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quarta-feira, 17 de abril de 2019

Amigo Padre Prata

A vontade de todos era que Padre Prata, tão estimado, permanecesse entre nós. Porém, apesar de ser um imortal da Academia, isso não aconteceu. E, para sempre, ele foi colher os frutos de sua abençoada e proveitosa existência. Quem teve o prazer de desfrutar do convívio com Padre Prata tem muita história para contar. E tenho a felicidade de ser um desses privilegiados. 

Tive a satisfação de manter cordial contato com Padre Prata quando estive na Direção do Jornal da Manhã, de 1972 a 1984. Ele era colunista do Correio Católico e se rendeu ao nosso apelo de continuar colaborando, semanalmente, com suas crônicas geniais no novo jornal.

Com o Jornal da Manhã já em nova sede, Edson Prata me convidou a integrar a Academia de Letras do Triângulo Mineiro e providenciou o documento de minha nomeação assinado por vinte e um acadêmicos, dentre eles, Padre Prata.

Na Academia, minha amizade com Padre Prata se intensificou. Ele e os demais fundadores compareciam a todas as reuniões mensais e isso o deixava animado. Quando estive à frente da Academia, a meu pedido ele me orientava, agraciando-me com generosa atenção: “Precisando, estamos aqui.” E reiteradamente ele me entusiasmava: “Foi uma bela reunião!”.

Ao final de cada gestão minha, requisitei ao Padre Juvenal Arduini que me apontasse um sucessor. E só ao final do meu sexto mandato, ele mencionou Padre Prata como uma possibilidade. Fiquei feliz. Mas por pouco tempo. Tivemos que aguardar, pois Padre Prata estava numa pescaria e, ao retornar, garantiu que nunca pensou nisso. Uma pena. Teria sido formidável!

Foi a convite do nosso Presidente da Academia, o amigo João Eurípedes Sabino, que ele, Padre Prata e eu apreciamos a cidade num circuito de carro, numa prosa animada. Talvez fosse uma despedida, mas Sabino e eu não havíamos imaginado isso.

Depois de minha esposa Carmen e eu sermos atropelados por uma moto, nós nos recuperávamos em casa quando recebemos a visita do amigo Padre Prata - visita que ficou em nossa história: a conversa na sala de visita, o cafezinho e minha chamada para vermos o quintal. Ali, Padre Prata se transformou, revivendo o tempo de menino criado em fazenda, apaixonado pelo que encontrava: a jabuticabeira florida como noiva, pés de canela, camélia, hibisco, manga, urucum, pitanga, pau-brasil, abacaxis ornamentais, orquídeas, e os vasos – renda-portuguesa, alecrim, arruda, jasmim, lírio, azaleia, rosas, miosótis, violetas, picão, erva-cidreira, capim-cidreira, manjericão, hortelã... Ele sabia algo singular sobre cada planta. Era mesmo outra pessoa... Nós o ouvimos extasiados! Ele finalizou instruindo a este leigo cultivador: “Corte o pé de mamão; não dará mais frutos.” Depois desse dia, invariavelmente quando nos víamos, ele perguntava pelas plantinhas e prometia voltar para vê-las.

Sou grato também ao Padre Prata por ele ter feito as últimas orações junto à minha esposa, quando ela faleceu. E a morte de ambos me faz crer que Deus anuncia aos bons, com certa antecedência, quando deixarão esta vida. Ambos sabiam sua hora e estavam preparados. Hoje estão junto de Deus. 

São essas apenas algumas das tantas recordações que tenho do colega Padre Prata, amigo ilustre e imortal na memória de todos nós.

Mário Salvador
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


Cidade de Uberaba

sexta-feira, 29 de março de 2019

O Relógio Japonês

Mais uma vez escrevo sobre ele nesses 39 anos. A primeira o fiz no artigo “O povo pede uma praça”, em jornal editado pelo Clube de Engenheiros no ano de 1978. Ganhou o apelido carinhoso de Relógio Japonês por ter sido doado a Uberaba pelas colônias japonesas daqui e de Igarapava/SP, quando equivocadamente festejamos 100 anos de fundação no dia 3 de maio de 1956. Está localizado na Praça Dr. Jorge Frange, próximo ao edifício São João.

Memória: demoliu-se a velha rodoviária e a reinauguração da praça seria no dia 28/01/1983. Os táxis ficariam colocados de forma oblíqua diante do relógio. Estreitariam muito o passeio, além de causar transtornos entre os táxis e os veículos da via descendente. Jesus Prata, o vereador Arly Coelho e eu reivindicamos ao prefeito Silvério Cartafina Filho e ele, com seu estilo, ordenou: “Coloque-se o ponto de táxis na parte baixa da praça”. E colocaram.

O único sino daquele obelisco aguça os meus tímpanos ao bater horas inteiras e meias com precisão britânica. Na madrugada, num raio médio de 300 metros, é ouvido com nitidez. No mundo dos digitais não há quem, com uma ponta de insônia, ouça as suas badaladas e se feche para a nostalgia. “Detén el tiempo en tus manos. Haz de esta noche perpetua” (compôs Roberto Cantoral).

