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segunda-feira, 3 de abril de 2023

PAULO JOSÉ DERENUSSON

O terceiro presidente da ACIU eleito para a gestão de 1929 foi Paulo José Derenusson, nascido em Petrópolis, RJ, em 1890. Filho de Leon Derenusson (Francês) e Joana Aska Derenusson (Alemã).
Veio para Uberaba para adquirir o ativo e passivo da empresa Dias Cardoso Ltda.. concessionária da FORD e se estabeleceu com o nome de Paulo Derenusson Cia. Ltda.

Paulo José Derenusson - Foto/ Acervo Aciu.


Cofundador da PRE-5-Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro, foi também um dos fundadores do partido da União Democrática Nacional - UDN, do qual foi o primeiro presidente. Elegeu-se vice-prefeito em 1950 com consagradora votação, eleição essa em que foi eleito prefeito, o médico Antônio Próspero do PTB.

Deixou o comando da empresa para seu filho Léo Derenusson, em 1962 e mudou para o Rio de Janeiro.

Paulo José Derenusson, casado com Luiza Aleixo Derenusson, faleceu em 20 de janeiro de 1967, deixando seis filhos. Atendendo sua última vontade, seus restos mortais foram enterrados em Uberaba, no cemitério São João Batista.

Em sua gestão na ACIU que se estendem até o final de 1932, teve como diretores- Vice-presidente, Santos Guido; 1° Secretário, João Rocha; 2° Secretário, Antônio Joaquim; 1° Tesoureiro, Aurelino Luiz da Costa e 2º Tesoureiro, Américo Mendes Russo

Foram épocas difíceis, de grandes transformações e de muitas realizações. A quebra da bolsa de Nova York em 1929 abalou a economia de todos paises. Em 1930 piorou a situação do Brasil em decorrência de desencontros nos conchavos da velha política do "Café com Leite". provocando uma revolução que só terminou com a vitória da Aliança Liberal comandada por Getúlio Vargas.

A diretoria da ACIU, em desacordo com seus Estatutos, tomou posição em favor da Aliança Liberal mas deu liberdade para que seus associados fizessem sua opção.

Essas crises provocaram a criação de novos tributos e aumento de impostos em todas as esferas governamentais, gerando elima de revolta e insegurança no setor produtivo.

Uberaba que já era um centro importante no setor máquinas de beneficiamento de arroz, viu a redução do crédito bancário gerar imensas dificuldades, provocan- do atrasos em pagamentos de impostos e taxas. Coube à ACIU a gestão junto aos bancos federais buscando alternativas para minimizar os efeitos da grave crise financeira e intermediar junto ao Poder Público para a regularização dos débitos fiscais.

Junto ao Governo do Estado a ACIU conseguiu a implantação de uma unidade do Grupo de Mecanização Agricola (EMA) e fez gestões para a instalação do Corpo de Bombeiros. Lutou para a melho- ria do tratamento de água que era precário e deu início aos estudos para implantação de uma unidade do SENAC em Uberaba.
Foi também um período de ajustes. Os Estatutos da ACIU foram adaptados aos novos tempos. Diminui-se o número de Conselheiros Consultivos de 25 para 5. Ampliou-se o prazo de gestão da diretoria de 1 para 2 anos em futuras eleições. Suprimiu os votos por aclamação que foram substituidos por cédulas.

Foi nessa gestão que se deu o reconhecimento da ACIU como Instituição de Utilidade Pública. A necessidade de construção de uma sede para ACTU era um sonho acalentado desde sua criação. Afinal, cada diretoria utilizava locais variados como empréstimo para a realização de suas reu- niões. A primeira oportunidade nesse sentido surgiu nessa diretoria que comprou um terreno na rua Olegário Maciel para futura construção,

Na presidência de Paulo J. Derenusson a entidade incluiu em seus objetivos a defesa dos interesses da classe rural, mu- dando seu nome para ACIRU-Associação Comercial, Industrial e Rural de Ubera- ba. Por essa razão, em 1934, a ACIRU participou da exposição agropecuária. Em setembro de 1935, criada a Sociedade Rural, a ACIU retomou ao seu nome original.

Conta Guido Bilharinho que em 1929 foi fundada a Casa Aliança, a Sapataria Molinar, a Confeitaria Vasques (Bar da Viúva) e o Hotel Modelo, ainda existente. Em 1930 foi criada pelos sócios Orlando Rodrigues da Cunha e o grupo Fontoura Borges, uma empresa para construção do Grande Hotel e de cinemas (São Luis, Metrópole e Vera Cruz), sendo o Cine Teatro São Luis inaugurado em 1931.

