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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

UBERABA NA MESMICE ...

( É muito triste ouvir o canto do cisne ...)

São três os fatores de crescimento de uma cidade. O primeiro, presta-se à atividade agro rural em que a agricultura familiar e a pecuária, servem de sustentação às famílias que concentram-se em pequenos núcleos de serviços domésticos. Sobressaem-se, mormente, na economia rural. Foi, historicamente, a primeira grande fase de Uberaba, quando homens de têmpera forte, viajaram às Índias , à busca de uma nova raça zebuína que viesse à substituir o nosso já ultrapassado “gado pé duro”. Vislumbraram vantagens , pois que, a pouca rentabilidade de peso, a baixa produção leiteira e bezerros fracos, sem “pedigree”, se fazia sentir.

O sucesso da indômita empreitada, o aconchego das terras da região, parecidas com as fazendas indianas, a adaptação do gado importado, revelou-se num lucrativo negócio . Os fazendeiros da terrinha, enfrentaram grandes e temíveis percalços e obtiveram sucesso. A riqueza aumentava, o progresso no campo chegava e o ruralista sorria de orelha à orelha. Estava instalada a “ era da prosperidade”. A euforia tomou conta da cidade. Os filhos dos ricaços da época, tão logo concluídos os cursos nos Maristas ou no N .Senhora das Dores, iam estudar nos grandes centros, Rio, São Paulo, Belo Horizonte, de onde só retornavam “doutores”. A chegada era apoteótica; foguetes espocavam pelos ares, banda de música, a “gare” da Mojiana, lotada de parentes e o tradicional corso pelas ruas e avenidas da cidade .O filho do “coronel fulano de tal”, era o grande orgulho da família...

Uberaba, crescendo e prosperando. Iniciamos a fase terciária, aquela da prestação de serviços, bons colégios, lojas comerciais modernas, iluminação pública de primeira, ruas calçadas, praças arborizadas, centro médico respeitado, dinheiro “rolando à solta”. Ninguém previa a derrocada do zebu. Na década de 40/50, do século passado, veio a “ quebradeira” da nossa fazendeirama .O crescimento de Uberaba, rastejou. Foi quando surgiu a “ salvação da lavoura” pelas mãos e visão do “imortal” Mário Palmério, trazendo o ensino superior para o interior; sua querida e amada Uberaba. Palmério, a quem a terrinha devia conhecer melhor sua história.

A fase secundária, a industrialização, fazia-se presente. Empolgados com as conquistas das fases primária e terciária, desprezamos o setor que dá sustentação , progresso, desenvolvimento, economia, emprego e renda, “mola mestra” de uma cidade que quer crescer. As poucas e grandes indústrias que tínhamos, não soubemos conservá-las, nem ampliá-las. Produtos Céres, Cia.Textil, Miusa, Cimento Ponte Alta, Indústria de Papel “São Geraldo”, Botinas “Zebu”, Copervale, "Doces Zebu”, entre outras e gloriosas memórias, ficaram na saudade ! Sem missa de “réquiem”, assistimos, pacifica e covardemente, suas mortes . A pálida compensação veio anos depois, com a chegada da Fosfértil, levantando um pouco, a nossa moral. No resto, continuamos patinando, entregue em mãos preguiçosas e lentas de forasteiros...

Amigo de infância, o empresário Amaury Fidélis, descreveu com competência, a Uberaba de hoje. “O ritmo era promissor, as possibilidades imensas, pensávamos que nada haveria de segurar a força da liderança regional. Não houve continuidade e assim a cidade perdeu a chance de ser o maior centro de expansão do Triângulo Mineiro. Uberaba, precisa ser recriada, renascer, com novos personagens, com espírito de progresso, longe das vaidades pessoais, onde o poder seja um dever e não uma simples vaidade .O espírito público seja norte para sacudir a população cansada do continuísmo que não leva a lugar nenhum. “ Tivesse a atual “elite política” de Uberaba, sentimento de cidadania, por certo, “descalçaria as chuteiras” e daria lugar aos jovens da terrinha, que amam, verdadeiramente, o torrão onde nasceram. (Marquez do Cassú)


Luiz Gonzaga de Oliveira



Cidade Uberaba

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

UBERABA DOS MEUS AMORES

No templo das minhas preces, oro com amor filial pela minha Uberaba. Seus filhos, dos mais ilustres aos mais humildes, estão corados de vergonha com o que está acontecendo na sagrada terrinha. Dos que nasceram em berço de ouro, aos que estão sem teto, temos por Uberaba um amor imenso ! Um velho e simpático ditado, retrata o tanto que a queremos bem: “quem bebe da nossa água, não sai mais daqui.” Uberaba, sob o manto sagrado de Nossa Senhora d’Abadia, jamais negou , nem renegou um filho seu. Seja legítimo, por adoção, ou “intruso”...

Depois de epopéias monumentais, conquistas homéricas, berço da civilização triangulina, de excepcionais e exponenciais uberabenses como Mário Palmério, Fidélis Reis, Alaor Prata, Leopoldino de Oliveira, Antenógenes Silva, Augusto César Vanucci, João Henrique, Toniquinho Martins, Alberto Fontoura Borges, Edgard Rodrigues da Cunha, lembrando apenas alguns políticos, empresários e artistas, Uberaba, está ficando fora de” cena “no contexto nacional. Aqueles que se aventuraram à tarefa de representar a amada terrinha, não deram conta do recado. Fracassaram em cheio nas suas empreitadas. Foram insípidos e incolores...

Figuras ocas, não deixaram e nem estando deixando, um resquício de saudade. Suas atuações são medíocres, opacas, totalmente sem luminosidade. Estamos sofrendo derrotas, em cima de derrotas, perdendo posições de relevo que ostentávamos até poucos anos atrás. Nossos arremedos de políticos, funcionam como “puleiro de pato”. Preocupam-se tão somente em governar através do rádio, jornal e televisão. Esqueceram-se de Uberaba. Tiram proveito, descaradamente, em favorecer seus bolsos e dos seus “amigos diletos”. Coisa mais feia!...

Estamos perdendo todo o jogo que enfrentamos e saímos com o “ rabo entre as pernas” . Nossos políticos são uma lástima ! Nas “conquistas”, estamos disputando com o Ibis, de Pernambuco, que não ganha uma... Perdemos em competitividade em todo embate. Os impostos e taxas, aumentam ano após ano, o centro comercial, outrora tão atuante, virou “fantasma”. Lojas tradicionais fechando suas portas, cobra-se de tudo do uberabense; lixo, esgoto, limpeza pública, transporte, saúde, iluminação, educação, espaço nas ruas, praças e avenidas... E o retorno ? Nada ! Absolutamente nada! 

Os últimos prefeitos que tivemos, não disseram a que vieram. Deixaram e deixam muito a desejar. Acomodados, preguiçosos, agem , com eficiência, no apadrinhamento dos afilhados políticos e se enriqueceram no cargo. Sabem das mazelas de secretários. Fazem de conta que não “é com eles”. Negociações despudoradas, ostentam, embora contem com “ laranjas”, de vultosos patrimônios. Trabalham, acintosamente, para “fazer” sucessores e não perderem a “grande veia financeira” que é a administração pública.

A prática da cidadania, o zelo e o esforço pela cidade, “às favas”! Desapareceram ! Querem apenas manter-se no cargo e preparar “seguidores” à continuar comendo na “ panela”... A politicalha, está, umbelicalmente, colada ao DNA que praticam. A subserviência do Legislativo ao Executivo, causa arrepios, de tão vergonhoso ! É um “beija-mão” e “troca de favores’ que não acaba nunca. Virou tradição. O nepotismo, campeia despudoradamente. O Ministério Público, não é acionado e dá graças a Deus. Pois, assim, não precisa mexer na”ferida”. Secretários municipais, tidos como achacadores do cargo, permanecem intocáveis.

Nosso desenvolvimento e progresso, perdeu na corrida com a “tartaruga” e o “bicho preguiça”. Enquanto isso, a 100 kms. da terrinha, floresce e prospera uma majestosa cidade. Há quase 20 anos, o nosso moral continua patinando . Damos graças a Deus, pela vinda da ex-Fosfértil, nossa última e única bandeira de conquista. Depois dela... "Marquez do Cassú “.