Dentre os cartões de visita que habitam o coração do uberabense, o Relógio Japonês, com certeza, é um deles, mesmo estando tão relegado.

Sempre o tivemos como referência, embora seus ponteiros tenham ficado inertes por incontáveis períodos. Sebastião José Polveiro, aos domingos, galga mais de 12 metros de altura, renova a corda, faz manutenções no bruto e assegura que suas peças estão nos trinques. Luiz Ricardo Rodrigues, o Branco da banca de jornais, custeia as despesas e cuida do arvoredo ali existente.

Volto ao passado e me lembro que Odettes Tiveron leu as horas nos algarismos romanos daquele “mastodonte” durante décadas. No dia 21/04/15 cessaram essa feliz convivência quando ela partiu para a eternidade.

O tempo não passou devagar e nem fluiu rapidamente; eu, é que não o vi passar. O Relógio Japonês sim, sempre foi a fiel testemunha.



João Eurípedes Sabino

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 


Cronista do Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas. 



Cidade de Uberaba

Parabéns, tio Mário!

“O eterno Tio Mário, comunicador infantil que fez sucesso nas décadas de 70 e 80 na cidade, quando comandava um programa de televisão na extinta TV Uberaba, será homenageado pelo Shopping Uberaba nesta sexta-feira, 26, às 17h, no encerramento das gincanas infantis que fazem parte da programação de férias”. Eis aí parte do convite que recebemos para estarmos no instante da homenagem que o acadêmico Mário Salvador receberia. Lá fomos para viver emoção única e imperdível. 

Este espaço é pequeno para descrever a transcendência do momento decorado por crianças que, apesar de não terem vivido o tempo de Tio Mário, lhe acercaram com afeto demonstrando estar diante de um ícone imortal.

Difícil foi segurar as lágrimas no momento em que Tio Mário, em meio à criançada, reeditou seu programa Hora do Recreio, com um número de gincana. Crianças tomaram suco na colher como vimos há décadas. E ele, Tio Mário, visivelmente emocionado, conduziu os trabalhos como se estivesse no estúdio da TV Uberaba.



Tio Mário - Foto: Francis Prado

Presença da família e amigos do homenageado, placa de prata, plantio de palmeira, declamação de poesia, manifestação afetiva das crianças, palavras dos coordenadores, som, fotos, filmagens e expressões de carinho, etc., formataram aquele cenário que vai para a história, essa jamais será escrita sem o nome de Mário Salvador. A Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ali representada por vários confrades, absorveu parte da justa homenagem recebida pelo seu ex-presidente.

Ao declamar o poema “Ser criança”, Tio Mário polarizou as atenções com versos sensíveis e acessíveis, principalmente pelas crianças. Perfeitamente encaixável no CD que Fausto Reis gravará com músicas compostas pelos acadêmicos da ALTM. Arahilda Alves, com sua maestria cantou o jingle do programa, então cantado pelos Sobrinhos de Tio Mário. 

A relatividade do tempo ficou ali estampada: todos voltamos a ser crianças, junto às crianças, tendo a sensação de que ele não passa, nós sim, é que passamos. E o nome fica. Parabéns, Tio Mário Salvador!


João Eurípedes Sabino

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 

Cronista do Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas.


Cidade de Uberaba

Histórico Patrimônio meu

Inicio o meu texto de hoje em tom melancólico apresentando o poema que um dia lavrei para datas especiais como a de ontem.

Eu sou a Memória / Hoje tão calada e esquecida / Que acaba sozinha em vida / Morre aos poucos com a história. Devagar vou sumindo / Dia a dia sendo apagada / Meu passado vai ao nada / E o presente pra lá está indo. Velhas casas e casarões demolidos / Relíquias escapam da mão / Cultura colide com a ambição / Valores de ontem agonizam feridos. Histórico Patrimônio meu / Não o protejo como deveria / Espero poder resgatá-lo um dia / E vê-lo no lugar que é todo seu. Quem não se liga ao passado / Expõe-se ao risco na certeza / De no futuro ser lembrado com frieza / Por ter sido um ser desnaturado.

Tristeza como a que ontem senti, só comparei quando uma voz ao telefone me anunciou que minha saudosa mãe havia deixado esse mundo. “Tenho uma notícia triste para lhe dar: a casa em que Zote nasceu está sendo demolida. Faça alguma coisa!”, disse-me uma voz amiga no meio da tarde. Fiquei perplexo depois de ter escrito um livro sobre a vida de José Formiga do Nascimento - o lendário Zote - e lançado a obra em 31/01/2015 no Cine Municipal Vera Cruz. Quase 1.000 pessoas estavam presentes e numa só tacada 270 livros foram vendidos, tendo em vista o interesse que o personagem despertou e continua despertando. Outras edições virão.

