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quinta-feira, 23 de maio de 2019

O LENDÁRIO JOCKEY CLUBE DE UBERABA

O Jockey Clube, foi fundado por uma elite classe social, rica e abastada da cidade, pudesse conviver, ser relacionada e receber a”alta” da sociedade brasileira, incluindo outros fazendeiros e políticos. Desde o Presidente da República, Governadores de Estado e grandes empresários. O meio ruralista, atravessando bom momento, ergueu num pasto, fundos do parque de Exposições, uma área para corrida de cavalos e construiu uma arquibancada de madeira, que deu o nome de “ Prado”, onde as provas eram realizadas. A “febre” não durou muito. A morte, por envenenamento, de um cavalo vitorioso nas corridas, foi o estopim. 

Sede do Jockey Club de Uberaba - Praça Rui Barbosa. Foto: Acervo do Clube.

O auge da saga do zebu, tornou Uberaba conhecida nacionalmente. Movidos por interesses comuns, os ricos da terrinha, marcando presença, construíram, em pouco tempo, um majestoso prédio na praça Rui Barbosa e ali, edificou o Jockey Clube de Uberaba, hoje, quase centenário. Ao correr dos anos, o prédio sofreu modificações para melhor. Alí, aconteceram as grandes festas de Uberaba. Evidentemente para as classes financeiras majoritárias...

Lembro-me que, em 1962, ao lado da “rainha do clube”, Marina Marquez, transmiti pela falecida Rádio Difusora, com assistência do Paulo Nogueira, a reinauguração do clube então presidido pelo saudoso Giordano Bruno. Festa inesquecível. Aliás, as festas do Jockey, eram sempre noticias nas colunas de Netinho, no “Lavoura” e Joel Lóes, no “Correio Católico”. Ambos, “jockeanos de quatro costados”...

Uma firma paulista e arquiteto idem, deram o tom austero, chique,na reforma do clube. Cadeiras almofadadas ,novidade naquele tempo, lustres art-decó, móveis entalhados, mesa de bilhar, piano de cauda, estantes requintadas para a biblioteca, sala de jogos, consoles, restaurante, boate, compunham o mais elegante clube regional, que ensejou inclusive o colunista sempre lembrado Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, a defini-lo como o “Palácio Encantado” da cidade.

A parte social sempre embelezou o Jockey. Festas inesquecíveis! Promoções mirabolantes ! A juventude fazia “ ponto” nas dependências do Jockey. Quantos namoros e casamentos, começaram lá dentro... No esporte, o Jockey também pontificava-se. Na piscina descoberta, a exibição do medalhista olímpico Tetsuo Okamoto; no basquete, o Jockey, campeão mineiro com o “ rolo compressor” (alô, Dorival Cicci...), no vôlei, campeão regional. Na quadra, ainda descoberta, a exibição do Palmeiras, campeão brasileiro e dos “Globetrotters’, continuam na lembrança dos antigos jockeanos... Ah ! saudade dos carnavais, que o Netinho chamava de “Municipal uberabense” ...E a banda do Rosseti ? E o bar do Paulo Botta? O caldo de galinha da Venturosa, de saudosa memória ?...

Infelizmente, o verdadeiro Jockey Club, da praça Rui Barbosa, de fama e gloriosas tradições, “agora é cinzas”...Móveis e utensílios, cortinas, cadeiras, aquele bonito piano de cauda, estão jogados num canto do Jockey Park, sendo corroídos pelo tempo, como traste, tomando lugar. Não servem para mais nada .A história está sendo contada pelos cupins, seus habitantes...

E assim caminha a nossa tradição, lembranças e costumes. O tempo é implacável, mormente quando ignorantes em história, desprezam aquilo que eles não construíram. O vetusto Jockey Club, outrora tão cioso na seleção dos seus associados, hoje, não passa de um prédio de aluguel.....Desta forma, vão destruindo e deteriorando a bonita história da nossa Uberaba !...


Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Clube Sírio Libanês de Uberaba

Uberaba, é uma cidade privilegiada. O volume de famílias estrangeiras que escolheram a santa terrinha para criar seus filhos, netos e descendentes, atraídos desde os primórdios da nossa civilização, pelos campos verdejantes, as riquezas minerais e vegetais, seu solo pródigo e dadivoso, clima ameno, hospitalidade e amizade do seu povo, aqui fincaram suas raízes e nos associaram a construir o vertiginoso progresso da nossa terra. Não quero, não posso, não devo, apesar da fragilidade da memória, cometer erros ou omissões.

Henrique Desgenetes, um francês de cepa, médico e biólogo, primeiro a descobrir e estudar os valores medicinais da flora da cidade e região, marcou sua presença entre nós. Em seguida, dominicanos, dominicanas e maristas, ergueram na santa terrinha, os primeiros colégios, a religião católica, berço da família, em plena época da “boca do sertão”. Com os franceses não se pode negar, vieram as valiosas contribuições de outras colônias à procura de novos rumos, desbravar terras desconhecidas e conquistar novos horizontes.

Destaco a saga dos sírios libaneses e as primeiras famílias de Pedro Salomão, Paulo Cauhy, Alexandre Jorge, Namem Skaff, Miziara, Frange, Amui, Hallal, Miguel, Cecilio, Hueb, Abdanur, Cecim, Nabut, Cussi, Abud, Árabe, Mauad, Curi, Fackuri, formavam uma plêiade de tradição, honradez, trabalho e progresso. Uberaba, é uma eterna devedora dessa colônia. Muito orgulha do seu crescimento , as famílias que aqui estabeleceram sua morada.               
                                                                 
Clube fundado em 1925 sofria autuações desde 2012 (Foto: Jairo Chagas /Jornal da Manhã)
A colônia ,desde o século passado, deu-se ao luxo de construir, na rua Major Eustáquio, um dos clubes sociais mais bonitos e suntuosos do Brasil ! Linhas arquitetônicas modernas, projeto arrojado, salão de festas com confortáveis camarotes, palco conversível, iluminação adequada a cada evento, um sub-solo construído com capricho e bom gosto e, nos fundos do terreno, uma excelente quadra esportiva, coberta, nos padrões oficias e de multiuso.

Em anexo, uma moderna sauna, orgulho dos associados, tendo ao lado, uma piscina semi –olímpica, com moderno trampolim para saltos ornamentais. Ao lado, até então, um bem cuidado campo, gramado, para a prática do “futebol-society”. Finais de semana, era aquela apoteose ! As dependências do clube, apinhada de alegres associados. Tudo era festa !

Abrahão Árabe, Bachur Hallal, Jayme Moisés, Nadim Aschcar, Nadim Daher, Salim Abud, Michel Abud, Mauro Abud, Fued Hueb, João Miguel Hueb, Aniz Abdala, Faker Azor Fackouri, Abadio Miguel Júnior, entre outros baluartes da colônia, promoviam “ festas de arromba”. Sucesso ! Democraticamente, os dirigentes abriram o clube para toda a sociedade uberabense, descendentes ou não, ampliando assim, o grande número de associados.

O clube, era uma festa permanente. Quem não tinha piscina, sauna, não morava em condomínio e não tinha campinho de futebol, o”Sírio”, era a extensão da sua casa. Festas, bailes, recepções, carnavais, “soarêes” dançantes, apresentação de cantores, peças teatrais, o espetáculo tinha endereço : Clube Sírio Libanês. As colunas sociais davam destaque a intensa movimentação social do clube.

De repente, tudo acabou. Toque de mágica. O associado, fugiu. As festas, sumiram. As portas, fecharam. A piscina, vazia. A sauna ,fechou. O campinho, desgramou. Bem que o “Babula”(Paulo de Tarso Mauad ) tentou ! Em vão ! Ficou só! Solitariamente só ! A colônia, virou as costas para o “seu” clube! Que “doença grave” teria acometido o clube? Porquê renegar tão valioso patrimônio? 

Hoje, é um amontoado de lixo e de drogados. Vão deixar morrer à míngua, sangrando, tão tradicional clube, representante de uma espetacular e laboriosa colônia ? Pergunta que, por ora, está sem resposta.


Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

domingo, 28 de abril de 2019

Renê Barsan – Um legado de realizações

Em plena madrugada de uma segunda-feira de outubro de 1982, recebo um telefonema de um amigo solicitando minha presença na residência de Renê Barsan para tratar de um assunto confidencial e urgente. 

O tema era política, pois estávamos a um mês das eleições municipais e Renê era um forte candidato a prefeito, pelo PMDB. Seus amigos diziam que já poderia mandar confeccionar o terno da posse.

De início, estranhei a solicitação, pois era então presidente do PDS. Partidarismo à parte, fui ouvir as razões desse inusitado convite.

Pelas suas pesquisas, era certa a vitória de Wagner do Nascimento. Renê, em segunda colocação, sugeriu que a única forma de modificar o resultado seria através da renúncia de Hugo, da qual seria o herdeiro natural, mesmo pertencendo a outro partido.

Quem conhecia Hugo Rodrigues da Cunha já sabia da impossibilidade dessa pretensão ser acolhida. Para não deixar dúvidas, ele declarou ao Jornal da Manhã que jamais renunciaria e que acreditava em sua vitória.

Na apuração dos votos, as previsões de Renê se confirmaram: o PMDB teve a preferência de 70% dos eleitores. Wagner, 37,37%; Renê, 22,66%; e Arnaldo, 10,07%. Já o PDS ficou com 29%; Hugo, 15,27%, e João Junqueira, 13,32%. Pouco mais de 1% tiveram os candidatos Henry e Victor.

Foi a primeira e última vez que Renê Barsan participou de um processo político partidário. Foi muito traumatizante o seu desapontamento. Ele se desencantou da política.

Família Taso ou Dasho em Harput: Elias Taso, Meryem Naman, Helani, Melek, Rahel, Aznif, Feride, Samuel e Sake.— Tradução: Rima Dilmener, Lisa Tigno, Nafi Donat,Maria Alice Barsam, Rene Barsam Júnior, Mark Willmann, Fabiana Barsam, Jen Siegelman eJoshua Crandall. Foto: Acervo da família.

Renê Barsan nasceu em 14 de junho de 1930 na cidade de Elasik, na Armênia, com o nome de Henna Barsamian. Fugindo do genocídio provocado pelos turcos e que dizimou mais de 70% da população, ele veio ainda criança com sua mãe, Aznif (Alice) Barsan, para Uberaba, onde, além de existir uma comunidade armênia, seu pai, Kavme Barsan, que já havia antecipado sua viagem, morava nas redondezas, em Uberlândia. Com a chegada da família, Kavme veio também para Uberaba e aqui se estabeleceu com o comércio de calçados e máquina de beneficiamento de arroz.

