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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

JOAQUIM DOS SANTOS MARTINS - A SAGA DOS MARTINS

Em 1909, a família de Manoel Maria Martins, fugindo da miséria reinante em grande parte de Portugal, escolheu o Brasil como porta da esperança de uma nova vida. O vasto oceano em que navegava só não era maior do que a saudade do que ficava.

Quando Manoel Maria desembarcou no Rio de Janeiro, tinha apenas 13 anos. Todavia, dotado de grande talento para negócios, aos 20 anos já era importador de gado holandês para revenda em Minas Gerais.

Em Guaxupé, se casou com Cândida Ribeiro do Vale, herdeira de uma das mais tradicionais famílias de cafeicultores da região. Desta união nasceram Joaquim, Luiz, José, Maria Delfina, César Sebastião e Manoel.
Joaquim Martins - Foto/Divulgação.

Manoel Maria era o próprio símbolo do empreendedorismo. Sempre dizia que dinheiro mal ganho, é dinheiro malgasto.

Durante a 2ª guerra mundial comprou um navio inteiro de sal para suprir demandas impostas pelas dificuldades de época. Em Guaxupé implantou uma indústria de beneficiamento de café, garantindo o abastecimento com pagamento antecipado de colheitas cafeicultores. Em São Paulo construiu dois supermercados e um cinema no bairro do Ipiranga.

Em 1961 chega à Uberaba acompanhado da esposa e dos filhos, José, Maria Delfina e César Sebastião.

Joaquim, o filho mais velho já se encontrava em Uberaba quando Manoel Maria adquiriu o controle da SOMIL, concessionária de veículos Volkswagen, localizada na Av. Fernando Costa.

Fundada em 1959 por Silvio Mendonça, a revenda muda o nome em 1961 para “DISTRIVE”.

Os filhos, por sua vez, se lançam nas atividades comerciais, criando raízes na cidade.

José Ribeiro Martins, cafeicultor em Guaxupé, co-fundador do Lions Uberaba, diretor da ACIU, pescador e amante da música sertaneja, criou uma empresa de móveis e uma revenda de gás na rua Artur Machado que o tornou mais conhecido como “Zé do Gás”.

Casado com Orminda Ribeiro do Vale, viu sua família se consolidar com o nascimento dos filhos José (Zezinho), Inês, Marisa, Marília e Ana Lia.

Maria Delfina ampliou o número de netos de Manoel Maria com as meninas Maria Cândida e Lúcia.

César Sebastião Martins, casado em segundas núpcias com Kely Rosa, por muitos anos foi diretor de outra distribuidora de carros – DISAUTO - do grupo da família, localizada na confluência das Avenidas Leopoldino de Oliveira com a Santos Dumont. Foi também cafeicultor e produtor de semente de soja. Atualmente é produtor de cana-de-açúcar.

Associativista por natureza, César Sebastião assumiu a presidência da ACIU nos anos 1990/1991. Em uma gestão profícua, entre outras atividades, criou o Balcão de Negócios. Em sua gestão a Faculdade de Ciências Econômicas se transferiu para o novo Campus. Foi o primeiro presidente a admitir mulheres em sua diretoria.

De seus dois filhos do seu primeiro casamento, apenas Letícia sobreviveu.

Joaquim dos Santos Martins, nos primeiros anos em Uberaba, associou-se aos irmãos Morethson – Caio e Audley – na Casa das Máquinas, estabelecida na rua Artur Machado, esquina com a Avenida Getúlio Vargas.

Com o falecimento do pai, Joaquim assumiu a direção da DISTRIVE que, ao longo do tempo, se transformou na empresa líder em vendas de veículos da cidade e da região.

Sempre contou com o apoio do tio Alfredo, irmão e sócio de Manoel Maria em uma concessionária de veículos em São Paulo.

Empreendedor nato, Joaquim, que herdou o pendor do pai para os negócios, se lançou como empresário em vários segmentos da economia de Uberaba e região.

Em 1968 nos tornamos sócios através da empresa de reflorestamento TRIFLORA e percorremos o mesmo caminho por cerca de trinta anos deixando pelos caminhos da vida, um bom rastro de empresas.

São destaques deste tempo, entre outras, a fábrica de plásticos, PLASTIMINAS, indústria de balas ORIENTE, indústrias de Óleos Essenciais, fazenda de gado leiteiro – SINOS DE BELÉM, a “TRIFLORA TRATORES” em Paracatu, a “MINASFLORA”, a CONSTRUTORA CHAPADÃO, as fazendas com lavouras de café, soja e arroz, indústria de madeiras MINASPLAC (DURATEX), em sociedade com José Alencar Gomes da Silva, carvoeiras, loteamentos urbanos e o JORNAL DA MANHÃ, do qual foi Presidente por dez anos, tendo ao seu lado o Diretor Tesoureiro Edson Prata e Gilberto Rezende como Diretor Administrativo.

Além de participar da administração das inúmeras empresas correlatas ao Reflorestamento como a AGROMEC, TERRA, AGRO-INDÚSTRIA TRIÂNGULO, UBERFLORA, PLANTIL e FLORYL, (associada à SHELL), Joaquim encontrava tempo para adquirir e plantar diversas fazendas desta região, transformando os “MARTINS” num dos maiores produtores de soja e milho de Minas Gerais, ao lado das expressões do agronegócio como os Guidi, Fuzaro, Detoni e outros.

Esparramou suas raízes através de seu casamento com Ivonete Cortes Martins, (hoje com 95 anos), gerando os filhos Paulo Tadeu, André e Loló, da terceira geração.

Paulo Tadeu, o mais velho, casado com Sandra Mendes Martins, médico e empresário através da criação da “CRU”- Clínica Radiológica de Uberaba, passou a se dedicar posteriormente à produção de cana-de-açúcar. Foi ele que deu início à 4ª geração dos Martins com o filho Fernando e as filhas Paula e Mônica.

André Martins, casado com Cristina Duarte Martins, é o Diretor Presidente da DISTRIVE e implantou uma rede de Postos de Combustíveis. Joaquim Neto, André Filho e Marcela são os seus filhos que já transformaram o pai em avô.

Loló, casada com Cláudio de Castro Cunha, agricultor e pecuarista, é mãe de três filhas -Andreia, Silvia e Manuela – e avó de três netos.

Fernando, produtor rural é o filho mais velho de Paulo Tadeu, e o responsável pelo início da 5ª geração, com seus cinco filhos – Maria, Pedro, José, Tereza e Francisco.

Esta é a saga de uma família de imigrantes que, em pouco mais de 100 anos, deixa exemplos de trabalho para as futuras gerações.

É a história de pessoas determinadas que o destino trouxe para Uberaba a 57 anos e que desde estão vêm contribuindo para reforçar os pilares de nossa economia.

Maria Delfina, José e Joaquim já faleceram. Os dois irmãos, por coincidência, no mesmo ano, em 2003. Por uma fatalidade, Paulo Tadeu, filho mais velho de Joaquim, veio a falecer em 2019.

O que não pode morrer é a o exemplo dado pelos que são hoje, apenas saudades. Há que se registrar o amor e o apego à família. Da garra dedicada ao trabalho em prol da comunidade.

Falta erigir um marco que possa resgatar esta memória. Eles fizeram a sua parte. Cabe a nós fazer a nossa.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-Presidente da ACIU e do CIGRA e ex-diretor do Grupo TRIFLORA.



Cidade de Uberaba


JOSÉ PEIXOTO – PRESIDENTE DA ACIU

Comemorando os 95 anos da Entidade.


A crise instalada no país provocada pela primeira Guerra Mundial, (1914/1918), cria dificuldades econômicas que são combatidas pelos governos com rebaixamento de salários e sobrecargas de impostos

A reação patronal para defender o interesse dos empresários e enfrentar a inquietude operária organizada em sindicatos foi a de criar, em todo o Brasil, as associações.

Uberaba, centro de irradiação econômica e educacional para todo o Brasil Central, é uma das primeiras cidades do interior a compreender a necessidade e o potencial de uma organização de classe. Em 16 de dezembro de 1923, em pleno domingo, nasce a Associação Comercial e Industrial de Uberaba (ACIU), em sala cedida pelo Jockey Club.

A assembleia, contando com a presença de 52 empresários e presidida por Adolpho Soares Pinheiro, elegeu sua primeira diretoria provisória composta por Cesário de Oliveira Roxo, Raul Terra, Jonas de Carvalho, Fernando Sabino e o próprio Adolpho.

José Peixoto - Foto/Reprodução.

No inicio de Janeiro esta mesma diretoria provisória tomou posse para o período de 1924/1927, contando com o reforço de Luiz Humberto Calcagno e José Guimarães, elegendo Cesário de Oliveira Roxo como primeiro presidente da ACIU.

