domingo, 19 de fevereiro de 2017

Santuário da Medalha Milagrosa (1949)


Primeiro  Mosteiro na rua Gonçalves Dias, em 1951 



Segundo Mosteiro na rua Afonso Rato, e definitivamente em 1961
Neste prédio, teve início, o Culto da Novena da Medalha Milagrosa Uberaba 




Mosteiro e Santuário em construção, 1959 



Santuário Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em construção 


D.Alexandre Gonçalves do Amaral, então bispo de Uberaba 


Trasladação das Irmãs Concepcionistas Enclausuradas para o novo Mosteiro
 da Medalha Milagrosa.


 Santuário Nossa Senhora da Medalha Milagrosa - década:1960 



 Santuário Nossa Senhora da Medalha Milagrosa - Foto:Antonio Carlos Prata


      
  Interior  do Santuário Nossa Senhora da Medalha Milagrosa - Foto: Antonio Carlos Prata




A história do Santuário da Medalha Milagrosa confunde-se com a historia do clero e do povo católico uberabense e indubitavelmente com a própria caminhada na fé das irmãs concepcionistas. Desta forma, o início desta memória vai até o século XV na Espanha, onde uma jovem chamada Dona Beatriz da Silva, de origem lusitana e nobre se recolhe em vida monástica após perseguições sofridas na corte castelhana. Transcorridos os trâmites eclesiásticos, em 1498 o Papa Inocêncio II através da Bula Inter Universal autorizou o funcionamento da Ordem da Imaculada Conceição – OIC. Esta ordem, que possui no silêncio adorante e na experiência contemplativa marcas indeléveis de sua identidade religiosa, nos exemplos da virem Maria e de Santa Beatriz inspirações para o seguimento a Jesus Cristo chegou a Uberaba – no Planalto Central  do Brasil  - em junho de 1949.Ainda que estivessem separadas por milhas daquele primeiro mosteiro em Toledo e séculos e séculos daquelas primeiras irmãs que ouviram o chamado de Cristo na pessoa de Santa Beatriz, as irmãs que chegaram a Uberaba estavam àquelas unidas através de uma profunda e ininterrupta historia de amor a Deus.

    Tendo chegado em junho de 1949,sob a condução de Madre Maria Virginia do Nascimento, as irmãs concepcionistas fixaram-se em dois endereços distintos antes de,finalmente,se mudarem para onde, ainda hoje, se encontram localizadas. Primeiro formaram o Mosteiro na Rua Gonçalves Dias, em 1951 mudaram-se para Rua Afonso Rato e definitivamente em 1961  o Mosteiro foi estabelecido na Rua Medalha Milagrosa e desde 1955 tem se rezado a Novena Perpétua de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, infundindo esta devoção mariana tão presente em nossa Igreja Particular através da gerações.

    Os leigos tiveram papel central no desenvolvimento material e espiritual do  Santuário, visto que contribuíram desde o princípio seja com a realização de festas e campanhas seja na participação piedosas nas santas missas e novena. Lembramos de forma particular o dr.Nicolau Laterza e o sr. Orlando Bruno, respectivamente autor do projeto arquitetônico e presidente da Comissão Construtora do Santuário; o Prof. Djalma Alvarenga de Oliveira, fundador e entusiasta da Novena Perpétua, as sras.Arethusa Fernandes Brasil e Esperança Ribeiro Borges, respectivamente responsáveis pela Comissão Feminina Pró-Construção e difusora da devoção à  Medalha Milagrosa através do Correio Católico e   da extinta radio PRE-5.

    Quanto à participação do clero, destacamos a figura sempre altiva de D.Alexandre Gonçalves do Amaral, então bispo de Uberaba e incentivador constate da presença religiosa no território arquidiocesano; também haveria de proclamar Nossa Senhora da Medalha Milagrosa como rainha da diocese de Uberaba. Foram Capelães e reitores das irmãs concepcionistas:Mons.Genésio Borges (1955 a 1994),D.Benedito de Ulhôa Vieira (1997 a 2005) – na condição de arcebispo emérito – tendo sido auxiliado por Pe. Sebastião  Ribeiro (2002 a 2003) e Pe.Roberto Oliveira (2004) na condição de pró-reitores,Pe.Geraldo Maia (2005 a 2007) e atualmente o Reitor é Pe.Ricardo Fidélis. O Mosteiro da Imaculada Conceição, da Divina Providência e de São Jose é atualmente  conduzido pela Abadessa Madre Maria dos Anjos do  Santíssimo Sacramento – OIC.




Fonte:  “Preservando a Memória “da Irmã Maria  Antônia de Alencar – OIC.”Memoria da Arquidiocese de Uberaba “de Pe.Thomaz de Aquino Prata.



Vitor Lacerda

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Inauguração da maior Parada de Gado Zebu do Mundo - Uberaba

Parque dr.Fernando Costa - ABCZ

Década de 1970 


      Inauguração da maior Parada de Gado Zebu do Mundo - Uberaba - Minas Gerais                                 
        Participaram do evento o governador mineiro Rondon Pacheco, o ministro da Agricultura, prefeitos e representantes das secretarias de Estado.                                                                   

Praça Rui Barbosa

Praça Rui Barbosa -  Foto:1970 

Foto:Autoria desconhecida    
                                                                                                                                                                    

"É o mais antigo logradouro público de Uberaba, pois, foi na sua parte inferior que se começou a edificação do primeiro prédio que Uberaba teve. Dele partem as seguintes ruas, a saber, canto inferior direito, a Coronel Manuel Borges; centro, a Artur Machado. Esquerda, a Vigário Silva, lado sul, ao meio, a rua de Santo Antônio. Canto superior direito, a rua Olegário Maciel e superior esquerdo, a rua Tristão de Castro; lado norte, no meio, a rua São Sebastião. É inteiramente calçada a paralelepípedos e com luxuoso jardim à frente da Catedral do Bispado. Nos alinhamentos em diferentes lugares ficam o Paço Municipal, hoje Prefeitura, o Teatro São Luís e custosos prédios particulares. Primitivamente chamava-se ‘Largo’, mais tarde ‘Largo da Matriz Nova’, ‘Largo da Matriz’, praça ‘Afonso Pena’ (1894-1916) e finalmente praça Rui Barbosa." (PONTES, 1970, p.287).