A família de Kavme residia à rua João Pinheiro, no bairro Boa Vista, e era constituída de cinco filhos: Renê, Henry, Ulisses, Nelson e Ailda (casada com José Bichuetti).

Ulisses, Nelson e Renê se formaram em Medicina. A formatura de Renê foi no início da década de 1950 e em 1956 graduou-se em ortopedia infantil na Europa. Ficou tentado a trabalhar na Legião Estrangeira, na África, mas foi demovido pelo pai. Dominava seis idiomas e fez inúmeros trabalhos acadêmicos publicados em vários países.

Médico por vocação, Renê instalou sua clínica na rua Olegário Maciel, no Centro, era exemplo de cidadão por devoção à cidade que o acolheu. Dedicava parte de seu tempo ao Hospital da Criança, ao lado dos médicos Humberto Ferreira e Ézio De Martino.

Dotado de espírito associativista, Renê se juntou com De Martino para criar a Sociedade de Medicina do Triângulo Mineiro (SMTM). Revezando-se na presidência e contando com o apoio de toda a classe, os dois conseguiram em quatro gestões entregar a sede própria da entidade.

Seu empenho em trabalhar por Uberaba não tinha limites. Desde 1966, a cidade tinha o sinal da TV Tupi. Todavia, não tinha emissora. Renê arregaçou as mangas para suprir essa lacuna. Como a concessão era dos Diários Associados, Renê, com captação de recursos junto à comunidade, criou uma empresa local para, em sociedade com a concessionária, implantar a emissora.

Em junho de 1972, em área doada pelo governo municipal Arnaldo Rosa Prata, foi inaugurada a TV Uberaba, com a presidência de Renê Barsan.

Renê nutria também um grande amor pelo Uberaba Sport Clube, no qual começou como assistente de jogadores com fraturas e acabou como presidente em 1978. Para dar sustentabilidade ao USC, criou o Cascata Club. Em sua gestão ficou registrada a façanha de ter sido o primeiro e único presidente do USC a vender um jogador para o exterior, Henrique Pires de Barros, que foi transferido para o Canadá.

Não era menor seu amor pelas crianças. Participou ativamente do Conselho do Bem-estar do Menor (Conbem), no qual os meninos trabalhavam fardados, por meio período, dedicando o outro intervalo para o estudo.

Sempre repetia que toda pessoa precisava exercer uma profissão, independentemente de sua renda. Sabendo das dificuldades de grande parte da população mais carente de ingressar nas poucas faculdades existentes, Renê estimulou o prefeito Hugo Rodrigues da Cunha a criar, em 1975, a FETI – Fundação de Ensino Técnico Intensivo. Ele abriu um espaço na área pública para formação de profissionais técnicos em variadas atividades. Quando assumiu a sua presidência, fez toda uma reorganização, que provocou uma grande expansão da entidade, dentro dos moldes que preconizava.

Além de atuar na Medicina, ele também agiu no setor empresarial. Tinha expressiva participação nas empresas de ônibus Líder e São Geraldo. Criou também a Itemel, uma fábrica de para-raios que concorria com a Eletrotécnica.

Foi presidente da ACIU no período de 1980/1981. Conseguiu, em sua gestão, a aprovação do curso de Ciências Contábeis para a FCETM – Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Promoveu diversos cursos, seminários e palestras visando aquisição de novos conhecimentos técnicos para os associados. Participou da elaboração do projeto municipal de consolidação do novo Código Tributário. Informatizou o SPC para agilizar o atendimento. É também em sua gestão que a diretoria da entidade fez campanha para a instalação de um centro coletor para tancagem de álcool.

Renê, falecido em 22 de setembro de 1988, era casado com Maria Beatriz Furtado e teve 3 filhos - Marcelo, médico, casado com Fabiana; Renê Júnior, administrador, casado com Ana Lúcia; e Maria Alice, odontóloga.

Em suas declarações, o filho Marcelo disse que seu pai não admitia intolerância. “Na minha casa não tem isso, porque sofremos isso fora”, explica.

Intérprete fiel do que pensava a comunidade, Luiz Gonzaga de Oliveira, que o assessorou na TV e na ACIU, disse que Renê era, além da elegância e educação, um homem decente, um líder de caráter, de dignidade e de seriedade absoluta.

“Dr. Renê Barsam” é o nome da FETI (Fundação de Ensino Técnico Intensivo) e da Unidade Básica de Saúde instalada no bairro Santa Marta. 



Gilberto Rezende
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA
Fontes: ACIU, Marcelo Barsan e Luiz Gonzaga de Oliveira
Os dados eleitorais são de Tião Silva




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Cidade de Uberaba


sexta-feira, 12 de abril de 2019

Luiz Gonzaga Oliveira, sinônimo de conhecimento e amor por Uberaba

Oi turma! 

Sabe quero agora render as minhas homenagens a um senhor, no alto dos seus 80 anos, de sabedoria e história de amor a Uberaba... Estou falando do jornalista Luiz Gonzaga Oliveira. Há pouco li um texto seu, que na minha opinião, é um dos que mais conhecem a história dessa cidade, declarando todo seu amor pela nossa terrinha.

Luiz Gonzaga de Oliveira

Belo texto, por sinal... Como sempre... E Gonzaga, como outros da terrinha que não se venderam para elite da cidade, nunca virou “nome de praça e nem ficou recebendo homenagens em praças públicas”, como adoram fazer os incompetentes políticos de Uberaba com quem tem “indicação zebuína”.
Gonzaga, pelo seu conhecimento que tem da história dessa cidade, tinha que ser, no mínimo, conselheiro de quem fosse o prefeito da cidade. E aqui, pelo contrário, pelo atual foi até perseguido e “tirado do ar”...

Mas Uberaba é assim mesmo, reconhece quem não merece, desdenha de quem merece. E toda vez que falo de Gonzaga, lembro-me de um de seus melhores amigos, com quem tive a honra de trabalhar, o saudoso Valdemar Hial.

E não esqueço o que este mesmo doutor, junto com advogado Walter Bruce, teve que fazer. em passado recente. para que Gonzaga ser “reconhecido” pelo ex-prefeito Anderson Adauto...
Meus aplausos sempre Gonzaga, você sim me dá orgulho de dizer que sou uberabense!


Jornalista Racib Idaló


Cidade de Uberaba

MEUS CABELOS COR DE PRATA

Abro a “ caixa dos Correios” e deparo com uma mensagem a mim dirigida. Aliás, depois que a nuvem passa, não trocaria meus amigos de fé, irmãos camaradas, minha vida maravilhosa, minha amada família, minha terrinha sagrada , por nada, nada desse mundo, imundo ... Muito menos por uma vasta cabeleira loira, uma barriga de “ tanquinho”, saliente e lisa...Enquanto envelheço, torno-me mais amável comigo mesmo, menos crítico de mim mesmo...

Acabei tornando-me meu melhor amigo. Não avexo-me de comer biscoito de polvilho na padaria do Xisto Arduini, de bebericar minha saborosa cachacinha no bar do Filó, a cervejinha gelada do “bar cotovelo” do Luizinho, na agradável companhia do Zé Roberto. Não dispenso de ir prá chácara , com o Juca Tomé e o Sabino, degustar a costelinha de porco, caprichada, feita pelo Arnaldo. 

Acostumei-me a arrumar a minha cama, comprar “boboseiras” quando vou ao centro da cidade. Sei que apesar das broncas da Wania, ao meu lado, vigiando o tempo todo, quase há 60 anos, continuo roncando em sono profundo, meio “ lambão”, confesso. Extravagante ? sei lá... Assistí, com lágrimas nos olhos, a “partida” cedo demais, de amigos fraternos, antes que conhecessem o que é uma boa velhice...

Ninguém à censurar,depois de velho, ficar “ grudado” no computador, horas e horas, querendo saber coisas que não sabia e só ouvia dizer...Lembrar dos idos tempos que dancei ao som das lembradas orquestras da terrinha e muitas outras famosas de todo o Brasil e, digo-lhes, sem ter chorado nenhum amor perdido...Se nas férias, ia à praia , calção comprido, esticado sobre um corpo quase decadente, “ furando ondas de araque”, sob olhares complacentes de jovens de corpos sarados, “ vocês vão também envelhecer, seus putos! “... conversava eu com meus botões... 

A memória ainda é boa; a vista? Nem tanto. Sou péssimo fisionomista, confundo ”Zé” com “Mané”. Recordo coisas importantes e as” desinportantes” também. O coração enternece quando lembro-me dos “ meus” que já se foram. Coração que nunca sofreu, não conhece a alegria de ser imperfeito. Sou abençoado por isso. Vivo o suficiente por meus cabelos brancos e o riso da juventude que, nas rugas, navegam nas avenidas do meu rosto...

Quanto mais se envelhece, mais fácil é ser autêntico. Nem para peidar, peço licença. Preocupo-me pouco com que os outros (adversários, sempre inimigos, nunca) pensam a meu respeito . Enquanto viver, não vou perder tempo, lamentar o que poderia ter mais feito . Aos jovens, que tem a paciência e a delicadeza de lerem os meus humildes textos, histórias e pensamentos, deixo um recado que aprendi com o excepcional Nelson Rodrigues:

Quando um grupo de universitários cariocas, ao visitá-lo para uma longa entrevista sobre a sua atividade na crônica brasileira, abordando os mais variados temas,o inquiriram que mensagem deixava aos estudantes brasileiros, Nelson, era míope, fumante inveterado, ajeitou-se na poltrona, olhos esbugalhados, cigarro no canto da boca, óculos com lentes parecendo vidro, na ponta do nariz, respirou fundo e soltando uma enorme baforada, disse apenas :- “ Jovens ! Sabeis envelhecer ! “ Marquez do Cassú “. 


Luiz Gonzaga de Oliveira


Cidade de Uberaba

sexta-feira, 29 de março de 2019

Por que Quintiliano?

No dia 08/11/2016, em Belo Horizonte, vivi a honra insigne de tomar posse na Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, junto aos meus pares uberabenses: Ilcea Sônia Maria de Andrade Borba Marquez, José Humberto Silva Henriques e Luiz Gonzaga de Oliveira.

Dia memorável vivenciei na Casa de Cultura, presidida pelo também uberabense César Vanucci. Ali nos perfilamos junto a eminentes intelectuais mineiros e soubemos que por aquela egrégia confraria também passou Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Cada ingressando teve a prerrogativa de indicar o patrono de sua própria cadeira, esse nascido e com exercício literário neste município. Prestei homenagem ao acadêmico Quintiliano Jardim (09/02/1881-09/10/1966), Príncipe dos Jornalistas do Brasil Central. Enumerei suas atividades no mundo da imprensa, lutas essas vividas num tempo em que a condução era o lombo de burros e ele mesmo levava o jornal “Lavoura e Commércio” (iniciado em 1899) aos rincões de Goiás, na antiga capital goiana. Passei pelos anos trinta, quando Quintiliano fundou a pioneira PRE-5 – ZYV-37 – Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro e a dirigiu por décadas. Seus filhos: George, Raul e Murilo Jardim prosseguiram com a obra de Quintiliano até 2003, quando o “Lavoura”, depois de 104 anos, encerrou suas atividades.