Luiz Gonzaga de Oliveira


Cidade de Uberaba

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O TREM DA MOGIANA

Há mais de 20 anos minha mulher e eu, caminhamos, matinalmente, na praça da Mojiana. A saudosa Mojiana, mais tarde FEPASA, hoje, VLI-Atlântica, antigas são as recordações. Custa-me acreditar que acabaram com o”trem de passageiros”, daqui para Campinas. As viagens até quase o fim do século passado, não dá para esquecer tão cedo. A Mojiana, chegou no final do século XIX e foi de capital importância para o progresso da nossa região, trazendo e levando riquezas, transformando a vida e os costumes de uma cidade em estágio avançado de crescimento. “Viajar” de trem de ferro, era o sonho de toda criança, como é, hoje, visitar e brincar na Disneylândia...

A implantação das rodovias, o asfalto, as fábricas de carros, ônibus e caminhões, acabou tornando obsoleto o transporte de passageiros por via férrea. É como burro de carga; depois de trabalhar a vida inteira, o dono o despreza e o deixa morrer em qualquer canto da fazenda, onde um dia, prestou inestimáveis serviços. O brasileiro como sempre, sem memória, abandonou a ferrovia, tão usada nos países desenvolvidos e civilizados; berços de humanidade, cultura, história e progresso. Nos países da Europa, é o meio principal , o mais turístico e alegre, além de seguro e rápido. No Japão, apenas para lembrar, “viajar no trem bala”, é privilégio e lembrança que não se apaga. No Brasil, infelizmente, suprimiram o “trem de passageiros”, sonho imorredouro da minha infância...

A descaracterização do trem de ferro, em mais de 90% no país, deveria receber a repulsa enérgica da sociedade, das lideranças classistas, empresariais e políticas. Aceitou-se, pacifica e covardemente, uma decisão governamental para atender interesses escusos, que contraría princípios, violenta nossa história e depõe contra os nossos foros de civilização e cultura. Uma simples “ canetada”, uma argumentação frágil, “matou” o “trem de passageiros”, com a esdrúxula desculpa que ele não era mais rentável às empresas . E o Brasil, aceitou...

Nos primórdios da civilização regional, as estradas de ferro, “Mojiana” e “Paulista”, cobiçavam o rico potencial do Triângulo. Uberaba, era o alvo preferido. A “Paulista”, oferecia melhor condição de “frete”. A “Mojiana”, com o bafejo dos “barões do café”, de Ribeirão Preto, levou a melhor. A ânsia de chegada do progresso, foi tão expressiva que os uberabenses, proprietários do trajeto onde iam correr os trilhos, nada cobraram de indenização pelas áreas e pedreiras necessárias à construção da linha...

A “velha” Mojiana, do “tronco” ao “ramal” , duas linhas que saiam da terrinha, iam, uma via, Igarapava, Aramina, Ituverava, S.Joaquim da Barra, Orlândia , Ribeirão Preto. A outra ,o “ramal”, servia Conquista, “cipó”(Sacramento), Rifaina, Igaçaba, Pedregulho, Franca, Batatais e Ribeirão Preto. Quem, da “velha guarda”, não viajou até “ Barrinha” e de lá, em trecho eletrificado, desembarcou na estação da Luz, em São Paulo ?...

Foi marcante o episódio de um gavião que sabia o horário infalível da sua “refeição”. O cozinheiro do “carro restaurante”, religiosamente, lhe guardava a comida. À hora aprazada, o gavião lá estava como se tivesse relógio para receber a sua ração... O gavião, morreu. O “carro restaurante”, também. Os vagões de 1ª. E 2ª.classes, idem. O “ chefe” da estação, o apito do trem e o “conferente”, acompanharam. Restou a “303”, a “Maria Fumaça”, na praça da Mojiana. Está moribunda, suja, furada, maltrapilha, mato alto ao seu redor, servindo de vaso sanitário e mictório aos vândalos e de motel das estrelas, aos mais apressadinhos. Quando passo e olho aquele espectro de progresso de ontem, custo a conter as lágrimas... “ Marquez do Cassú”.



Luiz Gonzaga de Oliveira




Cidade de Uberaba

ECOS DA REVOLUÇÃO/64

O movimento de 1964, deixou seqüelas profundas no seio da sociedade uberabense. As prisões acontecidas, principalmente entre os católicos praticantes de uma linha socialista da época. O Arcebispo Metropolita, D.Alexandre Gonçalves Amaral, com indômita coragem, encarou os militares sem fraquejar à defesa de suas “ovelhas”, vitimas dos “dedos-duros” do movimento revolucionário. Na perseguição aos jornalistas do “Correio Católico” e dos padres da Arquidiocese, com a fortaleza moral que possuía, depois de um “ entrevero” com o então Comandante do 4º.Batalhão, Tte. Cel. Nazaré, “ zarpou” para Belo Horizonte e num áspero diálogo com o Governador Magalhães Pinto, Comandante Civil da Revolução, expôs-lhe as arbitrariedades que estavam acontecendo em Uberaba, solicitou a troca do comando local.

Magalhães Pinto, não esperava aquela reação da autoridade-mor do catolicismo regional. Não só atendeu d. Alexandre, como designou para o comando do 4º.BPM, um oficial que servia ao Corpo de Bombeiros da capital, católico fervoroso, Tte,Cel.José Vicente Bracarense. Profissional e disciplinador, veio para acalmar o perigoso atrito que envolvia Igreja x Militares. Bracarense, não só conquistou a tropa, como também, a sociedade uberabense. Credita-lhe uma série de melhorias à unidade. Aquisição da residência oficial para o Comandante, hoje, sede do 5º. CRM. , construiu, com praças e soldados, o prédio do “Colégio Tiradentes” e recursos dos soldados e oficiais; conseguiu o asfalto do páteo interno do Batalhão e a área fronteiriça ao Batalhão; hoje, praça Magalhães Pinto. Construiu também, com o auxilio de seus comandados, a Capela de São Sebastião e criou o “ rancho alegre”, local de lazer para militares e seus familiares.

Entre os fatos que marcaram sua atuação no comando, uma, foi digna de registro. Contou-me depois de anos, o saudoso sub-tenente Oscar Lage , que numa formatura de soldados, a tropa perfilada , o comandante Bracarense à postos, ao seu lado, ajudante de ordens e secretário, o seu filho, também militar José Hamilton de Jesus Bracarense. Nesse momento, chega ao palanque, o tenente Espírito Santo e entrega um documento à Bracarense. A tropa, em posição de sentido, aguardava apenas a ordem de iniciar o desfile. Foi nesse instante que um soldado, dizem , o mais gozador da tropa e com tudo fazia galhofa, “entortando” a boca para não ser percebido, comenta, baixinho, com o companheiro à sua direita:- Pronto ! Agora tá tudo certo ! A Santíssima Trindade, está reunida ! O pai, o filho e o Espirito Santo “... Quem ouviu não resistiu ao sorriso e a tropa desfilou, sorrindo, em todo o seu percurso...

Quando soube do que acontecera, bem humorado, o Comandante Bracarense, quis saber o “autor” da façanha. Como num código de guerra, ninguém delatou o companheiro... No QOR- Quadro de Oficiais da Reserva- , já Coronel, Bracarense “fincou” raízes em Uberaba e não retornou para sua doce São João Del Rey, onde nasceu. Tive o prazer de ser seu colega na administração Hugo Rodrigues da Cunha ( 1973/77) . Excepcional companheiro !

Tenho mais histórias da “revolução/64. Conto-lhes amanhã. Abraços do “Marquez do Cassú”.


Luiz Gonzaga de Oliveira




Cidade de Uberaba

HISTÓRIAS DA REVOLUÇÃO/64

Ainda naquela dura e cruel “ caça aos comunistas” da santa terrinha, as reuniões clandestinas continuavam sendo realizadas. Uma chácara nos arredores do córrego do Lageado, era a “toca” dos descontentes com a “revolução”. Uberabenses dos mais variados segmentos da sociedade, advogados, empresários, comerciantes, bancários e uma grande dose de estudantes universitários. Infiltrados entre eles, “ um observador militar” que ninguém pudesse desconfiar da sua missão. Era o “cabo Anselmo” das reuniões...

Certa feita, quando se planejava uma “expropriação” (roubo ) da única agência do Banco do Brasil, na terrinha, a “ reunião” foi cercada por “ milicos” ( como eram chamados os militares), abortaram os preparativos da tentativa... Quase todos os participantes foram presos. Menos um, o “observador militar” que fugiu antes do cerco”. Passados muitos anos, regime militar chegando ao fim, estudantes que se tornaram profissionais, empresários falecidos e outros participantes, “ fora de combate”, num encontro social, lá estávamos nós, o jornalista que conhecia a história e o militar, cuja patente era bem alta. “Papo” vai, “papo vem”, depois de seguidos uísques, na ousadia, perguntei-lhe como conseguiu fugir daquela terrível noite !...

