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quinta-feira, 23 de março de 2017

Manoel Ubelhart Lemgruber


Manoel Ubelhart Lemgruber

No o ano de 1818 o rei D. João VI procurou atrair imigrantes europeus para o Brasil assinando, entre outra ações de incentivo, um decreto destinado a financiar-lhes a vinda e permitir a aquisição de terras, além de impulsionar a construção de edificações que agora deveriam estar à altura de um verdadeiro "Império soberano". Uma vez que a Corte havia sido estabelecida, o ensejo era dinamizar os núcleos urbanos (ou não) para modernizar o país - inclusive o Rio de Janeiro. Como se sabe, a ex-Colônia foi incorporada ao Reino de Portugal depois do fatídico 1808. E foi nesse contexto que algumas famílias suíças estabeleceram-se na região do Cantagalo, fundando fazendas como a chamada Morro Queimado. Em pouco tempo o alvará de 3 de janeiro de 1820 elevou a região à Vila de Nova Friburgo.

Fugindo das dificuldades vividas na Suíça, cerca de 2 mil colonos aventuraram-se na travessia do Atlântico. Contudo, muitos navios sofreram enormes dificuldades, sendo que as viagens chegavam a durar 120 dias de travessia. No Brasil as intempéries não cessaram diante da ocupação das terras inóspitas. Dentre os que participavam da imigração, que abrangeu os anos de 1819 e 1820, estava a família Lemgruber, originária do cantão da Argóvia, na Suíça alemã. Era constituída pelos pais, Inácio e Luzia, com os filhos Antônio, Fridolin, João, Blasius, Marcus, Maria e Fidelis, cujas idades variavam de 2 a 14 anos. Deles descendem os diversos ramos da família Lemgruber que hoje existem no Brasil.

"(...) Cerca de sessenta anos depois, em 1878, Manoel Ubelhart Lemgruber, que pertencia à primeira geração nascida no Brasil, era proprietário da Fazenda Santo Antônio, no município de Sapucaia no estado do Rio de Janeiro. Fizera cursos de engenharia e mecânica na Inglaterra e Alemanha, dominando fluentemente o inglês, francês e alemão. Procurava utilizar em sua propriedade as técnicas mais avançadas no setor da agricultura e da pecuária, fruto das observações feitas nos estudos e viagens que fazia à Europa".

Manuel Ubelhart Lemgruber conheceu o gado zebu em uma de suas visitas a Europa, ocasião que deparou com animais reunidos no zoológico Tiepark Hagenbeck, em Stelling, próximo a Hamburgo, de propriedade do comerciante de animais, o alemão Carl Hagenbeck. Ante aos zebuínos expostos no zoológico, agradaram-lhe animais da raça Nelore do tipo Ongole, dos quais encomendou um pequeno lote que chegou ao Brasil em outubro de 1878, (...) "chefiado pelo touro "Hanomet", cujo nome sofreu a corruptela para "Maomé", onde constavam também as vacas "Vitória" e "Gouconda", que se destacaram pela boa produção.

Os resultados revelaram-se promissores. Tanto que dois anos após, em 1880, ordenou a vinda de um segundo lote, que tinha como reprodutor o touro "Nero" e mais tarde, em 1883, um terceiro lote, com o famoso "Castor", animal que se tornaria inesquecível pelas qualidades e descendência. O plantel de Lemgruber cresceu e o efeito da aclimação do zebu a suas terras foi notório. Fazendeiros como o Cel. Augusto Lopes de Carvalho, Pedro Marques Nunes e Franscisco Machado Fernandes tiveram como sustentáculos de seus criatórios de zebu, o rebanho de Lemgruber.

Na compra de novas levas de animais importados, Manoel Ubelhart selecionava animais provenientes de diferentes fontes, mantendo troncos familiares embasados em três famílias diferentes a fim de evitar à consanguinidade. Também foi precursor, em outros aspectos, às técnicas que permitiam-lhe manter registro particular das reses, controlar a produção leiteira e abater animais que não manifestavam boas características raciais. Após Manoel, o primeiro membro da família a aderir à criação do gado indiano, foi seu primo Lourenço Augusto Lemgruber, proprietário da fazenda Boa Esperança, localizada então no município de Carmo, no Rio de Janeiro.

Na Primeira Exposição Nacional do Rio de Janeiro ocorrida em 1908, o primeiro prêmio foi atribuído ao touro "Pan", de Manoel Ubelhart Lemgruber, enquanto na Segunda Exposição, em 1917, o vencedor foi "Lamarão", de Lourenço Augusto Lemgruber. Na Quarta Exposição Internacional, que comemorava na ocasião o Centenário da Independência em 1922, o campeão foi "Louro", de Pedro Marques Nunes, também considerado parte da criação Manoel U. Lemgruber. Com a morte deste no ano anterior, seu filho Flávio Lemgruber deu continuidade à seleção do rebanho, buscando preservar as características que o distinguiam.

A expansão dos negócios teve prosseguimento com os filhos de Lourenço Augusto Lemgruber - Agostinho Lemgruber, Fidelis e Otacílio Lemgruber. A "linhagem Lemgruber", tocada por Paulo Lemgruber, filho de Otacílio Lemgruber, atravessou os tempos e é ainda hoje um dos maiores referenciais da raça Nelore, preservando características indianas ao bom aperfeiçoamento da mesma no Brasil. Além de ser a raça para produção de carne In Natura mais utilizada e abundante no Brasil, a raça nelore vem, principalmente nos últimos 30 anos, sendo utilizada para o aprimoramento genético. Atualmente esse processo vem crescendo gradualmente e se tornando uma das alavancas comerciais na agropecuária brasileira, recebendo destaque nacional e notoriedade internacional.