Quintiliano Jardim 

Do livro “Cinzas de sonhos”, escrito por Quintiliano com o pseudônimo de Flávio, extraí e declamei em plenário a trova que todo uberabense ama: “Uberaba de ontem, Uberaba de hoje! Das duas não sei qual quero mais; Se a Uberaba dos meus tempos de menino. Se a Uberaba dos meus dias outonais!”.

Dentre os dados que compilei sobre o meu combativo patrono, tenho as suas certidões de: Nascimento, Casamento e Óbito. Descobri que Quintiliano Jardim não nasceu em Ouro Preto ou Goiás Velha, como me afiançaram. Era uberabense nato e, não fosse a argúcia do colega jornalista João Camelo, teria perdido a vida num atentado. Como se constata, a missão de informar sempre custou caro.

Lembro-me de Quintiliano. Um homenzarrão elegante, que não desprezava o terno e sempre exalava o aroma do perfume Lancaster. Numa foto ilustrativa dos 60 anos do jornal (06/07/1959), cedida a mim pela amiga Dra. Ceres Mary Cunha, está ele com a postura do impecável jornalista, ciente de que os seus veículos informativos (rádio e jornal) cumpriam a missão importantíssima de ilustrar consciências no Brasil emergente, àquela época abarrotado de analfabetos. Sua luta foi árdua. Por que escolhi Quintiliano Jardim? Devemos-lhe gratidão.


João Eurípedes Sabino

Cidade de Uberaba

sábado, 16 de março de 2019

A “FARSA” DO ANIVERSÁRIO DA CIDADE - I

Contei-lhes uma vez. A partir de hoje, em 12 textos-denúncia, recomeço a mostrar ao uberabense, a “ farsa” da ‘”mudança” de data do” registro de nascimento” de elevação à categoria de CIDADE, a nossa amada Uberaba de todos nós.

O infausto acontecimento teve inicio no dia 10 de junho de 1994, quando era Prefeito, o atual Presidente do CODAU, Luiz Guaritá Neto, envia uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional), à egrégia Câmara Municipal, então presidida pelo vereador Ademir Vicente da Silveira, hoje, um dos maiores empreiteiros do CODAU, fixando a data de comemoração do” dia do município” , para 2 de março. Começa aí, a “ malandragem”...) (documento em meu poder).

A “ justificativa circunstanciada (sic)”é de uma total falta de solidez, história e argumentação, de pasmar ! Inicía dizendo que “costumeiramente, convencionou-se que a data oficial de Uberaba, dia 2 de maio, artigo 194, da Lei Orgânica do municipio, sem maiores indagações de ordem histórica”. Primeiro absurdo contido no pedido:-Será que o Prefeito e sua assessoria, nunca estudaram nos colégios que freqüentaram, a verdadeira história de Uberaba ? Nunca leram, nem ouviram dizer, nada sobre o grande historiador uberabense ( nascido no povoado do Jubaí), professor emérito, Hildebrando Pontes, no seu livro “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central?“. Lamento, profundamente, serem tão chucros assim..

No livro, com dados indesmentíveis, ele descreve toda a saga , desde os primórdios da incipiente civilização regional, iniciando pela etimologia do nome, elementos formadores, indígenas, brancos, negros, costumes, origem do povoamento, evolução social, comercial e política.O emérito professor e historiador, coitado... deve ter remoído no seu túmulo, ao ver e saber que um engenheiro, Prefeito da sua cidade, analfabeto em história da santa terrinha, teve o disparate, a insensatez e a falta de cultura, quando assinalou que “ não se tinha maiores indagações de ordem histórica”...Pobre rapaz...
É de causar arrepios, constatar tamanha ignorância. Mais adiante, afirma que “ tomou-se como data provável o dia 2 de maio de 1856 para comemoração oficial do “dia do município”. Porém, as festas da Exposição Agropecuária , evento de importância internacional, absorveu qualquer outra comemoração, empanando as festividades de tão importante evento comunitário, fundamental para a formação do sentimento de cidadania (sic”). Mais uma vez, a ignorância, aliada à petulância, além da falta de conhecido histórico do alcaide, estarrece ...

Por etapas:- O prefeito Luiz Neto, desconhecia a Lei 759, de 02/05/1856 ? Quando Uberaba foi guindada como CIDADE, nem se falava em Exposição Agropecuária ?...Qual o real motivo para a data ser “ ofuscada”, em se sabendo que só 40 anos depois, é que realizou-se a Primeira Exposição de Gado Zebu, na amada terrinha? O “porquê” a data de 2 de maio, “empanaria”, as “festividades e formação de sentimentos de cidadania”?. O Sr. Luiz Guaritá Neto, então Prefeito, quis dizer o quê, com tal afirmativa ?

O arrazoado do Prefeito, é deprimente. Tentando , conseguiu com o beneplácito da Câmara, anular a data convencional, mesmo com escassos argumentos “históricos”. Nem os “meninos do grupo”, acreditaram em tão ridícula “baboseira”.

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A FARSA – II

Continuo contando como se deu a “farsa” da mudança da “ certidão de nascimento” da CIDADE de Uberaba, de 2 de maio para 2 de março. Repito: certamente o prefeito Luiz Guaritá Neto e seus “ assessores historiadores”, não deram a devida atenção aos verdadeiros e autênticos escritores que contaram a história de Uberaba, desde a primeira leva de homens valentes que nessas plagas aportaram. Esses “ desconhecedores” da nossa história, chegaram ao descalabro ( e o Prefeito endossou...), apresentar “argumentos” que citam “Dona Beja”, que nada tem a ver com a fundação de Uberaba. Citam “Desemboque”, sem aprofundar em estudos e pesquisas que justificassem a citação. Falam de “Anhanguera”, Pitanguy e Taubaté, sem a menor argumentação convincente e totalmente sem base histórica.

Quando falam de “ 2 de março”, nem é citado o ano de 1820, que o Decreto Real, criou a PAROQUIA ( FREGUESIA ), citando D.João VI, onde está inserido:- “o grande desgosto que sofreram os colonos da “Farinha Podre”, privados do socorro e pasto espiritual que tinha no julgado de Desemboque”. Assim, estabeleceu a FREGUESIA de Uberaba”. Fica apenas uma pergunta: quem souber, responda:- Desde quando FREGUESIA é CIDADE ?

Deus meu, quanta ignorância, má fé , ou “malandragem...” O que tinha a ver “calça com a “cueca “?. Naquele tempo, o Estado era atrelado à Igreja , daí a Freguesia que, “na justificativa circunstanciada” (termo da petição do Prefeito...) , criava uma “ capela curada” e executava os despachos “necessários”...Mais adiante, o Prefeito declara:- “o decreto real de 2 de março de 1820, é reconhecimento oficial de fundação de Uberaba, sua CERTIDÃO DE NASCIMENTO , o que recomenda , históricamente, a comemoração neste dia do mês”.

Faça-nos o favor, Senhor Prefeito Luiz Guaritá Neto. V.Excia., “arranjou uma desculpa fajuta, esfarrapada, mentirosa, para “mudar”a data de “ elevação de Uberaba a condição de CIDADE”. Arranja outro motivo... Encerrada a infeliz “justificativa circunstanciada”, o Prefeito afirma:- “Por ordem eminentemente histórica , na falta de argumentos mais fortes e contrários ao documento oficial que se acha depositado no Arquivo Público (“que documento?, grifo meu )é que estou propondo a esta Egrégia Câmara , adoção da data de “2 de março”, como o “ dia do município”, resolvendo-se as controvérsias que possam ocorrer ou tenham ocorrido, em beneficio da história e do bem estar da comunidade “.Uai! muda-se a data de elevação de Uberaba a condição de cidade, por “dia do município”? Como é feita esta alquimia ? ...

Credo ! Quanta falta de conhecimento da sagrada terrinha, sua verdadeira história! Será que os anos dos bons colégios que freqüentou, em Uberaba e outras cidades,o Prefeito Luiz Neto, nunca ouviu falar nos festejos do CENTENÁRIO DE UBERABA, em 1956 ? A empolgação que a cidade viveu na época ? Nenhum “assessor” o alertou para estupenda “gafe” que estava cometendo ? Outra coisinha :- “Qual a verdade, leal e honesta, que o levou a mudar a data de elevação a condição de CIDADE, nossa grande Uberaba ? Esse desejo representava os interesses históricos da terrinha ? Ou teria” outros interesses”( escusos ?sei lá!...) para tão infeliz procedimento ? Os uberabenses foram consultados se concordavam com a mudança da “data de nascimento” da nossa CIDADE? Existiam razões que a imprensa-embora sempre calada-, desconhecia ? 

Tenho ainda muita coisa à comentar sobre essa “farsa” cometida contra a nossa sagrada CIDADE ! Volto, amanhã, à detalhar episódios que tenho em mãos.

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A FARSA – III

Sigo mostrando a grande ”farsa”do “aniversário de Uberaba”, “malandragem” que não acaba. Seguinte: ainda em junho/94, a Comissão de Justiça do Legislativo, recebeu o pedido do Executivo. O professor aposentado, meu amigo Carlos Pedroso, escreveu no “ Jornal de Uberaba”, que a data de elevação da cidade de Uberaba, não era nem 2 de março, nem 2 de maio. Católico praticante, valeu-se de consulta ao Arquivo Público de Minas Gerais, “atestando” que o 1º .centenário, aconteceu em 22 de fevereiro de 1936 .Segundo ele, “assim pensavam os políticos que queriam ser famosos eleitoralmente”. A nossa imprensa se ocupava do assunto, timidamente, comentando a” mudança da data”.

O “Jornal da Manhã”, de 24.6.94, na coluna “Alternativa”, completou a nota escrevendo assim: “ a maioria dos vereadores está consciente do problema nas comemorações do aniversário da cidade no dia 2 de maio, data “esprimida” entre o feriado nacional e a inauguração da maior feira agro pecuária do país”. Não entrou em detalhes e nem deu maiores informações. Tristeza! Quanta tolice eivada de suposições. Nenhuma autoridade que fala ou escreve a “história de Uberaba”, até então, não havia se manifestado. Só Carlos Pedroso, repetiu seu artigo do “Jornal de Uberaba”, no “Jornal da Manhã”...