NA BARBEARIA DO “GENERAL” - UBERABA


Fachada do Salão do General - década de 1970



Ainda coisas leves nesse final de ano. O anedotário de Uberaba é notável. “Causos” sobre gente e coisas da cidade, vale a pena anotar. Sempre convivi com amigos “fornecedores” de histórias da terrinha bem mais que eu. Na barbearia do “General”, os gozadores de sempre, escolheram , por volta de 1960, figuras da cidade que pudessem representar a numeração do “jogo do bicho” na cidade. A lista é histórica. Acompanhe: Número 1- Primo Ribeiro, comerciante. 2- Secundino Lóes, dentista. 3- Tércio Camargo, fazendeiro. 4- José Torquatro, motorista. 5- Quintoliano Jardim, jornalista, dono do “Lavoura e Comércio”. 6- José Sexto Batista, bancário. 7- Sétimo Boscolo, empresário. 8- Oitávio Azevedo, contador. 9- Nono Prata, pecuarista. 10- Chiquito Des..cina, farmacêutico. 11- Onzório Adriano, ricaço da cidade. 12-Dozinho Bruno, advogado. 13- Antônio Trezzi dos Reis. Industrial. 14- José Catorze, puxador de carro, bastante conhecido da policia. 15- Quinzinho Maia, dono do bar “Tip-Top”. 16- Leão Borges, ex-deputado estadual por Uberaba. 17- “Coronel Delcides”, figura popular na terrinha e cujo apelido era “Macaco”. 18- “Sugismundo Mendes”, nome de rua de Uberaba. 19- Armando “Pavão”, comerciante aposentado. 20- “Peru” açougueiro no bairro São Benedito. 21- “Tourão”, eterno candidato à vereador e figura popular na cidade. 22- “Zé Onça”, bandido preso no Parque das Américas. 23- Ursulino, “vendeiro” no bairro Estados Unidos. 24- aí deu voz geral: cada um escolhe o seu. 25- Vaquinha, centro avante ídolo do futebol uberabense…
Então eu pergunto: alguém pode com a verve do uberabense, conversando em salão de barbeiro?
Aos seguidores do “Barão de Drummond”.


(Foto do acervo pessoal do Natal Rafael da Silva Maiolino)

Luiz Gonzaga de Oliveira

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Antigo Uberaba Hotel

Antigo Uberaba Hotel

Antigo Uberaba Hotel, ano 1975, demolido, suas instalações era na Rua Alaor Prata, esquina com Rua Segismundo Mendes. Na década de 1930, chamava-se Hotel Goiano e, posteriormente, foi anexo do Hotel do Comércio antes de denominar-se Uberaba Hotel.

(Foto do acervo pessoal do jornalista Paulo Nogueira)  


O RESTAURANTE “3 COROAS”

Em comentários antigos , contei-lhes como surgiu o “Bar da Viuva”, tradicional ex-casa de chope da terrinha, seguramente há mais de meio século. Outros bares e restaurantes da sagrada terrinha, já “se foram”e não mais pertencem ao mundos vivos, mas que deixaram marcas profundas naquela antiga Uberaba.O bar “Jaú”, do Babá Laterza , na Tristão e Castro, o Bar Babalu, Avenida Almirante Barroso do Bairro Fabrício, o Bar do Caixeta, na esquina da Rua Capitão Manoel Prata com a rua José de Alencar, o “Bronka’s Bar”, do Zé da Bronca e do Bulico, na Artur Machado, o “Chaparral” e o “Bar do Antero”, um perto do outro na rua Padre Zeferino, no bairro Estados Unidos, o “Bolachinha”, na praça Thomaz Ulhoa, o “Bar do Dica”, na avenida Fernando Costa, o “Bar do Yassu”, na Tristão de Castro, Bar Mil Reis, esquina da Praça Manoel Terra com a rua Dos Andradas, o Bar Buraco da Onça, na avenida Leopoldino de Oliveira, o “Bar do Omar”, na praça d’Abadia, o “Tip-Top”, “Galo de Ouro”, “Guarani” e o “Marabá”, um pertinho do outro, na Leopoldino entre Artur Machado e Segismundo Mendes, foram locais de encontro que marcaram época na terrinha...De todos eles (outros que não citei por absoluta falta de memória), sempre se guardou uma saborosa história. Figuras assíduas identificavam o bar com os seus frequentadores. Muitos desses bares aumentaram seus serviços e transformaram-se em bares e restaurantes. Aliás, até que é muito “chique” falar “ bar e restaurante”, ou não ?

Bar e restaurante Três Coroas - (fechado)


Bar restaurante Viúva, (fechado)

Bar Mil Reis - Atualmente funcionando na Praça Manoel Terra, 382 no bairro Nossa Senhora Abadia em Uberaba, MG 



Bar Babalu - Atualmente funcionando na Av. Almirante Barroso, 319 - Fabrício, Uberaba - MG - Telefone: (34) 3332-6657


Bar do Archimedes - Atualmente funcionando na R. Tiradentes, 121 - Fabrício, Uberaba - MG, 38065-010 Telefone: (34) 3312-2050


Bar do Caixeta - Esquina da Rua Capitão Manoel Prata com a rua José de Alencar (demolido)


Bar do Dica, avenida Fernando Costa, 43 – Bairro: São Benedito (fechado)

Bar e restaurante Três Coroas - (fechado)

Bar Buraco da Onça, (fechado)

Bar do Yassu, Rua Tristão de Castro, 457 – Bairro: São Benedito, Uberaba – MG. (fechado)  

No inicio dos anos 60,frequentei, com muita assiduidade, um dos lugares mais de Uberaba e, como eu, quase que a cidade inteira: o bar e restaurante “ 3 Coroas”, na simpática Vila Maria Helena, rua Boa Esperança com Tenente Joaquim Rosa. “3 Coroas”, nome pomposo!