Coube ao presidente Fidélis Reis (1938/1948) a responsabilidade pela edificação da sede, com projeto dos engenheiros Signoreli e Abel Reis. A construção começou com a empresa de Santos Guido em 1940.

Nestes 95 anos, (1923 a 2018) a ACIU foi palco de 42 eleições, 5 reeleições e conheceu 41 empresários que hoje estão na galeria de presidente.

O que mais tempo permaneceu na diretoria – 10 anos – foi Fidélis Reis, (1938/1948). Ele foi um dos mais destacados uberabense: foi jornalista, escritor, deputado federal, construtor de pavilhões para o SENAI, cofundador do Banco do Triângulo Mineiro e da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro.

A ACIU é uma verdadeira fonte da juventude. Até agora, teve 42 novas diretorias. Em cada uma delas há o renascer de um novo entusiasmo e a chama ardente de desejos para realizar.

Por isso, é difícil dizer quais as realizações nos campos político, social e econômico que influenciaram o desenvolvimento de Uberaba que tiveram a participação da ACIU. Mais fácil relatar de quais ela não participou.

A entidade nasceu sob o signo do protesto. Em cada presidente, em cada diretor, um soldado pronto para a luta. Em defesa da comunidade. Em defesa dos interesses regionais. Em defesa de seus associados.

A primeira preocupação de qualquer nova diretoria é a satisfação de seu associado. Esse é o motivo da criação da entidade. É a razão de sua existência. O associado sempre foi a preocupação primeira de todas as diretorias

Na defesa dele, estão as medidas tomadas contra a criação ou ampliação de impostos e taxas em todas as áreas governamentais, tomada de posições contra redução de créditos bancários, disponibilidade de corpo jurídico, planos de saúde e de seguro variados e estancamento de quaisquer situações que possam prejudicá-los.

A ACIU ao longo dos seus 95 anos se inseriu também como porta-voz dos interesses da comunidade.

Entre as ações voltadas para o benefício coletivo, destacam-se a luta para implantação do SENAC e do SESC, a construção de sede dos Correios inaugurada na gestão de João Fernandes Côrrea (1956/1957), a participação na fundação do IDT – Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (em parceria com a UNIUBE e a UFTM, no governo de José Mousinho Teixeira (1982/1983)), a busca incessante em todo país de novas

indústrias para criação de novos empregos, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo.

Com o patrocínio da ACIU, dessa comissão também nasceu a empresa de capital misto CODIUB – Companhia de Desenvolvimento Industrial de Uberaba e a CEVALE - Fundação Centro de Pesquisas Vale do Rio Grande.

Esses projetos, aprovados pela comunidade foram aprovados também pelo prefeito Hugo Rodrigues da Cunha (1973/1976) que os incorporou em seu governo.

A partir dessa data, estava incluída a Secretaria de Indústria e Comércio em toda a plataforma política de Uberaba. A primeira secretaria foi criada no governo de Wagner do Nascimento (1983/1988) e seu primeiro titular foi Anderson Adauto.

Entre outras realizações podem ser destacadas – A participação da ACIU na implantação da CEMIG na gestão de Helmuth Dornfeld; a implantação da Televisão em Uberaba que começou na gestão de Mario Pousa, passou por Aurélio Luiz da Costa, Leo Derenusson para terminar na diretoria de Edson Simonetti; a criação do SPC na gestão de Mario Grande Pousa e posteriormente iniciado os estudos para fusão com CDL na diretoria de Flamarion Batista Leite; a criação do PACE na gestão de Karim Abud; seminários para implantação de novas rodovias; criação da Faculdade de Ciências Econômicas que diplomou milhares de profissionais nas áreas de Economia, Administração de Empresas e Ciências Contábeis.

Essas são em linhas gerais o retrato da atuação da ACIU. Difícil falar de todas as suas realizações. São milhares.

Todavia, acreditamos que esta exposição possa transmitir o quanto de carinho que centenas de empresários que, abrindo mão de seus afazeres, diminuindo o tempo junto com seus familiares, dotados de muito espírito cívico, se dispuseram a compor as 47diretorias da Entidade nestes últimos 95 anos para o exercício do associativismo.

São heróis anônimos que merecem a nossa estima e consideração. O nosso reconhecimento pelo muito que fizeram e faz pelo desenvolvimento de sua cidade.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e conselheiro da ACIU.

Sócio da ACIU desde 1958.

Fontes – ACIU – Arquivo Público – José Mousinho – Guido Bilharinho


A OUSADIA DE MARCELO ZAIDAN E AS FEIRAS INDUSTRIAIS.

Luzes. Câmeras. Ação. Ressoam os clarins. Abrem-se as cortinas do grande show. Vai começar a ExpoCigra - FIEMG 2017.

A cena ocorre nos recintos do Parque Fernando Costa em 18 de outubro de 2017, 5ª edição da Feira de Indústrias de iniciativa e responsabilidade do CIGRA (Centro de Indústrias do Vale do Rio Grande).

No palco, o presidente Gleison Enrique Borges faz seu pronunciamento de boas-vindas, acompanhado de autoridades e parceiros.

Na plateia, centenas de expositores, empresários e convidados especiais testemunham o registro de que a ExpoCigra-FIEMG está definitivamente integrada no calendário de turismo e negócios de Uberaba e região.

Em parceria com a Fundação Cultural de Uberaba e com o Teatro SESI, diversas apresentações artísticas foram realizadas durante o período da feira. Diamante, Orquestra de Viola Caipira (SESI), Júlio César e Cassiano, Charles Júnior, João Neto e Peixinho, Dri Ribeiro e Cássio Facury e Leon subiram ao palco para valorizar nossa cultura.

Palestras e desfiles realizados pelas entidades, SEBRAE, SINDCAU (Sindicato da Indústria de Calçados de Uberaba), Sindivestu (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Uberaba) – contribuíram para o enriquecimento desse grande evento. O destaque ficou para a Cozinha Gourmet, com o chef Felipe Bronze, que arrastou multidões para conhecer seu trabalho e seu tempero.

Milhares de visitantes prestigiaram mais de 100 estandes esparramados pelo grande salão, onde milhões em negócios foram transacionados em encontros paralelos.

Um sucesso que a diretoria e a administração do CIGRA já previam, lastreada na tradição das últimas exposições, contando com o apoio da SOLIS na organização e divulgação e dos tradicionais parceiros como a FIEMG, SEBRAE, Prefeitura Municipal e outros.

Buscando a origem desse sucesso, voltamos a setembro de 2013, quando tudo começou, no qual Marcelo Zaidan, então presidente do CIGRA, num gesto de ousadia, realizou, com sua diretoria, a primeira ExpoCigra nas dependências do Shopping Uberaba.

Ele contou com o apoio do parceiro primeiro, FIEMG, buscou recursos junto à PETROBRÁS, CODEMIG, SEBRAE e Prefeitura Municipal de Uberaba. Abriu espaços para cursos ministrados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais.

O evento, que contou com cerca de 80 estandes, ficou marcado com a entrega do primeiro “Troféu Tião Silva”, para o empresário Salem Ibrahim El Messih.

Marcelo Zaidan - Foto/Reprodução.

O sucesso de público foi tão grande que nos dois anos seguintes, 2014 e 2015, já na gestão de Nagib Facury, a ExpoCigra-FIEMG foi realizada no Parque Fernando Costa, de onde não saiu mais.

Incrementaram-se as atrações com oficinas e desfiles de moda, Seminário de Crédito Rural, palestra de Amyr Klink, atingindo um público estimado em 30 mil visitantes com 81 expositores de 265 empresas participantes.

Na sua 4ª edição, ocorrida em 2016, o comando foi de Helbert Ferreira Higino de Cuba. O número de expositores cresceu para 86 com um público equivalente ao de 2015. Foi uma grande oportunidade, no qual ocorreram 65 eventos simultâneos, gerando mais de 100 milhões de novos negócios.

Marcelo Zaidan atribui o estímulo para criação do evento ao empresário Tião Silva que, em março de 1988, criou a ASSIDUA (Associação das Indústrias de Uberaba) e, em outubro do mesmo ano, inaugurou a Feira de Indústrias de Uberaba, nas dependências do UTC (Uberaba Tênis Clube), contando com a presença do governador Newton Cardoso na abertura da Feira e do presidente da FIEMG, José Alencar Gomes da Silva, no encerramento ocorrido no dia 08.

No dia 26 também de outubro de 1988, baseado no sucesso da feira, Tião Silva criou o CIGRA, que envolvia 22 municípios da região do Rio Grande. Foi presidente até a data de 25 de maio de 1994 quando então, passou a direção para Gilberto Rezende.

A ideia de valorizar a indústria local através de uma feira é bem mais antiga. Em 1934, na ACIRU (Associação Comercial, Industrial e Rural de Uberaba), na gestão de Adolpho Soares Pinheiro, cogitou-se “a realização de uma exposição regional onde pudessem ser exibidos os progressos do comércio, da indústria e lavoura. Ela seria denominada de Feira Agropecuária e Industrial do Triângulo Mineiro”.

