concretizarem, exatamente quando se criou o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, entretanto, apenas no ano de 1948 o SENAI ocupou as dependências do idealizado Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba com a presença na inauguração da Escola de Aprendizagem Fidélis Reis do então presidente da República, marechal Eurico Gaspar Dutra.

Um outro aspecto que Fidélis Reis discute quanto às propostas para ensino técnico-profissional no Brasil foi quanto à criação da Universidade do Trabalho. Este assunto foi pautado em intensas discussões em quase toda História da Educação no Brasil durante o século XX. De 1922 até o final do século dez iniciativas dessa natureza (PRONKO, 1997 p. 37). Contudo, o debate quanto ao assunto ganha bastante fôlego nos anos de 1940 a 1950. 

A primeira proposta sobre a Universidade do Trabalho nasce nos anos de 1920, em meio a um contexto conveniente em que pudesse contribuir para “obtenção da harmonia social, propiciar a racionalização do processo produtivo e formar mão-de-obra necessária ao crescimento industrial” (PRONKO, 1997 p. 39). Nesse sentido se questionavam o modelo de educação superior praticado no Brasil e o modelo voltado para a formação técnico-profissional. Contudo, poderíamos dizer que este assunto vai assumir a força necessária nos anos de 1930 a 1940, pois os objetos “educação e trabalho” recebem amplo apoio como política de Estado.

Dos projetos de criação de instituições desse modelo no Brasil, de 1930 a 1955, duas correntes tiveram bastante relevância no contexto, apesar da Universidade do Trabalho ter sido um projeto fracassado. A primeira proposta foi de autoria do belga Omer Buyse, de 1934, e a segunda de Humberto Grande, 20 anos depois. Omer Buyse tinha formação em engenharia na Bélgica e participou efetivamente na criação da Universidade do Trabalho de Charleroi (Bélgica) em 1902. Segundo Pronko, Fidélis Reis foi introdutor desta proposta no Brasil, e o próprio Fidélis Reis sugeriu ao governo contratar Buyse para realizar estudos sobre a possibilidade de instalação desta proposta no Brasil, com a finalidade de articular modalidades de ensino profissional. Mediante essa situação, surgiu a proposta de criação de três universidades do Trabalho no Brasil, que foi entregue ao governo brasileiro em 1934.

A proposta de Buyse em anteprojeto foi fundamentada num conjunto orgânico, cujo papel era centralizar nas instituições de ensino superior a relação com cursos das instituições de ensino técnico de nível médio. Foi previsto na estrutura acadêmica da criação destas instituições a formação em diversas áreas que abrangeria o campo do trabalho industrial e o apoio às atividades de extensão e à indústria. O projeto de Buyse foi enviado ao governo brasileiro em 1934; contudo não foi efetivado pelo então ministro da Educação Gustavo Capanema e assim, foi arquivado. Em outro momento, provavelmente nos anos de 1940, Fidélis Reis comentava sobre este assunto da seguinte maneira, 

O Brasil deve tomar a sério seu ensino, de modo geral, desde o primário-ginásio, de grau médio, universitário e técnico de grau superior. Seu futuro está intimamente ligado à eficiência desse ensino no qual já emprega enormes quantias. Impõe-se uma revisão na federalização das universidades estaduais para que sejam conservadas uma em cada Estado, dividindo à União os compromissos com eles, para que o ensino seja uma realidade e não simples ficção, distribuindo diplomas que nada significam. Há grandes necessidades de técnicos no Brasil, neles está profundamente interessada à indústria que, por iniciativa própria, nas organizações do SENAI, instrui com muito cuidado operários e mestres. Por que não conjugar esforços, de modo a levar mais alto essa colaboração como hoje se faz nos Estados Unidos e em outros países. (REIS Fidélis (In.) recortes Lavoura e Comércio Caderno do Liceu de Artes e Ofícios, sd. n/p.). 

É importante ponderar outras ações que o deputado Fidélis Reis tivera na Câmara dos Deputados, principalmente as que tolhiam a imigração de certos elementos considerados como “inferiores”. Entusiasta de ideais de branqueamento de raças em projetos xenófobos e racistas Fidélis Reis foi contrário à vinda de levas de imigrantes afro-americanos dos Estados Unidos para o Brasil, além de se colocar absolutamente contrário à imigração de japoneses para cá. Porém, era favorável a ações que estimulassem a imigração de europeus, a fim de justificar a tese de branqueamento dos brasileiros, baseado principalmente nas implicações racistas de Gobineau (FONTOURA, 2001 passim). 

Um bom exemplo da resistência que houve no Brasil contra a entrada de imigrantes entendidos como grupos de “indesejáveis” é o estudo feito por pelo historiador norte-americano Jeffrey Lesser (LESSER, 2001). No Brasil em 1891, foi proibida pelo governo a entrada de imigrantes nativos da África e da Ásia. Em 1907, foi criada uma legislação que revogou a entrada da imigração japonesa, havendo, entretanto forte resistência à entrada de árabes da África do Norte e de chineses. 