-“O senhor foi o único que escapou!”, perguntei-lhe. Ele, mais que depressa, foi rápido no gatilho e não deixou por menos:- “Meu filho, nunca mais repita essa pergunta tão tola! Um bom militar como eu, não foge à luta. Apenas naquele dia, bati em retirada, entendeu ?” Mudamos de assunto e continuamos “ uiscando”...

Outro episódio daqueles tempos, me aflora à memória. Dois comerciantes conceituados na terrinha, pais de família, altamente caridosos, Euclides Brandão e “Babá da Farmácia”, com suspeitas de “ comunistas”, foram presos, vítimas da sanha dos “dedo-duros” da revolução. As famílias, perplexas com a arbitrariedade cometida, procuraram o mais famoso advogado de Uberaba e um dos mais conceituados de Minas, dr.Aristides Cunha Campos. Explicações de praxe, nervoso com a situação dos amigos, dr. Aristides, preparava a procuração à defesa dos presos. – “ Quem vai assinar a procuração? “ perguntou a um dos filhos de Euclides.

-“Eu!”, respondeu o mais velho.- “ O seu nome, por favor!”
-“Lenine !” falou alto e bom som.

-“Ah! meu filho, com esse nome, seu pai não sai da cadeia, tão cedo !...”respondeu o advogado. O outro filho, o saudoso Aristides Cunha Campos assinou a procuração...

Naquela tarde, Euclides Brandão estava em casa com a família e o “Babá da Farmácia”, foi no “vácuo” e também liberado da prisão...

Fatos verídicos acontecidos há 55 anos na sagrada terrinha . Bom inicio de semana. “Marquez do Cassú”.


Luiz Gonzaga de Oliveira


Cidade de Uberaba

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

O QUE ELE DISSE ?...


Tem fatos que se não fossem verídicos, os leitores iriam chamar o cronista de mentiroso, inventor de causos, criador de situações e outros adjetivos pouco lisonjeiros. Aliás, cronista é sempre assim: quando a “ coisa” não acontece, ele inventa. Parece até aquele clã político, emérito em criar mentiras, normalmente para agradar seus inocentes eleitores , desde que tvccontenham inverdades para seus adversários... É bastante conhecido aquele lema criado por políticos malandros e quase sempre sem pudor:- “Adversário se for honesto, correto e bem sucedido, sem defeito, a gente logo arranja uma carrada delas e ainda coloca doze testemunhas de cada lado”...

Mineiro então, é pródigo em realizar tais façanhas. Amigo de longa data, jornalista dos bons, primeiro diretor de jornalismo da saudosa TV-Uberaba, Symphrônio Veiga, era profundo conhecedor da alma mineira. Seus jeitos e trejeitos, “ saídas” e “entradas”. Conta “causos” que a roda de amigos, delirava. Inclusive eu. Symphônio, até hoje, fala rápido, “embola” as palavras, agilidade mental fantástica, é autêntico mineiro de “Belzonte”. Adora doce de leite com goiabada e sempre diz:-“vamos no buteco tomar um “golo”? Nunca boteco, nem gole...

Suas histórias, jurava , de pés juntos, serem verdadeiras. “Certa vez”, me contou, na estrada de  na divisa com Tamanduaá, casal de velhinhos, parou no único posto da cidade para abastecer o velho carrinho. – “Quantos litros, doutor ?” perguntou o frentista, na mesma faixa etária do casalzinho. – “Encha o tanque, sô, “ respondeu o motorista. Nisso, a velhinha do velhinho, entrou no “ papo”. –“O que foi que ele disse ?”. O velhinho gritou:-“Perguntou quantos litros quero colocar no tanque, entendeu?”. O frentista , curioso:- “’Ceis tão indo prá onde ?”. O velhinho da velhinha, já meio com raiva, - “Prá Uberaba, conhece ? Vamos visitar os parentes da minha mulher ! ”A velhinha insistiu:-“O que foi ele lhe disse? “ . De “saco cheio”, gritando, respondeu:-“ Ele perguntou para onde nos vamos passear, tá? “

Ao ouvir Uberaba, o frentista, alegre, antecipou:- “Eu nasci lá. Cidade boa.Terra de moça bonita e rica !”. – “O que foi que ele disse?”, perguntou , curiosa, a velhinha do velhinho... Nervoso,o motorista velhinho, respondeu:- “Minha velha, ele disse que nasceu em Uberaba”! Entusiasmado, o frentista continuou:- “Xí, há muitos anos, namorei uma garota da minha terra que era a moça mais bonita da cidade. Elegante, rica, frequentava o Jockey Clube, fazia “footing” na rua Artur Machado, íamos na “matineè” do cinema que tinha lá, o Metrópole. Mas, num dei sorte, ela era meio sem vergonha, deixava eu” bulinar” os peito dela, punha as mãos no meio das pernas dela... O senhor num há de ver, “nóis era” quase noivos, quando ela fugiu com outro”, completou. –“O que foi que ele disse? Demorou muito”, reclamou sedenta de curiosidade. 

Foi então que o velhinho da velhinha, não suportando a “ carga” de perguntas , deu a “bronca” final:- “Ele disse que te conhece lá de Uberaba, desde velhos carnavais”...

Tanque cheio, o velhinho pagou a conta, saiu em disparada, sem olhar pelo retrovisor, rumo a Uberaba, a amada terrinha...

Bom inicio de semana a todos. Abraço do “ Marquez do Cassú.



Luiz Gonzaga de Oliveira





Cidade de Uberaba

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

O CIRCO DO POVO !...

Beethoven Teixeira, quando no governo de Wagner Nascimento, teve a feliz idéia de criar o “circo do povo”, pensava em divertimento à população uberabense, principalmente a mais carente, “voz” aos artistas e arte e cultura, enaltecidas na sacratíssima terrinha. Não podia imaginar que, 25 anos depois, houvesse a troca de “ palhaços” e também da “ lona”... E, lamentável, para pior ! O circo imaginado pelo filho do saudoso dr.Edelweis Teixeira, serve, hoje, para outras “ finalidades”. Parodiando, nunca esteve tão em moda, o samba “Cara de Palhaço” , na voz inconfundível do melhor cantor de boate do Brasil, Miltinho, que dizia “Cara de palhaço, pinta de palhaço, roupa de palhaço, foi o que você arranjou pra mim “, letra antológica do compositor Luiz Antônio; “ veste”, a roupa de nós, uberabenses...

De algum tempo até cá essa parte, a administração municipal, considera os uberabenses , autênticos “ palhaços”. A palavra “palhaço”, é de origem italiana, “paglia”( favor não confundir com pulha...) servia para revistar colchões de antigamente. O palhaço, é lírico, ingênuo, angelical, inocente e quase sempre, frágil. Com o tempo, foi ganhando novas “ colorações”. No linguajar comum, tem características figurativas e termos pouco confiáveis. Que o diga os policiais militares.. .Ao entregar aos grafiteiros , a incumbência de pintar aqueles horrorosos e mal postos bancos no “calçadão” da Artur Machado, as autoridades, como sempre, pouco se preocuparam ( ignorância? ...) com o que podia acontecer...

As “caras de palhaços”, feriram os brilhos dos uberabenses. Inclusive dos militares.... A reação popular, veio na hora. A “arte” da “palhaçada”localizada, chocou os lojistas da área e os que por ela, transitam.- “Que palhaçada é essa ?” A Policia Militar, gritou:- “Esses bancos grafitados, é uma verdadeira apologia ao crime!”. Quando a Prefeitura se deu conta da “palhaçada” que incorreu, voltou atrás e mandou repintar os bancos do “calçadão”. Pudera ! O dinheiro não é dela ! Sai do nosso bolso! Só que a merda estava feita. Foi um “tiro no pé” da Administração. A cidade tomou”um soco direto no nariz de palhaço”...Veio a esfarrapada desculpa;- “Nóis num sabia que isso ia acontecer!...”Diz o velho ditado:-“Depois da casa arrombada, não adianta tranca na porta!”...

Aliás, as “ palhaçadas” estão acontecendo em profusão na santa terrinha do “Doca”. São tantas, que é de “ corar o frade de pedra “. Todo santo dia, as reclamações aumentam. A “cerca” que divide a Leopoldino de Oliveira, os BRTs., atazanando a vida dos comerciantes, a escuridão nas ruas da cidade, as obras inacabadas, as ruas esburacadas, a escuridão que causa medo, a falta de segurança, a sujeira nas vias públicas, o débil atendimento nos postos de saúde, a questionável “revitalização “ do centro da cidade, o isolamento aéreo que estamos sofrendo, o “ estacionamento pago” em locais de pouco movimento, a fedentina na parte final do córrego das Lages, incomodam os uberabenses de tal forma e a Prefeitura teima em não dar a menor atenção aos reclamos populares e o sufoco que o povão está passando.