Agosto/94, a Câmara convidou para debater o pedido, o Prefeito, Secretária de Educação e Cultura,Carlos Pedroso, Fundação Cultural ,Arquivo Público, OAB, ACIU, Assídua, CDL. (doc. em meu poder). Não se tem noticia se as entidades convidadas, compareceram, à dita reunião. As entidades classistas, jamais se manifestaram sobre a proposta. Vale destacar a posição sempre correta e íntegra, do Jurídico da Câmara , (Marcelo Alegria, William Martins e Sylvio dos Santos Prata), ao emitir parecer sobre o pedido da “mudança”, foi correta e taxativa. Ei-la :

“Referida data (2 de maio), vem sendo comemorada desde o inicio do século, visto que os historiadores locais tem trazido em suas obras, o seguinte:- Decreto de 2/3/1820, criou-se o DISTRITO de Uberaba, uma PARÓQUIA ,sob a invocação de Santo Antônio e São Sebastião.

A Lei Mineira no.28 de 22/2/1836, elevou Uberaba à VILA, com autonomia política e administrativa. A Câmara Municipal , deu a instalação da VILA, em 7/1/1837.
E pela Lei 759, de 2 de MAIO de 1856, erigiu-se em CIDADE . 

Leis posteriores, desligavam de Uberaba , aqueles termos e de no.375, de 1903, anexou-lhe a de Sacramento que depois, também se desligou . (José Mendonça,” História de Uberaba, pág.23,1974 )”. Completa então o douto PARECER do Jurídico da Câmara de Vereadores:- assim ante a citação( cópia anexa) não há o que se COGITAR de que a data de 2 de maio, então data da comemoração “ do dia do município”, NÃO TEM EMBASAMENTO HISTÓRICO, como pede a “ justificativa de folhas”.

Evidenciado, cristalinamente, que o Jurídico da Câmara, mediante inequívoco PARECER, confirmou o dia 2 de maio, como o PRINCIPAL DA CIDADE DE UBERABA. Tenho em mãos, cópias do livro do saudoso e eminente professor e historiador , José Mendonça, tratando do assunto. Lamentavelmente, não se conhece as razões, o Presidente do Legislativo, ADEMIR VICENTE DA SILVEIRA, insistiu na sequência do pedido, a fim de atender o seu “amigo”, Prefeito LUIZ GUARITÁ NETO.

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A FARSA – IV

Apesar de alguns amáveis leitores não entenderem a importância e datas históricas, continuo mostrando a “farsa’ acontecida em Uberaba, na mudança do “ registro de nascimento” da santa terrinha. Se não cuidarmos do nosso passado, o nosso futuro vai deixar a desejar...

Vamos lá:- 5 de agosto de 1994,”Jornal da Manhã noticía que “ vereadores marcam data para discutir o aniversário”. À reunião do dia 18 do mesmo mês, compareceram e assinaram presença , além dos edis, Carlos Eduardo Colombo, José Humberto Salge, Erwin Pulher, Aparecida Manzan, Carlos Pedroso, Luiz Guaritá Neto, Jorge Nabut, Guido Bilharinho, Sônia Fontoura, Flávio Canassa, Lauro Guimarães, Josefina Silva e Ademir Vicente da Silveira.Convidados, não compareceram: Arnaldo Santos Anjo, Luiz Alberto de Oliveira Jr. Modesto de Lima, Maria Antonieta Lopes, Dedê Praes ( documento em meu poder ).

O “Lavoura e Comércio”, de 6/8/94, abriu manchete:-“Poder Público e entidades discutem data para o aniversário de Uberaba”. E completa:- “ O Presidente da Câmara, Ademir Vicente da Silveira, afirma que a mudança da data obedece a fatores históricos questionados pela população e esclarece divergências quanto ao dia e ano de fundação de Uberaba “. Estranho é que, desde o inicio, das “discussões” propostas pelo prefeito Luiz Neto, em momento algum, S.Excia .teve o cuidado de convidar a imprensa local, à participar das referidas reuniões. Acredita-se que o Prefeito tinha certeza plena que a “imprensa chapa branca”, “comia na mesma panela”...( menos eu que deixei a Superintendência da TV-Regional, em maio de 1994.)

Os folhetins da terrinha, se ocupavam em pequenas notas. A íntegra jornalista Gislene Martins (Você faz muita falta, Gislene...)na coluna “Bastidores”, registrou a preocupação de Ervin Pulher , na mudança da data .Disse: “2 de março é da criação da PARÓQUIA, 22 de fevereiro, apenas a data da lei Provincial . Uberaba, cumpriu todas as obrigações legais para a Lei entrar em vigor, 2 de maio”, concluiu o saudoso e emérito professor. Já Carlos Pedroso, católico convicto, insistia em seus artigos.”Dom João e o aniversário” que, nem 2 de março, nem 2 de maio, representam a data mais importante do município.22 de fevereiro, é o dia a ser comemorado. Ele sempre insistiu na FREGUESIA de Santo Antônio e S.Sebastião de Uberaba”.

A ignorância histórica do ex-Prefeito, Luiz Neto, sobre o aniversário da cidade, em que pese o avô, o pai, um dos mais brilhantes jornalistas e radialistas que Uberaba produziu, o inesquecível Ataliba Guaritá Neto ( O Netinho imortal) e ele, Prefeito, é de pasmar ! Declarar ao “Jornal de Uberaba”(19/6/94) que “ a data de 2 de maio foi definida sem maiores indagações e que tornou-se como DATA PROVÁVEL, 2 DE MAIO DE 1856, como a data mais importante do município” (doc.em meu poder)”,é de lascar !Os historiadores Hildebrando Pontes e José Mendonça, repito o que já disse anteriormente, devem ter revirado na tumba ! Pelo visto, o ex-Prefeito, nunca leu a história de Uberaba, cidade que ele administrou e tem, dizem, pretensão de voltar a dirigi-la.

É claro o inteiro teor da Lei 759, de 2 de maio de 1856, elevando a categoria de CIDADE ! Na infeliz entrevista citada, ele declara:- “ O Decreto de D.João VI, justifica a decisão que visava acabar com o desgosto que sofreram os colonos estabelecidos no sertão da “Farinha Podre” por serem privados de socorro e pasto espiritual”. Custa-me acreditar que um jovem inteligente, de boa família, brilhante engenheiro, enfronhado nas lides políticas, cometesse tamanha leviandade...Tenho muito mais coisas para contar.

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A FARSA V

Até a natureza se revolta contra aqueles que faltam com a verdade. Impingem situações ”goela abaixo”, dos cidadãos de boa vontade. Esse 2 de março, louvado como “ aniversário de Uberaba”, não me representa e desafio a provar minha verdadeira história da data de ELEVAÇÃO de Uberaba e a fajuta e inconsistente “criação” de uma nova data de” Freguesia”...

Continuo o meu indesmentível histórico. Na Câmara municipal, prosseguia as tratativas para a “mudança”do aniversário de Uberaba. O “Jornal da Manhã”(24/6/94), na coluna “Alternativa”, estampava “ o projeto deverá ser votado na primeira semana de junho. Se aprovado, Uberaba ficará com 175 anos de idade”. (grifo meu, ou seja, “envelhecida” 36 anos). Continua “matéria parece tranquila no Legislativo, mesmo porque a maioria dos vereadores está consciente do problema acarretado com as comemorações do aniversário da cidade, dia 2 de maio, “esprimida” entre o feriado nacional e a inauguração da maior feira agropecuária do país, a Expozebu”.

Tal justificativa seria cômica, se não fosse trágica. Os que queriam mudar a data,” inventaram” essa desculpa. Cabe aqui, algumas indagações: “naquele ano, o Carnaval começava na quinta, cobria a sexta-feira e o sábado, o comércio a indústria e outras atividades, inclusive repartições públicas, paralisaram suas ações, ou não ?.A “ semana santa”, também envolvendo quinta-feira, sexta

-feira da Paixão e sábado da aleluia, teriam que mudar a data, também ? Feriados municipais e ou federais, quando “ caem” na sexta-feira, teria que ser adiados? E outras datas, quando o feriado é na quinta-feira ou na segunda-feira, criando os chamados “ feriadões” , tinham que acabar ?. Não resiste ao menor argumento, esse apresentado pelos “sabichões, donos da cidade” e complacência da acovardada Câmara de Vereadores da época.

O “silêncio”, mudo e quedo da “imprensa marrom” da cidade, a pacífica e subserviente conivência dos jovens historiadores da santa terrinha, alguns funcionários municipais, lotados em secretarias, autarquias e departamentos com duvidosos e incipientes pareceres, “lavaram as mãos” ,lembrando Pôncio Pilatos.. .Enquanto os “ estudos” prosseguiam na Câmara, o professor Carlos Pedroso, continuava escrevendo nos jornais locais. “Jornal da Manhã”(26/6/94), sobre o”aniversário” de Uberaba. Chegou a invocar o saudoso Arcebispo Metropolita da época, D.Benedito de Ulhôa Vieira, sobre o estudo que tinha em mãos. Insistia na data de 22 de fevereiro de 1836.., Sua tese, seus “guardados”, foram, solenemente, ignorados, no momento de se concretizar a “ farsa” do “aniversário” de Uberaba...

O “Jornal da Manhã”, raramente registrava o episódio ,em pequenas notas. Uma delas, em 3/8/94, dizia:- “Câmara de vereadores ,inicia dia 18, as discussões sobre a transferência da comemoração do aniversário de Uberaba para outra data. A proposta é que esta data seja observada no dia 2 de março, que marca a assinatura do decreto real pelo qual, D.João VI, criou a FREGUESIA de Uberaba. Esse decreto representa a certidão de nascimento da cidade, pois deu-lhe autonomia administrativa.” O jornal repetia, integralmente, a proposta de emenda Constitucional enviada `Câmara, pelo então prefeito Luiz Guaritá Neto. Nada mais...

Oh! Terrível dúvida ! Aí, tem “coisa”...D.João VI,”cria”FREGUESIA”, que a “turminha” afirma representar a “certidão de nascimento” da cidade. E onde fica o inteiro teor do decreto que especifica FREGUESIA ? Nos dicionários pesquisados, no “Geogle”, conhecerão as definições de CIDADE e FREGUESIA e as conseqüentes diferenças.. Fico a pensar:- qual teria sido a verdadeira intenção, ou razão dos nossos dirigentes? O que se esconde nessa “farsa” da “mudança” da data de elevação de Uberaba à condição de CIDADE ? O “sombra”, sabe ?...