No ano de 1921, houve um vasto incentivo difundido na imprensa da época sobre a entrada de agricultores norte-americanos no Brasil, para isso foi prometido crédito de longo prazo, passagens e concessões de terras no Mato Grosso. Neste sentido foi criada a “Brasilian American Colonization Sindicate” – BACS, mas algo deu errado na negociação diplomática para vinda destes “esperados” imigrantes dos Estados Unidos da América, foi exatamente quando se descobriu que se tratava de negros norte-americanos, ou seja, mandar indesejados da América do Norte para a América do Sul que aqui também não seriam bem vindos, foi algo que criou um relativo mal estar entre as relações diplomáticas entre os dois países. A partir de então o Itamaraty negou vistos a todos os membros da Companhia, enviando mensagens confidencias a consulados dos Estados Unidos no Brasil, explanando qual era o tipo de imigrantes se pretendia introduzir no Brasil. Naquela época havia um tratado de imigração entre os dois países que foi questionado pelo governo norte-americano, haja vista que este tratado dava ao povo estadunidense o direito de se estabelecer livremente no Brasil, independente de raça, etnia ou religião. Questionado pelo governo dos EUA, sobre tal procedimento, o Itamaraty justificou que a política imigratória brasileira não poderia ser questionada sobre assuntos que envolveria a soberania nacional. Esse assunto também foi muito discutido por nossas autoridades políticas, entre estes podemos citar Fidelis Reis como um dos deputados que mais se dedicou ao assunto, sendo que este propôs em projeto no legislativo federal o impedimento da entrada dos negros norte-americanos. Em plenária em 1923 o deputado Fidélis Reis disse: 

Quando então pensamos na possibilidade próxima ou remota da imigração do preto americano para o Brasil é que chegamos a admitir a eventualidade da perturbação da paz no continente. ... O nosso preto africano, para aqui veio em condições muito diferentes, conosco pelejou os combates mais ásperos da formação da nacionalidade, trabalhou, sofreu e com sua dedicação ajudou-nos a criar o Brasil. ... O caso agora é iminentemente outro. E deve constituir para nós motivo de sérias apreensões, como um perigo iminente a pesar sobre nossos destinos. (disponível em: http://www.interney.net/blogs/lll/2008/07/16/os_defeitos_dos_negros_americanos_histor/. Acesso em 15 mar. 2008). 

Numa de suas falas na Câmara Federal o deputado discursa: “(...) Além das razões de ordem étnica, moral, política, social e talvez mesmo econômica, que nos levam a repelir in limine a entrada do povo preto e do amarelo”. Mais a frente faz referência à questão do branqueamento da seguinte maneira: “(...) que é o ponto de vista estético e a nossa concepção helênica da beleza jamais se harmonizaria com os tipos provindos de semelhante fusão racial.” (DIÁRIOS da Câmara). Num artigo do Jornal do Brasil, Fidélis Reis comenta sobre quanto considerava negativo o convívio de dois mil imigrantes japoneses à integração e desenvolvimento da comunidade de Conquista, no Triângulo Mineiro. 

Os japoneses vivem completamente separados dos brasileiros e dos demais estrangeiros que ali residem e não compra coisa alguma senão nas lojas e nas vendas de que são donos os seus patrícios. (...) A presença em conquista, portanto, de 2000 japoneses não chega a produzir um movimento comercial que produziram 100 imigrantes de qualquer outra nacionalidade. Há ainda um aspecto que não deixa de ser muito interessante e de grande valor para questão social: os japoneses, quer pelos seus nomes, muito difíceis para serem retidos pelos nossos homens, quer pela fisionomia, muitos parecidos uns como os outros, não podem ser distinguidos pelos brasileiros e pelos estrangeiros pertencentes as outras raças. Recentemente deu-se em Conquista um fato que vem em relevo os perigos resultantes desta falta de diferenciação: um japonês entrou em uma luta corporal com um caboclo e matou com uma facada. O assassinato foi testemunhado por várias pessoas que não lograram prender imediatamente o assassino ele misturado com os seus patrícios. Pois bem chegaram as autoridades policiais não pode o criminoso ser preso... Por não ser possível as testemunhas distinguir entre japoneses, qual o que tinha cometido o crime. E assim ficou impune o criminoso. (JORNAL DO BRASIL. s/d. s/p.). 

Avaliamos que estudos biográficos se tornam significativos em muitas linhas historiográficas da atualidade, esses aspectos evidenciam num plano mais amplo meios para encontrar argumentos que possam relacionar histórias de vida com a construção do cotidiano e do imaginário. Nesse sentido, é notável que muitos aspectos podem se revelar sobre o biografado. “O ser humano existe somente dentro de uma rede de relações” (BORGES, 2006 p. 222). Um estudo biográfico sobre Fidélis Reis profundo revelará avaliações sobre a história das idéias, “os condicionamentos sociais ao qual o mesmo estava submetido, grupo ou grupos em que atuava e todas as redes de relações pessoais que constituíam o seu dia-a-dia” (BORGES, 2006 p. 222). 

Bibliografia: 

BORGES, Vanvy Pacheco. Fontes biográficas: grandezas e misérias da biografia. IN: PINSKY, Carla Bassanezi. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2006. 

CUNHA, Luiz Antônio. Ensino Industrial manufatureiro no Brasil. São Paulo: Revista brasileira de educação, mai-ago, n°14. Associação Nacional de Pós-graduação e pesquisa em Educação. 

_____. O Ensino de Ofícios Artesanais e manufatureiros no Brasil Escravocrata. Ed. UNESP, São Paulo, 2000. 

FONTOURA, Sônia Maria. A invenção do inimigo: Racismo e Xenofobia em Uberaba 1890 a 1942. 2001. Dissertação. (Mestrado em História). Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho", Franca, 2001. 

PRONKO, Marcela Alejandra. (Dissertação de mestrado). A universidade que não aconteceu: uma análise das propostas de criação da Universidade do Trabalho no Brasil, nas décadas de 30 a 50. Niterói: UFF, 1997. p. 37. 

LESSER, Jeffrey. A Negociação da Identidade Nacional. São Paulo: Unesp, 2001. 

REIS, Fidélis. Homens e Problemas do Brasil: Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1962. 