Fui ao local da demolição. Atônito, não tive outra alternativa senão dizer ao mundo em “NOTA HISTÓRICA LAMENTÁVEL: neste momento está sendo perpetrado um crime contra o patrimônio histórico de Uberaba: a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote - está sendo demolida. Não bastaram as gestões que fizemos junto ao CONPHAU e aos proprietários da casa. Ela está indo ao chão e junto vai uma parte da história. Ali nasceu o uberabense que Uberaba nunca esquecerá. Local da barbárie: rua José de Alencar, 376, antigo 68. Aos que primaram pela omissão os nossos ‘parabéns’”.

Não divulgarei aqui as manifestações da legião de amigos, residentes no Brasil e mundo afora, cujas raízes estão em Uberaba. São tantas que as guardarei como prova de que Zote habita a memória e o imaginário dos seus conterrâneos ou não. Naquela casa então de Bento Eduardo da Silva Polveiro e depois Osório Adriano da Silva, nasceu no dia 23/02/1923, há 95 anos, o menino que por ser meio parvo e genial, recebeu o apelido de Zote. Era a última casa daquele estilo no bairro São Benedito e uma das últimas de Uberaba (!!!) Para onde vamos senhoras autoridades responsáveis? A palavra não é mais minha.

Por que esse meu apego com algo material? É que a história não me perdoará, se de braços cruzados eu permanecer: “Quem não preserva o passado não terá futuro”. Eis a questão.


João Eurípedes Sabino

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Cronista do Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas.


Cidade de Uberaba

Noite histórica

E a casa esteve com sua lotação esgotada na noite da última terça-feira, 26/03/2019. O lugar é a Academia de Letras do Triângulo Mineiro e as presenças foram de universitários representantes dos Diretórios Acadêmicos do IFTM, Fazu, Uniube, UFTM e seus renomados Mestres, além do Programa U+20 e da Diretoria de Turismo da Prefeitura Municipal de Uberaba. Soma-se o apoio do Museu do Zebu da ABCZ, representado por Thiago Ricioppo e Maria Goretti dos Santos, além da empresa Bela Vista Cultural, capitaneada pelo megaeditor Fábio Ávila. Foi uma noite histórica! 

Projetado para ser um evento simples por Carlos Mardegan, como deveras foi, algo beirou as raias do infinito, quando cada um dos presentes, todos amantes das letras, se identificaram com o pensamento do ambiente que era o de valorizar e oportunizar a afloração de suas escritas.

A Casa criada por José Mendonça, Edson Prata e Juvenal Arduini, lá nos idos de 1962, abre espaço para que a juventude se aproxime e almeje ocupar ali uma cadeira, quem sabe a minha (32), no momento oportuno. Em cada olhar, em cada semblante e postura vimos frente a frente jovens, cujas vidas e condutas diferem muito do que comumente assistimos. Usaram o coração e a sensibilidade quando Fábio Ávila chamou alguns deles à frente para declamarem poemas escritos por alunos do ensino médio. Vi lágrimas correrem naquelas faces.

O projeto de entrelaçar os Acadêmicos com estudantes de todos os níveis vem de longa data, porém, para levá-lo à materialização, reconheçamos, havia um caminho longo a percorrer. Com o advento da sede própria doada pela Universidade de Uberaba, esse caminho encurtou sobremaneira. E agora vamos percorrê-lo sempre, realizando eventos de natureza cultural.

A abordagem sobre o Arquivo Público de Uberaba, feita pela Superintendente Marta Zednik de Casanova, e os relatos de Paulo Fernando Silveira, em referência às suas obras, foram pontos de destaque com os quais a nossa Casa de Letras brindou os presentes. Ambos, na condição de Acadêmicos, enfocaram seus temas em nome da Academia.

Nosso Sodalício, como entidade cultural sem fins lucrativos, não tem muito a oferecer no campo material, entretanto, no imaterial seus alcances vão muito além do que as vistas alcançam. O que farão aqueles universitários com o que puderam interagir na data histórica de 26/03/2019 no seio da Academia de Letras do Triângulo Mineiro? Ali estavam vários “Machado de Assis”. Disso não tenho dúvidas. Basta que tenham “uma alavanca e um ponto de apoio”, segundo o sábio Arquimedes. A nossa ALTM sempre será essa alavanca e esse ponto de apoio.


João Eurípedes Sabino -Uberaba/MG/Brasil.

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Cronista do Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas.


Cidade de Uberaba

sexta-feira, 8 de março de 2019

Hoje, 08/03/2019, o seu Dia Internacional.

A você mulher, que habita todos os mundos, de um extremo a outro no universo, de um casebre a um suntuoso palacete e que é capaz de conquistas só reservadas ao seu gênero, dedico-lhe estas palavras. 

MULHER ... 

Na sua magna eficiência / Concilia extremos com maestria / Usa o coração por excelência / Eis a mulher exercendo a sabedoria. Mãe, filha, irmã, esposa e companheira / Avó, sogra, nora, tia e amiga presente / De todos é fidedigna escudeira / Onde está emite luz reluzente. O lugar seu é intransferível / Ocupa-o sem concorrente / Ao homem dá força invencível / Ante os obstáculos ele se faz valente. O mundo outro mundo seria / Sem a sapiência da mulher / Para outros rumos o universo iria / E teríamos um destino qualquer. Mulher você é a rainha / De um reinado exclusivamente seu / Estando acompanhada ou sozinha / Usa a supremacia que Deus lhe deu. 