A primeira exposição das indústrias de Uberaba de que participamos foi realizada em 1967 pela ACIU (Associação Comercial e Industrial de Uberaba), na gestão de Edson Simonetti (1966/1967). O evento aconteceu no Parque Fernando Costa, com os estandes montados nas baias não utilizadas para o gado.

De nossa parte, enviamos pela indústria alimentícia Oriente uma máquina de embrulhar balas. Uma japonesa vestida a caráter ficou responsável por distribuir os produtos ao público. Formavam-se filas intermináveis de pessoas interessadas em receber sua quota de doce.

Na gestão de José Vitor Aragão como presidente da ACIU (1984/1985), uma nova exposição industrial foi realizada no recinto da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), junto à FENATECA (Feira Nacional de Desenvolvimento Agrícola). Ela foi inaugurada em 08 de maio de 1984 com a presença do governador Tancredo Neves e abrilhantada com o show de Ney Matogrosso.

Desta vez, levamos da PLASTIMINAS uma extrusora de processamento de polietileno para dentro do evento. Dessa forma, os visitantes puderam ver in loco como se fabricam sacos plásticos.

Na gestão de Flamarion Batista Leite na ACIU (1992/1993), uma nova feira foi realizada durante a exposição da ABCZ. Ela ficou em evidência bem na entrada no Parque.
Na gestão seguinte, presidida por Carlos Eduardo Colombo Rodrigues da Cunha (1994/1995), a Feira de Indústria da ACIU passou a ser realizada no fundo do Parque, hoje estacionamento de veículos do Centro de Eventos “Rômulo Kardec de Camargos”.

Essa feira cresceu o suficiente nas gestões dos presidentes da ACIU Antonio Carlos Guillaumon (1996), Sérgio Bóscolo (1996/1998) e Samir Cecílio (1998/2000) para se transformar num centro comercial, um verdadeiro Shopping a céu aberto, dado o volume de participantes e a liberdade para comercialização de produtos no varejo.

Com a construção do salão de festas da ABCZ ficou inviabilizada a continuidade da Feira de Indústria promovida pela ACIU nos moldes existentes. Somente em 2006, em nossa gestão, uma nova feira foi realizada, em um novo local, com apenas 35 estandes.

A decisão da ABCZ de encerrar as grandes festas que animavam as exposições de gado no mês de maio encerrou também as possibilidades de novas Feiras neste período.

Por isso, pode-se registrar como um gesto de grande coragem a determinação do CIGRA de realizar suas feiras industriais, em épocas bem distantes dos festejos de maio.

Uma decisão que se transformou num resgate histórico de nossas feiras, marcando para sempre na história de nossa comunidade a grande contribuição que o CIGRA vem dando ao longo dos anos para o desenvolvimento de Uberaba.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente E Conselheiro da ACIU e do CIGRA – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – ACIU, CIGRA, Jornal da Manhã e Marcelo Zaidan.






Cidade de Uberaba



JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA – CIDADÃO UBERABENSE.

Em pleno amanhecer de um domingo de maio de 1973, três pessoas se apresentam na residência do Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha que levantou às pressas para atender o Presidente da Câmara Municipal de Uberaba, Álvaro Diniz de Deus, acompanhado de dois empresários mineiros que, impacientes, esperavam o sol nascer.

Eram eles, Ivan Muller Botelho, proprietário da empresa de energia elétrica “Cataguases-Leopoldinense” e José Alencar Gomes da Silva, presidente da “Coteminas”.

O assunto, importante e urgente, era a possibilidade de transferência de uma indústria de aglomerados já em fase de instalação na cidade de Ubá. A continuidade da implantação havia se tornado inviável pela impossibilidade de se ter um único contrato de fornecimento de madeira. As florestas daquela região era áreas de minifúndio, com mais de 600 proprietários.

Uberaba foi uma das quatro cidades lembradas para sedar esta empresa, concorrendo com Curvelo, Corinto e Uberlândia.

José Alencar - Foto/Reprodução.

José Alencar contava, com ar de seriedade, que Hugo os convenceu que Uberaba era o “centro do mundo” e que, só mais tarde, descobriram que “todo lugar era o centro do mundo já que a terra era redonda”.

Antes de decorrer trinta dias, Uberaba foi escolhida pelos empresários e pelo BDMG, banco financiador deste projeto, para a implantação desta indústria.

A empresa de reflorestamento de Uberaba, “Triflora”, da qual éramos diretor administrativo e tinha como sócios, entre outros, Hugo Rodrigues da Cunha, Joaquim dos Santos Martins, José Miguel Árabe, Leo Derenusson e Ítalo Delalíbera, assinou um contrato de fornecimento de madeira e subscreveu parte do capital da nova empresa.

Assim nasceu a “Minasplac”, a primeira grande indústria a se instalar no DI-I, ocupando uma área de 100.000 m2, com investimentos em torno de 25 milhões de dólares. Na década de 1980 o controle acionário desta empresa foi transferido para o grupo “Formiplac” que, por sua vez, o transferiu para a “Satipel”. Atualmente, sob o controle do Banco Itaú, tem o nome de “Duratex”.

Em setembro de 1990, já como presidente da FIEMG – Federação das Indústrias de Minas Gerais, José Alencar, demonstrando seu carinho por Uberaba, promoveu, na Casa do Folclore, o I Congresso Pró-Modernização das Estradas Regionais, contando com o apoio da ACIU – Associação Comercial e Industrial de Uberaba e da Prefeitura Municipal.

Durante sua gestão na “FIEMG”, de 1988/2004, além de criar o título de “Operário/Padrão”, ampliou a presença do Sesiminas em 220 municípios e a do Senai, em 80.

Elevou o número de Sindicatos de 52 para 130. Uberaba contribuiu com 10% deste acréscimo com a criação de 9 sindicatos patronais, graças aos esforços de seu delegado em Uberaba, José Vitor Aragão. Até então existiam apenas dois sindicatos, o da Mecânica e o da Alimentação.

Neste período, na reestruturação do CIGRA-Centro das Indústrias do Vale do Rio Grande, do qual éramos presidente, José Alencar viabilizou os recursos necessários para que esta entidade tivesse vida própria.

Ainda como Presidente da FIEMG, construiu em Uberaba o “Clube do Trabalhador” através do SESI de Minas Gerais e que leva o seu nome, em justa homenagem.

Através do SENAI viabilizou a construção de uma escola de confecções, fruto do trabalho da diretoria do Sindicato local, liderado pelo então Presidente Tião Silva. Dezenas de turmas com centenas de alunos já se formaram através desta escola.

Foi um período de grande intensidade cultural. Frequentemente Uberaba recebia artistas de todos os segmentos pertencentes ao quadro do SESI em Belo Horizonte. Foi nesta época que se inaugurou na capital mineira, o Teatro “Nansen Araújo”, homenagem prestada ao ex-presidente da FIEMG, oportunidade em que um grupo de catireiros foi por nós enviado à capital, para ter a honra de inaugurar um de seus palcos.

José Alencar é cidadão uberabense. Em 17 de outubro de 1976, então com 45 anos, por iniciativa do vereador Homero Vieira de Freitas, a Câmara Municipal de Uberaba lhe outorgou este título no dia de seu aniversário.

Nascido em Muriaé, MG, em 17 de outubro de 1931, em uma família de 15 irmãos, José Alencar era o 11º. Começou a trabalhar aos 7 anos de idade, ajudando o pai na loja.

Aos 14, em 1945, anos saiu de casa e foi trabalhar em outras lojas nas cidades de Mirai e Caratinga. Foi nesta última cidade que, aos 18 anos, em 1950, com a ajuda financeira de seu irmão Geraldo Gomes da Silva, consegue criar sua própria loja, a “Queimadora” e que durou até 1953, época em que criou uma indústria de macarrão em sociedade com outros três parceiros.

Com o falecimento de seus pais e de seu irmão Geraldo, mudou-se para Ubá em 1960. Em 1963 cria a empresa “Cia. Industrial de Roupas Cometa” que mais tarde tem seu nome alterado para “Wembley”. Uberaba chegou a ter uma loja desta empresa.

Em 1975, inaugurou em Montes Claros, a “Coteminas”, localizada na área da Sudene. Em 1984 comprou a Seridó, a maior indústria de confecções do Nordeste.

Entre 1992 e 2004, a produção têxtil pulou de 15.000 toneladas para 170.000 toneladas e o faturamento aumentou 20 vezes, de 35 milhões de dólares para 700 milhões de dólares.

Na década de 2000 José Alencar, industrial por talento e vocação, surge como o maior empresário do ramo têxtil da América Latina. Com 11 fábricas esparramadas por Minas, Paraná, Nordeste e, com cerca de 17.000 funcionários, é um dos poucos empresários que consegue vender confecções até para a China.