_____. A Política Econômica. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 1921. 

____. A política da Gleba: falando, escrevendo e agindo (1909-1919). Rio de Janeiro: Casa Leuzinger, 1919. 

____. Dois discursos. Belo Horizonte : Sociedade Mineira de Agricultura, 1917. 

____. O século XX, tempo das dúvidas: do declínio das utopias às globalizações. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2000. v.3 

_____. Paiz a organizar. Rio de Janeiro: A. Coelho Branco, 1931.
_____.O problema immigratório e seus aspectos éthnicos na Câmara e fora da Câmara. Rio de Janeiro,1924. SOARES, Manoel Jesus Uma Nova Ética do Trabalho nos Anos 20 – Projeto Fidélis Reis Série Documental/RelaRelatos de Pesquisa n. 33. Universidade Santa Úrsula, 1995.

SKIDMORE, Thomas. Preto no branco. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 1976.


Thiago Riccioppo, especialista em História do tempo presente pela Universidade de Franca – UNIFRAN; professor na Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC/UBERABA; historiador do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba - CONPHAU de 2005 a 2009.



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Queimadas na Amazônia (*).

Um raciocínio para tentar entender as queimadas na Amazônia: antes o assunto era abordado num contexto normal como acontece nessa época do ano. Hoje só se fala em queimada, queimada, queimada! Tudo na Amazônia. Poderia ser piada se não fosse trágico.

Experimente parar na rua e fixamente olhar para o céu, de preferência apontando com o dedo indicador. Logo você será imitado por uma, mais uma...e.mais.uma.pessoa, todas.olhando.para.cima,.não...importando .qual. seja.a causa. Se alguém der um nome qualquer ao objeto que supostamente está no ar, a legião irreflexiva vai afirmar em coro: “Estou vendo o objeto”. Sem estar vendo nada. Fiz esta experiência dentro da piscina de um clube e o resultado foi.surpreendente!

     Mapa divulgado pelo Ministério da Defesa mostra alertas de focos de calor na Amazônia entre 25 e 26 de agosto de 2019 — Foto: Ministério da Defesa/Divulgação.

Assim são as queimadas na Amazônia. Atira-se no que viu para matar o que não viu. Notícias requentadas surgem a toda hora e os que as transmitem tentam a todo custo dar o tom de furo de reportagem. Aliás, toda...notícia...requentada...tem...sempre...um...destino...certo.

Minas Gerais, para não dizer de outros Estados, registra “n” focos de incêndios em áreas preservadas e não merecem citações destacadas na mídia. Por..quê? 

O foco não é o fogo, desculpando o trocadilho, e sim o que está embaixo. Enquanto debatem as queimadas na Amazônia, o subsolo nosso vai sendo destruído e as riquezas tiradas dele, a preço de banana, indo embora com o compromisso de voltarem. Voltam, mas a peso de ouro.

Não vai longe o tempo em que investido na função de perito da Justiça, inspecionei propriedades nas quais terceiros requeriam através de Plano de Pesquisa Mineral, o direito para explorar o subsolo. O dono da terra era o último a saber e não podia sustar a exploração do seu terreno. Conheci sujeito que carregava pacotes de memoriais descritivos de áreas rurais para negociá-las a terceiros sem que o dono soubesse. As áreas da Amazônia passaram por esse.processo? Não.sei.

Há dez anos ouvi de um creditado jornalista: “Temos 120 mil..ONGs..na..Amazônia”...Assustei... na... época...por não saber as causas. Hoje sabemos os porquês e interesses que envolvem o assunto. É tão delicado que a segurança nacional fica ameaçada. Que venham as chuvas para “encharcar” a Amazônia com boas notícias. E qual será o novo assunto?


(*) - João Sabino-Uberaba - MG - Brasil. 




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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

HENRIQUE DES GENETTES: UM AVENTUREIRO FRANCÊS NO SERTÃO DA FARINHA PODRE

Durante quase todo o século XIX, o “Sertão da Farinha Podre” e o sul da Província de Goiás compunham uma gigantesca terra de ninguém. Cenário único, misturava o pioneirismo violento das cidades do Velho Oeste americano – eternizadas nos filmes de bang-bang – com cenários selvagens e misteriosos das imensidões inexploradas da África. Poderia já ter rendido um sem número de romances, filmes e documentários. Tínhamos por aqui até mesmo alguns dos personagens mais curiosos desse tipo de narrativa: os aventureiros europeus que – sabe-se lá por quais motivos – deixavam o Velho Continente e vinham parar no que era, então, um legítimo fim-de-mundo.

Uberaba teve a sua cota de aventureiros. Um dos mais curiosos foi o francês Henrique Raimundo Des Genettes que, em sua longa existência pelos sertões, foi médico, cronista, explorador, mineralogista, geógrafo, líder político, administrador público, advogado, militar, jornalista, teatrólogo, educador e – finalmente – padre. Mas, ao contrário dos cowboys e desbravadores do cinema, esse herói sertanejo estava longe de ter o “physique du rôle” dos galãs de Hollywood. O memorialista Visconde de Taunay, a caminho da Guerra do Paraguai em 1865, o conheceu em Uberaba e foi impiedoso no relato: “apareceu-nos o Dr. Des Genettes a cavalo, carregando a sua fardinha esquisita de cirurgião da Guarda Nacional; feio, muito miudinho, muito magro, com os olhos esbugalhados sobre os quais havia uma enorme pala de boné (...) pronunciou um discurso engasgado, com pronunciado sotaque francês. Estava tão comovido que os joelhos lhe tremiam. (...) levou-me a tomar chá em sua casa, onde cantou ao violão ridículo dueto com a mulher. Conhecia alguma coisa de mineralogia e mostrou-me alguns cadernos destinados à imprensa”.