Mulher; que o seu Dia Internacional seja comemorado não só hoje, mas em todos os dias. 

João Eurípedes Sabino-Uberaba/MG/Brasil. 

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 

Cronista do Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas. 



Cidade de Uberaba


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Saiam de seus casulos!

Definitivamente; estamos numa fase em que as tragédias nos rondam diuturnamente e, para respondê-las, só há uma via: a prevenção. Aliás, não há um verbo mais eloquente e tão esquecido do que prevenir.

No universo das más notícias fomos obrigados digerir a morte dos dez adolescentes no Centro de Treinamento do Clube de Regatas Flamengo, dia 08/02/2019. Vitor, Samuel, Rykelmo, Pablo, Jorge, Edson, Christian, Bernardo, Áthila e Arthur deram suas vidas à imprudência das imprudências. Em essência, o mesmo pensamento que rege o campo mental dos (i)responsáveis pela segurança de uma barragem, no caso a de Brumadinho, rege também a mente daqueles que confinaram meninos em um contêiner para morrer. Suas famílias agora choram na desesperança. 

O pior é pensar que fiscalizações e fiscalizações foram realizadas no Ninho do Urubu e nenhum agente público teve tutano para interditá-lo totalmente ou setores das suas instalações. Pontuo sem medo de errar: poder, tráfico de influência, dinheiro, ameaças e outros fatores mais, “amarelaram” os senhores da lei a ponto de lhes fazer recuar. Autoridades com poder de Estado, no momento de suas ações se recolhem colocando em risco vidas indefesas. Já disse e volto a repetir: enquanto isso os seus vultosos salários são pagos em dia, não obstante o baixo clero do funcionalismo esteja pagando alto preço para “tocar o barco”, no dizer de Ricardo Boechat.

Depois da porta arrombada, colocam o cadeado. Autoridades de todos os setores se apressam em mostrar serviço ditando regras, normas legais e diretrizes ao Flamengo infrator, que tem seu exemplo nefasto seguido pelo Clube Bangu. Interessante; os que deveriam ser recolhidos (provisória ou preventivamente) devido às mortes consumadas permanecem livres, leves e soltos. Na terra dos dourados habeas corpus, ver um poderoso preso nessas horas, é sonhar dormindo sono profundo.

Um pouco da história recente de Uberaba: quando em 2003 tivemos nossas águas envenenadas por produtos químicos lançados no Ribeirão Alegria devido ao descarrilamento de um trem, constatei algo para mim inusitado. Na procuração da empresa dona do trem, para representa-la, contei nada menos do que cinquenta e quatro advogados. Nada contra, mas imaginemos no caso Brumadinho e CT do Flamengo! Ao piloto da locomotiva restou um “sequestro”, que o fez confinado sem saber onde estava e “nada teve para declarar”. 

Senhores agentes públicos fiscalizadores; saiam de seus casulos! Estamos com vocês!


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG/Brasil



Cidade de Uberaba

domingo, 19 de agosto de 2018

A Engenharia perde um ícone

Hoje a Engenharia brasileira perde um de seus mais ilustres membros. Refiro-me ao querido mestre Vicente Marino Júnior, uberabense nato, com uma gama de trabalhos realizados em todos os quadrantes do país.

A foto mostra cena da prova do primeiro vestibular da E.E.T.M com presença do presidente da Sociedade Educacional Uberabense Mario Palmério. Vicente Marino Júnior é o quarto da esquerda para a direita.

Na saudosa Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro Vicente Marino Júnior deu a aula inaugural aos alunos iniciantes na década de 50, apesar de não ser ele o diretor. 
Foi autor de diversos projetos de grandes obras e calculista de estruturas imensas com vãos desafiadores. 

Pautou a vida como servidor da Engenharia Civil e teve a honra de formar inúmeros alunos que se tornaram renomados profissionais mundo afora.

Não por acaso Mestre Marino foi um colecionador de homenagens como paraninfo, patrono e nome de turma enquanto foi professor universitário. 

Marino se fez respeitar como extremado pai, avô, dedicado esposo de Lurdes Marino, amigo de seus amigos e, apesar da altura de sua competência, sempre teve a humildade acima de si mesmo. 
Nós Engenheiros podemos dizer, sem receio de errar: perdemos uma grande referência: nosso ícone engenheiro Vicente Marino Júnior. 


João Eurípedes Sabino.
Uberaba - MG.

19/08/2018


Cidade de Uberaba

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Luiz Ricardo Rodrigues, o "Branco" da Banca Dr. Jorge Frange

Luiz Ricardo Rodrigues, o "Branco" da Banca Dr. Jorge Frange, faleceu hoje. Sem dúvida, ele era um benfeitor. Com seus próprios recursos plantou e sempre cuidou da praça e das árvores situadas diante da sua banca de jornais e revistas.