Sua carreira política começou em 1993 quando se filiou ao PMDB e logo assumiu a Vice-Presidência do Partido. Embora vencedor da Convenção de 1994 que o indicou para candidato à governador, não contou com o apoio do Partido em sua campanha. Voltou à luta em 1998 como candidato ao Senado, disputando com Hélio Garcia e Júnia Marise. Embora aparecendo inicialmente com 2% de intenção de votos na primeira pesquisa, sua campanha foi crescendo tanto que provocou a renúncia de Hélio Garcia.

Foi eleito com expressiva votação, uma das maiores de Minas Gerais até então, tendo como primeiro suplente, Aelton José de Freitas. Tomou posse em 1 de fevereiro de 1999. Candidato a Presidência do Senado, sentiu-se traído pelo PMDB, razão de seu desligamento do Partido.

Por indicação de José Dirceu e certamente de Anderson Adauto, Lula, que havia perdido 3 eleições presidenciais consecutivas, aceitou o nome de José Alencar Gomes da Silva, então filiado ao Partido Liberal, para compor sua chapa como Vice.

Foi uma vitória apertada na Convenção do PT para aceitar José Alencar do PL. Foi aceito com 34 votos a favor, 30 votos contra e 7 abstenções. Em 18 de Outubro de 2002, Lula e José Alencar foram eleitos com 61,17% dos votos.

No primeiro mandato, de 8 de novembro de 2004 até 31 de março de 2006, acumulou o cargo de Vice-Presidente com o de Ministro da Defesa. Renunciou para participar das eleições de 2006.

Em 2005 deixou o PL e ingressou no que é hoje o PRB-Partido Republicano Brasileiro. Vencedor com Lula na eleição de 2006, Alencar, durante os dois mandatos, assumiu a Presidência por 398 dias enquanto o Presidente Lula viajava para o Exterior.

Em 2010 desistiu de sua candidatura ao Senado de Minas por acreditar que não achava certo se candidatar enquanto estava já em tratamento de saúde.

Em 25 de janeiro de 2011, estivemos com alguns companheiros da ACIU, na homenagem que lhe foi prestada pela Prefeitura de São Paulo. Estavam presentes Lula e diversos ministros. Coube a Dilma Rousseff fazer a entrega da medalha “25 de janeiro” ao José Alencar.

Os problemas de saúde de Alencar começaram em 1997 o que o levou a fazer mais de 15 operações sendo que três delas, em 2006, 2007 e 2009, nos Estados Unidos.

Assim como a presença de Alencar nas eleições foi determinante para a

Vitória de Lula, a sua luta com determinação contra o câncer por quase 15 anos, inspirou várias pessoas que sofrem da doença a terem perseverança.

Alencar faleceu em 29 de março de 2011 deixando viúva Mariza Gomes e os filhos Josué Gomes, Maria da Graça Campos Gomes da Silva e Patrícia Campos Gomes da Silva.

Em Uberaba, “ Dr. José Alencar” é o nome do Hospital Regional.

Alencar foi considerado pela Revista Época dos 100 brasileiros mais influentes em 2009.

Em julho de 2012, foi eleito um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos em concurso realizado pelo SBT com a BBC de Londres.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro – Ex-Presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes – Jornal da Manhã – Cesar Vanucci do livro “José Alencar – Missão Cumprida”4





Cidade de Uberaba


terça-feira, 20 de agosto de 2019

Gilberto de Andrade Rezende

Gilberto de Andrade Rezende nasceu em Uberaba, no dia 9 de fevereiro de 1933, filho de Raul de Melo Resende e Maria de Lourdes Andrade Resende.

Inicialmente estudou em escola pública, passando, em seguida, para o Colégio Marista Diocesano e concluindo o ensino médio no Colégio Triângulo.

Gilberto Rezende. Foto/reprodução.

No ramo do agronegócio, Gilberto Rezende atuou nas áreas de reflorestamento e cafeicultura, e como empresário, trabalha nas áreas de alimentação, hotelaria e eventos com a empresa Casa do Folclore, que é um espaço para realização de eventos sociais, empresariais, religiosos, políticos, entre outros.

Na Associação Comercial e Industrial de Uberaba - ACIU, foi membro das diretorias de 1958 a 2001, ocupando cargos na Executiva Plena e no Conselho Consultivo, e presidente na gestão biênio 2006/2007.

É também empreendedor no segmento imobiliário, à frente da Agroindústria Triângulo, com loteamentos de bairros rurais (São Basílio, Santa Fé, Praia do Rio Claro e Parque do Café). 
Além de livros publicados, Gilberto Rezende escreveu vários artigos nos jornais locais. 

Obras publicadas:
O Reflorestamento no Triângulo e o Grupo Triflora Catira: A Poesia do Sertão 

Bibliografia 

Paolinelli, Sônia Maria Rezende. Coletânea Biográfica de Escritores Uberabenses. Uberaba (MG): Sociedade Amigos da Biblioteca Pública Municipal "Bernardo Guimarães", 2009. 47p






Cidade de Uberaba



CHICO VELUDO – UM VISIONÁRIO.

Vencemos. Este grito saído das gargantas entaladas de uma multidão postada à frente da casa de Francisco Lopes Veludo, mais conhecido como Chico Veludo, em Uberaba, era o atestado de sua vitória na sua aguerrida campanha em que, pela segunda vez, disputava os votos para a eleição de Prefeito Municipal naquele distante ano de 1966. Chico conseguiu exatos 7.854 votos, mil a mais do que seu adversário mais próximo.

Chico, em sua primeira eleição para prefeito em 1962, (PL-PTB) havia conseguido 6.160 votos, contra 8.376 de João Guido (UDN-PR) e 9061 do vencedor do pleito, Artur de Melo Teixeira (PSD-PSP-PSB).

Francisco Lopes Veludo, Chico Veludo. Foto: Arquivo Público de Uberaba.

Nesta eleição de 1966, sua segunda tentativa, Chico Veludo concorreu sozinho em seu partido (MDB) contra três candidatos abrigados nas sublegendas 1, 2 e 3 da ARENA - José Tomás da Silva Sobrinho (5.198), Helvécio Moreira de Almeida, (4.282) e João Guido, (6.830), que totalizaram 16.310 votos.

Consideradas as sublegendas como coligação da ARENA, o TSE declara João Guido o vencedor do pleito. Num universo de 24.164 eleitores, o MDB ficou com cerca de 1/3 dos votos contra 2/3 da ARENA.

Apesar da grande frustração, Chico Veludo não desistiu. Nas eleições de 1970, pela terceira vez, mesmo concorrendo contra três candidatos, obteve, através do PDT, 25,43% dos votos, ficando à frente de Mário Palmério e Artur Teixeira. O vencedor deste pleito foi Arnaldo Rosa Prata com 44,13% dos votos válidos.

Chico Veludo se lançou na Política em 1959. Segundo Paulo Silveira, seu grande amigo, com apenas 10 dias de campanha eleitoral se elegeu vereador pelo PTB, com a maior votação, numa época que não existia remuneração para o cargo. Em 1960 assumiu a presidência da Câmara Municipal.

Neste mesmo período se elegeu Prefeito de Uberaba o seu amigo e companheiro de partido, Jorge Furtado (1959-1962) que lhe entregou a

Superintendência do Departamento de Águas, onde, sem remuneração, prestou relevantes serviços na ampliação do sistema de distribuição.

Política foi apenas uma das facetas deste grande empresário uberabense com quem tive a satisfação de conviver até seu falecimento ocorrido em 1971, aos 51 anos de idade.

Francisco Lopes Veludo, nascido em 1920, foi um homem integro e severo, nas palavras de seu filho Roberto Veludo, que perdeu seu pai com apenas 13 anos de idade.

Seus múltiplos negócios, segundo relatos de seu sócio Alcides Caetano, se estendiam para o setor de transportes (Líder e Viação Asa Branca), distribuição de Veículos Mercedes-Benz, (Regina Veículos), loja de autopeças (MotoRauto) e recuperação de motores ( Retifica Boa Vista).

Até na área cientifica, Chico Veludo deu sua grande contribuição. Pelo relato de Dr. Celso Salgado, foi na Retificadora que se processou, sob a orientação de Dr. Adib Jatene, a primeira máquina de circulação extracorpórea, (coração artificial) que propicia a realização de cirurgia cardíaca, parando o coração, mas mantendo uma circulação sanguínea paralela, que se tornou muito importante na década 1960.

Era sonho de Chico Veludo implantar uma Companhia de Águas. Mas somente no governo de seu adversário político, Artur de Melo Teixeira em seu segundo mandato – (1963-1966) - é que este sonho se transformou em realidade.