Talvez Taunay houvesse sido mais generoso se tivesse conhecimento da história prévia desse homenzinho, que tinha então 64 anos de idade e um nome de batismo imponente: François Henri Raimond Trigant Des Genettes. De sua vida na França sabe-se pouco. Nasceu em Pauillac, região de Bordeaux, em 1801. Seria descendente de Nicolas Dufriche, Barão Desgenettes, famoso médico das tropas de Napoleão, caído em desgraça após a derrota de Waterloo. Teria estudado Medicina na Universidade de Brest, mas não se sabe se concluiu o curso e os motivos que o trouxeram ao Brasil, onde chegou em 1835, como tripulante do navio francês MInerva – do qual foi expulso após matar, em duelo, um dos oficiais de bordo. Quatro anos depois, naturalizou-se brasileiro e foi morar em Ouro Preto, onde teve um breve casamento. Já viúvo, participou ativamente da Revolução Liberal de 1842, tendo ficado algum tempo preso junto com Teófilo Otoni, após a derrota do movimento.

Dois anos mais tarde, Des Genettes foi encarregado pelo governo imperial para explorar reservas salinas e nitreiras no Triângulo Mineiro. Na ocasião, visitou as cavernas de Sacramento e foi pioneiro em indicar as corredeiras de Jaguara como o melhor local para a construção de uma ponte sobre o Rio Grande – recomendação seguida quatro décadas depois pela Companhia Mogiana. Casou-se novamente em Araxá e tornou-se um dos primeiros moradores do garimpo de Bagagem (atual Estrela do Sul), de onde partia para pesquisar as reservas minerais do sul de Goiás e da Serra dos Cristais. Realizou também estudos sobre as possibilidades de navegação nos rios Pardo e Mogi Guaçu, em São Paulo, como alternativas de transporte rumo ao Triângulo.

Des Genettes - Foto: Arquivo Público Mineiro.

Des Genettes teria se mudado para Uberaba em 1854, onde estabeleceu-se como médico e boticário, em um sobrado na Rua Municipal (atual Manoel Borges). Tornou-se amigo do também farmacêutico e historiador português Antonio Borges Sampaio, com quem compartilhava a atração eclética pelas ciências humanas e naturais. Elegeu-se vereador, presidiu a Câmara Municipal e foi Agente Executivo (equivalente a prefeito) entre 1865 e 67. Fundou e lecionou em diversas escolas, apoiou a criação do Teatro São Luiz e escreveu peças para serem lá representadas. Esporadicamente, exerceu tarefas de defensor público e delegado de polícia. Organizou na região o recrutamento dos Batalhões Patrióticos que seguiram para a Guerra do Paraguai, ocasião em que conheceu Taunay. Foi um dos primeiros a propor a mudança do nome da região para "Triângulo Mineiro", e também a sua separação de Minas e incorporação à província de São Paulo.

Um dos seus maiores feitos foi a fundação de uma tipografia e do primeiro jornal uberabense: “O Paranaíba”, lançado em 1º de agosto de 1874 e logo renomeado “Echos do Sertão”. Dois anos mais tarde, após a morte da esposa, mudou-se para Goiás. Ordenou-se Padre em Pirenópolis, fundou e dirigiu escolas em Catalão* e Paracatu, onde elegeu-se deputado provincial. Em 1879, envolveu-se em uma confusão ao reprovar em seu colégio o filho de um delegado de polícia de Paracatu. Inconformado, o delegado queria expulsá-lo da cidade, onde só permaneceu graças ao apoio do Juiz de Direito da comarca, que lhe concedeu um "habeas corpus". Des Genettes faleceu dez anos depois, em 1889, no Distrito de Santo Antônio do Cavalheiro, nas imediações de Ipameri, do qual foi um dos fundadores.

(André Borges Lopes – artigo publicado originalmente na coluna "Binóculo Reverso" do Jornal de Uberaba, em 1ª/09/2019)

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Cidade de Uberaba

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

JOAQUIM DOS SANTOS MARTINS - A SAGA DOS MARTINS

Em 1909, a família de Manoel Maria Martins, fugindo da miséria reinante em grande parte de Portugal, escolheu o Brasil como porta da esperança de uma nova vida. O vasto oceano em que navegava só não era maior do que a saudade do que ficava.

Quando Manoel Maria desembarcou no Rio de Janeiro, tinha apenas 13 anos. Todavia, dotado de grande talento para negócios, aos 20 anos já era importador de gado holandês para revenda em Minas Gerais.

Em Guaxupé, se casou com Cândida Ribeiro do Vale, herdeira de uma das mais tradicionais famílias de cafeicultores da região. Desta união nasceram Joaquim, Luiz, José, Maria Delfina, César Sebastião e Manoel.
Joaquim Martins - Foto/Divulgação.

Manoel Maria era o próprio símbolo do empreendedorismo. Sempre dizia que dinheiro mal ganho, é dinheiro malgasto.

Durante a 2ª guerra mundial comprou um navio inteiro de sal para suprir demandas impostas pelas dificuldades de época. Em Guaxupé implantou uma indústria de beneficiamento de café, garantindo o abastecimento com pagamento antecipado de colheitas cafeicultores. Em São Paulo construiu dois supermercados e um cinema no bairro do Ipiranga.

Em 1961 chega à Uberaba acompanhado da esposa e dos filhos, José, Maria Delfina e César Sebastião.

Joaquim, o filho mais velho já se encontrava em Uberaba quando Manoel Maria adquiriu o controle da SOMIL, concessionária de veículos Volkswagen, localizada na Av. Fernando Costa.