Luiz Ricardo Rodrigues, o "Branco" - Foto: Antônio Carlos Prata.

Era conselheiro dos desvalidos que moram dentro da praça. Muitas vezes mediava questões entre eles e certa vez foi severamente agredido por um deles.

Andarilho São Bento. Merece respeito, é um ser humano... do livro. ”O Andarilho; Quem é ele?” Autor: João Eurípedes Sabino -  Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil. Foto: Antônio Carlos Prata.



Andarilho São Bento.

Merece respeito, é um ser humano... do livro. ”O Andarilho; Quem é ele?” Autor: João Eurípedes Sabino. Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil Foto: Antônio Carlos Prata.


Era cuidador voluntário da estátua do Andarilho São Bento. Regava os pingos de ouro em volta daquele monumento e conclamava as pessoas para conservarem a obra de arte feita por Zelito.

Branco era referência na cidade e sua banca era ponto marcante para muitas pessoas. Ao passarem, brados eram trocados numa saudação amistosa de verdadeiros amigos. Resumindo: Branco vai deixar muita saudade... Quanto vai ser triste não ver mais o querido amigo Branco...


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG. 16/08/2018.
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil




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Cidade de Uberaba

terça-feira, 14 de agosto de 2018

A Pomba da Paz no município de Uberaba, MG

Na cidade de Uberaba tivemos a Estação da Estrada de Ferro Oeste de Minas, depois denominada Rede Mineira de Viação. Esta ferrovia não mais existe desde o ano de 1968 e tudo ficaria na normalidade não fosse o seu percurso no então perímetro urbano. Inaugurada no dia 10/11/1926 e passando num determinado trecho, em plenos cerrados e capoeiras na época, descrevia percurso sinuoso. Pois bem: no vai e vem das curvas em terreno plano, iniciou-se ali de forma imperceptível um estranho desenho no solo.

A Pomba da Paz - Imagem/crédito: Google

A cidade durante cerca de 20 anos permaneceu distante do tal percurso sinuoso, cerca de 3 quilômetros ou mais. Corredores boiadeiros foram surgindo com pequenas casinhas à beira da linha até que a cidade despertou. Houve o encontro lento e progressivo da parte urbanizada com a faixa da ferrovia. As fazendas viraram loteamentos e a ferrovia virou avenida: Av. Cel. Joaquim de Oliveira Prata e Av. do Contorno. Uma ave foi desenhada no chão bruto, sem qualquer projeto urbanístico. É interessante lembrar que a carência de equipamentos de engenharia naquela época, anos 1920, requereu a participação direta das mãos do homem combinada com a rusticidade e força dos burros, cavalos e bois. Uma única barra de trilho pesa aproximadamente 310 kg; imaginem um conjunto contendo duas paralelas com dormentes, pregos etc, etc! E mesmo assim ganhamos a POMBA DA PAZ! Visualizei a figura da ave já delineada pela expansão imobiliária no mapa de Uberaba, isso no ano de 1966 (Engenheiro Civil e de Segurança João Eurípedes Sabino, 2008).



quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Acorda Uberaba!

E o imbróglio prossegue com o Colégio Dr. José Ferreira ocupando lugar de destaque entre as perdas que Uberaba tem experimentado. Se não o tirarmos dessa esteira, seu destino será sombrio. Quanto é triste ver o impávido colégio que formou a tantos, hoje na alça de mira de um canhão para ser abatido. Acorda Uberaba! 

Pelo que vi ao assistir à assembleia do dia 30/07/2018, no auditório Joubert de Carvalho, a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade, gestora da rede, tem só um objetivo: levar definitivamente as decisões locais para Brasília e tornar o colégio, mais um daqueles que foram fechados Brasil afora. O abraço dado ao “Zezão” por alunos, ex-alunos, professores, funcionários, pais, amigos e admiradores da escola no dia 01/08/2018, nos dá a noção de um povo indignado com tamanha brutalidade. O Colégio Dr. José Ferreira não pertence só a Uberaba! Ele é regional. 

Conclamo aqui: o Sr. Prefeito de Uberaba, o Presidente da Câmara Municipal e seus, Prefeitos e Vereadores de outras cidades, Entidades de classes, Sindicatos, Associações, Clubes de Serviços, Confrarias, Correntes Filosóficas, Seguimentos culturais e a Imprensa para cerrarem fileiras e assim possamos reverter essa situação imposta goela baixo ao histórico colégio Dr. José Ferreira. Uma vez liquidada como “Brasília” pretende, a escola fará falta a todos nós. O abalo sísmico de hoje já está sendo sentido na região. 

Uma mensagem especial aos senhores deputados estaduais e federais eleitos por Uberaba, além dos filhos desta terra que, alhures, ocupam ou não cargos em governos: empunhem essa bandeira façam valer o poder que têm. Mostrem a que vieram, justifiquem as posições que ocupam e externem o amor pela terra onde nasceram, ou para ela um dia se transferiram. O mundo cibernético é nosso! 