Sem falar no aumento do IPTU, falta de creches, “burrocracia” na Prefeitura e “ otras cositas mas”.. .O uberabense não está suportando mais a “ cara de palhaço, o nariz de palhaço, a pinta de palhaço” que nos vestiram ! Pelo amor de Deus ! Vamos colocar um fim nisso !


Por hoje, chega ! Sem nariz de palhaço” ! Eita Uberaba, bão “. Abraços do “Marquez do Cassú”.


Luiz Gonzaga de Oliveira



Cidade de Uberaba

DOCES RECORDAÇÕES...

Esquecer é a pior forma de fazer desaparecer. Aquilo que ninguém mais fala, escreve , canta ou celebra em seus ritos, deixa de existir. O homem morre, mas, seus descendentes, guardam a memória de sua vida e assim, de alguma forma, ele sobrevive. Porém, se todos esquecem , aí ele morre. 

Definitivamente. A arte é um esforço de imortalidade. Os desenhos anônimos nas cavernas habitadas por nossos ancestrais, os afrescos de Michelângelo no teto da Capela Sistina, no Vaticano, expressam o mesmo gosto que alimenta as futuras gerações. As gravuras, as pinturas, as fotografias, vídeos e filmes, uma simples fita de programa de rádio, serão sempre uma projeção biográfica da nossa curta existência biológica. Aprendemos com Freud, que aprendeu com a família judaica, que, só se goza o presente, quem tem raízes no passado e possa plantar e produzir o seu desejado fruto – o futuro.

Estou eu a lembrar de exponenciais figuras humanas que dedicaram suas vidas ao crescimento e desenvolvimento da nossa amada Uberaba, hoje, tão machucada e maltratada. É triste ! Fidélis Reis, Mário Palmério, Alaor Prata, D.Alexandre, Mons.Juvenal Arduini, Jorge Furtado, Artur Teixeira, Boulanger Pucci, Antônio Próspero, Hélio Angotti, Ézio de Martino, José Humberto R. Cunha, Joubert de Carvalho, Antenógenes Silva, Cacaso, Leopoldino de Oliveira, Glycon de Paiva, Avelino Ignácio, Pedro Moura, Álvaro Lopes Cançado, Humberto Ferreira, Randolfo Borges Jr., Ovidio Fernandes, Inácio Ferreira, Chico Xavier, Aparecida Conceição Ferreira, da. Fiuquinha Borges, Augusto Vanucci, “Doca”, entre outros mortos que, por absoluta fugidia memória, não foram citados, dêem as mãos e orem para a sua querida cidade.

Na minha profissão, que falta fazem Raul Jardim, os Ruis (Novais ,Miranda e Mesquita), Jorge e Farah Zaidan, penas brilhantes, que nunca se calaram e acovardaram em favor da terrinha amada. No rádio, Fuad Maluf, Toninho e Marieta, o filho Edinho, Jesus Manzano, João Cid, Antônio José Prata, J.Carvalho, Marcos Nogueira Carvalho, Terenço, Nhô Bernardino, Leite Neto, Nilton Foresti, Lázaro Adalberto, Lidia Varanda, Rdson Lúcio Lopes, Joel Lóes, Joel Oliveira, Euripedes Craide, Edson Campos (xuxú), Adib Sarkis, nomes que jamais serão esquecidos, quando “ se fazia “ rádio na sagrada terrinha. Tem mais nomes reclamando não serem citados. Peço-lhes perdão. A culpada é a minha fraca memória...

O nosso “exército” de “vivos”, está acabando. Os “últimos moicanos”, cabem numa palma da mão: Geraldo Barbosa, César Vanucci, Júlio César Jardim, Paulo Nogueira, Paulo Sarkis e este dinossauro que assina este mal traçado texto.. A imprensa de Uberaba, aquela época, era destemida, verdadeira, isenta, competitiva e honesta. Ninguém estava “segurado” em repartições públicas... Dessa turma citada, quase todos, estão com as “chuteiras dependuradas”. Dois jovens (nem tanto...,), talentosos profissionais, empunham a bandeira de Uberaba para o Brasil:- Fernando Vanucci, insubstituível no “Globo Esporte” e Fábio William , sério e correto apresentador dos telejornais da Globo. Uberaba, orgulha-se de vocês !

Coroando todas essas lembranças, dos Céus, improvisando com o talento que Deus lhe deu, a “Crônica ao Meio Dia”, a voz marcante de Ataliba Guaritá Neto- o inesquecível Netinho – símbolo do amor maior a Uberaba !

Olhos marejados de lágrimas, voz embargada, nó nos “grugumilho”, coração apertado, seca está minha garganta, ergo minha prece à Nossa Senhora da Abadia, padroeira da terrinha : “Não deixe a nossa cidade acabar “.... Abraço comovido do “ Marquez do Cassú”.



Luiz Gonzaga de Oliveira




Cidade de Uberaba

CAVALO TARADO...

De formação eminentemente rural, a história de Uberaba se passa, em grande parte, nas cercanias da santa terrinha. As fazendas, sítios e povoados, se tornaram repositório de um cem número de “causos”, magníficas histórias vividas que fazem parte do folclore da nossa centenária cidade. As famílias tradicionais, o gdo zebu, os canaviais, arrozais de antigamente, hoje, a cultura da soja, milho, sorgo e trigo, dominam a paisagem do campo. 

Isso aconteceu no advento do projeto de “ parceria e arrendamento de terras”, inspirado na ação de um uberabense ilustre, bancário aposentado, José Humberto Guimarães. Funcionário do Banco do Brasil, adido à carteira agrícola, movimentou o governo Wagner Nascimento e mercê estupendo trabalho, trouxe para Uberaba, um contingente enorme de trabalhadores paulistas, paranaense, catarinenses e gaúchos, para lavrar os nossos improdutivos cerrados. O projeto foi um sucesso. 

Na roça, os “forasteiros” se deram magnificamente bem. Valentes, sem preguiça, disposto ao trabalho, mal saía o sol, lá estavam eles com suas famílias, arando a terra. De onde vieram, condições nem sempre favoráveis, encontraram em Uberaba, a “Meca” para concretizar seus sonhos. A terrinha que sempre acolheu, de braços abertos, todos que a procuram, se alegrou ! Financiamentos, modernas máquinas agrícolas e uma vontade indômita para o trabalho, mudaram o panorama agro pastoril da região. Das barrancas do rio Grande, passando por Água Comprida e Conceição das Alagoas, ganharam também o cerrado rumo a Uberlândia . Colocaram fim naquela vegetação rasteira, de capoeira, onde habitavam cobras e calangos.

Afeitos à terra, poucos se aventuraram à pecuária. Os que optaram, se deram bem. Os filhos crescendo, famílias adaptadas aos nossos costumes, vieram os primeiros casamentos e a conseqüente mistura de sangue. A “interação famíliar” estava consolidada. Um fazendeiro novato na profissão, adorava cavalos. Sonho maior, ter um produtivo haras. Pacientemente, foi adquirindo exemplares. Desde os da lida diária, aos de exposição e reprodução. Daú....

A história que lhes conto: Apaixonado pela raça “mangalarga marchador”, comprou do Quinzinho Cruvinel Borges, na “Casa Azul”, dois bonitos animais. Um, preto. O mais novo, “rajado”. “Peão” da fazenda, acostumado a lidar com tropas, logo notou algo estranho. A todo instante, o preto “subia” no “rajado”, tendo “cobrir” o parceiro. Certa tarde, não viu os dois no curral. Temendo o pior, saiu à procura. Surpreso, encontrou os dois mortos. A tristeza invadiu coração do novato fazendeiro paranaense. Quís saber o que tinha acontecido com eles.
Veio, então, a “explicação” do “peão”:-“Sabe,patrão, quando um animal, “invoca” com outro do mesmo sexo,é um perigo. Eu explico, quando o preto, vendo o “rajado” distraído, bebendo água no “melancia”, pulou em cima dele e começou a” cobrir”. O “rajado”, no susto,”trancou a entrada”. Com muita dor, o preto, pensava:- se ele afrouxar, eu tiro. “.O “rajado”, segurando a dor da penetração, pensava:- se relaxar, ele põe tudo “...”Por isso, patrão, os dois morreram... Embora decepcionado com o acontecido, o fazendo concordou com o que lhe foi contado...