Coroa é símbolo de dinastia imperial e monárquica, pois até o luminoso da casa, mostrava 3 coroas imperiais superpostas uma a outra. Mas, porque “3 Coroas”?, era a curiosidade geral. Como teria originado o nome? Não me faço de rogado e prazerosamente, conto-lhes a história. O patriarca Abrahão Miguel e a esposa dona Helena, resolveram mudar-se de sua querida Veríssimo, vizinha ‘de grito” de Uberaba, aonde desde que vieram da Síria para o Brasil, “fincaram pé”e constituíram família. Família grande, diga-se. Muitas filhas e dois homens. Esses, logo casaram-se e “bateram asas” pelo mundo. Das moças, as mais velhas logo também casaram e as três “caçulas”, solteiras e inseparáveis e também inseparadas dos pais. Veríssimo estava ( como está te hoje), parada no tempo. A sorte seria tentada em cidade maior. Por que não Uberaba? Aqui, a família assentou barraca, trabalhando sempre.”Seo”Abrahão morreu. Anos depois, dona Helena. Restaram as 3 solteiras. Na portinha da casa, vendiam o “jogo do bicho”, uma verdurinhas, uma cervejinha, um “tira-gosto” e, eis que de repente, não mais que de repente, estavam as irmãs, Zaíra, Síria e Abadia, fazendo quibe assado, quibe frito, quibe “nie”, malfufe, ariche, “tirrine”, “mijadra”,pão sírio, churrasquinho e a freguesia aparecendo ao fim da tarde.

Um freguês conta para o amigo, que conta pro outro amigo, que leva outro amigo, que convida o terceiro amigo; uns levam os apetitosos aperitivos para casa e. logo, logo, a fama se espalhou; todo mundo querendo saber onde era a casa que vendia comida árabe. Solteironas convictas, educadas e alegres, além de super simpáticas até a raiz do cabelo, tratando a freguesia que aumentava dia a ia, com cortesia e delicadeza, além dos pratos de primeira qualidade, cerveja geladinha, “papo” dos melhores, a salinha foi se tornando pequena. Nildo Barroso, ia todo fim de tarde e levava os amigos.-“Vamos lá na Coroas”...”coroa”, todo mundo sabe , afetivamente, é a mulher de meia-idade e geralmente solteira. Não deu outra.-“Vamos lá nas Coroas?”-“Onde?””Nas 3 Coroas!”O nome “pegou” como cola de visgo.

No bar e restaurante, ficaram mais de 30 anos, recebendo bem a todos, brancos, negros, ricos, pobres, solteiro , casado, “tico tico no fubá”, namorados, as “ 3 Coroas” era sinônimo de encontro de amigos. Cansadas da labuta diuturna, passaram o comando aos sobrinhos, Samir, inicialmente e depois à Deladier e Tuffy Jr., dentistas que, sem deixarem a profissão,deram sequência, por algum tempo, ao grande amor d as “tias”:o Restaurante 3 Coroas” e o mesmo padrão de qualidade. As 3 coroas, foram descansar. Deus chamou-as para o seu reino. Primeiro, a Síria.Depois, a Zaira e por último, a “caçula” Abadia...Meus olhos estão marejados de saudade... com elas morreu o primeiro restaurante de comida árabe na sagrada terrinha... (Luiz Gonzaga de Oliveira)

Reunião entre amigos na Choperia Archimedes

 3ª Reunião em 26 de março de 1999 - Foto 1


Presenças: Dorival Cicci, Mario Arruda, Ely, Mário Alonso, Reynildo Chaves Mendes, José Antônio e Mário Eduardo.


 3ª Reunião em 26 de março de 1999 - Foto 2


 3ª Reunião em 26 de março de 1999 - Foto 3


 3ª Reunião em 26 de março de 1999 - Foto 4

4ª Reunião em 28 de maio de 1999 - Foto 1       


4ª Reunião em 28 de maio de 1999 - Foto 2


4ª Reunião em 28 de maio de 1999 - Foto 3

4ª Reunião em 28 de maio de 1999 - Foto 4

4ª Reunião em 28 de maio de 1999 - Foto 5

5ª Reunião em 27 de agosto de 1999 -  Foto 1

5ª Reunião em 27 de agosto de 1999 -  Foto 2

5ª Reunião em 27 de agosto de 1999 -  Foto 3

5ª Reunião em 27 de agosto de 1999 -  Foto 4

(Fotos do acervo pessoal de Dorival Silveira Cicci)




 História


Casa antiga, repleta de portas e janelas, mesas de madeiras com tampos de granito, cadeiras singelas e uma imensa geladeira de quatro portas compunham o cenário do bar que nasceu em 1952 e deu origem a tradicional Choperia do Archimedes. A bola que ainda rola e gera paixões variadas era tocada com maestria, naqueles tempos, pelo Esporte Clube Fabrício que sagrou-se, inesperadamente, campeão do disputado Campeonato Amador de Uberaba daquele ano.

A conquista, que teve entre seus destaques o Zé do Quelé, que juntamente com o senhor Archimedes Geraldo de Almeida, decidiu abrir o Bar Campeão em homenagem a grande façanha do Fabrício. Atrás do balcão, Archimedes misturava com maestria o excelente bom humor, o sorriso largo, com a firmeza de quem recebia os fregueses na própria casa, afinal, como se diz, ali trabalhava sua família.

Naquele tempo, é bom que se diga, a esquina da rua Padre Zeferino com a Tiradentes era um subúrbio charmoso, entre muitas árvores, grandes quintais e ruas de terra batida. A Igreja de Santa Terezinha, já erguida, era a referência do alto do Fabríco. A casa, construída há mais de cem anos, pertenceu inicialmente a Antonio Pedro Naves que a vendeu a Paulo Finhold, que por sua vez, repassou o imóvel ao senhor Archimedes Geraldo de Almeida, cuja família detém até hoje a propriedade do imóvel.

Alegre e sistemático o Archimedes mantinha a freguesia servindo cervejas tradicionais, bem geladas, cachaças de alambique, com destaque para a Sacramentana e, claro, os quitutes que saiam da cozinha, especialmente o bolinho de bacalhau. Sem dedilhado de violão, sem moda de viola, sem radiola ou eletrola, o bar mantinha-se num sóbrio falatório e com a disciplina desejada; fechava as portas pontualmente à meia noite.

Mesmo sem colocar placa na porta, à medida que o campeonato do Fabrício foi se distanciando pelo tempo, o nome Bar Campeão foi gradualmente substituído por Bar do Archimedes no fim dos anos cinqüenta. Nesta mesma toada, o senhor Archimedes, que passou a ser o único dono do bar, manteve o negócio até o princípio dos anos 80, quando já era conhecido como referência de chopp bem tirado em Uberaba e região.