Em janeiro de 1966, Artur Teixeira tomou a iniciativa de criar uma Companhia Mista para administrar o sistema de distribuição de águas, enviando para a Câmara Municipal o projeto de Lei N. 1448 que foi aprovado em 7 de junho de 1966.

Nasceu assim oficialmente a CODAU, e sua primeira Diretoria - Presidente, Léo Derenusson – Diretor Administrativo, Gilberto de Andrade Rezende e, Diretor Financeiro, Padre Antônio Fialho.

O responsável pelo Departamento de Águas, Geraldo Barbosa, foi indicado para o cargo de Diretor Técnico.

Em 1967, já no governo de João Guido, Mário Pousa assumiu a presidência da CODAU e Gilberto de Andrade Rezende, a presidência do Conselho Fiscal.

Em 1988, governo de Marcos Montes, a CODAU volta a ser autarquia passando a se chamar de o CODAU – Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba.

Em 2005, governo Anderson Adauto, o CODAU, sob a presidência de José Luis Alves, em homenagem ao grande guerreiro, designa o nome de “FRANCISCO LOPES VELUDO” para a primeira ETE - Estação de Tratamento de Esgoto. É também nome de rua no bairro Cássio Resende e da sala da Presidência da Câmara Municipal.


Gilberto de Andrade Rezende. Ex-Presidente da ACIU e do CIGRA e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – Paulo Silveira – Alcides Caetano – Roberto Veludo.

P.S. Os dados eleitorais são de autoria de Tião Silva.







Cidade de Uberaba


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

WAGNER DO NASCIMENTO - A CULTURA PRESTIGIADA

Fuscão Preto – Assim que Wagner do Nascimento, então vice-prefeito, se candidatou para prefeito nas eleições de 1982 recebeu esse apelido, que pegou como fogo em rastilho de pólvora.

Até 1982, Wagner pertencia aos quadros do PDS. Desentendido com Silvério, que lhe deu este apelido, e não encontrado espaço no Partido para sua candidatura a prefeito, embora fosse lhe oferecido a vice pelos outros candidatos das sublegendas do PDS, Wagner, na firme convicção de que havia chegado sua hora, se filiou ao PMDB. Afinal, já havia sido vice de Arnaldo Rosa Prata e Silvério.

Disputando com Renê Barsan e Arnaldo Rosa Prata na sublegenda do PMDB e com Hugo Rodrigues da Cunha e João Junqueira do PDS, foi o vencedor com cerca de trinta mil votos (37,7%), mas, somando os votos de seus companheiros de sublegenda (33,73%), o PMDB conseguiu mais de 70% dos votos. Wagner contou com o decisivo apoio de seu maior cabo eleitoral, sua esposa Isabel.


Eng.Wagner do Nascimento. Foto: divulgação.

Wagner, em seu governo, se destacou em quatro setores: Desenvolvimento, Saúde, Educação e Cultura. Na área de Desenvolvimento, criou a Secretaria de Indústria e Comércio, entregando-a para Anderson Adauto, criando as bases para a atração das indústrias nacionais para serem implantadas em Uberaba, aproveitando, assim, o trabalho criado pela Aciu em seu Projeto Indústria. Não se pode esquecer o empenho de Wagner para a implantação da empresa Du Pont.

A importância dessa secretaria pode se verificar através dos fatos: o secretário Anderson se tornou prefeito em 2005. E quando Hugo estava no comando, na segunda gestão, seu secretário de Indústria e Comércio, Luiz Neto, veio a ser eleito prefeito em 1992.

Na área de Saúde, sob a responsabilidade de Benito Meneguelo, foi criado o serviço de atendimento psicológico. Nas áreas de Educação e Cultura, a responsabilidade era de seu secretário da Educação, José Thomas da Silva Sobrinho, escolha que não agradou ao PMDB por ele pertencer aos quadros do PDS.

Houve preocupação da área de Educação em oferecer oportunidade de ensino para todo cidadão uberabense. Naquela gestão é que foi criada a Escola Mirim de Trânsito, o CIEM, o CESU (Centro de Estudos do Ensino Superior), com mais de mil alunos, culminando com a implantação do Estatuto do Magistério Municipal, que efetivou todos os professores e criou o cargo de psicólogo escolar.

É ainda de sua gestão a criação do PROJETO FUMESU, cuja intenção era suprir Uberaba de faculdades não atendidas pela iniciativa privada, com a prefeitura arcando com os investimentos e custeios e os alunos com o custo do professorado.

Na área cultural, o primeiro passo dado por Silvério Cartafina na criação da Fundação Cultural em 1982 ensejou ao governo Wagner a partir de 1983 a criar: Circo do Povo, Museu Sacro (Igreja Santa Rita), Museu Paleontológico em Peirópolis, Museu Histórico, Arquivo Público, Comphau, Biblioteca Infantil e Biblioteca Ambulante Rural. Nesse período, também foram criados os projetos Folklândia e o PRODEC.

Em 1996, Wagner voltou a disputar a prefeitura com Marcos Montes, no entanto não foi feliz, pois repetiu o mesmo resultado de 1982, cerca de trinta mil votos, contra oitenta e sete mil de MM.

Wagner nasceu em 27 de julho de 1936. Formou-se em engenharia em 1964 pela FIUBE, hoje UNIUBE, da qual foi professor. Foi engenheiro da CDI (Companhia dos Distritos Industriais) e colaborou intensamente com as implantações dos DI I, II e III.

Sua trajetória política se iniciou em 1966 quando foi eleito vereador. De 1970 a 1972 e de 1977 a 1982, vice-prefeito. De 1983 a 1988, prefeito. De 1991 a 1999, por duas vezes se elegeu para deputado federal. Foi o primeiro político negro a assumir a prefeitura de uma cidade brasileira.
Teve alguns percalços com a Justiça em razões de alguns processos pelos quais foi condenado. Segundo seus apoiadores, tudo decorreu por questões de perseguição política.

Wagner faleceu em 06 de setembro de 2007, aos 71 anos, deixando viúva Isabel do Nascimento, e os quatro filhos, entre eles Wagner Jr. (que foi candidato a prefeito) e Werner. Sua família instituiu em maio de 2013 a Comenda Wagner do Nascimento, para perpetuar seu nome e sua obra.

Fonte – Jornal da Manhã

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA. Presidente do PDS em 1982.


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Cidade de Uberaba


segunda-feira, 5 de agosto de 2019

FIDÉLIS REIS – EXEMPLO DE EMPREENDEDORISMO

“De duzentos contos como era previsto, mudamos os planos e construímos um dos mais lindos edifícios da cidade com cinco pavimentos, a um custo superior a setecentos contos”.

Essas são as palavras, em síntese, de Fidélis Reis em 26/07/1942, ao se referir à construção da sede da ACIU, em seu discurso de inauguração.

Eleito presidente da entidade em 1938, em três anos conseguiu realizar o sonho dos empresários que, ao criar a ACIU em 16/12/1923, tiveram que esperar por quase vinte anos para ter sua própria sede. A ação foi possível através do apoio dos associados e empréstimos do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (I.A.P.C.).

Por dez anos, 1938/1948, Fidélis Reis esteve à frente da ACIU, coincidindo com o período da Segunda Guerra Mundial (1939/1945), oportunidade em que a associação se manifestou contra a ação alemã nas costas do Brasil, em 1940.

Em sua gestão foi realizado um congresso das classes produtoras com repercussão nacional. Foi nesse período que a entidade contribuiu, através de seus contatos nos governos estadual e federal, para a solução do problema de abastecimento de açúcar, provocado pela guerra, e ajudou os produtores rurais a conseguir gasolina durante a safra numa época em que, por racionamento e escassez, a maioria dos veículos utilizavam o gasogênio.

Fidélis Reis. Foto: Arquivo Público de Uberaba.

Nascido em 4 de janeiro de 1880 em Uberaba, Fidélis Reis graduou-se como engenheiro agrônomo, aos 21 anos, na primeira e única turma do Instituto Zootécnico de nossa cidade, em 1901.

Sua primeira missão como integrante do Governo Federal, na Diretoria Geral de Povoamento em 1907, foi a de investigar secretamente na Argentina, por seis meses, o serviço de colonização e imigração. A atitude despertou profundamente para abordagem na sua vida política. De 1907 a 1909, foi inspetor do Serviço de Povoamento no Espírito Santo.

Um ano após, em 1910, já era inspetor agrícola federal em Belo Horizonte (MG) e, em 1911, foi eleito presidente da Sociedade Mineira de Agricultura e um dos fundadores da Escola de Engenharia, onde lecionou ao longo de cinco anos.

Na Europa, Fidélis Reis fez o curso de Ciências Físicas e Naturais na Sorbonne, seguindo posteriormente para a Suíça e Itália, países nos quais, a serviço do Governo Federal, estudou os projetos para emigração dos italianos ao Brasil.