A história, nada tem nada a ver com o “namoro” Prefeitura x Codau , um cedendo ao outro, encargos e obrigações que lhe cabe. Qualquer semelhança, é mera coincidência.....Abraço afetuoso do “Marquez do Cassú"



Luiz Gonzaga de Oliveira





Cidade de Uberaba

UBERABA (QUASE) ANTIGA...

Velho tem a mania de lembrar coisas e fatos antigos, principalmente apelidos. Ainda bem que o “ Alemão-Alzheimer”, passou longe... algumas denominações de logradouros de Uberaba, voaram com as cinzas do tempo. A vila Maria Helena, por exemplo, onde passei parte da minha infância e a inteira juventude, tinha locais que, se falasse o nome, difícil saber onde era... O “beco dos Braga?”, conhece ? E o “ beco do Mathias ?’, são ruelas transversais à rua Visconde do Rio Branco. Qualquer moleque da minha época, sabia pelo apelido. Nome? Não.

E a atual “vila Kathalian”, entre a Exposição e o Parque das Américas? Era o famoso “Sunga- Saia”, por razões óbvias...E nos fundos do atual Terminal Rodoviário, antiga estação da “ Oeste”, ruas Ituiutaba, Conceição as alagoas, Conquista e adjacências, era conhecida com a região das “ Bicas”...A atual, moderna e progressista Santa Marta, era o “Ovo Choco”. Alí pertinho,” Recanto das Torres” e bairro”Olinda”, era o “campo de aviação do Torres Homem (Rodrigues da Cunha), filho de dona Olinda Arantes Cunha...Um dos bairros “classe média/alta”, no Fabricio, a “Vila Olímpica”, não passava do “ pasto do Pereira”...

Trecho da rua Tiradentes, depois da Padre Zeferino, funcionava um conhecido puteiro, jocosamente conhecido como “Curral das Éguas”... Inicio da Padre Francisco Rocha, fundos do antigo armazém do Augusto Araújo, o tradicional “Puxa-Faca”, pelas brigas constantes à porta do bordel da “Aurora”. Os sopapos eram acompanhados de facas bem afiadas ...


No alto d’Abadia, sem a quantidade de conjuntos habitacionais existentes, atualmente, dentro do bairro, eram conhecidos o tradicional “Barro preto”, no final das ruas do Carmo e Capitão Domingos e no lado contrário, seguindo a Barão da Ponte Alta, se concentrava a simpática região dos “Olhos d’água”. Atrás da igreja de Nossa Senhora d’Abadia, padroeira da terrinha, pontificava as “Amoras”, “Coreia” e “Coreinha” e vila do “Ângelo”...

Quase ao final da avenida Leopoldino, onde, hoje, reside a “nata” da sociedade uberabense,era a grande “fazenda do Rezendão”. O “castelinho” da família, continua lá. No alto da “Boa Vista”, perto da avenida das “Torres”, existe um marco de pedra e madeira, que, segundo os historiadores, é uma referência ao inicio da civilização local, por todos chamado “Cachimbo”, e o povo adotou o “Boa Vista”, como alto do “cachimbo”...

Nas Mercês, a avenida Alexandre Barbosa, era a “ rua Cassú”, pois, começava ali, a estrada que demandava ao lugarejo do “Cassú”, onde estava instalada a primeira fábrica de tecidos da região. O caminho ganhava a “chácara do Tutuna”, atravessava o rio Uberaba, passava na porta do casarão da fazenda do Tonico dos Santos, até alcançar o povoado. A rua “Cassú” por ter muitas minas d’água, era conhecida como “brejinho”. Quando construíram o atual cemitério, antes de chamar-se “São João Batista”, era o ‘cemitério do brejinho”...

No inicio da Vila Santa Maria, do lado direito de quem sobe rumo ao aeroporto,a avenida Pedro Salomão”, era a “chácara da Manteiga” e, do outro lado, na Santa Beatriz, “chácara do Mané Balaio”... No “pasto do Lalau”, está erguida a Igreja da “Medalha Milagrosa” , enquanto a “chácara dos Maristas”, edifica-se a “morada das Fontes”... Tem muita coisa pra contar...Uberaba, santa terrinha, cresceu muito ...O “corguinho”, primeiro a ser canalizado, na avenida Santos Dumont, todos conheciam com o “ córrego das bostas”... Será porquê ???...“ Marques do Cassú”.




Luiz Gonzaga de Oliveira







Cidade de Uberaba

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

JUNTOS POR UBERABA

As redes sociais vieram para ficar. Os tradicionais veículos de comunicação estão perdendo prestigio. Não são mais os “ grandes condutores da opinião pública”. Deixaram-se “ vender” para os poderes públicos. Estão perdendo, vertiginosamente, audiência de outrora. O povo não mais se deixa levar pelas aleivosias cometidas, propositada e covardemente, por eles . No caso do “ estacionamento pago” em Uberaba, o exemplo é gritante. Mais de 3.000 uberabenses se manifestaram sobre a antipática medida. 99% disseram NÃO! Vejam exemplos:

Marta Silva”:-“A praça Rui Barbosa ficou uma merda. Haja amortecedores para passar por ali”.Fátima Mafioli:-“É um grupo apartidário, ou novo?”, pergunta.Mário Afonso Guido Cunha, lembra “Foi o tempo em que Uberaba era o paraiso para se morar. Verdade é que muitos profissionais vinham prestar serviço, por aqui ficaram , casaram, criaram os filhos. Vamos lutar para voltar aos bons tempos, cidade limpa, ordeira e progressista. Esses últimos governos municipais, os prefeitos não eram nativos daqui. Vamos valorizar os uberabenses de verdade”.

Tem mais depoimentos .Sandra de Deus Cherim, “vamos sim, lutar por uma Uberaba melhor. Esses governantes que estão ai, estão acabando com a cidade. É aumento de água, essa de ter que pagar estacionamento, é um absurdo. Acorda, povo de Uberaba. Vamos lutar pelos nossos direitos.” Benigno Bebiano Jr.,exalta:-“ Temos o pior Prefeito de todos os tempos. Este senhor acabou com Uberaba”. Josy Veloso, sem medo:-“Sou funcionária pública; nem por isso, vou me calar”. Ataide Camargo, diz:-“ Governo fajuto. Culpado os eleitores que elegeram essa tartaruga. Temos que eleger gente competente e que traga empregos para a cidade. Acorda, Uberaba! Ano que vem, temos que limpar essa corja de burros”.

Continuam as “ broncas”. Milo Bazaga, pergunta “ É ganância do prefeito em aumentar o roubo no povo uberabense. Porque a zona azul de Uberaba, idoso tem que pagar ? “ Miguel Luiz, faz ironia:-“ Prudente de Morais, acabaram com o movimento dela. Coitados dos comerciantes. Parabéns, Sr. Paulo Piau, nosso prefeito querido...”Luiz Hozumi Nojivi, com tristeza, fala:-“Uberaba, realmente, parou no tempo!”. Gustavo Menezes, desabafa:- “O centro está parecendo dia de sábado. Quase nenhum carro parado nuas suas vias onde está cobrando estacionamento. Realmente a população não aprovou isso”. Evaldo Firmino, prega:-“Ninguém pode ser escravo de sua identidade. Quando surge uma oportunidade de mudança, é preciso mudar “. E as queixas nas redes sociais, vão se avolumando. Acompanhem :

Gina Idaló, grita:-“Esse Piau tá querendo mais “dim-dim”. Nossa! Já nos tirou tanto! Quer mais ainda ?”. Geraldo Jr.”É muito estranho. Queria saber o nome do dono dessa empresa. As máquinas não funcionam e os “ flanelinhas verdes”, querem vender o cartão de 20 reais”...Já Wesley Ferreira, é pura ironia:-“Tirando o trabalho do jovem aprendiz e suas oportunidades... parabéns,prefeito, parabéns, vereadores , estão cada vez mais, acabando com a nossa cidade”. Mário Cortez, é um gosador:-“Bom demais. Agora vamos poder andar a cavalo a vontade no centro. E em dia de chuva, vamos pescar uns peixes com o barco. Ei, Uberaba, véia de guerra! Leonardo Silva, nada contente, afirma “Parabéns por fazer o que sempre queriam: ganhar muito dinheiro pro bolso, destruir nosso comércio e a nossa cidade. Parabéns, vocês são “feras”uma máquina de destruição”. Paro por hoje. Uberaba, começa ficar acordada ! Isso é um alerta para os que se acham” donos da cocada preta”...
Volto na segunda. Bom fim de semana. Abraços do “ Marquez do Cassú”.



Luiz Gonzaga de Oliveira


Cidade de Uberaba

A PRAÇA ( E A RUA ) É DO POVO!