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A FARSA – VI

O dia 2 de março, repito, não me representa como o do “aniversário” de Uberaba. Essa intensa e mal intencionada publicidade de hoje, 199, amanhã 200 anos da terrinha ,é pura e fantasiosa mentira ! Autoridades e pretensos historiadores da cidade, desconhecem-se as razões e os motivos reais, tentaram mistificar ( ou desmitificar ?)a história da elevação de Uberaba a condição de CIDADE. Erro imperdoável ! Tentam jogar ao chão, experientes e acreditados historiadores da amada terrinha, com a mais absurda falta de pudor em relatar a verdade. Esqueceram do compromisso com a cultura , história e tradição da amada terrinha. Os responsáveis pela irresponsável mudança de data da elevação da então Freguesia à CIDADE, não levaram em consideração , por falta de conhecimento, ou por interesses ocultos e escusos, o “ envelhecimento” de nossa Uberaba em 36 anos ! Isso pode, Arnaldo !...

É a mais pura e grossa mentira, “mudar” a data e aniversário da CIDADE de Uberaba, pela forma semi-ditatorial como foi imposta. O Prefeito Luiz Neto, convidou apenas pessoas que iriam dizer “amém” à sua questionável pretensão. Sabia de antemão que os “convidados” – menos os doutos advogados do Departamento jurídico da Câmara municipal - , não iriam contra o seu desejo. Ficam algumas perguntas:- Porque a imprensa não foi convidada para participar da “discussão”?- Ela era contra a proposta? – Porque o uberabense (povão) não foi chamado a manifestar se aceitava ou não, a referida “mudança”? Seria contra a proposição ? O que levou o prefeito a ignorar os livros documentos de uberabenses ilustres (Hildebrando Pontes, José Mendonça, entre outros ) que escreveram histórias verdadeiras de Uberaba ? Não acreditavam nos seus livros e depoimentos, abordando a data de aniversário da terrinha ?

Ninguém pode esquecer que o resgate da História de uma cidade, se dá através de documentos, leis, metodologia, conhecimento histórico do assunto em questão. Qual o motivo de se criar uma “comissão” e depois dos vereadores, não terem levado em consideração, o respeitável PARECER JURÍDICO do seu competente Departamento, quando instado a pronunciar-se sobre a discutida “mudança”?

A “exposição de motivos” da exma. senhora diretora do Arquivo Público da época, que mesmo sabendo da história da elevação de Uberaba a CIDADE, “opinou” pela mudança da data, via uma débil explicação que o “ dia 2 de março, representa a certidão de nascimento de Uberaba” .Confesso, desconheço quantas Escolas Universitárias, diplomas de nível superior, possui a diretora, que a qualifica em ter dado a “palavra final” propondo a mudança...

2 de março, revelam os” documentos históricos”( que nunca foram apresentados...)no arrazoado de pedido da “mudança”. Não representa a vontade do laborioso povo de Uberaba que sempre comemorou a data de elevação da CIDADE DE UBERABA, no dia 2 de maio. Se está entre o dia do Trabalho e a Expozebu, o problema não é da CIDADE DE UBERABA ! Somos mais antigos e reza o ditado popular “ Antiguidade é posto”...

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A FARSA – VII

A exma . sra. Aparecida Manzan, então diretora do Arquivo Público municipal, após a sua posição com relação ao “ aniversário de Uberaba”, passou por momentos pouco agradáveis com a Justiça Estadual, envolvida no “escândalo da Fundação Cultural”, quando o então diretor da FCU, foi o “pivô” de uma fraude ocorrida naquela autarquia, cujo ressarcimento do desfalque do dinheiro aos cofres municipais, até hoje, não aconteceu. Sua posição em nome do APU, referente a “mudança” da data do aniversário da terrinha, extraio hoje e amanhã, alguns trechos do seu “levantamento’. Inicialmente, ela já faz opção pelo dia 2 de março de 1820 ; segundo ela “ por ser o primeiro reconhecimento oficial desta povoação, visto que, a Igreja , estava, umbelicalmente, vinculada ao Estado”.

Mais a frente, ele se cerca de dúvida e escreve “ necessitamos de mais tempo e recursos financeiros para buscar outras documentações no Instituto Histórico e Geográfico do Rio, no Arquivo Público Mineiro, Arquivo Nacional e Arquivo Público de São Paulo e Biblioteca Nacional do Rio”. Pede ainda que “ historiadores” ( não cita nomes, nem a origem ) para “ajudar nas pesquisas”. Segundo a exma. sra. Manzan, “ é preciso revisar a história de Uberaba para não incorrer em erros anteriores . Não se pode trabalhar com hipóteses, mas, com provas documentais”, finaliza a então diretora do Arquivo Público municipal.

Na outra página ( documentos em meu poder ), historía outra “data importante do município de Uberaba, 27/10/1809”. Ela relata a “ chegada dos irmãos José Manoel e Antônio Eustáquio Silva e Oliveira, vindos de Ouro Preto e Eustáquio, nomeado pelo Governo Provincial, como o “Comandante Regente dos Sertões da Farinha Podre”. De volta ao Desemboque, Eustáquio, encontra “ um lugar propicio para nele se instalar, às margens do córrego das Lages”. Em seguida, Aparecida Manzan, discorre sobre a data de 1/12/1818. Ela escreve:- “Eustáquio , recebe as bênçãos do padre Hermógenes Cassemiro de Araújo Brunswick, na capelinha erguida no arraial com o nome de “arraial de Santo Antônio e São Sebastião da Farinha Podre”, nome que figurou até 1836. Ela faz também, referência a manifestação da Igreja Católica, junto às ações do Estado . Nada mais.

Vem o 2 de março de 1820, quando D.João VI, criou a “ Paróquia (Freguesia)no arraial de Uberaba. Tal decreto fala do “desgosto sofrido pelos colonos do sertão da Farinha Podre, que se viram privados do socorro e pasto espiritual , longe do Julgado do Desemboque “. A justificativa exposta pela exma .sra., então diretora do Arquivo Público municipal, contenta-se em comentar a “ institucionalização da vida dos convidados na construção de sua ermida, visitada pelo padre e elevava à região inóspita (? minha) ao status de Paróquia ou Freguesia “. A arquivista fala da “assistência religiosa, o acesso ao batismo, amparo dos enfermos até a morte e a garantia do registro de nascimento, matrimônio, óbito, ampliações jurídicas e sociais”.

Encerra seu arrazoado, afirmando:-“ 2 de março de 1820, representa o primeiro reconhecimento oficial de Uberaba, sua certidão de nascimento”. No entanto, no último parágrafo de sua exposição, ela expõe-se à grande dúvida, a sua incerteza, quando afirma literalmente:- “Embora não seja a data de FUNDAÇÃO( Elevação de Uberaba a condição de CIDADE ), pois não existe formalmente; uma vez que os “ primeiros habitantes”, foram chegando sem “ data definida, é sem dúvida, uma das datas mais importantes de nossa história, merecendo ser valorizada de acordo com a preponderância (sic) que tem “. Amanhã, comento as datas de 22/2/1836 e 2/5/1856. A história sempre tem data...

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A FARSA – VIII

A senhora diretora do Arquivo Público 94/95, Aparecida Manzan, em seguida a sua “decisão” de mudar a data de elevação de Uberaba a condição de CIDADE, traz um longo histórico sobre o dia 22/2/1836, invocando a Lei Provincial no.28, que eleva Uberaba como sede e nome de “Vila Santo Antônio de Uberaba”, joga “prá fora” o coitado do São Sebastião... Discorre sobre a construção de um “sobrado” que servia à Câmara municipal e, no térreo, uma cadeia... ”Sobrado” que sobreviveu e, hoje, abriga dependências históricas da Câmara municipal . Depois de ser “arraial” e “Freguesia”, a historiadora finalmente comenta a data de 2/5/ 1856 . Sem entrar em maiores detalhes e pormenores da elevação a condição de CIDADE de Uberaba.

Transcrevo, sem muda uma vírgula (documento em meu poder), seu comentário:- “ Uberaba, após tornar-se município em 1836, desenvolveu-se rapidamente. Em 1837, já tinha Correios, em 1839, instalaram-se Cartórios, em 1840, passou a ser sede de Comarca. Este crescimento deveu-se a sua privilegiada posição geográfica, à força da sua atividade econômica e ao dinamismo de seus habitantes, que, em 1856, solicitaram e obtiveram a elevação de sede do seu beneficio à categoria de CIDADE, título honorífico, sem significação política (?), raramente concedidos aos núcleos urbanos. Assim, pela Lei Provincial no.759, de 2 de MAIO de 1856, aquele pequeno ARRAIAL DA FARINHA PODRE, timidamente começado pelo major Eustáquio, desde os idos de 1809, que em 1820 era FREGUESIA DE SANTO ANTÕNIO E SÃO SEBASTIÃO DE UBERABA, que a partir de 1836, e tornou sede de município com o nome de VILA DE SANTO ANTÕNIO DE UBERABA, agora muda mais uma vez de nome e se torna, definitivamente, CIDADE DE UBERABA. Era tudo que aquela população laboriosa e produtiva poderia pretender para sua terra, que assim se faz conhecida entre as poucas que então existiam no Brasil com este honroso título “.

É questionável “relatório-decisão” da diretora do APU, sem consultar maiores fontes ( ela mesmo, no texto de ontem, confessa...)DECIDIR que a data de elevação de Uberaba a CIDADE, seja 2 de março de 1820, confundindo com FREGUESIA. Suas assertivas para mudança de data de elevação a condição de CIDADE, a mim me parece ( depois de reconhecer a data de 2/5/1856), muito estranho. Ignorou por completo, não citou uma vez sequer, historiadores uberabenses de cepa indiscutível, donos de um enorme acervo cultural e histórico, dos renomados professores Hildebrando Pontes e José Mendonça. Sem sofismas, tal “decisão” teria obedecido “ ordem superior”, do que propriamente aos conhecimentos e relatos históricos?...

Ao tempo que a diretora do APU, aduz a necessidade de “maiores dados oficiais”, afirma que a “data de 2 de março de 1820, é a mais adequada e serve como registro de nascimento de Uberaba”... A “farsa”da mudança da data histórica (honorífica ? Jamais...)da elevação de UBERABA a condição de CIDADE , não pode ser trocada por uma reles data de criação de FREGUESIA, sinônimo de “ currutela”...Pergunto:- Era assim que o Prefeito e vereadores dos anos 1992/96, da sagrada terrinha devotam a nossa mui amada UBERABA ? Tenha dó!

Quanto a exma.sra.diretora do Arquivo Público, Aparecida Manzan, ela se contradiz, infelizmente, nas suas “considerações”. Uma pena ! Mostro e sequencio, amanhã, para trazer à tona, a verdadeira data de elevação de Uberaba a CIDADE. Não “ Freguesia.”, que estão apregoando na suspeita publicidade de Uberaba- 200 anos...”Balela que ninguém acredita...