Fundada em 1959 por Silvio Mendonça, a revenda muda o nome em 1961 para “DISTRIVE”.

Os filhos, por sua vez, se lançam nas atividades comerciais, criando raízes na cidade.

José Ribeiro Martins, cafeicultor em Guaxupé, co-fundador do Lions Uberaba, diretor da ACIU, pescador e amante da música sertaneja, criou uma empresa de móveis e uma revenda de gás na rua Artur Machado que o tornou mais conhecido como “Zé do Gás”.

Casado com Orminda Ribeiro do Vale, viu sua família se consolidar com o nascimento dos filhos José (Zezinho), Inês, Marisa, Marília e Ana Lia.

Maria Delfina ampliou o número de netos de Manoel Maria com as meninas Maria Cândida e Lúcia.

César Sebastião Martins, casado em segundas núpcias com Kely Rosa, por muitos anos foi diretor de outra distribuidora de carros – DISAUTO - do grupo da família, localizada na confluência das Avenidas Leopoldino de Oliveira com a Santos Dumont. Foi também cafeicultor e produtor de semente de soja. Atualmente é produtor de cana-de-açúcar.

Associativista por natureza, César Sebastião assumiu a presidência da ACIU nos anos 1990/1991. Em uma gestão profícua, entre outras atividades, criou o Balcão de Negócios. Em sua gestão a Faculdade de Ciências Econômicas se transferiu para o novo Campus. Foi o primeiro presidente a admitir mulheres em sua diretoria.

De seus dois filhos do seu primeiro casamento, apenas Letícia sobreviveu.

Joaquim dos Santos Martins, nos primeiros anos em Uberaba, associou-se aos irmãos Morethson – Caio e Audley – na Casa das Máquinas, estabelecida na rua Artur Machado, esquina com a Avenida Getúlio Vargas.

Com o falecimento do pai, Joaquim assumiu a direção da DISTRIVE que, ao longo do tempo, se transformou na empresa líder em vendas de veículos da cidade e da região.

Sempre contou com o apoio do tio Alfredo, irmão e sócio de Manoel Maria em uma concessionária de veículos em São Paulo.

Empreendedor nato, Joaquim, que herdou o pendor do pai para os negócios, se lançou como empresário em vários segmentos da economia de Uberaba e região.

Em 1968 nos tornamos sócios através da empresa de reflorestamento TRIFLORA e percorremos o mesmo caminho por cerca de trinta anos deixando pelos caminhos da vida, um bom rastro de empresas.

São destaques deste tempo, entre outras, a fábrica de plásticos, PLASTIMINAS, indústria de balas ORIENTE, indústrias de Óleos Essenciais, fazenda de gado leiteiro – SINOS DE BELÉM, a “TRIFLORA TRATORES” em Paracatu, a “MINASFLORA”, a CONSTRUTORA CHAPADÃO, as fazendas com lavouras de café, soja e arroz, indústria de madeiras MINASPLAC (DURATEX), em sociedade com José Alencar Gomes da Silva, carvoeiras, loteamentos urbanos e o JORNAL DA MANHÃ, do qual foi Presidente por dez anos, tendo ao seu lado o Diretor Tesoureiro Edson Prata e Gilberto Rezende como Diretor Administrativo.

Além de participar da administração das inúmeras empresas correlatas ao Reflorestamento como a AGROMEC, TERRA, AGRO-INDÚSTRIA TRIÂNGULO, UBERFLORA, PLANTIL e FLORYL, (associada à SHELL), Joaquim encontrava tempo para adquirir e plantar diversas fazendas desta região, transformando os “MARTINS” num dos maiores produtores de soja e milho de Minas Gerais, ao lado das expressões do agronegócio como os Guidi, Fuzaro, Detoni e outros.

Esparramou suas raízes através de seu casamento com Ivonete Cortes Martins, (hoje com 95 anos), gerando os filhos Paulo Tadeu, André e Loló, da terceira geração.

Paulo Tadeu, o mais velho, casado com Sandra Mendes Martins, médico e empresário através da criação da “CRU”- Clínica Radiológica de Uberaba, passou a se dedicar posteriormente à produção de cana-de-açúcar. Foi ele que deu início à 4ª geração dos Martins com o filho Fernando e as filhas Paula e Mônica.

André Martins, casado com Cristina Duarte Martins, é o Diretor Presidente da DISTRIVE e implantou uma rede de Postos de Combustíveis. Joaquim Neto, André Filho e Marcela são os seus filhos que já transformaram o pai em avô.

Loló, casada com Cláudio de Castro Cunha, agricultor e pecuarista, é mãe de três filhas -Andreia, Silvia e Manuela – e avó de três netos.

Fernando, produtor rural é o filho mais velho de Paulo Tadeu, e o responsável pelo início da 5ª geração, com seus cinco filhos – Maria, Pedro, José, Tereza e Francisco.

Esta é a saga de uma família de imigrantes que, em pouco mais de 100 anos, deixa exemplos de trabalho para as futuras gerações.

É a história de pessoas determinadas que o destino trouxe para Uberaba a 57 anos e que desde estão vêm contribuindo para reforçar os pilares de nossa economia.

Maria Delfina, José e Joaquim já faleceram. Os dois irmãos, por coincidência, no mesmo ano, em 2003. Por uma fatalidade, Paulo Tadeu, filho mais velho de Joaquim, veio a falecer em 2019.

O que não pode morrer é a o exemplo dado pelos que são hoje, apenas saudades. Há que se registrar o amor e o apego à família. Da garra dedicada ao trabalho em prol da comunidade.

Falta erigir um marco que possa resgatar esta memória. Eles fizeram a sua parte. Cabe a nós fazer a nossa.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-Presidente da ACIU e do CIGRA e ex-diretor do Grupo TRIFLORA.