Entre as passagens interessantes nos anos 50, apesar da ausência de música ambiente na Choperia do Archimedes, está o fechamento do bar por um dia devido a um luto curioso. A morte do cantor Francisco Alves, no dia 27 de setembro de 1952 num desastre de automóvel. A mesma homenagem não foi prestada a Getúlio Vargas, então presidente da República, que se matou em 24 de agosto de 1954. De fora do balcão contam-se também histórias interessantes do garçom Eurípedes Rodrigues de Abreu. Ele, sem qualquer cerimônia, recomendava aos clientes, mesmo aos mais ilustres, a suspensão dos drinks para evitar exageros na embriagues.

Desde então a Choperia do Archimedes passou por inúmeras mãos até encontrar os atuais proprietários que conseguiram restabelecer a tradição da casa, ampliar seu espaço físico e diversificar a clientela. Saulo Kikuchi e Donato Cicci Neto modernizaram a gestão do negócio, ao mesmo tempo, em que restauraram a casa centenária, mantendo suas características originais, cuja arquitetura colonial, gera grande interesse por parte dos clientes locais e de outras cidades. Não é exagero dizer que a Choperia Archimedes é hoje uma forte atração turística na cidade de Uberaba.

Proprietário:Saulo Kikuchi

Fonte - Choperia do Archimedes

Site: www.choperiarchimedes.com.br/

Menu choperiarchimedes.com.br 



Fone: (34) 3312-2050



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Primeiros Filmes de Júlio Bressane


MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA
Os Fios das Tragédias


Guido Bilharinho




         Os ficcionistas de modo geral, quando verdadeiramente artistas, mais do que representar ou recriar a vida, a criam em sua obra, aduzindo, como disse o poeta (Arici Curvelo, em “Às Vezes”), mais vida às existentes, engendrando novas realidades que se somam e expandem as realidades existentes.

         É o caso do filme Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), de Júlio Bressane.

         Nele desfila série de dramas familiares desaguados em tragédias.

         A partir do drama dantesco do filho assassinar friamente e a navalhadas seus pais e, após, ir tranquilamente ao cinema, Bressane articula diversas ocorrências semelhantes, sempre nos limites da organização familiar e sempre, também, em cima da insatisfação ou da condição amorosa e sexual.

         A princípio poder-se-ia tentar ver nessa opção ficcional inspiração e influência das obras de Nélson Rodrigues que perfilham semelhantes preocupações.

         Nada mais diferente, porém.

         A começar que a dramaticidade bressaniana é altamente elaborada, tanto do ponto de vista concepcional quanto expressional, conforme binômio propugnado por Hegel.

         Ao contrário, pois, da obra de Nélson Rodrigues, confrangida quase sempre em estreitos limites conceituais, a de Bressane finca suas raízes nos arquétipos universais mais autorizados da criação artística – não de simples recriação, como dito – fundamentada na estrutura psicossomática mais profunda, geral e permanente do ser humano.

         E o faz mediante construção estética na qual a narrativa apresenta alto grau de sutileza, refratária à apelação usual no tratamento dessa temática.

         Se os protagonistas das estórias que cria perdem-se em atos violentos contra seus entes próximos ou contra si próprios, a motivação que os leva a essas atitudes drásticas – inimagináveis num contexto familiar – e a criação cinemática dos fatos não descambam para descontrole emocional patológico, mantendo domínio de seus elementos deflagradores tanto quanto das circunstâncias em que se desenrolam e das modalidades que assumem.

         Há um fio condutor comum a todas essas ocorrências, seja a insatisfação sexual e convivencial da personagem casada que se isola com a amiga em sua propriedade de recreio e lazer; seja a procura de satisfazimento sexual emocional da jovem com sua amiga; ou, ainda, o ambiente sufocante do lar do assassino dos pais e a constante irritabilidade de seu pai; ou, finalmente, o paroxismo revoltoso do marido relapso face às invectivas agressivas da esposa.

         Essa constante detectada em todos os episódios apresenta, no entanto, características próprias em cada caso, não obstante seu extravamento paroxístico e violento, condição ou peculiaridade da espécie humana quando submetida a graus diversos de pressão e contrariedades viscerais, nos limites e circunstâncias da formação e estrutura pessoal das personagens, como, aliás, nem poderia deixar de ser, já que todo ser humano constitui pequeno mundo que se articula, nos relacionamentos e convivências, com outros micro mundos semelhantes.

         Ressalta-se no filme, além disso, a economia da construção ficcional, sintetizando em poucas cenas a ambiência comportamental, convivencial e conflitiva das personagens, perfeitamente contextualizada.

         Por fim, o jovem que assassina seus pais vai ao cinema assistir Perdidos de Amor (1953), dirigido por Eurídes Ramos, com argumento de J.B. Tanko, película que possivelmente indica (a conferir) a chave ficcional (ou uma delas) do filme ora comentado.

(do livro Seis Cineastas Brasileiros. Uberaba,
Instituto Triangulino de Cultura, 2012)

______Matou a Família e Foi ao Cinema
______

       
(Obras-Primas do Cinema Brasileiro:
toda segunda-feira novo artigo -

______________

Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de Literatura (poesia, ficção e crítica literária), Cinema (história e crítica), História (do Brasil e regional).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Ex prefeito, ex deputado federal e empresário, Hugo Rodrigues da Cunha.

Hugo Rodrigues da Cunha e o governador Newton Cardoso.
Década:1980     

Na foto, a esquerda, Hugo Rodrigues da Cunha quando deputado federal, acompanhando o governador de Minas Gerais na época, Newton Cardoso, em uma de suas visitas a Uberaba.