O Colégio Dr. José Ferreira não pode morrer como fizeram em Campo Grande/MS. Uma escola não merece ser tratada como coisa e seus alunos idem, sem ser representados por números ou códigos de barras. 

Uma audiência Pública na Câmara Municipal de Uberaba, ainda que não resolva sozinha a questão do CJF, será o foro competente para que os “políticos” do poder central, mesmo com seus ouvidos moucos, possam nos ouvir. Disse certa vez uma “raposa” da política mineira: “O político sabe o que significa a população nas ruas”. Ou não sabe? 

Em abril de 1952, de tanto pagar escorchantes tributos e não ser ouvido pelo Estado, o povo do Triângulo Mineiro agiu por conta própria. O córrego da Av. Leopoldino de Oliveira recebeu o resultado da reação popular. Desta vez, não sei até onde irá a paciência dos cenecistas. 

João Eurípedes Sabino-Uberaba/MG. 

Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas. 

segunda-feira, 23 de julho de 2018

AFASTAMENTO IMPIEDOSO

Recordo-me do ano de 1966 quando em sala de aula pisou um jovem professor de história e também de francês, cuja postura nos impressionou devido à sua pouca idade e o estilo discreto para ensinar. Era do tipo que não chamava a atenção da sala de aula porque sabia polarizar as atenções. Estávamos no governo militar instalado há menos de dois anos e não víamos naquele professor a mínima tendência ideológica que nos influenciasse para a direita ou esquerda. Ele sabia ser ele. Seu nome: Danival Roberto Alves. 

O diretor era o padrão de promotor de justiça Dr. Ângelo Manzan. 

Não citarei outros ícones daquele tempo pelo receio de cometer injustiças. 

Vou me ater ao professor Danival: se existir uma pessoa cuja vida dedicou integralmente ao ensino em Uberaba e fez sua escola virar referência nacional, essa pessoa chama-se Danival Roberto Alves. 

Atravessou os tempos conduzindo a Casa de Ensino, então com pisos em concreto ciclópico, denominada Campanha Nacional de Educandários Gratuitos -CNEG, até chegar aos nossos dias à majestosa Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. 

Professor e diretor Danival Roberto Alves

De uma escola com horizonte limitado a somente Uberaba, transformou-a em educandário sem fronteiras. Seus alunos passaram ser aprovados, não só em Uberaba, como também nos vestibulares das faculdades mais disputadas do país e daí para outras no exterior. Hoje são respeitados profissionais nas suas respectivas profissões. E a modéstia do professor Danival continuou a mesma sem deixar que a vaidade e a soberba lhe subissem à mente. Não só a profissão, mas a missão de educar sempre falou mais alto em seu coração. Nesses 52 anos que assisti passar, jamais vi o Colégio Dr. José Ferreira retroagir e sim avançar, tendo Danival próximo às sábias decisões de ex-diretores até que passou a capitaneá-la integralmente com dedicação, desprendimento, amor, comprometimento, paternalismo e transparência. Crescer por dentro para crescer por fora, essa foi a grande meta em que se pautou o Colégio Dr. José Ferreira, nome que homenageia um dos grandes ícones e benfeitores da Medicina em Uberaba. É difícil pontuar um item alcançado pela escola de Danival, que foram tantos, cada um mais importante do que o outro. Que o diga toda a sociedade Uberabense, da região e porque não dizer também do Brasil.

"Zé Ferreira" atravessou fronteiras, graças a Danival Roberto Alves e equipe, justiça seja feita. Onde está a orquestra da escola que não vemos ou ouvimos mais? Oxalá não tenha se calado para sempre com o afastamento de Danival e de sua esposa Mariluce Cardoso Alves da nossa melhor escola. Digo assim porque sou egresso de lá e no ano de 1971 fui o 

gerente fundador da sua gráfica hoje uma das melhores do país. Ali Zulmira e Eu nos conhecemos e depois educamos nossos filhos.

Diante do impacto geral que emudece a todos direta e indiretamente com a malfadada notícia, posso resumir numa só expressão: UBERABA ESTÁ DE LUTO. 

É como se dentro de cada um de nós tivéssemos a bandeira da escola hasteada a meio mastro. O Colégio Dr. José Ferreira morre um pouco dentro dos nossos corações. Jamais será o mesmo com a partida de Danival e de outros valiosos que compuseram com tanto amor a equipe desmantelada. Vai ser difícil justificar na história essa derrocada impiedosa. Aqui um voto de louvor pelo trabalho social desenvolvido por Danival na Casa do Caminho. 

Obrigado por tudo querido professor Danival, sua esposa Mariluce e demais colaboradores.

Prossiga Danival! A história é o seu berço!

Tenho dito.