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A OUSADIA DE MARCELO ZAIDAN E AS FEIRAS INDUSTRIAIS.

Luzes. Câmeras. Ação. Ressoam os clarins. Abrem-se as cortinas do grande show. Vai começar a ExpoCigra - FIEMG 2017.

A cena ocorre nos recintos do Parque Fernando Costa em 18 de outubro de 2017, 5ª edição da Feira de Indústrias de iniciativa e responsabilidade do CIGRA (Centro de Indústrias do Vale do Rio Grande).

No palco, o presidente Gleison Enrique Borges faz seu pronunciamento de boas-vindas, acompanhado de autoridades e parceiros.

Na plateia, centenas de expositores, empresários e convidados especiais testemunham o registro de que a ExpoCigra-FIEMG está definitivamente integrada no calendário de turismo e negócios de Uberaba e região.

Em parceria com a Fundação Cultural de Uberaba e com o Teatro SESI, diversas apresentações artísticas foram realizadas durante o período da feira. Diamante, Orquestra de Viola Caipira (SESI), Júlio César e Cassiano, Charles Júnior, João Neto e Peixinho, Dri Ribeiro e Cássio Facury e Leon subiram ao palco para valorizar nossa cultura.

Palestras e desfiles realizados pelas entidades, SEBRAE, SINDCAU (Sindicato da Indústria de Calçados de Uberaba), Sindivestu (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Uberaba) – contribuíram para o enriquecimento desse grande evento. O destaque ficou para a Cozinha Gourmet, com o chef Felipe Bronze, que arrastou multidões para conhecer seu trabalho e seu tempero.

Milhares de visitantes prestigiaram mais de 100 estandes esparramados pelo grande salão, onde milhões em negócios foram transacionados em encontros paralelos.

Um sucesso que a diretoria e a administração do CIGRA já previam, lastreada na tradição das últimas exposições, contando com o apoio da SOLIS na organização e divulgação e dos tradicionais parceiros como a FIEMG, SEBRAE, Prefeitura Municipal e outros.

Buscando a origem desse sucesso, voltamos a setembro de 2013, quando tudo começou, no qual Marcelo Zaidan, então presidente do CIGRA, num gesto de ousadia, realizou, com sua diretoria, a primeira ExpoCigra nas dependências do Shopping Uberaba.

Ele contou com o apoio do parceiro primeiro, FIEMG, buscou recursos junto à PETROBRÁS, CODEMIG, SEBRAE e Prefeitura Municipal de Uberaba. Abriu espaços para cursos ministrados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais.

O evento, que contou com cerca de 80 estandes, ficou marcado com a entrega do primeiro “Troféu Tião Silva”, para o empresário Salem Ibrahim El Messih.

Marcelo Zaidan - Foto/Reprodução.

O sucesso de público foi tão grande que nos dois anos seguintes, 2014 e 2015, já na gestão de Nagib Facury, a ExpoCigra-FIEMG foi realizada no Parque Fernando Costa, de onde não saiu mais.

Incrementaram-se as atrações com oficinas e desfiles de moda, Seminário de Crédito Rural, palestra de Amyr Klink, atingindo um público estimado em 30 mil visitantes com 81 expositores de 265 empresas participantes.

Na sua 4ª edição, ocorrida em 2016, o comando foi de Helbert Ferreira Higino de Cuba. O número de expositores cresceu para 86 com um público equivalente ao de 2015. Foi uma grande oportunidade, no qual ocorreram 65 eventos simultâneos, gerando mais de 100 milhões de novos negócios.

Marcelo Zaidan atribui o estímulo para criação do evento ao empresário Tião Silva que, em março de 1988, criou a ASSIDUA (Associação das Indústrias de Uberaba) e, em outubro do mesmo ano, inaugurou a Feira de Indústrias de Uberaba, nas dependências do UTC (Uberaba Tênis Clube), contando com a presença do governador Newton Cardoso na abertura da Feira e do presidente da FIEMG, José Alencar Gomes da Silva, no encerramento ocorrido no dia 08.

No dia 26 também de outubro de 1988, baseado no sucesso da feira, Tião Silva criou o CIGRA, que envolvia 22 municípios da região do Rio Grande. Foi presidente até a data de 25 de maio de 1994 quando então, passou a direção para Gilberto Rezende.

A ideia de valorizar a indústria local através de uma feira é bem mais antiga. Em 1934, na ACIRU (Associação Comercial, Industrial e Rural de Uberaba), na gestão de Adolpho Soares Pinheiro, cogitou-se “a realização de uma exposição regional onde pudessem ser exibidos os progressos do comércio, da indústria e lavoura. Ela seria denominada de Feira Agropecuária e Industrial do Triângulo Mineiro”.

A primeira exposição das indústrias de Uberaba de que participamos foi realizada em 1967 pela ACIU (Associação Comercial e Industrial de Uberaba), na gestão de Edson Simonetti (1966/1967). O evento aconteceu no Parque Fernando Costa, com os estandes montados nas baias não utilizadas para o gado.

De nossa parte, enviamos pela indústria alimentícia Oriente uma máquina de embrulhar balas. Uma japonesa vestida a caráter ficou responsável por distribuir os produtos ao público. Formavam-se filas intermináveis de pessoas interessadas em receber sua quota de doce.

Na gestão de José Vitor Aragão como presidente da ACIU (1984/1985), uma nova exposição industrial foi realizada no recinto da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), junto à FENATECA (Feira Nacional de Desenvolvimento Agrícola). Ela foi inaugurada em 08 de maio de 1984 com a presença do governador Tancredo Neves e abrilhantada com o show de Ney Matogrosso.