Estou a acompanhar essa celeuma do “ estacionamento pago” em ruas, praças e avenidas na terrinha do “Doca”. Então, veio à lembrança um episódio que tomou conta de Uberaba, em 1972/73 . Antes de deixar a Prefeitura, o prefeito Arnaldo Rosa Prata, embora com alguns senões, fizera uma louvável administração. A começar pela surpreendente vitória nas urnas, sobre imortal” Mário Palmério, com quem disputou a Prefeitura naquele “mandato tampão” . Arnaldo, inaugurou o , até hoje, inacabado “Uberabão”, construiu o novo terminal rodoviário, “cobriu” parte dos córregos centrais da terrinha, além de asfaltar ruas no centro e bairros da cidade.

Nas eleições municipais de 72, prestigio em alta, rádio,jornal e TV, recém inaugurada, às mãos, lançou, com a sua turma da Arena 1, o tabelião Fúlvio Fontoura, como candidato à sua sucessão. Pelas obras realizadas, o apoio recebido, a eleição do “pupilo”, era ‘fava contada” . Do outro lado, Arena 2, meio desorganizada, precisando de votos na convenção da escolha de candidato, lançou Hugo Rodrigues da Cunha, perdedor de uma disputa à deputado federal e ex-Presidente da ACIU, também um dos lideres do movimento separatista do Triângulo, de Minas Gerais, chamado UDET (União de Desenvolvimento do Estado do Triângulo).

Hugo, contava com um frágil apoio de empresários do setor automobilístico e reflorestamento. Não mais. “Boa pinta”, a “bola da vez” era Fúlvio. A “mulherada” morria de amores por ele. Hugo, feioso, bigodudo, era o “azarão”. (Sem contar com o João Pedro de Souza, coitado, do esfacelado MDB...).Máquina administrativa na mão, vereadores ao seu lado, deputado federal, imprensa quase unânime,Fúlvio, podia mandar fazer o “ terno de posse”...

Mas, como em “boca de urna” e “cabeça de Juiz”, ninguém sabe o que sai, Hugo, “deu um banho de votos no seu opositor”. A vitória dos“ reflorestadores”, deixou uma parte dos “donos da cidade”, na rua da amargura. Nesse ínterim, veio o “troco”. O grande “Jumbo Eletroradiobraz”, pesquisa Uberaba para instalar uma das suas espetaculares lojas ! Euforia do “grupo” derrotado. A empresa paulista, precisava de uma grande área para a sua instalação. O que fez Arnaldo ? Com a anuência, quase total, só Mário Guimarães, eleito vice prefeito na chapa de Hugo, votou contra, a Prefeitura, doou a praça Jorge Frange, a “antiga praça da rodoviária”, à empresa paulista... Seria a “consagração” de Arnaldo e da Arena 1 e a “oposição” teria de aceitar...

Hugo, “empinou o arreio”! Gilberto Rezende, “cabeça pensante” do grupo vitorioso, gritou:-“Doar praça pública à particular ? Jamais! A praça é do povo !”.Ação popular impetrada, a medida foi sustada. Quando tomou posse, uma das primeiras medidas de Hugo, foi anular o “decreto de doação” da praça. O “Lavoura” “caiu de páu” no novo Prefeito. As rádios também .A TV, ficou neutra. “Sapo de fora não ronca”, disse dr.Renê Barsam, presidente da emissora.

Hugo, ofereceu ao grupo, outras áreas. Por “pirraça” e orientada pela “oposição”, a empresa paulista não aceitava nenhuma outra localização. Queria a praça e pronto ! Só que a “praça é do povo”, diziam os uberabenses. O “castigo veio à cavalo”. Em pouco tempo, a gigante “Jumbo-Eletrorádio Braz”, faliu ! A “oposição” ficou caladinha e Uberaba ficou livre daquele abacaxi.

Conto-lhes essa história da vida política de Uberaba e essas pretensões absurdas, quando falam em “ progresso de Uberaba’, “democratização de espaços”...Não sei se o meu fraterno amigo, Gilberto Rezende, toparia encampar um trabalho comunitário e dizer aos atuais “donos” da terrinha, para ir devagar “com o andor”, nesse famigerado “estacionamento pago”.

Desculpem-me pela extensão do texto. Abraço uberabense do “Marquez do Cassú”.



Luiz Gonzaga de Oliveira



Cidade de Uberaba

“DOCA” E UBERABA

Acordei, pensando em Você, minha doce e amada Uberaba ! Como estão judiando da nossa querida terrinha, meu Deus ! Logo me veio a mente, Orlando Ferreira, que conheci na minha infância na vila Maria Helena, onde éramos vizinhos. Lembrei do “Terra Madrasta”, o livro tão polêmico, proscrito pela Igreja Católica, objeto de estudos históricos até hoje. “Doca”, tinha acendrado amor por Você, Uberaba amada ! Ao elogiá-la, manifestou também o seu desagravo,com o que faziam com Você ! A classe política que dominava a terrinha e a chamavam de “ Princesa do Sertão”...

Hoje, Uberaba amada, colocaram na rua, as mazelas que apostavam em Você. No livro, segundo a sua dedicatória, “Doca” ,dizia” está podre, andrajosa e descalça”. Em outro trecho, terra querida, ele afirmava:- “ Estás infeliz, embora ofereça o meu trabalho, aprenda nele a odiar seus malfeitores”. “Doca”, Uberaba ,minha paixão, mais adiante no livro que chamou de “Terra Madrasta”, dá o seu testemunho a claríssima, deslumbrada e autêntica visão do futuro que te aguarda, Uberaba de todos nós. Foi assim que ele falou numa hora inspirada:

“Em ti, no teu solo estupendo, só existe a eterna beleza e ver-te é considerar-se acordado nas paragens dos sonhos. Por toda parte, poesia, encanto, paisagens maravilhosas, brilho, caridade, esplendor! Do teu solo ubérrimo, das suas árvores lindas, das tuas águas brilhantes, evola-se um murmúrio doce e harmonioso, apaixonado e indefinível, música sublime em concerto com o Sol que canta, nas alturas, a eterna canção da Luz e a Lua, as sonatas do amor! Tens tudo, Uberaba, mas, estás pobre, andrajosa e descalça. És honesta, mas estás amarrada, subjugada e assim seus malditos algozes ti prostituiram facilmente ! Estás em mesmo estado, sim ! Além disso, muito desprezada e injuriada”!. Contudo, te amo ! Apaixonadamente !”

Relembro, minha amada Uberaba, a lucidez e clarividência de Orlando Ferreira, o “Doca”, ao se referir a Você ! Ele descreve, com sabedoria invulgar, no livro que completou 90 anos, o quanto a amava, terra querida ! Enaltece , Você nem imagina, o que representa também áqueles que aqui aportaram , à busca de melhores dias...Uns,se sobressaíram com altivez e honra ! Outros, denegriram e denigrem a sua gloriosa imagem, Uberaba de todos nós...

“Doca”,é transparente quando afirma:- “As nossas maiores desgraças , devemo-las à maldita política uberabense. Politiqueiros sem escrúpulos , em ações descuidadas, se cercaram de maus elementos vindo de fora, aventureiros mortos de fome, que aqui aportaram com o fito único e exclusivo, ganhar a vida. Gente que não tem o menor amor a nossa amada terra, cujo principal desejo, é forrar o estômago. Assaltam, com facilidade e ganham posições de destaque, graças a imbecilidade dos nossos caricatos dirigentes. Uberaba amada, tem sido vítima desgraçada desses malditos aventureiros- todos mal intencionados -, desonestos, ladrões e muito ignorantes. Entretanto, nossa terra não se emenda, não se corrige”...

Amanhã, continuo com meus pensamentos voltados à memória de Orlando Ferreira, “Doca”, tão perseguido por dizer a verdade que, segundo o historiador, escritor e presidente da ALTM, João Euripedes Sabino, até o seu túmulo, não consta do cadastro do cemitério do “ brejinho” e muito menos nos arquivos públicos e historiadores da cidade. Uma outra história...
Grato pela atenção da leitura. Abraço fraterno do “ Marquez do Cassú”.



Luiz Gonzaga de Oliveira




Cidade de Uberaba

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

JORNAIS E JORNALISTAS


( Jornalista tem que ter independência intelectual; caso contrário, vira vendedor de super-mercado...)

Veterano na profissão , mais de 65 anos de atividade ininterrupta, creio poder alertar aos colegas que estão “ na estrada” e aqueles que se iniciam no difícil e espinhoso caminho do jornalismo. Pululam as escolas de comunicação social em quase todas as cidades brasileiras . Verdade, o jornalismo apaixona ! Em qualquer área . Desde os que falam das flores, da noite, da comida, bebida. Mulheres, alferes, das artes, malazartes, do esporte, da policia,política, o campo é vasto, repasto, fulgurante, intrigante, alegre, doído, promissor ! Quem entra nessa seara, deve estar preparado para todos os percalços da profissão. 