João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG.



quarta-feira, 27 de junho de 2018

CURVAS DA VIDA

O dinheiro não aceita desaforo
Disse um pensador certo dia
Só não falou no desdouro
Que o ex rico enfrentaria


Enquanto se tem o bendito dinheiro
Tudo é bonito e cheio de graça
Ao se perdê-lo por inteiro
Experimenta-se o sabor da desgraça


O grande só quer a grandeza
Não se contenta em ser o que é
Quando perde a realeza
É como se fosse da ralé


Vi serem feitas fortunas
Que surgiram quase do nada
Chegadas as horas oportunas
Foram-se com a força da enxurrada


Refleti e não acreditei
Diante de um suntuoso prédio
De seu próspero dono me lembrei
Hoje longe do dinheiro seu amigo é o tédio


Sob a marquise dormia
Um andarilho vigilante sem teto
Por ali passou garboso um dia
O ex dono daquela lage de concreto


Veja as coisas como são:
Ontem um patrimônio crescia, crescia...
Enquanto seu dono se distraía
Tudo acabou indo ao chão.


João Eurípedes Sabino       27/06/18

domingo, 17 de junho de 2018

Carta aberta aos caminhoneiros


Dada a conhecer hoje 27/05/2018 no Posto Zote, em Uberaba/MG.

Consta que no dia 30 de junho de 1944, o Brasil entrou na II Guerra Mundial, ao lado dos países aliados: Estados Unidos, Inglaterra, União Soviética e as resistências civis-militares de países como a França. Há 74 anos, portanto, nossos 443 jovens soldados morreram pela pátria, apesar de pouco ou nada saber sobre as razões do conflito.

Os que viveram aquele tempo contavam que o nosso país mergulhou em crise geral. Nossos pouco eficientes veículos, então movidos a gasolina e óleo diesel (popularmente chamado de óleo cru), passaram a ser abastecidos com gasogênio. Racionamentos eram comuns em todos os setores da nossa economia. Aguentamos firmes!

Hoje estamos vivendo crise de guerra em pleno “tempo de paz”. Nossos caminhoneiros pararam o Brasil por melhores condições de trabalho e essa não é a primeira vez nos últimos dezenove anos. “Sem caminhão o Brasil para”, foi esse o slogan dos caminhoneiros que deram um breque no país em 1999. Nossos governantes não aprenderam a lição.

Se durante a 2ª Grande Guerra, quando tínhamos pouco mais de quarenta milhões de habitantes fomos privados de tanta coisa, imaginemos agora que temos mais de 213.000.000? Nossos irmãos caminhoneiros ao pararem seus caminhões, testaram e viram o poder que têm. De cima a baixo na economia, todos os setores em cascata foram comprometidos. De norte a sul do país vimos, em tempo real, estradas literalmente obstruídas por veículos médios e pesados. E o povo, apesar de ser o fiador da conta e sentindo doer na própria carne, bate palmas para as manifestações adotadas. Os caminhoneiros, sem usar o vandalismo e a violência fizeram suas pressões e ganharam a simpatia da sociedade.

Para que fique gravado na história, é bom registrar que sem a presença de sindicatos ou influência de partidos políticos, a frota brasileira foi mobilizada longe dos interesses da mídia. Tanto foi verdade que o governo de Michel Temer, encurralado, convocou o Exército Brasileiro para dissolver o movimento. Deu errado porque a Força se aliou aos caminhoneiros! O país parado, parado, parado, vê suas forças policiais se perfilarem com os manifestantes que lutam por uma causa nobre: reduzir o preço dos combustíveis e facilitar a vida dos brasileiros. 

Não é segredo para ninguém que a história sempre reservou lugares especiais para aqueles que arcaram com os prejuízos por ter colocado seus destinos à mercê da sorte. Nossos caminhoneiros são autênticos heróis ao exporem seus destinos para nos proporcionar boa qualidade de vida. Ainda que sofram as pessoas Brasil afora, todas elas sabem que sofrem por uma causa digna: colocar o caminhoneiro no lugar que merece, ou seja, tirá-lo da condição desumana de trabalhador descartável e promovê-lo ao patamar de um ser humano valorizado e dono de uma força até então desconhecida por ele próprio e todo a sociedade brasileira.

Prossiga caminhoneiro! Sua sorte está lançada! Seus compatriotas estão com você! Sua família, mesmo distante, compreenderá a sua luta! Nós do outro lado guardaremos nossos veículos em casa os usaremos o mínimo possível para conseguir que os combustíveis tenham seus preços reduzidos!

Eu, particularmente sei o que é a vida do caminhoneiro e a de sua família. Meu saudoso pai no ano de 1980 ficou ilhado no Rio Tocantins e incomunicável por 54 dias. Ao ser localizado e, ao voltar para casa vi minha mãe morrer no outro dia. Vocês, caminhoneiros, estão expostos a esses dramas.


Caminhoneiro! Não se esmoreça! Nós estamos com você!


João Eurípedes Sabino – Uberaba Minas Gerais. 

quinta-feira, 2 de março de 2017

Histórias e Memórias


Sinto-me extremamente honrado por estar nesta casa de ensino e diante de alunos do curso de História, cujo Diretório Acadêmico tem como patrono Orlando Ferreira, o Doca, nosso mais aguerrido escritor. Assim, no dia 17/11/2015, saudei aos participantes do VI Seminário de História da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.