Em 1919 iniciou sua carreira política ao ser eleito deputado estadual pelo PRM - Partido Republicano Mineiro. Em 1921 foi eleito deputado federal, no qual através de outras três eleições, permaneceu até 23 de outubro de 1930, quando teve o mandato interrompido pela revolução que levou Getúlio Vargas ao poder e extinguiu todos os órgãos do legislativo do país.

Em sua passagem pelo Legislativo Federal, Fidélis Reis se distinguiu pela apresentação de inúmeros projetos de interesse nacional, como o Tratado de Santos Dumont, pelo qual os países signatários abster-se-iam de utilizar aviões como arma de guerra.

Dois de seus projetos conseguiram fazer história.

O primeiro, apresentado em 1923, se relacionava à imigração. Alicerçado em suas observações feitas em viagens ao exterior, Fidélis Reis estava convicto de que o serviço de imigração teria que manter um rigoroso controle para impedir a entrada de qualquer elemento julgado “nocivo” à formação étnica, moral e psíquica da nacionalidade.

Esse projeto, que dava prioridade às famílias da Europa em detrimento das raças negra e amarela, causou intensas polêmicas durante muitos anos e dividiu opiniões em todo o país.

Todavia, o segundo projeto teve mais sucesso ao abordar a economia. Ele era destinado a criar o ensino profissionalizante obrigatório em tempo integral, sob a égide do Liceu de Artes e Ofícios, apresentado em 1922, foi o marco inicial da transformação da economia nacional do setor industrial.

Para a sua elaboração, Fidélis Reis manteve contatos com todos os parlamentares, com a imprensa regional e nacional e até com sumidades internacionais como Albert Einstein, Henry Ford e Vladimir Lênin, com o objetivo de buscar subsídios sobre a relevância do ensino técnico e profissional. Aprovado em 1927, após cinco anos de sua difícil tramitação, a lei deixou de ser aplicada por falta de verbas.

No entanto, para concretizar seu intento, Fidélis Reis fomentou a construção dos edifícios que iriam compor o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba na praça Frei Eugênio que contou com a contribuição financeira de personalidades do Triângulo Mineiro bem como recursos dos governos estadual e federal.

Inaugurado em 1928, o Liceu - que tem um de seus pavilhões com o nome de Henry Ford - nunca chegou a funcionar de fato, instalando-se ali a Escola Normal de Uberaba e, posteriormente, o 4º Batalhão de Caçadores Mineiros.

Foi apenas em 1942, com a criação do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem - que os sonhos de Fidélis Reis esboçaram a possibilidade de se concretizar. Porém, só em 1948 que a entidade ocupou as dependências que foram idealizadas para o Liceu.

As dezenas de milhões de profissionais já formados pelo SENAI no território nacional ao longo destes anos são frutos de uma obsessiva determinação em prol do ensino profissionalizante do idealista Fidélis Reis.

A participação comunitária desse grande uberabense não se restringiu apenas ao setor político. Foi um dos fundadores do Herd Book Zebu, do qual foi presidente de 1929 a 1934, data em que esta entidade foi incorporada pela recém-criada Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (S.R.T.M).

Eleito primeiro presidente da S.R.T.M em 1934, em sua curta gestão criou os núcleos de Araxá e Prata, além de buscar recursos junto ao governo federal para a realização de exposições e instalação da fazenda Modelo.

Renunciou em 1935 por razões políticas.
Fidélis Reis também foi vereador na Câmara Municipal de Uberaba. Entre seus companheiros estavam Boulanger Pucci, eleito prefeito em 1947, e Jorge Frange.

Em 1936 criou o Banco do Triângulo Mineiro tendo como parceiros Alexandre Campos, Euclides Prata dos Santos, entre outros. Chegou a ter agências em várias localidades inclusive em São Paulo. Posteriormente, o banco foi encampado pelo Banco Nacional de Magalhães Pinto que, por sua vez, vendeu para o Banco da Lavoura de Minas Gerais, hoje, Banco Real.

Jornalista por vocação, Fidélis Reis colaborava com a imprensa local, o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro e outras publicações, sendo reconhecido como um dos principais articulistas da cidade.
De sua lavra foram publicados os livros “A política da gleba”, “País a organizar”, “Homens e problemas do Brasil”, “Política econômica”, “Ensino profissional” e “O problema emigratório e seus aspectos étnicos”.

Fidélis Reis, falecido em 1962, aos 82 anos de idade, é patrono da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ocupando a cadeira de n. 01. É nome de uma escola estadual da rua Vitória, no bairro Santa Marta. É nome de uma das principais avenidas de Uberaba. É um dos maiores empreendedores que a cidade e região já conheceram e figura proeminente na galeria dos vultos da nossa história.

Gilberto de Andrade Rezende - Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e do Conselho Consultivo da ACIU e do CIGRA.

Fontes:

ACIU;

Thiago Riccioppo – historiador do Museu do Zebu;

Guido Bilharinho – livro Personalidades Uberabenses;





Cidade de Uberaba


TEREZINHA HUEB E MURILO PACHECO – ALIANÇA DE IDEAIS

O Folclore faz parte da grade disciplinar do Colégio Nossa Senhora das Graças desde sua fundação

Na quadrilha das festas juninas, nas décadas de 60 e 70, o marcante era Edelweis Teixeira - médico e inspetor de escolas por profissão e folclorista por devoção. Teixeira era uma das mais notáveis figuras da área cultural brasileira e recebeu em 1984, por indicação do professor e vereador Murilo Pacheco de Menezes, o título de “Cidadão Uberabense”.

A partir de 1977, foram criados os concursos que integravam os festivais anuais de folclore no qual, se destacou a folclorista Iraídes Madeira com o tema “O Folclore em Quatro Tempos”.

O folclore é apenas uma das áreas culturais reverenciadas pelo Colégio Nossa Senhora das Graças. Concursos literários, Revista “Bolando Comunicação”, edições de livros de contos e poesias de autoria dos próprios alunos, Feiras de Trabalhos Artísticos e Feiras de Pesquisas e Criatividade sempre foram uma constante.

O Colégio tem a chancela do pioneirismo na criação em Uberaba da Fanfarra Feminina que, juntamente com a Masculina, chegou a atingir 120 participantes. Ele foi pioneiro também a adotar calças compridas para as alunas no início da década de 70. Uma ousadia que contou com o beneplácito dos pais.

Esses fatos marcantes são frutos do arrojo e pioneirismo do casal formado por Murilo e Terezinha, fundadores e administradores do Colégio Nossa Senhora das Graças, criado em março de 1958, em sociedade com Salim Hueb, pai de Terezinha.

Murilo nasceu em 03/06/1929, na cidade de São Raimundo Nonato, Piauí. Com 14 anos, em 1943, já era seminarista em Salvador, onde percebendo falta de vocação para o sacerdócio, iniciou a carreira de Magistério em 1952, na cidade de Belo Horizonte. Após alguns anos, mudou-se para Uberaba, tornando-se professor no Diocesano, Cristo Rei e José Ferreira.

Terezinha Hueb de Menezes. Foto: Reprodução.

Ao conhecer a professora Terezinha Hueb, brotou o amor e a conjugação de ideais. O casamento com Terezinha, então com 19 anos, recém-formada pelo Colégio Nossa Senhora das Dores, foi realizado em 1958, onde, na frente do altar da Igreja de São Benedito, os noivos se completaram na comunhão de propósitos.

Murilo ajudou a fundar a Escola de Química e Agrimensura e se enveredou também na política onde foi eleito para vereador na década de 1980. Foi presidente da Comissão de

Justiça, Legislação e Redação, recebendo em sua vida os títulos de Cidadão Uberabense, Personalidade do Ano, Mérito Político, Homenagem Personalidade do Ano – Melhores 87, Destaque Político, Medalha Major Eustáquio (que ele mesmo criou), Diploma de Honra ao Mérito e Mérito Rotário Uberaba-Leste.

Na sua vida empresarial teve seus percalços como tem qualquer empresário que luta por seus ideais. Nem sempre as leis econômicas caminham junto com nossos sonhos. As rotineiras oscilações de mercado trazem sempre grandes frustrações empresariais.

A mudança da sede do Colégio da rua Veríssimo para o novo prédio da rua Edmundo Borges de Araújo, construído em apenas seis meses, trouxe dificuldades para a família, que se viu obrigada a transferir sua residência para o próprio Colégio. Todavia, Murilo, com um caráter forjado na têmpera do aço, soube enfrentar com muita dignidade as tempestades circunstanciais.

Murilo faleceu em 19 de agosto de 1999. Ao se referir a ele em 2014, o então Presidente do Legislativo Elmar Goulart relatou que ele deixou seu nome cravado na história da política da cidade como representante da expressão máxima da ética e da cidadania. “O Plenário desta Casa, onde são aprovados projetos importantes para o desenvolvimento de Uberaba, leva o nome do professor Murilo Pacheco de Menezes”, disse.