Foto: Paulo Nogueira   

(Acervo pessoal do jornalista Paulo Nogueira)  

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

UBERABA QUE BRILHA

Os brilhantes jornalistas e fraternos amigos saudosos, Ataliba Guaritá Neto ( Netinho ) e Raul Jardim, sempre usaram as páginas do tradicional, simpático, austero e falecido “ Lavoura e Comércio”, duas frases que marcaram seus leitores. Ao se referirem a uberabenses que obtinham sucesso fora da terrinha, exclamavam de peito cheio e escreviam com entusiasmo” uberabenses que brilham” e “Uberaba está em todas”. Verdades mais que verdadeiras.
Com efeito, as frases espelhavam a vitória e o sucesso maiúsculos dos nossos conterrâneos em plagas distantes. Em qualquer campo de atividade sempre existia um uberabense vitorioso.E isso era bom para Uberaba ? Claro ! Conquistas de amigos sempre massageam o nosso ego...
Jamais direi que o uberabense seja cigano, que adora aventura. Dizem que o “uberabense é igual formiga cabeçuda, aparece em toda parte”, expressão jocosa de dizer da presença de uberabenses em locais até inimagináveis...
Tento entender esse êxodo da terrinha como falta de opção de trabalho, de oportunidade ou mesmo o cerceamento do seu sucesso profissional por motivos até então, ignorados...
Esse êxodo foi mais forte em outros tempos.A cidade cresceu, os horizontes se alargaram, a oferta de emprego, apesar dos maus momentos que o Brasil atravessa,aparecendo, embora timidamente, nota-se o reconhecimento ao talento profissional dos nossos jovens . Fatores que não invalidam a forte tendência dessa juventude deixar a cidade, à procura de novos meios de vida.
A classe média e média alta, de meia idade, que está “bem de situação”- aqui ou em outra cidade-, normalmente afirma:- “ Uberaba é uma cidade ótima para se morar, excelente qualidade de vida, povo hospitaleiro, alegre, divertido”... Quando chegar a velhice, volto para a minha terra”...
Não há mais aquele louca vontade, necessidade imperiosa de ir ganhar dinheiro lá fora. Quem quer , de fato, trabalhar, Uberaba oferece meios e muitos. Basta ter coragem, vontade e disposição para o trabalho que ele aparece, pois, desafios , lutas, esforços, obstáculos, encontram-se em toda parte. Basta coragem, persistência, vontade de vencer !
Lamento só uma coisinha que muito me encasqueta: é a mania (feia, por sinal )do uberabense imitar outro uberabense. Explico melhor. Se você monta um bar, obtém sucesso, freguesia, começa a ganhar seu suado dinheirinho, mais que depressa um conterrâneo “acha” de montar um bar, igualzinho ao seu, local pertinho do seu preço melhor que o seu... Montar uma butique para a filha ou esposa, consegue sucesso, logo vem, coladinho a butique da família, a concorrência, nem sempre leal. O cidadão instala um boteco com churrasquinho na porta, mesas na calçada, lá vem o seu concorrente com a mesma “ideia”.... incomoda,né ?...

A GONORREIA DO AMIGO

A coisa mais comum, aliás, “coisa não”, doença mais corriqueira, porém perturbadora que existia até alguns anos passados,principalmente entre os jovens, era a doença venérea. “Mula”,” cancro”, “cavalo de crista”, eram o terror da moçada. A mais comum, a blenorragia, vulgarmente conhecida como “gonorréia”, era o suplicio dos garotos iniciantes na vida sexual. Doença venérea até uns 40 anos atrás, era um verdadeiro “tabu”. Longe das escolas , das palestras médicas, das orientações sexuais, a doença, ao se manifestar, o paciente, de imediato, era encaminhado ao médico da família. Os tempos eram outros e a discussão nem sequer passava pela intimidade doméstica, e, Deus nos livre e guarde ! pelos bancos das escolas . Assunto quase proibido! Proibido era também falar , nas mocinhas, nossas irmãs, em inicio da menstruação. Hoje, não. Graças ao avanço do ensino, a clarividência dos pais, a quebra da hipocrisia da sociedade, esses “tabus” se discutem nas salas de aula, a menstruação, doenças venéreas, drogas, fumo, vícios de uma forma geral, no mais amplo sentido de alertar a juventude para os perigos que rondam, diuturnamente, a vida. 

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Cerejeiras em Flor bela parada de elegância no Grande Hotel de Uberaba.



       Se os primeiros anos foram agitados, os anos 1940 em Uberaba trouxeram novidades como a inauguração do Grande Hotel e a passagem do Ano Novo. E nos anos seguintes o Grande Hotel e o cine Metrópole seguiram criando moda, revolucionando os costumes e se consolidando como o principal destino do turismo no Brasil central. Construído em 15 meses, foi o primeiro arranha-céu da região. Dispunha de 100 apartamentos e 40 quartos. Na mesma ocasião foi inaugurado o Cine Metrópole, ao lado. Começam a se formar turmas de jovens no centro que elegem esquinas e praças para as reuniões, onde criavam e mantinham as festas do carnaval e juninas. O ponto mais famoso dessas reuniões era o (footing ),na Avenida Leopoldino de Oliveira.

(Antônio Carlos Prata)

Locutor Joao Roberto Correa.

Schroden Film.



Postado por (Uberaba em Fotos)            

ANIVERSÁRIO DO CEL. GERALDINO RODRIGUES DA CUNHA AOS 78 ANOS, EM 1942


Cel. Geraldino Rodrigues da Cunha era filho de Manoel Rodrigues da Cunha, que pertenceu à primeira Câmara Municipal de Uberaba, ao lado do Capitão Domingos da Silva e Oliveira, irmão de Major Eustáquio. Nasceu em 24 de setembro de 1865 em Uberaba – MG, falecendo no mesmo município em 22 de maio de 1955. Casou-se duas vezes, primeiramente com Mariana Ambrosina de Castro, que faleceu em janeiro de 1910 e, posteriormente, com Elvira Andrade da Costa – falecida em 1976. Teve 28 filhos, sendo 11 do primeiro matrimônio e 17 do segundo. (CUNHA & AMATO, 2008 p. 238).

Foi agropecuarista, constituinte estadual (1894), vereador e agente executivo (1927), além de ter sido um dos fundadores do Clube da Lavoura e Comércio de Uberaba e do Jornal Lavoura e Comércio (1899). Como Agente Executivo chegou a desapropriar o Cine São Luís, posteriormente adquirido por sua família, e executar reparos no telhado do Mercado Municipal, então inaugurado em sua administração. Durante sua gestão foi fundada a Escola Técnica de Comércio José Bonifácio, em 1924.

Em 1906 foi a vez dos criadores de Uberaba/MG Teófilo Rodrigues da Cunha e Geraldino Rodrigues da Cunha financiar a viagem do emissário e engenheiro francês Alberto Parton a continente asiático para compra de zebuínos indianos. O objetivo da expedição foi cumprido com sucesso, pois foi comprado um lote de 40 Guzerá que chegaram as fazendas destes criadores em perfeito estado. (LOPES & REZENDE, 2001 p. 33).