Jorge Alberto Nabut, Guido Bilharinho e eu passamos pelo crivo da instituição para coordenarmos mesa-redonda sobre “Histórias e Memórias de Uberaba”. Jorge dissertou com propriedade sobre seus livros: “Paisagem provincial”, “Geografia da Palavra”, “Livro das Chuvas” e “Corredor dos Boiadeiros”. Guido, usando sua maestria, voltou ao passado e discorreu sobre sua obra: “Uberaba, Dois Séculos de História”, de 1800 até 2007. A mim coube explanar sobre o que tenho escrito.

Perfilando-me aos dois confrades sinto o quanto é grande a minha responsabilidade para cumprir com o meu dever de uberabense, que é o de preservar a nossa memória. Sem ela, a memória, ficamos sem rumo e não chegaremos a lugar nenhum. Reforcei em mim esta conclusão, ouvindo universitários e professores naquele memorável encontro.

Fiquei feliz quando soube que a minha escrita, muitas vezes enfocando pessoas valorosas e fatos locais ou regionais, me referendou para que o convite fosse a mim formulado. “Somos abridores de caminhos para a história”, frisou o professor Wagner da Silva Teixeira, coordenador do evento.

Concordo com o mestre.

Brindei aos participantes com o seguinte fato histórico: Dr. José Rodrigues de Resende, então acadêmico de Direito no ano de 1953, na Revista do Estudante - Ano I/jul – número 2, pág. 17, no artigo “Academia de Letras”, conclamou pela primeira vez aos nossos intelectuais de então: “Todos os triangulinos precisam empreender uma destemida campanha em prol da formação de uma sociedade que trabalhe unida e harmoniosamente, em busca de uma academia de letras para esta próspera e acessível zona mineira”.

Ficou lançada a ideia de se criar nossa Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Nove anos depois – 15/11/1962 – nasceu a ALTM pelas mãos de José Mendonça, Juvenal Arduini, Edson Prata e outros intelectuais.

27 de novembro de 2015

João Eurípedes Sabino

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O Jornal Lavoura e Comércio

  Fachada do jornal Lavoura & Comércio.


Da historiadora e superintendente do Arquivo Público de Uberaba, Marta Zednik de Casanova, recebi o release que apresento a seguir:

“O Jornal Lavoura e Comércio foi fundado em 1899. A última edição do Jornal circulou em 23 de outubro de 2003, quando teve seu imóvel lacrado em virtude de falência da empresa. A coleção é composta de 227 volumes (27.550 edições) e 900 mil fotografias. O jornal é centenário e de grande valor histórico para Uberaba e região. É considerado o jornal mais antigo de Minas Gerais e o terceiro mais antigo do Brasil. Em 26 de novembro de 2013 o Prefeito de Uberaba Paulo Piau, sensível às questões culturais e sociais viabilizou o arremate do acervo jornalístico e fotográfico no valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais). Isso significa uma grande conquista para Uberaba e região. A Superintendência de Arquivo Público receberá o acervo procedendo ao seu restauro e a digitalização e disponibilizando-o para consulta aos historiadores, pesquisadores, instituições de ensino e comunidade uberabense, fortalecendo assim o direito pleno à cidadania no que se refere à Lei de Acesso a Informação”. Posso dizer, sem medo de errar, que essa foi melhor notícia cultural sobre Uberaba que recebi no ano de 2013 até aqui.

Lembro-me da tristeza que abateu sobre os filhos de Uberaba aqui residentes ou alhures quando no dia 23/10/2003 cerraram as portas daquele matutino nascido a 06/07/1899. Mário Prata, nosso conterrâneo e colunista do Estadão, me fez ir às lágrimas com a crônica “Fecharam o Lavoura e Comércio”, que para mim foi um epitáfio.

Lembro-me também da reunião promovida pelo Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região nas dependências do Lavoura e Comércio no dia 08/04/2005, com o intuito de reerguê-lo. Ali assinamos um manifesto nos seguintes termos: 1º-“As edições existentes em arquivo, representam e encerram inapagável passado histórico, cuja preservação cabe a todos nós. Para tanto, conclamamos nossas autoridades a voltarem suas atenções ao ACERVO que ora visitamos, reconhecendo com isso o importante papel desempenhado pelo jornal LAVOURA E COMÉRCIO na vida nacional”. Infelizmente não fomos ouvidos pelas autoridades  da época, cujos nomes estão na história como omissas.

Hoje vemos o resgate do jornal em benefício da cultura que, me permitam dizer, é como se eu estivesse desmemoriado e encontrasse o remédio capaz me devolver a memória.

Aos que lutaram para ver de volta o arquivo histórico do nosso Lavoura e Comércio; e aos que cruzaram os braços também, nada mais pertinente do que lhes dedicar a trova do jornalista Quintiliano Jardim: “Do mundo nada se leva / Além do bem que se faz / Riqueza, orgulho e vaidade / Tudo fica para trás”.  


João Eurípedes Sabino