Já a irrequieta e dinâmica Terezinha, graduada em Letras na FISTA, por uns tempos passou a lecionar e participar da administração desta Instituição, dirigia o Centro de Ciências e Letras da Universidade de Uberaba e ainda encontrava tempo para lecionar e administrar seu próprio Colégio.

Teve intensa participação nas atividades educacionais e culturais. Foi membro do Fórum dos Articulistas de Uberaba e Região e da ALTM (Academia de Letras do Triângulo), eleita em 23/02/1991, ocupando a cadeira de nº 27.

Por coincidência, essa cadeira que tem como patrono a figura de Machado de Assis, pertenceu a Edson Prata, um dos fundadores do Jornal da Manhã, no qual Terezinha manteve por muitos anos como articulista uma coluna semanal, editada aos domingos, em nome da Academia.

Em 2012 reuniu as crônicas mais marcantes em um livro intitulado Assim Como Nós e fez seu lançamento no Centro Cultural Mário Palmério. Publicou Tempesfera, de poesias e temas do cotidiano. Organizou o livro Murilo Pacheco de Menezes – O Homem e Seu Legado - reunindo crônicas do marido, além de uma biografia.

Segundo Guido Bilharinho, foi ela que introduziu em Uberaba e no Brasil Central a poesia construtivista, que é aquela que usa razão e sensibilidade.

Cooperou ainda com a escritora Vânia Maria Resende na elaboração do livro ‘Quantas saudades do Colégio eu vou levar’. Participou da Revista Dimensão e do livro A Poesia em Uberaba do Modernismo à Vanguarda, ambos editados por Guido Bilharinho.

Eleita a primeira mulher na presidência da ALTM em 12/03/2009, conseguiu junto à diretoria da ACIU o início de uma parceria para edição dupla da revista da Academia – Convergência e Saberes – em participação com a FCETM - Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro.

Terezinha recebeu inúmeras homenagens em vida, entre elas as medalhas do Mérito Rotário e Major Eustáquio, o título de Mulher Destaque, pela Câmara Municipal de Uberaba e da Associação de Mulheres de Negócios e, por duas vezes, figurou entre “Os Dez Mais”.

A conquista de uma sede própria para a Academia de Letras sempre foi uma de suas preocupações. Segundo palavras da Ilcéa Borba, ex-presidente da ALTM, a quem Terezinha incentivou a se tornar escritora, ela lutou muito para a conquista da sede. “Mesmo quando estava doente, solicitava esforços de seu filho Fernando para concretizar mais este sonho”, declara.

Terezinha faleceu em 22 de maio de 2014 provocando grande consternação na comunidade. O Jornal da Manhã destacou suas realizações administrativas, culturais, educacionais e sociais.

De todos os legados deixados por Murilo e Terezinha o mais importante foram os seus cinco filhos – José Luiz, Paulo César, Maria Angélica, Fabiano e Fernando.

Fernando relata que na parte cultural, o aprendizado dos filhos foi até por ‘osmose’. Ele e os irmos aprenderam a seguir o caminho da harmonia e do diálogo. Ele se lembra de que seu pai dizia que a melhor forma de ensinar é com o exemplo. Com ele, os filhos aprenderam os princípios de honestidade e caráter.

“Vereador Professor Murilo Pacheco de Menezes” é hoje nome de rua no conjunto residencial Mário de Almeida Franco.

“Terezinha Hueb de Menezes” é nome da sede da ALTM - Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Só não tem nome a saudade que deixaram.

Fontes consultadas:

Colégio Nossa Senhora das Graças (site);

Jornal da Manhã (reportagens);

Guido Bilharinho – escritor, advogado e membro da ALTM;

Ilcea Borba – psicóloga e membro da ALTM;

Maria Antonieta Borges – ex-presidente da Fundação Cultural de Uberaba, historiadora, membro da ALTM;

Fernando Hueb – filho.


Autor- Gilberto de Andrade Rezende – Folclorista e Membro da Academia de Letras do Triângulo.
 

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Cidade de Uberaba


sábado, 3 de agosto de 2019

LÉO DERENUSSON – O Comando de um Líder.

O tumulto estava formado. O corre-corre dentro da sede da ACIU estava em ritmo alucinante. A ansiedade tomava conta de todos. Aguardava-se a chegada da comitiva do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A apreensão era compreensível. A implantação da Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (FCETM), requerida pela Entidade, dependia exclusivamente do parecer desses técnicos.

O resultado de dezenas de viagens ao Rio de Janeiro; das inúmeras entregas de projetos, projeções, currículos e documentações; da insistência e persistência marcou encontro com a esperança na visita final.

Em 12 de outubro de 1965 foi autorizado o funcionamento da FCETM tendo como mantenedora a ACIU. Em 1966, ao entregar o cargo de presidente ao seu sucessor, Edson Simonetti, Léo Derenusson assume o cargo de diretor da faculdade, que foi instalada na própria sede da associação.

Um marco na vida da Entidade, preenchendo lacunas num período em que em Uberaba só existiam cinco cursos superiores: Filosofia, Odontologia, Direito, Medicina e Engenharia. Ao longo dos anos, a ACIU criou as graduações de Administração de Empresas (1974) e Ciências Contábeis (1984).

Credita-se ao economista e empresário Paulo Vicente de Souza Lima a ideia de criação da FCETM. Juntaram-se a ele com o mesmo propósito os advogados Augusto Afonso Neto e Ronaldo Benedito Cunha Campos, entre outros.

A sugestão levada para a ACIU foi como uma semente lançada em campo fértil, pois a Entidade tinha o propósito de dotar a cidade de um curso para especialistas na área econômica.

Ao assumir a empreitada que terminou coroada de êxito, Léo Derenusson imprimiu sua marca de liderança na história da ACIU. Assumindo a administração da Entidade no período de 1964/1965, fruto do acordo entre o ex-presidente Aurélio Luiz da Costa e o Conselho Consultivo presidido por Mário Pousa, Léo surpreendeu a todos com sua dinâmica de trabalho.

A gestão de Léo frente à ACIU foi muito expressiva. A implantação da TV, iniciada na administração anterior, teve seus rumos modificados em decorrência de erros técnicos da TV Tupi, obrigando a Entidade a mudar a torre de Buritizal para Abacaxizal, SP. A atitude gerou custos, que forçou o envolvimento dos uberabenses para sua solução. Só assim o município pode finalmente contar com o sinal da TV em 1966.

Em 1965, cria com o jornal Lavoura e Comércio a festa de homenagem ao Comerciante do Ano.

Nesse mesmo ano, não relutou em visitar o Nordeste na busca de empresas interessadas nos incentivos fiscais da região do Triângulo. Uma viagem penosa de Uberaba a Salvador, BA, realizada em meu pequeno fusca na companhia do presidente e do diretor Mário Salvador.

Após um percurso de 3.000 kms, a viagem até Recife se fez através da Cruzeiro do Sul. As decepções decorrentes da falta de transparência das empresas da área da Sudene se constituíram na força motora para a criação das reflorestadoras de Uberaba.

 Léo Derenusson. Foto: Acervo da família.

Léo lutou muito pela implantação da Cidade Industrial. Plantou uma muda que se transformou em uma frondosa árvore 10 anos após, na inauguração dos Distritos Industriais II e III.

Participou de todos os simpósios e congressos destinados à luta pela construção e asfaltamento da BR-31 (262). Conseguiu um desconto de 20% de redução em todos os lançamentos de impostos municipais em 1964 e participou, no interesse das empresas, da elaboração da nova legislação do Código Tributário do Município.

Em 1966 foi chamado pelo prefeito Arthur Teixeira para transformar o Departamento de Águas em uma Companhia Mista. Participei dessa empreitada como diretor administrativo na companhia do Padre Antônio Fialho como diretor financeiro, sob o comando de Léo Derenusson na presidência. Assim nasceu o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (CODAU).

Como líder classista, Léo Derenusson criou e presidiu por muitos o Sindicato das Indústrias Mecânicas. Assumiu nas décadas de 70/80 a vice-presidência da FIEMG e por muitos anos atuou como juiz classista na Junta de Conciliação e Julgamento de Uberaba. Humanista por natureza, herdou o espírito associativista de seu pai, Paulo José Derenusson, presidente da ACIU em duas gestões.

Formado em Direito, Léo foi sócio por algum tempo da Reflorestadora Triflora. Dois anos após, criou sua própria empresa, a Minas Seiva Reflorestamento, juntamente com seus filhos Paulo José Derenusson Neto, Antônio Augusto Derenusson e os amigos Ney Junqueira, Orlando Abreu, Caio Lucio Fontoura e Silvio de Castro Cunha.