O Coronel Geraldino, como era conhecido popularmente, foi proprietário da fazenda do Rio do Peixe, em São Miguel de Veríssimo (antigo Distrito de Uberaba). Nessa propriedade produzia açúcar, serraria, café e olaria. Após aderir à criação do zebu em 1906, tornou-se um criador aficionado. Colaborou para criação da Sociedade Herd Book Zebu, da qual foi seu primeiro presidente de (1919-1924). Importante considerar seu protagonismo em acontecimentos chave para o desenvolvimento e amadurecimento do espírito corporativo da pecuária zebuína.

A princípio, utilizava o zebu para a mistura do gado crioulo, pois visava o aperfeiçoamento, a precocidade e a melhor produtividade de seu rebanho. Na exposição de 1911, o seu boi “talho meio sangue” ganhou medalha de ouro. Em 4 de julho de 1934 estava entre os convocados para fundar a SRTM – Sociedade Rural do Triângulo Mineiro – atual ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu. (CUNHA & AMATO, 2008 p. 238).



Vídeo: Schroden Filmes.

Este documentário foi postado em 24-08-2015. Filme autorizado pela família do Sr.Antonio Ronaldo Rodrigues da Cunha a Uberaba em Fotos.

MARVADA PINGA


A família Borges de Araújo, pela sua honradez, pelo acendrado amor a Uberaba, é credora de todas as homenagens que a terrinha pode prestar a um dos ramos mais tradicionais que sempre propugnou pelo seu progresso, seu engrandecimento e crescimento populacional. Os Borges de Araújo detém uma árvore genealógica frondosa e muito ramificada. Borges casado com Araújo, Araújo casado com Borges, Borges casado com Cruvinel, Borges casado com Bento, Borges casado com Moraes, Borges casado com Prata, Borges casado com Oliveira, Borges casado com Cunha, Borges casado com Rodrigues da Cunha e por aí afora...O velho Abilio Borges de Araújo, nome de rua ( ou avenida?)no bairro da Abadia, foi um homem de coragem e empreendedor. Fazendeiro ativo, negociante de gado dos melhores, adentrava os sertões regionais, ``a procura das melhores cabeças de gado, machos e fêmeas. À acompanhá-lo nas viagens, um fiel grupo de peões, homens de sua inteira confiança e que, qualquer problema que houvesse nas suas andanças, resolviam a parada na hora e “à sua maneira”...entenda-se a dita cuja...
Lá pelos anos 40 do século passado, “seo”Abílio comprou uma boiada em Goiás, pelas bandas de Rio Verde e foi com a peonada, buscá-la. Seu irmão Totonho, também comprador de gado, adquiriu outra “partida”e seguiram juntos para aquelas ricas e férteis paragens. Totonho, na frente e um pouco mais atrás, o Abilio. Uma doença no gado começou a aparecer, peste ?, quem ia saber ?, o mano perdeu várias cabeças. Por um “estafeta”, tratou de avisar o irmão que vinha com a boiada bem mais longe. Ao receber o aviso, desorientado, com receio que a sua boiada “pegasse”também a doença, Abílio , que gostava e não dispensava uma “branquinha”, ordenou que a tropa parasse no primeiro “ponto”. Mal sabia ele que o “ponto”era uma aldeia de hansenianos , ou “doentes do mal” como se falava naquele tempo.Mesmo assim parou. Nervoso com o que podia acontecer com o gado, tomou umas doses meio avançadas da “água que passarinho não bebe”. Mais “prá lá do que prá cá”, convidou o chefe dos hansenianos a beber com ele.- “Mas, chefe”, ponderou o Vicentão.-“Que nada, vai buscar o homem, tô mandando”... Ordem dada, ordem cumprida.Beberam prá valer. Lá pelas tantas, Abílio, ofereceu ao doente os seus chinelos;depois, o colchão de dormir, em seguida, deu-lhe o prato e a colher que se servia nas refeições. Tudo na frente da peonada com cara de espanto e surpresa. No outro dia, não resistindo a tanta pinga ingerida, o doente morreu. Choro de todo o lado. Carregado pelos outros doentes no “bangüê”, um varal que carregava defunto, foi sepultado numa cova rasa à beira da estrada.

DISCURSO DOS BORGES


Uberaba, ao contrário do que muitos pensam, teve outros políticos bons, independentemente dos mais tradicionais , conhecidos e famosos, Mário Palmério, Fidélis Reis e João Henrique Sampaio Vieira da Silva. Isso, apesar de apenas um deles ter nascido na sagrada terrinha, Fidélis Reis, já que Mário Palmério veio ao mundo em Monte Carmelo (MG) e João Henrique, no Maranhão. De lá prá cá, não preciso dizer mais nada. Todos conhecem a péssima safra de “representantes de Uberaba” que tivemos e... temos!...
Mas, como soe a acontecer em cidades como a nossa, à falta de oportunidades , os filhos da terrinha se mandavam , iam ( e vão até hoje)conquistar outras plagas, o seu lugar ao sol na política. Homens como o inesquecível prefeito do Rio de Janeiro, então capital federal, a “cidade maravilhosa” já teve, Alaor Prata, o ex-governador de Mato Grosso do Sul ( apesar dos pesares),Marcelo Miranda Soares, o irmão e ex-senador por Goiás, Mauro Miranda, o ex-prefeito e deputado federal por Londrina e norte do Paraná, Wilson Moreira,além de outros menos votados. Um deles, embora não muito conhecido na terrinha onde nasceu, pontificou-se na política de Goiás, senador pelo vizinho Estado por 4 (sim, 4 !)legislaturas. Seu nome ?Antônio Borges de Araújo, conhecido como Totonho Borges de Araújo, do tronco de duas das mais tradicionais famílias uberabenses, os “Borges” e os “Araújo”. Totonho, no dizer dos políticos da época, mandava no sertão goiano, pois que, uma das suas “virtudes” era ser sogro do famoso e lendário Governador de Goiás, Pedro Ludovico, o construtor da capital, Goiânia e o mais ilustre mandatário das terras goianas até aos dias de hoje.
Na última eleição que participou, o velho Totonho Borges, andava “meio em baixa” com seus eleitores da região de Rio Verde, Jataí e adjacências, seu reduto eleitoral. Precisando de ajuda, escreveu longa e chorosa carta ao irmão, em Uberaba, político e vereador atuante na terrinha, o “coronel” Lucas Borges, que, em dias de hoje, tem nome de avenida no bairro do Fabricio. Bem falante, orador de “primeira”, o “coronel” Lucas Borges encomendou um discurso ao Militino Pinto de Jesus, jornalista da “Gazeta do Triângulo” e, de posse do dito cujo, se mandou para Rio Verde, a fim de ajudar na reeleição do irmão.
Um grande comício marcado para a praça principal de Rio Verde, Lucas Borges, mostra ao irmão, Totonho, o discurso que ia fazer. Totonho, gostou do que estava escrito, tomou o discurso do irmão e, de forma eloquente,foi aplaudidíssimo. Ao ser apresentado como irmão do senador e vereador em Uberaba, naqueles saudosos e velhos tempos, conhecida com a “capital do Triângulo”, Lucas, sem o discurso em poder do irmão, não perdeu a “pose”; começou sua “fala” de maneira entusiasmada:- “Goiás- terra desgraçada- povo infeliz e sofredor- na minha Uberaba nunca passei de um pobre chefe político- eis que aqui nessa terra, tenho um irmão que é senador!”
Fim da história : o “coronel” Lucas Borges e seu irmão, Totonho Borges, desceram do caminhão aplaudidíssimos , carregados nos ombros dos goianos e Totonho, com a reeleição garantida...
Bom fim de semana a todos. Segunda-feira, conto um “causo”de gonorreia...