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A FARSA – IX

Prossigo relatando a “farsa” da mudança da data de aniversário de Uberaba. Em 29/4/1994, a exma.sra. Aparecida Manzan, diretora do Arquivo Público municipal, enviou ao então Chefe de Gabinete do Prefeito Luiz Neto, Wellington Cardoso Ramos, “atendendo solicitação”, o estudo final para “mudar” a data de aniversário de Uberaba. Sem trocar uma vírgula, ela escreveu :- “O dia 2 de maio, apesar da importância histórica, não oferece condições para ser o “Dia do Municipio”(?) por causa da Exposição Agro Pecuária (?). Nossos estudos sugerem a data de 2 de março, quando se comemora a criação da FREGUESIA de Uberaba, em 1820, que, embora não seja a data de fundação como 2 de maio é vista, como o inicio de povoamento que não pode ser precisado”.

A”justificativa” é cômica, quase risível! Ela afirma:- ‘2 de maio, é comemorado há muitos anos como “Dia do Município”.( Ela não fala em CIDADE). Atualmente está obscurecida(?) pela festa da Exposição, uma vez que:- 1º -A festa da Exposição tornou importância nacional e internacional que absorve qualquer outra comemoração. ( A diretora dá a entender que a Expozebu só tem um dia de festa, 3 de maio, que diga-se, nos últimos anos, não tem a importância de antigamente, pois que, este ano, 2019, a abertura será dia 27 de abril...) 2º.- A celebração do “Dia do município”, (não fala mais em aniversário, nem fundação e muito menos, ELEVAÇÃO )é fundamental para formação do sentimento de cidadania de seus jovens cidadãos ( quer dizer que, até então, o 2 de maio não era comemorado ? Seria ela nascida depois de 1956, quando grandes festejos comemoraram o CENTENÁRIO de Uberaba, elevada a condição de CIDADE ?. Lamentável a falta de conhecimento histórico daquele prestativa servidora municipal...)Terceiro argumento:- “ A data de comemoração do “dia do município”, precisa ser destacada de qualquer outro evento que possa cobrir o valor cívico que apresenta”, destaca.

Em seguida, afirma “2 de maio não oferece condições pelo exposto(?) a equipe de pesquisadores e historiadores do arquivo Público ( não cita nenhum nome de “pesquisador” ) sugere que a partir de 1995, a data municipal seja comemorada no dia 2 de março, conforme decreto de D.João VI, criando a Paróquia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba (FREGUESIA)”. Foi uma das peças históricas mais chulas que esse pobre escriba teve noticia . Para agradar não se sabe quem ( ou sabe?), esse “ crime histórico” foi perpetrado...

Do fim de abril a agosto de 1994, a “ imprensa chapa branca” da terrinha, vaga e esporadicamente, noticiava a “ mutreta” em jogo. Vereadores, segundo os jornais, ”estudavam a matéria que seria votada”. O assunto, era levado em “ banho Maria”...O “Jornal de Uberaba”, 18/8/94,escreveu” a população de Uberaba, na sua grande maioria, é contra a mudança”. Dezembro/94, o então Presidente da Câmara, Ademir Vicente da Silveira, convocou a última reunião do ano, para discutir a PEC 007/94, que “ muda” a data de aniversário da cidade. Além dos vereadores, são convidados, Flávio Canassa, Sônia Fontoura, Jorge Nabut, Carlos Pedroso, Dedê Praes, Antonieta Borges, Aparecida Manzan, Modesto Lima, José Humberto Salge, Eduardo Colombo, Luiz Alberto Oliveira Jr., Erwin Pulher, Arnaldo Santos Anjo, Guido Bilharinho e o prefeito Luiz Guaritá Neto. Sônia Fontoura, pediu mais prazo para estudar o assunto. Carlos Pedroso, disse que a data só poderia ser mudada em 1995. Os vereadores, Ademir Vicente, Lauro Guimarães e Gilberto Caixeta, não concordaram. Dia 20/12/94, nova reunião. Bilharinho, Pulher, Colombo, Manzan, Antonieta, Sônia, Flávio e Lauro Guimarães, compareceram. Luiz Neto, Santos Anjo, Luiz Alberto, Salge, Modesto, Dedê, Pedroso, Nabut, Heleno Araújo e Caixeta, ausentes. O projeto foi aprovado; a reunião extraordinária, realizada na ante véspera do Natal, 23/12/94.

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A FARSA X

Até hoje, a mal explicada mudança da data de aniversário da elevação de Uberaba a condição de CIDADE , infelizmente, naquele malfadado dia ( comentei ontem ), estava decretada. Com a pálida presença de algumas lideranças classistas da terrinha e que não se interessaram por assunto tão relevante, pois, pertenciam a mesma “panelinha” daqueles que, por razões nada edificantes, queriam a “mudança”. Ato este, vexatório, sem compromisso com a verdade, desqualificadamente, concretizou-se. 

Procure-se Brasil afora, o aniversário de uma CIDADE, pequena, média, grande, megalópole ou Capital, tivesse alterado o seu “ registro de nascimento”. É procurar “agulha no palheiro”... Forças retrógadas , para tristeza do uberabense verdadeiro, levaram a melhor. O Legislativo , como sempre, curvou-se, de joelhos, covardemente, ao Executivo e coroou-se, funestamente, a esse tamanho descalabro...

No dia 21/12/94, a Comissão de Justiça ,Legislação e Redação (José Rodrigues de Rezende, Paulo Silva (falecido) e Gilberto Caixeta), opinou pela aprovação da “nova data”. No dia 23/12/94, ante véspera do Natal, o artigo 194, da Lei Orgânica do Municipio, foi alterado (1º.turno). O ato “ heróico” estava consumado...

No 3º.ano do período legislativo ( 93/96), o projeto foi aprovado , por UNANIMIDADE (!!!) pelos exmos.senhores vereadores, em 2º.turno. Passado o período das férias, no dia 6/2/95, entrava em vigor já naquele ano. Depois de uma pífia “Justificativa Circunstanciada”, enviada à Câmara em 27/5/94, a tramitação durou ( ou demorou ? 8 meses e meio para a “ farsa” tornar-se vitoriosa. 

Não respeitou sequer o passado de uberabenses ilustres, mestres que debruçados em pesquisas históricas , análises , documentos e depoimentos insuspeitos, escreveram livros contando como Uberaba foi guindada a CIDADE e não FREGUESIA. Homens da têmpera e valores irrefutáveis de Hildebrando Pontes e José Mendonça, expoentes da nossa cultura, foram “substituídos” na suas hercúleas tarefas de estudos sobre a origem da nossa amada UBERABA, por políticos sem raça, sem jaça que, atendendo a interesses escusos e pouco louváveis, mesquinhos, agrediram e afrontaram a nossa história ... A imprensa, como soe a acontecer, em episódios marcantes da terrinha, “fechou-se em copas”, subjugando-se a interesses ocultos para não desagradar os “ ricos e poderosos” da cidade...

Aos uberabenses , cultores dos nossos dados históricos, responsáveis pelo zelo de nossas tradições, conheçam, abaixo, aqueles(as) foram os subscritores dessa irresponsabilidade : Prefeito Luiz Guaritá Neto, Aparecida Manzan e sua equipe da época, do Arquivo Público, convidados (já citados)que opinaram sobre a mudança e os 19 (dezenove )vereadores que votaram, unanimemente, pela “ troca” (ou alteração? )de tão infeliz iniciativa: Ademir Vicente da Silveira, Arly Coelho da Silva, Benito Meneghello, Daltro de Paiva (falecido), Edivaldo dos Santos, Chiquinho Teixeira, Gilberto Caixeta, Hamilton Felix, Heleno Araújo, Helí Andrade, Jesus Manzano ( falecido), João Spósito, José Rodrigues de Rezende, Lauro Guimarães, Minervino Cesarino (falecido), Newton da Cunha Prata, Paulo César Soares, Paulo Silva (falecido), Wilson de Paiva (falecido em pleno mandato), substituído por Lucimar Ferreira.

Esses homens, não se sabe, consciente ou inconscientemente, deixaram um legado triste para a exemplar história de Uberaba, trocando a referência de uma grande CIDADE para uma ultrapassada e pouco conhecida FREGUESIA... Pena ! Muita pena !...

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A FARSA XI

Estou chegando à reta final da “farsa” do “aniversário de Uberaba”. Defino o que FREGUESIA, PRELAZIA e CIDADE. FREGUESIA- é o nome de uma divisão administrativa, semelhante à PARÓQUIA. Freguesia e Paróquia, são sinônimos. Com a Proclamação da República, aconteceu a total separação entre a Igreja Católica e o Estado.

PRELAZIA – É uma circunscrição eclesiástica que atende as necessidades peculiares de um grupo de fiéis. É a Prefeitura Apostólica que administra o vicariato católico. As Prelazias são similares às Igrejas particulares. Cada uma tem seus fiéis, clero e pastores.

CIDADE – é uma área urbanizada que se diferencia de vilas, lugarejos, povoados, obedecendo critérios que incluem, população, densidade e classe populacionais e estatuto legal. CIDADE- é utilizada para designar uma data político-administrativa URBANIZADA . CIDADE – é uma área que concentra oferta de serviços, emprego, renda, manifestações culturais, religiosas, infra estrutura, consumo, e reúne os mais diversos fluxos e atividades humanas.

A importância dada à região da VILA DE SANTO ANTÕNIO E SÃO SEBASTIÃO DE UBERABA, era próspera e mereceu o título de CIDADE, EM 2/5/1856, tornando-se importante centro comercial que acentuou-se com a chegada da Estrada de Ferro Mojiana, em 1889, facilitando, sobremaneira, a imigração européia para nossa cidade e acompanhou o desenvolvimento da pecuária zebuína. Até o advento da “Fosfértil”, Uberaba progrediu.

Bastou assumir as rédeas do município, “jovens políticos promissores” e começar a degringolada do crescimento da santa terrinha. “Markeiteiros” e “ publicitários”, enfeitaram Uberaba daquilo que ainda não tínhamos. Tornaram-se “donos da verdade e da cidade” e mudaram até a data “ de nascimento” daquele povoado que Major Eustáquio, fundou...