Sua principal atividade empresarial, exercida por quarenta anos, foi a de revendedor de carros Ford, herdada de seu pai. A empresa Derenusson S/A foi condecorada pela Ford pelos 75 anos de atividade.
Nascido no Rio de Janeiro em 21 de julho de l918, Léo Derenusson é exemplo de amor à sua terra, de entrega na comunhão comunitária e de dedicação à família.

Faleceu em 14 de dezembro de 1999, aos 81 anos, deixando viúva Nobertina Ribeiro Cortes Derenusson. Eles tiveram cinco filhos que dão continuidade aos ideais do patriarca - Paulo José Derenusson Neto, casado com Vera Maria Terra Cecílio; Antônio Augusto, casado com Maria Lucia Castro Cunha; Luís Carlos, casado com Ana Amélia Nogueira; Leozinho, casado com Beatriz Bruna; e Léia, casada com Wilson Nelli.

Para a comunidade restou como lembrança de seu nome, a placa Rua Doutor Léo Derenusson, no bairro Alfredo Freire II. Para os parentes e amigos, restaram as saudades eternas.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – ACIU – José Paulo Derenusson Neto – José Mousinho Teixeira.






Cidade de Uberaba


SAURO BÓSCOLO E SUA FAMÍLIA DE EMPREENDEDORES

Nascido em Adria, em 02/07/1890, Sétimo Bóscolo, junto com seus familiares e centenas de outros imigrantes partiram da Itália no início da década de 1910 com destino ao Brasil. Sufocavam as saudades do torrão natal com as esperanças de uma nova vida em um país que acabara de enterrar uma monarquia.

O destino o trouxe para Uberaba. Com grande senso em oportunidades, Sétimo em pouco tempo já tinha sua fazenda e seu próprio comércio. Foi um dos fundadores da ACIU com direito a retrato no quadro dos pioneiros. Na década de 50, era membro da Loja Maçônica Estrela Uberabense fundada em 1949 na praça Comendador Quintino.

Sétimo casou-se com Josephina Silvati Buchianeri, filha de cônsul italiano no Brasil e nascida na América do Norte. Sétimo faleceu em 17/07/1964 tendo sua esposa, por coincidência, falecida no mesmo ano. Desse casamento nasceram três filhos, Sauro, Nelson e Dora.

Dora, hoje com 94 anos, viúva de Nelson Valentim, gerou 4 filhos, dos quais Nelson Valentim Jr e Lenira atuam na esfera empresarial e Lisete com Andréia, na área de odontologia.

Nelson, com 92 anos, foi um dos proprietários da Destilaria Gaia e um dos fundadores da empresa Floryl - Florestadora Ypê Ltda. Por alguns anos, participou ativamente como diretor da ACIU.

Casado com Iris Gomes Bóscolo, Nelson tem orgulho dos seus cinco filhos, onze netos e seis bisnetos – o renomado médico Ronaldo casado com Adriana Cartafina Perez, 4 filhos e 2 netos; Sétimo Neto, médico e empresário, ex-presidente da Unimed na qual se destacou com seus relevantes serviços, casado com Ana Lúcia Soares Almeida, 2 filhos e 1 neto; Nelson Jr., empresário casado com Mara Denise Paschoaline, 3 filhas e 2 netos; Renato, divorciado com 1 filha e Denise, divorciada, 2 filhas e 1 neta.

O mais velho dos irmãos, Sauro, egresso da fazenda do pai e por algum tempo sócio de seu irmão Nelson na Destilaria, foi também sócio na empresa Floryl que acabou se integrando no grupo da empresa Triflora, da qual participávamos na década de 70 e que, posteriormente, foi transferida para a Shell do Brasil.

Sauro Bóscolo.

Sauro se casou com Dira de Oliveira com a qual teve oito filhos e dezessete netos – Regina, casada com Sinfrônio da Veiga, empresária em Belo Horizonte com 3 filhas; Maria Josefina (Pina), já falecida, deixou viúvo José Elias e uma filha; Estela, empresária em Uberaba, esposa de Roberto Fontoura, 2 filhos; Sauro Jr. com a esposa Ana Maria Facure, 2 filhos; Flavio, casado com Lucélia de Freitas, uma filha; Sérgio com sua Ana Lucia Queiroz, 3 filhos; Paulo Renato, casado com Luzelma Franco, 3 filhos e, Ricardo, casado com Patrícia Oliveira, 2 filhos.

Com o crescimento da família, os irmãos resolveram se separar para criar novos empreendimentos. Nelson continuou com a fábrica de refrigerantes e fez investimentos no setor imobiliário, mas o destino reservou uma trajetória diferente para o Sauro.

Seu pai, Sétimo Bóscolo, que sempre usava a via aérea para ir a São Paulo em tratamento de saúde, conheceu em uma destas viagens um engenheiro da Companhia de Força e Luz de Uberaba que manifestou interesse em construir uma fábrica de materiais elétricos. Vislumbrou que uma indústria dessa natureza se enquadrava no perfil de Sauro.

São essas oportunidades que deve encontrar a pessoa certa no lugar certo e na hora certa. Feita as apresentações, nasceu, em 1959, a empresa Eletrotécnica, primeira fábrica de para-raios brasileira e que, neste ano de 2019, completa 60 anos de atividades. Uma grande ousadia em uma época em que a cidade tinha o seu projeto de desenvolvimento assentado no setor agropecuário.

Por ser a única fábrica brasileira com avançada tecnologia desenvolvendo produtos de alto padrão e sem similares no país, a indústria teve um rápido crescimento, obrigando sua transferência de sua sede inicial na antiga avenida Brasil, hoje Fidélis Reis, para o Distrito Industrial I.

Ganhando espaços no mercado internacional, parcerias foram firmadas com a Alemanha, Estados Unidos e toda a América. Produtos fabricados pela Eletrotécnica em Uberaba eram sinônimos de qualidade, motivando sua procura pelas grandes concessionárias do Brasil e do exterior.
Quando os produtos subsidiados pela China começaram a entrar com força nesse mercado e se espalhou por todo o mundo, Sauro reestruturou sua empresa e criou com seus filhos outras para agregar valores.

Para coordenação de todas as atividades, criou-se a “holding” com a designação de grupo AEL englobando as empresas Eletrotécnica, a Eletrocerâmica, comandada pelo Flavio, a Eletrometalúrgica e a Incel – Indústria Nacional de Componentes Elétricos - sob o comando de Sauro Jr.

Atualmente o grupo produz isoladores, chaves elétricas e eletro ferragens para postes. Além da Agropecuária 7B, foi criado também a Transportadora 7B, sob a administração do Sérgio, para o transporte dos produtos.

Apesar de a AEL não ser a maior organização brasileira do setor, ela é a mais completa. Fabrica tudo que existe em postes de iluminação, com exceção de lâmpadas e fios. Uma série destes equipamentos elétricos foram desenvolvidos pela própria organização. Uma demonstração da capacidade e do talento de seus administradores.

A história da ACIU registra a presença de diversas gerações dos Bóscolos em seus quadros. A atuação de seus membros em diversas diretorias, iniciada pelo Sétimo em 1923 e continuada pelos seus filhos Nelson e Sauro e mais recentemente pelos netos Nelson Jr. e Sérgio, demonstra o espírito de associativismo familiar.

Em que se louve o trabalho de todos, o de maior destaque ficou com o Sérgio que, em 1996, que, eleito vice-presidente da entidade, teve de assumir o comando da Casa até 1997, em decorrência do falecimento em pleno mandato do presidente Antônio Carlos Guillaumon.

Sérgio, em sua gestão repleta de realizações, entre outros feitos, conseguiu a implantação da ETFG - Escola Técnica de Formação Gerencial -, a realização da FÁCIL - Feira de Comércio e Indústria de Uberaba - parceira com a ABCZ, a LIQUIDABERABA, em parceria com o CDL e instituiu o Troféu “Antônio Carlos Guillaumon” para homenagear empresários de destaque.

Em resumo, esta é a história de um sonhador que veio da Itália para Uberaba e aqui constituiu uma grande família. Seus filhos criaram empresas e empregos e um deles, Sauro, ainda formulou produtos para vender para a Itália e o resto do mundo.

Sauro Bóscolo nasceu em Uberaba em 22 de dezembro de 1921 e faleceu em 30 de Junho de 2009, com mais de 87 anos.

“Sétimo Bóscolo” é hoje nome de uma rua localizada no bairro do Fabrício.

“Sauro Bóscolo” é hoje nome do Distrito Industrial I, onde se localiza as seis empresas do homenageado. Deixou exemplos edificantes de trabalho e de amor à família. Deixou saudades para os seus familiares e para todos os seus amigos.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM) e ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes: ACIU, Jornal da Manhã, Guido Bilharinho, Sérgio, Sétimo Neto e Adriana Cartafina Perez Bóscolo.

Foto – Sauro Bóscolo.






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