Desta vez, levamos da PLASTIMINAS uma extrusora de processamento de polietileno para dentro do evento. Dessa forma, os visitantes puderam ver in loco como se fabricam sacos plásticos.

Na gestão de Flamarion Batista Leite na ACIU (1992/1993), uma nova feira foi realizada durante a exposição da ABCZ. Ela ficou em evidência bem na entrada no Parque.
Na gestão seguinte, presidida por Carlos Eduardo Colombo Rodrigues da Cunha (1994/1995), a Feira de Indústria da ACIU passou a ser realizada no fundo do Parque, hoje estacionamento de veículos do Centro de Eventos “Rômulo Kardec de Camargos”.

Essa feira cresceu o suficiente nas gestões dos presidentes da ACIU Antonio Carlos Guillaumon (1996), Sérgio Bóscolo (1996/1998) e Samir Cecílio (1998/2000) para se transformar num centro comercial, um verdadeiro Shopping a céu aberto, dado o volume de participantes e a liberdade para comercialização de produtos no varejo.

Com a construção do salão de festas da ABCZ ficou inviabilizada a continuidade da Feira de Indústria promovida pela ACIU nos moldes existentes. Somente em 2006, em nossa gestão, uma nova feira foi realizada, em um novo local, com apenas 35 estandes.

A decisão da ABCZ de encerrar as grandes festas que animavam as exposições de gado no mês de maio encerrou também as possibilidades de novas Feiras neste período.

Por isso, pode-se registrar como um gesto de grande coragem a determinação do CIGRA de realizar suas feiras industriais, em épocas bem distantes dos festejos de maio.

Uma decisão que se transformou num resgate histórico de nossas feiras, marcando para sempre na história de nossa comunidade a grande contribuição que o CIGRA vem dando ao longo dos anos para o desenvolvimento de Uberaba.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente E Conselheiro da ACIU e do CIGRA – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – ACIU, CIGRA, Jornal da Manhã e Marcelo Zaidan.






Cidade de Uberaba



JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA – CIDADÃO UBERABENSE.

Em pleno amanhecer de um domingo de maio de 1973, três pessoas se apresentam na residência do Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha que levantou às pressas para atender o Presidente da Câmara Municipal de Uberaba, Álvaro Diniz de Deus, acompanhado de dois empresários mineiros que, impacientes, esperavam o sol nascer.

Eram eles, Ivan Muller Botelho, proprietário da empresa de energia elétrica “Cataguases-Leopoldinense” e José Alencar Gomes da Silva, presidente da “Coteminas”.

O assunto, importante e urgente, era a possibilidade de transferência de uma indústria de aglomerados já em fase de instalação na cidade de Ubá. A continuidade da implantação havia se tornado inviável pela impossibilidade de se ter um único contrato de fornecimento de madeira. As florestas daquela região era áreas de minifúndio, com mais de 600 proprietários.

Uberaba foi uma das quatro cidades lembradas para sedar esta empresa, concorrendo com Curvelo, Corinto e Uberlândia.

José Alencar - Foto/Reprodução.

José Alencar contava, com ar de seriedade, que Hugo os convenceu que Uberaba era o “centro do mundo” e que, só mais tarde, descobriram que “todo lugar era o centro do mundo já que a terra era redonda”.

Antes de decorrer trinta dias, Uberaba foi escolhida pelos empresários e pelo BDMG, banco financiador deste projeto, para a implantação desta indústria.

A empresa de reflorestamento de Uberaba, “Triflora”, da qual éramos diretor administrativo e tinha como sócios, entre outros, Hugo Rodrigues da Cunha, Joaquim dos Santos Martins, José Miguel Árabe, Leo Derenusson e Ítalo Delalíbera, assinou um contrato de fornecimento de madeira e subscreveu parte do capital da nova empresa.

Assim nasceu a “Minasplac”, a primeira grande indústria a se instalar no DI-I, ocupando uma área de 100.000 m2, com investimentos em torno de 25 milhões de dólares. Na década de 1980 o controle acionário desta empresa foi transferido para o grupo “Formiplac” que, por sua vez, o transferiu para a “Satipel”. Atualmente, sob o controle do Banco Itaú, tem o nome de “Duratex”.

Em setembro de 1990, já como presidente da FIEMG – Federação das Indústrias de Minas Gerais, José Alencar, demonstrando seu carinho por Uberaba, promoveu, na Casa do Folclore, o I Congresso Pró-Modernização das Estradas Regionais, contando com o apoio da ACIU – Associação Comercial e Industrial de Uberaba e da Prefeitura Municipal.

Durante sua gestão na “FIEMG”, de 1988/2004, além de criar o título de “Operário/Padrão”, ampliou a presença do Sesiminas em 220 municípios e a do Senai, em 80.

Elevou o número de Sindicatos de 52 para 130. Uberaba contribuiu com 10% deste acréscimo com a criação de 9 sindicatos patronais, graças aos esforços de seu delegado em Uberaba, José Vitor Aragão. Até então existiam apenas dois sindicatos, o da Mecânica e o da Alimentação.

Neste período, na reestruturação do CIGRA-Centro das Indústrias do Vale do Rio Grande, do qual éramos presidente, José Alencar viabilizou os recursos necessários para que esta entidade tivesse vida própria.

Ainda como Presidente da FIEMG, construiu em Uberaba o “Clube do Trabalhador” através do SESI de Minas Gerais e que leva o seu nome, em justa homenagem.

Através do SENAI viabilizou a construção de uma escola de confecções, fruto do trabalho da diretoria do Sindicato local, liderado pelo então Presidente Tião Silva. Dezenas de turmas com centenas de alunos já se formaram através desta escola.