Sou do tempo em que as pautas não ficavam restritas à redação, né meu querido César Vanucci ? O bom repórter ia para as ruas, “à cata” da noticia, em cada esquina, praça, repartições públicas e domínios particulares. Como um bom “ perdigueiro”, nada escapava do faro de um solerte repórter... A atual fase em que toda noticia” se recebe’ pela “internet”, fez com que o jornalista se acomodasse em berço esplendido. Vem tudo à mão ...A noticia não é “ procurada”, esmiuçada; ela se lhe apresenta como “ garota de programa” ... 

O texto das famosas e famigeradas “ assessorias de comunicação “, já vem redigidas e o redator que o recebe , não se dá ao luxo ( ou lixo ? ) de acrescentar ou mudar nem uma vírgula. Coloca tão somente o nome do “redator” responsável pela matéria e pronto ! É que, essas “ assessorias”. prudentemente, redigem os textos sempre apócrifos... Confesso- lhe , desconheço se os professores de Jornalismo, dão aos seus alunos, a exata dimensão do que é uma reportagem colhida na rua. O fato narrado pelo repórter, como “conseguiu” a noticia... 

Conversar, especular, entrevistar os personagens, sentir o seu drama ou a sua incontida euforia, é o receituário de uma boa matéria .Ascultar a sua empolgação, o senso de justiça, seriedade e verdade daquilo que está escrevendo...O jornalista deve fugir da noticia “encomendada”. O seu papel, além de relevante, é sumamente importante. Ouvir os dois lados em foco, é o “manual de redação” de qualquer grande jornal. Confrontar a “ fonte oficial” e a realidade do fato noticiado. O bom jornalismo não se deixa levar pelas duvidosas “assessorias de imprensa ( ou comunicação)” que mostram apenas o que lhes interessa. 

Os jornais, principalmente os do interior, perderam o “cheiro” das ruas, a voz do povo, o fascínio que é uma noticia verdadeira, concreta. Falta sensibilidade, coerência aos donos dos jornais, que obrigam ( sob pena de demissão )a noticiar apenas o que interessa ao dono , aliado ao seu “ grupo político “... Jornalismo é espelhar a vida. Seja de luzes ou sombras. 

È pecado mortal, ficar refém das “assessorias de imprensa”e das noticias “ maquiadas “ . 


Jornalista não pode cair ao “rés do chão”, empolgado ao que lhe apresenta geralmente o político. A liberdade de opinião e de informação, são sagradas e estão inseridas na Constituição. E triste ver, ler, ouvir aqueles “registros oficiais”. Eles ocultam a verdade ! Especialmente no caso de Uberaba , a decadência de costumes é de dar pena ! O bom jornalismo não pode se levar por paixão, dinheiro falsear a noticia. O jornalista é um transformador de costumes . A reportagem bem feita, a noticia dada com critério, isenta, sem ideologia, dignifica a profissão. 

A boa e íntegra informação, é pedra angular da cidadania. Não existe “ marketing” que suplante a inexorável verdade. Assim procedo desde os meus 16 anos ...( sua bênção, Jorge Zaidan, meu eterno professor...) “ Marquez do Cassú”.


sábado, 18 de fevereiro de 2017

NA BARBEARIA DO “GENERAL” - UBERABA


Fachada do Salão do General - década de 1970



Ainda coisas leves nesse final de ano. O anedotário de Uberaba é notável. “Causos” sobre gente e coisas da cidade, vale a pena anotar. Sempre convivi com amigos “fornecedores” de histórias da terrinha bem mais que eu. Na barbearia do “General”, os gozadores de sempre, escolheram , por volta de 1960, figuras da cidade que pudessem representar a numeração do “jogo do bicho” na cidade. A lista é histórica. Acompanhe: Número 1- Primo Ribeiro, comerciante. 2- Secundino Lóes, dentista. 3- Tércio Camargo, fazendeiro. 4- José Torquatro, motorista. 5- Quintoliano Jardim, jornalista, dono do “Lavoura e Comércio”. 6- José Sexto Batista, bancário. 7- Sétimo Boscolo, empresário. 8- Oitávio Azevedo, contador. 9- Nono Prata, pecuarista. 10- Chiquito Des..cina, farmacêutico. 11- Onzório Adriano, ricaço da cidade. 12-Dozinho Bruno, advogado. 13- Antônio Trezzi dos Reis. Industrial. 14- José Catorze, puxador de carro, bastante conhecido da policia. 15- Quinzinho Maia, dono do bar “Tip-Top”. 16- Leão Borges, ex-deputado estadual por Uberaba. 17- “Coronel Delcides”, figura popular na terrinha e cujo apelido era “Macaco”. 18- “Sugismundo Mendes”, nome de rua de Uberaba. 19- Armando “Pavão”, comerciante aposentado. 20- “Peru” açougueiro no bairro São Benedito. 21- “Tourão”, eterno candidato à vereador e figura popular na cidade. 22- “Zé Onça”, bandido preso no Parque das Américas. 23- Ursulino, “vendeiro” no bairro Estados Unidos. 24- aí deu voz geral: cada um escolhe o seu. 25- Vaquinha, centro avante ídolo do futebol uberabense…
Então eu pergunto: alguém pode com a verve do uberabense, conversando em salão de barbeiro?
Aos seguidores do “Barão de Drummond”.


(Foto do acervo pessoal do Natal Rafael da Silva Maiolino)

Luiz Gonzaga de Oliveira

domingo, 22 de janeiro de 2017

TABU faz parte da história das famílias uberabenses


O Restaurante TABU foi inaugurado em 1942 pelo comerciante Omar Andrade Rodrigues. O nome é uma homenagem do seu fundador a um restaurante também de nome TABU, que funcionava no Largo do Paissandu em São Paulo, perto do tradicional Café Caipira, na Avenida São João.
O TABU marcou época como um dos mais famosos restaurantes noturnos do interior brasileiro. Desde a sua inauguração o restaurante passou por alguns proprietários. Em 1949, assumiu o controle, o Sr. Shonusuke Ito e seu filho, Einosuke Ito (Antônio) com sua esposa Fissaco (Maria), que em 1960 até 1962 o repassaram aos irmãos Shin Ichiro Kikuichi e Yassushi Kikuichi, acompanhados de suas esposas, Olívia (Zica) e Assaco (Marcelina), que, por tradição, comandavam a famosa cozinha.
Em 1963 o TABU voltou para as mãos do cunhado de Shin e Yassú, Einosuke (Antônio) que tornou a repassá-lo, 1969, apenas ao Shin.
O TABU ganhou fama e prestígio principalmente pelo suculento filet que era servido, além é claro, tradicional sanduíche de pernil e o famoso frango ao molho pardo. Sempre frequentado por intelectuais, estudantes, notívagos de toda espécie, boêmios, jornalistas, políticos e artistas de todo o Brasil.
Infelizmente, Shin, apogeu da popularidade do TABU, 1981, faleceu e o restaurante fechou. Em 1988, os filhos de Shin, Nivaldo e Waldir, resgataram a tradição e reinauguraram o TABU, que desde 2000 é comandado apenas por Jussara e seus filhos Leandro e Adriano.
Pela tradição herdada, atendimento, higiene, qualidade e sabor dos pratos deliciosos, o TABU é sem favor, o restaurante mais frequentado pelas famílias uberabenses e visitantes.