Luiz Gonzaga de Oliveira

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Reynildo, o amigo



“Dizem que sempre chove quando morre uma boa pessoa. Assim foi nessa segunda-feira, com uma chuva intensa em Uberaba, na despedida de Reynildo Chaves Mendes. Um articulador político brilhante, que foi uma das vozes mais ouvidas e reverenciadas nos anos 70, chegando a integrar o governo de Silvério Cartafina Filho. Tinha sempre uma observação perspicaz, uma opinião sensata, uma ação conciliadora. Sabia fazer amigos e conservá-los por toda a vida. Tenho as melhores lembranças desse que foi um dos grandes amigos do meu pai e por quem sempre nutri grande admiração. Vai deixar saudade, muita saudade. À família, o nosso abraço fraterno nessa despedida de Reynildo, o nosso Rey.” Texto de nossa Diretora Lídia Prata Ciabotti em sua coluna Alternativa de 17/01/2017.

Esta crônica não poderia ter um início melhor. As palavras de Lídia me inspiraram para falar sobre o amigo Reynildo Chaves Mendes. Quanto é difícil abordar o meu “Rey” se suas dimensões vão muito além do que minhas vistas alcançam. Vi seu nome pela primeira vez nos jornais pelos idos de 1963 quando, por pouco, não perdeu a vida ao lado de seu amigo Ossean Sousa Borges. No quesito amizade, Reynildo era um mestre e sabia exercê-lo como poucos.

Acompanhei sua trajetória daí por diante e meu voto lhe dei quando se candidatou a vereador. Os parlamentares de então que o digam: correto, comedido, ético e seu amor por Uberaba se igualava ao de sua família. Qual não foi minha feliz surpresa quando soube que ele é neto do benfeitor João Augusto Chaves, patrono da minha Escola Professor Chaves. Com Djanira Macedo Chaves constituiu prole em que o ser sempre está acima do ter. Luciana, Milton e Taciana sempre tiveram dos pais exemplos eloquentes de como se conduzir com dignidade. Os netos Pedro Henrique e Victor, com os genros Luciano e Carlos Eduardo sabem que reeditar Reynildo não é tarefa fácil, porém extremamente nobre.

Guardei por 36 anos o que revelo publicamente agora: sendo alvo de extrema injustiça onde eu trabalhava, recorri ao prefeito Dr. Silvério Cartafina Filho, e Reynildo era seu Secretário de Governo. Após me ouvirem e vendo a minha limpeza de propósitos, ambos se deslocaram até o meu algoz e, junto ao juiz de direito Dr. Luiz Manoel da Costa Filho frustraram, no ato, a barbárie que a mim seria perpetrada. Daí por diante a gratidão regou a minha sólida amizade pelos três.

Visitei Reynildo em seus últimos dias na UTI. A seu lado os filhos Milton a Luciana registraram a minha tristeza quando o amigo inerte não me respondeu. Ali mais uma vez comprovei o que disse Lídia Ciabotti: “Sabia fazer amigos e conservá-los por toda a vida”.

Quando morre um verdadeiro amigo, morremos um pouco também. Com ele vai esse pouco que na realidade era tão grande. Esse amigo é Reynildo Chaves Mendes, cuja partida me faz refletir e concluir que a morte só existe para quem acha que a vida termina aqui. Eu não sou esse.

Até um dia amigo. Nossa amizade fará o nosso reencontro.

João Eurípedes Sabino - 03/02/2017

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

DIA DE SANTOS REIS

6 de janeiro, dia consagrado aos santos Reis Magos . Para os cristãos o nascimento de Jesus é visto em duas oportunidades e duas imagens: uma , a 25 de dezembro, a do boi e do burro no presépio e, em 6 de janeiro a dos três Reis Magos na cocheira diante do menino Jesus.

LEMBRANDO O VELHO CHICO VELUDO

Permitam-me, volto hoje, a lembrar de Chico Veludo, exatos 45 anos do seu trágico desaparecimento.. Chico Veludo foi um dos poucos políticos sérios e honestos que merece estar na mesma galeria de Mário Palmério, Fidélis Reis e Hugo R.Cunha

UNIÃO

Roer as unhas , resmungar pelos cantos da casa, falar mal da vida pessoal do desafeto, irritar-se pelo sucesso dos outros, empenhar-s em atos maledicentes, fuxicar lembranças não verdadeiras, quase sempre fazem parte do que a sociedade alcunha de “fofoqueiro”.