É desalentador constatar a forma irreal como a “imprensa chapa branca” da terrinha teceu loas ( não merecidas) a “mudança”da data de elevação a categoria de CIDADE, a nossa amada , extraordinária , sofrida e mal querida (por alguns) UBERABA ! Até recentemente, insistiam em anunciar o aniversário da “currutela da FREGUESIA”, como se fosse sua data natalícia, e ”ignorando”, sabe lá por quais razões, a Lei 759 de 2/5/1856, que consagrava UBERABA como CIDADE . Motivos inconfessáveis, maldosamente “desconhecidos!”(será?), “aplaudiam” e desgraçadamente ainda “aplaudem”, a nefasta e covarde “transferência” de “ soprar velinhas” imerecidas, diga-se, do histórico e indesmentível 2 de maio para o insosso, mentiroso, inodoro e incolor 2 de março, tentando impingir aos uberabenses natos, degradante aleivosia, “inventada” por esse grupo de uberabenses inúteis.

Sem dar “ o braço a torcer”, a mídia local corrigiu, em parte, o seu erro. Não escreve mais que é o “aniversário de Uberaba”. Registra apenas “ 2 de março, aniversário da elevação de Uberaba a FREGUESIA”... Era o mínimo de honestidade profissional e histórico que o uberabense esperava. Falar em “aniversário de 200 anos”, em 2 de março, é agredir nossos foros de civilização e cultura. É cuspir nas nossas honestas caras, uma indecência histórica que não compactuamos e muito menos, respeitamos.

Quanto aos infelizes uberabenses que cometeram esse ‘crime histórico”, que sejam esquecidos para todo o sempre da nossa memória histórica. Uberaba, cristã e religiosa , lhes dará o perdão !....

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A FARSA XII

Passadas mais de duas décadas, o uberabense ainda não “ engoliu” a “farsa” da mudança de data de elevação de Uberaba a CIDADE. Transformaram o 2 de março em “dia do município”.(Doc. Em meu poder). Para o povão “ 200 anos de Uberaba”, é grossa mentira ! A “desculpa” , uma só: 2 de maio estava “esprimida” entre o Dia do Trabalho e o inicio da Expozebu, não “cola” mais. O dia 3 de maio, nunca foi feriado municipal; a Expozebu, há tempos , não tem inauguração neste dia. Este ano mesmo, 2019, a inauguração acontecerá no dia 27 de abril, sabiam? A lenda de 3 de maio de inauguração, ficou na saudade...

Ademais, feriados seguidos, os chamados “feriadões”, sempre aconteceram e acontecerão. Este ano, o Carnaval “coincidiu” com o fajuto “aniversário de Uberaba”... ou não ? E daí ? Essa “história” esfarrapada que agride os historiadores sérios ( vivos e mortos), foi para “ Tonga da mironga do...).UBERABA – pelo porte de cidade culta, ordeira, progressista e civilizada, não vai se deixar levar por essa inoportuna e tola aleivosia. A nossa indignação vai perdurar enquanto essa injustiça histórica não for reparada. Essa farsa da mudança que impingiram na “ certidão de idade” da sagrada terrinha, não nos representa!

A atual Egrégia Câmara Municipal, bem que poderia dar “ o ar de graça” da sua atuante presença, REVOGANDO a Lei de tão infeliz e falsa “data de aniversário” da terrinha. Nada contra a FREGUESIA DO ARRAIAL DA FARINHA PODRE, lugarejo, povoado, ou vila... Uberaba, ´e CIDADE – a nossa vida ! Não sei se sede de amor ou sede de amar ! Uberaba, é o nosso manto protetor ! Colo de mãe na mais pura e amada essência ! Uberaba, transcende carinho, trabalho, alegria, festa, cidadania ! Uberaba, é o nosso torrão natal ! Nada se compara a ela!

Sua bênção, Major Eustáquio ! Vamos juntar nossas vibrações a Mário Palmério, Fidélis Reis, Alaor Prata, D.Alexandre, Jorge Furtado, Hélio Angotti, Humberto Ferreira, José Humberto R.Cunha, Joubert de Carvalho, Cacaso, Antenógenes Silva, Leopoldino de Oliveira, Glycon de Paiva, Pedro Moura, Avelino Inácio, Álvaro Lopes Cançado, Randolfo Borges Jr., Ovidio Fernandes, José Bilharinho, Henrique Kruger, Inácio Ferreira, Chico Xavier, Aparecida Conceição Ferreira, Antusa Martins, Aspásia Cunha Campos, Alexandre Campos, Celso Afonso, José Ribeiro, Juvenal Arduini, Augusto César Vanucci, “Doca”, “Zote”, Pedro Salomão, Hugo R, Cunha, João Guido, Alberto Fontoura Borges, Boulanger Pucci, Antônio Próspero, Ataliba Guaritá Neto, Raul Jardim, Renê Barsam, Odorico Costa, Artur de Melo Teixeira, entre outros muitos uberabenses de verdade que, por absoluta falta de memória desse modesto escriba, não foram citados, mas, pertencem ao “panteon” da nossa história.

No plano superior, mãos dadas, ecumenicamente ,iluminem a nova geração de uberabenses e reponha no seu devido registro, a data de “aniversário de Uberaba”, tão grosseira, estúpida e covardemente, alterada sem razões históricas que justificassem esdrúxula medida. Nunca é tarde para redimir-se de erros praticados. Há que prevalecer o sentimento político dos nossos ilustres vereadores, ao repor a verdade histórica. Não permitam que esse falso” 2 de março” de 2020, se transforme num palanque eleitoral para o “ continuísmo” na nossa amada CIDADE!

Se tal gesto acontecer, senhores vereadores, receberão os aplausos, os votos e o respeito de todos nós, uberabenses que amamos de paixão a nossa altaneira Uberaba!
A cidade espera e acredita em vocês! “Marquez do Cassú”


Luiz Gonzaga de Oliveira



Cidade de Uberaba

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

UBERABA NA MESMICE ...

( É muito triste ouvir o canto do cisne ...)

São três os fatores de crescimento de uma cidade. O primeiro, presta-se à atividade agro rural em que a agricultura familiar e a pecuária, servem de sustentação às famílias que concentram-se em pequenos núcleos de serviços domésticos. Sobressaem-se, mormente, na economia rural. Foi, historicamente, a primeira grande fase de Uberaba, quando homens de têmpera forte, viajaram às Índias , à busca de uma nova raça zebuína que viesse à substituir o nosso já ultrapassado “gado pé duro”. Vislumbraram vantagens , pois que, a pouca rentabilidade de peso, a baixa produção leiteira e bezerros fracos, sem “pedigree”, se fazia sentir.

O sucesso da indômita empreitada, o aconchego das terras da região, parecidas com as fazendas indianas, a adaptação do gado importado, revelou-se num lucrativo negócio . Os fazendeiros da terrinha, enfrentaram grandes e temíveis percalços e obtiveram sucesso. A riqueza aumentava, o progresso no campo chegava e o ruralista sorria de orelha à orelha. Estava instalada a “ era da prosperidade”. A euforia tomou conta da cidade. Os filhos dos ricaços da época, tão logo concluídos os cursos nos Maristas ou no N .Senhora das Dores, iam estudar nos grandes centros, Rio, São Paulo, Belo Horizonte, de onde só retornavam “doutores”. A chegada era apoteótica; foguetes espocavam pelos ares, banda de música, a “gare” da Mojiana, lotada de parentes e o tradicional corso pelas ruas e avenidas da cidade .O filho do “coronel fulano de tal”, era o grande orgulho da família...

Uberaba, crescendo e prosperando. Iniciamos a fase terciária, aquela da prestação de serviços, bons colégios, lojas comerciais modernas, iluminação pública de primeira, ruas calçadas, praças arborizadas, centro médico respeitado, dinheiro “rolando à solta”. Ninguém previa a derrocada do zebu. Na década de 40/50, do século passado, veio a “ quebradeira” da nossa fazendeirama .O crescimento de Uberaba, rastejou. Foi quando surgiu a “ salvação da lavoura” pelas mãos e visão do “imortal” Mário Palmério, trazendo o ensino superior para o interior; sua querida e amada Uberaba. Palmério, a quem a terrinha devia conhecer melhor sua história.

A fase secundária, a industrialização, fazia-se presente. Empolgados com as conquistas das fases primária e terciária, desprezamos o setor que dá sustentação , progresso, desenvolvimento, economia, emprego e renda, “mola mestra” de uma cidade que quer crescer. As poucas e grandes indústrias que tínhamos, não soubemos conservá-las, nem ampliá-las. Produtos Céres, Cia.Textil, Miusa, Cimento Ponte Alta, Indústria de Papel “São Geraldo”, Botinas “Zebu”, Copervale, "Doces Zebu”, entre outras e gloriosas memórias, ficaram na saudade ! Sem missa de “réquiem”, assistimos, pacifica e covardemente, suas mortes . A pálida compensação veio anos depois, com a chegada da Fosfértil, levantando um pouco, a nossa moral. No resto, continuamos patinando, entregue em mãos preguiçosas e lentas de forasteiros...

Amigo de infância, o empresário Amaury Fidélis, descreveu com competência, a Uberaba de hoje. “O ritmo era promissor, as possibilidades imensas, pensávamos que nada haveria de segurar a força da liderança regional. Não houve continuidade e assim a cidade perdeu a chance de ser o maior centro de expansão do Triângulo Mineiro. Uberaba, precisa ser recriada, renascer, com novos personagens, com espírito de progresso, longe das vaidades pessoais, onde o poder seja um dever e não uma simples vaidade .O espírito público seja norte para sacudir a população cansada do continuísmo que não leva a lugar nenhum. “ Tivesse a atual “elite política” de Uberaba, sentimento de cidadania, por certo, “descalçaria as chuteiras” e daria lugar aos jovens da terrinha, que amam, verdadeiramente, o torrão onde nasceram. (Marquez do Cassú)


Luiz Gonzaga de Oliveira



Cidade Uberaba

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

UBERABA DOS MEUS AMORES

No templo das minhas preces, oro com amor filial pela minha Uberaba. Seus filhos, dos mais ilustres aos mais humildes, estão corados de vergonha com o que está acontecendo na sagrada terrinha. Dos que nasceram em berço de ouro, aos que estão sem teto, temos por Uberaba um amor imenso ! Um velho e simpático ditado, retrata o tanto que a queremos bem: “quem bebe da nossa água, não sai mais daqui.” Uberaba, sob o manto sagrado de Nossa Senhora d’Abadia, jamais negou , nem renegou um filho seu. Seja legítimo, por adoção, ou “intruso”...

Depois de epopéias monumentais, conquistas homéricas, berço da civilização triangulina, de excepcionais e exponenciais uberabenses como Mário Palmério, Fidélis Reis, Alaor Prata, Leopoldino de Oliveira, Antenógenes Silva, Augusto César Vanucci, João Henrique, Toniquinho Martins, Alberto Fontoura Borges, Edgard Rodrigues da Cunha, lembrando apenas alguns políticos, empresários e artistas, Uberaba, está ficando fora de” cena “no contexto nacional. Aqueles que se aventuraram à tarefa de representar a amada terrinha, não deram conta do recado. Fracassaram em cheio nas suas empreitadas. Foram insípidos e incolores...