Luiz Gonzaga de Oliveira

15/01/2017

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

AO LONGO DOS TRILHOS DA MOGIANA ESTRADAS DE FERRO - UBERABA

História simplória. Ingênua, mas, verdadeira. Sem mentirinha. Ao longo dos trilhos da Mogiana Estradas de Ferro, ao lado das estações, instalaram-se povoados. Indo prá Uberlândia as mais conhecidas eram a da Mangabeira, Palestina e Itiguapira. Do lado de Conquista eram Calafate, Engenheiro Lisboa e Guaxima. No futebol de “roça”, a rivalidade maior era entre Mangabeira e Guaxima. Na Mangabeira, quem mandava era a família dos Abdalla, comandada pelo saudoso Habib. Na Guaxima, o “chefão” era o sempre lembrado “seo” Artur Magnino. Quando os dois times jogavam “o pau comia solto”. Um verdadeiro “pega prá capar”. Depois do 1×1, em “casa”, Mangabeira foi retribuir a visita. Artêmio Batista, funcionário da Mogiana. Presidente do time , “alegando estar adoentado”, não acompanhou a delegação. Função dupla para Nicodemus Pereira, técnico da equipe. Combinaram, presidente e treinador que, tão logo o jogo terminasse, via telegrafo da Mogiana, daria detalhes da partida. O telegrama, bem ao estilo sertanejo, foi antológico. Nem Guimarães Rosa, descreveria tão bem. Leia:
-“Artêmio, viajemo.Cheguemo. Descansemo. Almocemo. Joguemo. Campo pequeno, desgramado, sofremo. Jogo duro, mas esforcemo e corremo. Lá atrás, defendemo.No meio campo, organizemo. Na frente, ataquemo. O gol bem que tentemo. Botinada levemo e também demo. Os 90 minutos, aguentemo. Muita canelada dos dois lados, enfrentemo. O juiz, mais ou meno. Ainda que bem que não machuquemo. Num ganhemo, nem perdemo. Empatemo. Com o 0x0, satisfizemo. Sem provocação deles, não briguemo. No final, nois se abracemo e o clima ficou ameno. Escaparam todos, se salvemo. Daqui a pouco nois retornemo. Abraços do Nicodemo”.


Luiz Gonzaga de Oliveira

6 DE JANEIRO, DIA CONSAGRADO AOS SANTOS REIS MAGOS.

6 de janeiro, dia consagrado aos Santos Reis Magos. Para os cristãos, o nascimento de Jesus é visto em duas oportunidades e duas imagens; uma, a 25 de dezembro, a do boi e do burro no presépio e, em 6 de janeiro a dos três reis magos diante do menino Jesus. Por mais que se procure nos Evangelhos, não se encontra nem boi, nem burro. Quanto aos magos, só um evangelista, São Mateus, ouviu falar deles: “Naquele tempo, magos vindos do Oriente, chegaram a Jerusalém, perguntando: onde está o rei dos judeus que acabou de nascer?” Mateus não sabia o nome desses três reis magos. Há milênios sabemos tratar-se , apesar da cor, de três irmãos que reinavam sobre a metade do mundo. Belchior, governava os persas;Baltazar, os indianos e Gaspar, os árabes. No dia que ficaram sabendo do nascimento de Jesus, faziam uma refeição em família, combinaram e iniciaram juntos a viagem para Belém. Os nomes dos reis magos, a presença de animais no estábulo, confirmavam a profecia de Isaias: “ o boi reconhecerá seu mestre e o burro, a manjedoura onde o Seu Senhor repousa”. Essas figuras universais do culto cristão, tem alguns textos rejeitados pela Igreja , inclusive suspeitos e herejes. Os presentes levados por eles a Jesus, ouro, incenso e mirra, retratam o quanto queriam agradar ao Menino Deus. Lembro-lhes essa data tão importante no calendário cristão e digo-lhes que em Uberaba é sempre bem comemorada graças ao trabalho desenvolvido, mais de 50 anos, pela dupla Toninho e Marieta, de saudosa memória. No rádio, TV, circos e outros locais públicos, não deixou de referendar essa magna manifestação popular-religiosa através da Folia de Reis, com belíssimos cânticos anunciando o nascimento do Menino Deus.Em Uberaba, são quase 200 companhias. Permito-me lembrar da “Folia do Sebastião Mapuaba”, clã tradicional do bairro das Mercês, lembrando-lhes que o velho Mapuaba, sabia de cor e salteado, os mais de 100 versos que compõe o rito musical da folia. Outro grupo tradicional foi a “Folia do Labibe”. Ao registrar as 2 mais conhecidas, homenageio os demais grupos. Quando ouvir o cantarolar de vozes dolentes. O repicar do pandeiro. O dedilhar da viola e a marcação da “caixa”. Lembrem-se que uma “Folia de Reis”,. e Está chegando à sua casa. Beija a bandeira e agradeça o nascimento do Salvador da Humanidade !


Luiz Gonzaga de Oliveira

DR. RANDOLFO BORGES JR. DEVIA TER UM BUSTO EM PRAÇA DE UBERABA

Dr. Randolfo Borges Jr. Devia ter um busto em praça de Uberaba. Infelizmente só tem nome de avenida na periferia da cidade. Uma pena! Fez da medicina, sacerdócio, o autêntico “médico da família”. Cardiologista emérito, professor de muitos professores. Na pecuária, origem das suas origens, um rebanho da melhor genética da raça zebuína. Na política, íntegro. Tanto como vice, quanto prefeito, nunca, em tempo algum, roubou dinheiro dos cofres públicos como os políticos de hoje. Honesto? Demais da conta no dizer de nós mineiros…Descendente dos “Borges” de Uberaba, sempre foi firme nas atitudes, franco nas palavras, correto nos negócios, leal com os companheiros e amigos. Filho, marido e pai, exemplar. Irreverente, não tolerava, mesuras, frescuras e outras “uras”. Conto outra do dr. Randolfo e que se tornou famosa na cidade. Seguinte:
Altas horas da noite, toca o telefone na sua casa. Pedido, quase clemência, que atendesse uma idosa em grave estado de saúde. Ele veste a roupa, coloca o jaleco e, em poucos minutos, bate à porta da residência da paciente. Solícita, a empregada atende. Ele, valise de médico à mão, adentra pela sala. A empregada barra-lhe a passagem. Em tom fidalgo, pergunta-lhe toda faceira: – “A quem devo anunciar a visita a minha patroa?” . Rosto amarrado, fisionomia carrancuda, solta a frase fatídica: – “Diga-lhe que o doutor bosta!”Deu meia volta e batia em retirada quando a filha da paciente, a muito custo, demoveu-lhe do desejo de ir embora e atendesse a velha senhora…


Luiz Gonzaga de Oliveira

ESSA HISTORINHA ACONTECEU NO FINAL DA DÉCADA DE 50, NUMA ANTEVÉSPERA DO NATAL. PERSONAGENS QUERIDAS E MUITO CONHECIDAS NA CIDADE. OTO SABINO ARAÚJO JR.(OTINHO),

Essa historinha aconteceu no final da década de 50, numa antevéspera do Natal. Personagens queridas e muito conhecidas na cidade. Oto Sabino Araújo Jr.(Otinho), tinha barbearia no início da Artur Machado, hoje, calçadão. Mulherengo inveterado, adorava a noite. Tinha “rapariga por conta” na rua S.Miguel, a Abadia. Morena bonita, magra, cabelos longos e “corpo de violão”. Otinho era o “coronel” e “bancava” a moça na pensão da Negrinha. Casado, raramente dormia a noite inteira na “zona”. Leite Neto, um dos melhores narradores do rádio esportivo brasileiro, fazia sucesso na saudosa P.R.E.-5. Altão, cabelos crespos, porte atlético, sempre bem vestido, também gostava da boemia. Enamorou-se da Abadia, mesmo sabendo que ela “era” do Otinho. O sempre lembrado e folclórico Nenê Mamá, diretor do USC. Amigo de Otinho, “andava” com a “Nenenzão”, mulata de 2 metros de altura, amiga da Abadiinha, como gostava de ser chamada. “Nenenzão” deu a “senha” para Nenê, que logo alertou Otinho. – “Tem boi na linha. Fica de olho, amigão.” Na semana seguinte, Otinho resolveu dormir com a Abadiinha, pois a família tinha viajado…

Leite Neto, o “gigolô”, não sabia. Como sempre fazia, naquela noite esperou que o “coronel” fosse embora. 3 da manhã, nada. Deu 4, 4 e meia, entrou em desespero. Na rua, chuva fina e o frio chegando e ele ali na marquise do Cassino Brasil. Na esquina da praça Frei Eugênio, Shin recolhia as últimas mesas, enquanto o cunhado Antônio, fazia o “caixa” da noite movimentada do “Tabu”. Sem chance do Otinho ir embora. Leite Neto, criou coragem:-“vou resolver essa parada agora”, pensou. Entrou na casa da Negrinha e começou a bater na porta. –“Abadiinha, Abadiinha, sou eu, o Leite, abra por favor, estou com frio”. Otinho acordado e a mulher apavorada.-“Será que ele tem arma? Revólver? Faca? E o Leite Neto, quase esmurrando a porta. –“Abadiinha, abra pelo amor de Deus”, dizia com voz suplicante: “é o Leite”. Abadiinha, tremendo de medo, volta perguntar: ”quem é?” . Do lado de fora, voz grossa e forte: “É o Leite”. Otinho, sarcasticamente, responde: -“Deixa só um litro. Depois do Natal, vem buscar o dinheiro”…


Luiz Gonzaga de Oliveira