Foi um período de grande intensidade cultural. Frequentemente Uberaba recebia artistas de todos os segmentos pertencentes ao quadro do SESI em Belo Horizonte. Foi nesta época que se inaugurou na capital mineira, o Teatro “Nansen Araújo”, homenagem prestada ao ex-presidente da FIEMG, oportunidade em que um grupo de catireiros foi por nós enviado à capital, para ter a honra de inaugurar um de seus palcos.

José Alencar é cidadão uberabense. Em 17 de outubro de 1976, então com 45 anos, por iniciativa do vereador Homero Vieira de Freitas, a Câmara Municipal de Uberaba lhe outorgou este título no dia de seu aniversário.

Nascido em Muriaé, MG, em 17 de outubro de 1931, em uma família de 15 irmãos, José Alencar era o 11º. Começou a trabalhar aos 7 anos de idade, ajudando o pai na loja.

Aos 14, em 1945, anos saiu de casa e foi trabalhar em outras lojas nas cidades de Mirai e Caratinga. Foi nesta última cidade que, aos 18 anos, em 1950, com a ajuda financeira de seu irmão Geraldo Gomes da Silva, consegue criar sua própria loja, a “Queimadora” e que durou até 1953, época em que criou uma indústria de macarrão em sociedade com outros três parceiros.

Com o falecimento de seus pais e de seu irmão Geraldo, mudou-se para Ubá em 1960. Em 1963 cria a empresa “Cia. Industrial de Roupas Cometa” que mais tarde tem seu nome alterado para “Wembley”. Uberaba chegou a ter uma loja desta empresa.

Em 1975, inaugurou em Montes Claros, a “Coteminas”, localizada na área da Sudene. Em 1984 comprou a Seridó, a maior indústria de confecções do Nordeste.

Entre 1992 e 2004, a produção têxtil pulou de 15.000 toneladas para 170.000 toneladas e o faturamento aumentou 20 vezes, de 35 milhões de dólares para 700 milhões de dólares.

Na década de 2000 José Alencar, industrial por talento e vocação, surge como o maior empresário do ramo têxtil da América Latina. Com 11 fábricas esparramadas por Minas, Paraná, Nordeste e, com cerca de 17.000 funcionários, é um dos poucos empresários que consegue vender confecções até para a China.

Sua carreira política começou em 1993 quando se filiou ao PMDB e logo assumiu a Vice-Presidência do Partido. Embora vencedor da Convenção de 1994 que o indicou para candidato à governador, não contou com o apoio do Partido em sua campanha. Voltou à luta em 1998 como candidato ao Senado, disputando com Hélio Garcia e Júnia Marise. Embora aparecendo inicialmente com 2% de intenção de votos na primeira pesquisa, sua campanha foi crescendo tanto que provocou a renúncia de Hélio Garcia.

Foi eleito com expressiva votação, uma das maiores de Minas Gerais até então, tendo como primeiro suplente, Aelton José de Freitas. Tomou posse em 1 de fevereiro de 1999. Candidato a Presidência do Senado, sentiu-se traído pelo PMDB, razão de seu desligamento do Partido.

Por indicação de José Dirceu e certamente de Anderson Adauto, Lula, que havia perdido 3 eleições presidenciais consecutivas, aceitou o nome de José Alencar Gomes da Silva, então filiado ao Partido Liberal, para compor sua chapa como Vice.

Foi uma vitória apertada na Convenção do PT para aceitar José Alencar do PL. Foi aceito com 34 votos a favor, 30 votos contra e 7 abstenções. Em 18 de Outubro de 2002, Lula e José Alencar foram eleitos com 61,17% dos votos.

No primeiro mandato, de 8 de novembro de 2004 até 31 de março de 2006, acumulou o cargo de Vice-Presidente com o de Ministro da Defesa. Renunciou para participar das eleições de 2006.

Em 2005 deixou o PL e ingressou no que é hoje o PRB-Partido Republicano Brasileiro. Vencedor com Lula na eleição de 2006, Alencar, durante os dois mandatos, assumiu a Presidência por 398 dias enquanto o Presidente Lula viajava para o Exterior.

Em 2010 desistiu de sua candidatura ao Senado de Minas por acreditar que não achava certo se candidatar enquanto estava já em tratamento de saúde.

Em 25 de janeiro de 2011, estivemos com alguns companheiros da ACIU, na homenagem que lhe foi prestada pela Prefeitura de São Paulo. Estavam presentes Lula e diversos ministros. Coube a Dilma Rousseff fazer a entrega da medalha “25 de janeiro” ao José Alencar.

Os problemas de saúde de Alencar começaram em 1997 o que o levou a fazer mais de 15 operações sendo que três delas, em 2006, 2007 e 2009, nos Estados Unidos.

Assim como a presença de Alencar nas eleições foi determinante para a

Vitória de Lula, a sua luta com determinação contra o câncer por quase 15 anos, inspirou várias pessoas que sofrem da doença a terem perseverança.

Alencar faleceu em 29 de março de 2011 deixando viúva Mariza Gomes e os filhos Josué Gomes, Maria da Graça Campos Gomes da Silva e Patrícia Campos Gomes da Silva.

Em Uberaba, “ Dr. José Alencar” é o nome do Hospital Regional.

Alencar foi considerado pela Revista Época dos 100 brasileiros mais influentes em 2009.

Em julho de 2012, foi eleito um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos em concurso realizado pelo SBT com a BBC de Londres.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro – Ex-Presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes – Jornal da Manhã – Cesar Vanucci do livro “José Alencar – Missão Cumprida”4





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