Figuras ocas, não deixaram e nem estando deixando, um resquício de saudade. Suas atuações são medíocres, opacas, totalmente sem luminosidade. Estamos sofrendo derrotas, em cima de derrotas, perdendo posições de relevo que ostentávamos até poucos anos atrás. Nossos arremedos de políticos, funcionam como “puleiro de pato”. Preocupam-se tão somente em governar através do rádio, jornal e televisão. Esqueceram-se de Uberaba. Tiram proveito, descaradamente, em favorecer seus bolsos e dos seus “amigos diletos”. Coisa mais feia!...

Estamos perdendo todo o jogo que enfrentamos e saímos com o “ rabo entre as pernas” . Nossos políticos são uma lástima ! Nas “conquistas”, estamos disputando com o Ibis, de Pernambuco, que não ganha uma... Perdemos em competitividade em todo embate. Os impostos e taxas, aumentam ano após ano, o centro comercial, outrora tão atuante, virou “fantasma”. Lojas tradicionais fechando suas portas, cobra-se de tudo do uberabense; lixo, esgoto, limpeza pública, transporte, saúde, iluminação, educação, espaço nas ruas, praças e avenidas... E o retorno ? Nada ! Absolutamente nada! 

Os últimos prefeitos que tivemos, não disseram a que vieram. Deixaram e deixam muito a desejar. Acomodados, preguiçosos, agem , com eficiência, no apadrinhamento dos afilhados políticos e se enriqueceram no cargo. Sabem das mazelas de secretários. Fazem de conta que não “é com eles”. Negociações despudoradas, ostentam, embora contem com “ laranjas”, de vultosos patrimônios. Trabalham, acintosamente, para “fazer” sucessores e não perderem a “grande veia financeira” que é a administração pública.

A prática da cidadania, o zelo e o esforço pela cidade, “às favas”! Desapareceram ! Querem apenas manter-se no cargo e preparar “seguidores” à continuar comendo na “ panela”... A politicalha, está, umbelicalmente, colada ao DNA que praticam. A subserviência do Legislativo ao Executivo, causa arrepios, de tão vergonhoso ! É um “beija-mão” e “troca de favores’ que não acaba nunca. Virou tradição. O nepotismo, campeia despudoradamente. O Ministério Público, não é acionado e dá graças a Deus. Pois, assim, não precisa mexer na”ferida”. Secretários municipais, tidos como achacadores do cargo, permanecem intocáveis.

Nosso desenvolvimento e progresso, perdeu na corrida com a “tartaruga” e o “bicho preguiça”. Enquanto isso, a 100 kms. da terrinha, floresce e prospera uma majestosa cidade. Há quase 20 anos, o nosso moral continua patinando . Damos graças a Deus, pela vinda da ex-Fosfértil, nossa última e única bandeira de conquista. Depois dela... "Marquez do Cassú “.


Luiz Gonzaga de Oliveira


Cidade de Uberaba

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O TREM DA MOGIANA

Há mais de 20 anos minha mulher e eu, caminhamos, matinalmente, na praça da Mojiana. A saudosa Mojiana, mais tarde FEPASA, hoje, VLI-Atlântica, antigas são as recordações. Custa-me acreditar que acabaram com o”trem de passageiros”, daqui para Campinas. As viagens até quase o fim do século passado, não dá para esquecer tão cedo. A Mojiana, chegou no final do século XIX e foi de capital importância para o progresso da nossa região, trazendo e levando riquezas, transformando a vida e os costumes de uma cidade em estágio avançado de crescimento. “Viajar” de trem de ferro, era o sonho de toda criança, como é, hoje, visitar e brincar na Disneylândia...

A implantação das rodovias, o asfalto, as fábricas de carros, ônibus e caminhões, acabou tornando obsoleto o transporte de passageiros por via férrea. É como burro de carga; depois de trabalhar a vida inteira, o dono o despreza e o deixa morrer em qualquer canto da fazenda, onde um dia, prestou inestimáveis serviços. O brasileiro como sempre, sem memória, abandonou a ferrovia, tão usada nos países desenvolvidos e civilizados; berços de humanidade, cultura, história e progresso. Nos países da Europa, é o meio principal , o mais turístico e alegre, além de seguro e rápido. No Japão, apenas para lembrar, “viajar no trem bala”, é privilégio e lembrança que não se apaga. No Brasil, infelizmente, suprimiram o “trem de passageiros”, sonho imorredouro da minha infância...

A descaracterização do trem de ferro, em mais de 90% no país, deveria receber a repulsa enérgica da sociedade, das lideranças classistas, empresariais e políticas. Aceitou-se, pacifica e covardemente, uma decisão governamental para atender interesses escusos, que contraría princípios, violenta nossa história e depõe contra os nossos foros de civilização e cultura. Uma simples “ canetada”, uma argumentação frágil, “matou” o “trem de passageiros”, com a esdrúxula desculpa que ele não era mais rentável às empresas . E o Brasil, aceitou...

Nos primórdios da civilização regional, as estradas de ferro, “Mojiana” e “Paulista”, cobiçavam o rico potencial do Triângulo. Uberaba, era o alvo preferido. A “Paulista”, oferecia melhor condição de “frete”. A “Mojiana”, com o bafejo dos “barões do café”, de Ribeirão Preto, levou a melhor. A ânsia de chegada do progresso, foi tão expressiva que os uberabenses, proprietários do trajeto onde iam correr os trilhos, nada cobraram de indenização pelas áreas e pedreiras necessárias à construção da linha...

A “velha” Mojiana, do “tronco” ao “ramal” , duas linhas que saiam da terrinha, iam, uma via, Igarapava, Aramina, Ituverava, S.Joaquim da Barra, Orlândia , Ribeirão Preto. A outra ,o “ramal”, servia Conquista, “cipó”(Sacramento), Rifaina, Igaçaba, Pedregulho, Franca, Batatais e Ribeirão Preto. Quem, da “velha guarda”, não viajou até “ Barrinha” e de lá, em trecho eletrificado, desembarcou na estação da Luz, em São Paulo ?...

Foi marcante o episódio de um gavião que sabia o horário infalível da sua “refeição”. O cozinheiro do “carro restaurante”, religiosamente, lhe guardava a comida. À hora aprazada, o gavião lá estava como se tivesse relógio para receber a sua ração... O gavião, morreu. O “carro restaurante”, também. Os vagões de 1ª. E 2ª.classes, idem. O “ chefe” da estação, o apito do trem e o “conferente”, acompanharam. Restou a “303”, a “Maria Fumaça”, na praça da Mojiana. Está moribunda, suja, furada, maltrapilha, mato alto ao seu redor, servindo de vaso sanitário e mictório aos vândalos e de motel das estrelas, aos mais apressadinhos. Quando passo e olho aquele espectro de progresso de ontem, custo a conter as lágrimas... “ Marquez do Cassú”.



Luiz Gonzaga de Oliveira




Cidade de Uberaba

ECOS DA REVOLUÇÃO/64

O movimento de 1964, deixou seqüelas profundas no seio da sociedade uberabense. As prisões acontecidas, principalmente entre os católicos praticantes de uma linha socialista da época. O Arcebispo Metropolita, D.Alexandre Gonçalves Amaral, com indômita coragem, encarou os militares sem fraquejar à defesa de suas “ovelhas”, vitimas dos “dedos-duros” do movimento revolucionário. Na perseguição aos jornalistas do “Correio Católico” e dos padres da Arquidiocese, com a fortaleza moral que possuía, depois de um “ entrevero” com o então Comandante do 4º.Batalhão, Tte. Cel. Nazaré, “ zarpou” para Belo Horizonte e num áspero diálogo com o Governador Magalhães Pinto, Comandante Civil da Revolução, expôs-lhe as arbitrariedades que estavam acontecendo em Uberaba, solicitou a troca do comando local.

Magalhães Pinto, não esperava aquela reação da autoridade-mor do catolicismo regional. Não só atendeu d. Alexandre, como designou para o comando do 4º.BPM, um oficial que servia ao Corpo de Bombeiros da capital, católico fervoroso, Tte,Cel.José Vicente Bracarense. Profissional e disciplinador, veio para acalmar o perigoso atrito que envolvia Igreja x Militares. Bracarense, não só conquistou a tropa, como também, a sociedade uberabense. Credita-lhe uma série de melhorias à unidade. Aquisição da residência oficial para o Comandante, hoje, sede do 5º. CRM. , construiu, com praças e soldados, o prédio do “Colégio Tiradentes” e recursos dos soldados e oficiais; conseguiu o asfalto do páteo interno do Batalhão e a área fronteiriça ao Batalhão; hoje, praça Magalhães Pinto. Construiu também, com o auxilio de seus comandados, a Capela de São Sebastião e criou o “ rancho alegre”, local de lazer para militares e seus familiares.

Entre os fatos que marcaram sua atuação no comando, uma, foi digna de registro. Contou-me depois de anos, o saudoso sub-tenente Oscar Lage , que numa formatura de soldados, a tropa perfilada , o comandante Bracarense à postos, ao seu lado, ajudante de ordens e secretário, o seu filho, também militar José Hamilton de Jesus Bracarense. Nesse momento, chega ao palanque, o tenente Espírito Santo e entrega um documento à Bracarense. A tropa, em posição de sentido, aguardava apenas a ordem de iniciar o desfile. Foi nesse instante que um soldado, dizem , o mais gozador da tropa e com tudo fazia galhofa, “entortando” a boca para não ser percebido, comenta, baixinho, com o companheiro à sua direita:- Pronto ! Agora tá tudo certo ! A Santíssima Trindade, está reunida ! O pai, o filho e o Espirito Santo “... Quem ouviu não resistiu ao sorriso e a tropa desfilou, sorrindo, em todo o seu percurso...

Quando soube do que acontecera, bem humorado, o Comandante Bracarense, quis saber o “autor” da façanha. Como num código de guerra, ninguém delatou o companheiro... No QOR- Quadro de Oficiais da Reserva- , já Coronel, Bracarense “fincou” raízes em Uberaba e não retornou para sua doce São João Del Rey, onde nasceu. Tive o prazer de ser seu colega na administração Hugo Rodrigues da Cunha ( 1973/77) . Excepcional companheiro !

Tenho mais histórias da “revolução/64. Conto-lhes amanhã. Abraços do “Marquez do Cassú”.


Luiz Gonzaga de Oliveira




Cidade de Uberaba