AMIGOS


Estava a dialogar com meus botões como a vida é cíclica e como as coisas mudam num piscar de olhos.Lembrei-me dos amigos. Aqueles que não mais convivem conosco, passaram desta para a chamada “vida melhor”. Começo do meu ídolo, Dondico, meu pai. Os bi-campeões mundiais, Djalma Santos, Nilton Santos, os irmãos Jorge Farah Zaidan, Ramon Rodrigues, Ataliba Guaritá Neto (Netinho),Raul Jardim, J.Carvalho, Tuffy Idaló,Joel Lóes, Sherlock,Mozinho,Cacildo,Filipe,Adilson, Tôco,Zé Brevez, amigos-irmãos com quem convivia,participando dos saudosos “bate-papo”,bebendo do nosso café, saboreando a nossa cervejinha semanal, conversando sobre os mesmos assuntos, vendo e vivendo os mesmos problemas, vibrando e torcendo pela vitória dos nossos, alegrando com as nossas alegrias,

UBERABA – TRADIÇÃO E CONSERVADORISMO

O tradicional e o conservador sempre andaram de mãos dadas. Onde está um, normalmente se junta o outro. Parecem irmãos siameses. Uma cidade quando jacta-se de ter tradição , evidente que fala mais alto o seu conservadorismo. Daí as especulações sempre discutidas quando se fala de Uberaba. É inegável, nossa cidade é ainda uma das melhores para morar, criar família e “aproveitar a vida”, segundo afirmam os mais apaixonados. Quem tem uma bela e polpuda aposentadoria, um bom emprego, saúde perfeita, carro do ano, ou as graças e beneplácitos dos políticos de mando, não encontram dificuldades em viver no “bem- bom”...

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE X FAZENDEIROS

(Próxima escola a desfilar na avenida: Unidos do Pé de Cana....Cor? Verde...)


Ganha repercussão nacional o enredo da E.S.”Imperatriz Leopoldinense”,várias vezes campeã do mais famoso carnaval do mundo, o da “Marquez do Sapucaí”, no Rio de Janeiro. O tema enfoca o “Parque Nacional do Xingu”, índios, devastação da floresta amazônica e “meio ambiente”. O tema alcançou dimensões enormes em se tratando do “vespeiro” que o carnavalesco da “Imperatriz”,Cahe Rodrigues, autor do enredo, se meteu. Todas as entidades classistas ligadas ao agronegócio,inclusive a nossa ABCZ, a mais influente do setor, se levantaram de forma uníssona, protestando o que chamou de “grande ofensa” da atividade que representa 22% do PIB nacional. 
O samba-enredo da escola”Xingu-o clamor que vem da floresta”, aborda a contribuição dos povos indígenas à cultura brasileira, numa mensagem de respeito à preservação da natureza e a biodiversidade. A preservação sem controle , a derrubada das matas, as queimadas e outros feitos desenfreados em nome do progresso e do desenvolvimento nacional. O uso excessivo do agrotóxico, o risco que causa à saúde, sem sinalizar o setor do agronegócio e seus trabalhadores. É uma mensagem, ao dizer da “Imperatriz”, “de preservação, respeito, tolerância e paz. Nada mais que isto”. 
Na contestação, as lideranças do agronegócio, afirmam que o agrotóxico e defensivos agrícolas são produzidos por “multinacionais” e acobertados pelos órgãos sanitários brasileiros, que não pode induzir a nossa gente que o produtor está incorrendo em delito ou ato ilícito.
A polêmica está aberta !
Que a safra de grãos este ano será a maior de todos os tempos,é sensacional! Que o setor emprega 19 milhões de trabalhadores, é uma grande verdade. O campo sustenta a nação !
À sua reflexão: - o desmatamento sem controle da floresta brasileira, é inegável. Que terras indígenas são tomadas, griladas, diáriamente, não se tem como desmentir. A obsessiva e desmensurada invasão de terras no sudeste, noroeste e norte do Brasil, com homicídios indiscriminados de gente da terra, a imprensa noticía, cotidianamente. Que o Brasil está repleto de “gringos” (principalmente no norte do país), todo mundo sabe.Inclusive as nossas autoridades. Que as nossas riquezas naturais, extrativas, florais e outras por nós desconhecidas, estão sendo exportadas (?), é uma cristalina e imperiosa verdade.Só não vê que não quer ver. 
Não precisa ir muito longe, não. Na “nossa cara”, nas nossas fazendas, o gado “sumiu”.Mudou de pastagem. A agricultura alimentar “foge” à passos largos. Nossas terras, ontem agricultáveis, principalmente depois de criado o “Polocentro” e a “Bolsa de Arrendamento de Terras”, que bateu recordes de produção graneleira, tornaram-se florestas verdes de cana de açúcar. Em qualquer direção regional, para qualquer lado onde se olha, desapareceu o gado de linhagem pura,teve fim a bacia leiteira, as plantações de arroz, milho, feijão, soja, sorgo, café e etc., cederam lugar à vastidão do plantio da cana de açúcar. As poderosas e modernas máquinas, tomaram o lugar dos “bóias-fria” de ontem. 
Até a nossa tradicional Expozebu,tem como escopo principal o avanço genético das raças indianas. Campeões,motivo de orgulho dos uberabenses, vão para outras paragens...
À volta da nossa micro-região, vê-se apenas cana de açúcar.A migração do homem do campo para a cidade, é inconteste. Uberlândia, Delta,Pirajuba, Conceição das Alagoas, Campo Florido, Nova Ponte, mantém suas usinas de álcool e açúcar.Pergunto: quantos empresários uberabenses são proprietários e ou acionistas dessas usinas? Qual a grande arrecadação de impostos que Uberaba recebe?
Ainda:centro maior do agronegócio brasileiro, Uberaba pergunta:-Cadê a Copervale? Onde foram parar os nossos curtumes? E o grande abatedouro de aves,suínos e bovinos, tão almejado? E as nossas fábricas de rações? Quando voltaremos a ter uma indústria de esmagamento de grãos? Por que não pensar numa planta de implementos agrícolas, à espera do gasoduto e da planta de amônia? E a efetiva implantação da ZPE para escoamento dos nossos produtos do campo? Qual a razão de não se criar a Universidade Rural do Brasil Central? A ABCZ é mantenedora de todos os cursos de formação do homem do campo .Qual a dificuldade em reunir as Faculdades em uma Universidade específica, a exemplo da Universidade Rural de Campo Grande, no Rio de Janeiro?
Seria grande resposta para um “mixuruca” samba-enredo de escola de samba carioca...


Luiz Gonzaga de Oliveira