Fundou-se também em 1931 a fábrica de fumo 31 por Elviro Cabral de Menezes e Orlando Bruno. Nesse ano o município conta com 1.070.000 animais, dos quais 700.000 bovinos, mostrando a pujança do setor público.

Por Gilberto Rezende, Conselheiro da ACIU. Fontes: ACIU; Arquivo Público de Uberaba; Liana Mendonça; Guido Bilharinho, Livro - Dois Séculos de História de Uberaba; Maria Antonieta Borges e Indiara Ferreira - Livro - História da ACIU-90 anos - Câmara Municipal de Uberaba.


História de Uberaba

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

“DR. ADJUTO” – A PRAÇA QUE SUMIU.

Antônio Garcia Adjuto foi Agente Executivo (Prefeito) de Uberaba de 1903 a 1904, quando assumiu a Presidência da Câmara Municipal. Já havia sido eleito Vereador nas legislaturas de 1898 a 1900.

São destaques de sua gestão: usar paralelepípedos pela primeira vez na cidade para calçar a rua do Comércio (Artur Machado); abrir concorrência para dotar a cidade de iluminação elétrica; adquirir terreno para construção do mercado municipal; erradicar a febre amarela do município e constituir o perímetro urbano.

Foi também em sua gestão que aconteceu a inauguração do prado São Benedito, a instalação da fábrica de cervejas Tripolitana, a inauguração da Igreja São Domingos e o início das atividades do Colégio Marista Diocesano.

Após seu mandato de Agente Executivo, voltou à Câmara Municipal para o período de 1908 a 1912, mas interrompeu seu mandato em 1909 quando foi eleito Deputado Federal por Minas Gerais, assumindo o cargo na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ali permanecendo até dezembro de 1911, na 28ª Legislatura.

Antônio Garcia Adjuto
 Foto - Arquivo Público de Uberaba.

Garcia Adjuto não foi apenas político em Uberaba. Em 1899 foi o primeiro secretário do “Clube Lavoura e Comércio” fundado para combater o imposto territorial criado pelo então Governador de Minas Gerais, Silviano Brandão. Desse Clube nasceu em 6 de julho de 1899, o jornal “Lavoura e Comércio” do qual Garcia Adjuto foi o primeiro diretor.

Participou também, junto com outras personalidades, da fundação em 1º de janeiro de 1901, do Sport Club, mais tarde denominado Jóquei Clube de Uberaba. Integrou o Conselho Fiscal do Clube junto com Artur Machado, Tobias Rosa e outros, sob a presidência de José de Oliveira Ferreira.
Formado em advocacia pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1890, Garcia Adjuto exerceu uma intensa militância no foro de Uberaba. Foi um dos defensores da Câmara Municipal na célebre ação reivindicatória do patrimônio da cidade que a Matriz lhe moveu, em 1909, por iniciativa de Monsenhor Inácio Xavier da Silva.

Desse rumoroso processo resultaram vários livros sobre a questão, sendo dois de sua autoria, dois da lavra do advogado da Matriz e um de cada perito das partes, Alexandre Barbosa e Silvério José Bernardes, conforme relata o historiador Guido Bilharinho.

Antônio Garcia Adjuto mudou-se de Uberaba para Mato Grosso no fim da década de 1910. Em apenas 13 anos de residência em Uberaba, deixou sua marca de um honesto e habilidoso administrador público, de associativista, jornalista e uma justa fama de grande jurista.

Nascido em 07 de março de 1867 na cidade de Paracatu, MG, era o caçula dos oito filhos de Francisco Garcia Adjuto Filho, casado com Ana Cornelia de Abreu Castelo Branco. Fez seus estudos preparatórios no Seminário de Diamantina.

Em 1891 foi Promotor Público de Araxá, MG. De 1895 a 1897 foi Inspetor Escola ambulante da 6ª Circunscrição do Ensino, cargo extinto em 1897.

Depois de sua passagem por Uberaba (1898/1910) tornou-se professor de grego no Colégio Nacional e de Inglês, no Liceu da Humanidade de Campo Grande, MT, local onde publicou, a partir de 1920, diversos livros de natureza jurídica no interesse das cidades de Campo Grande, Corumbá e Cuiabá, conforme relato do livro “Os Carneiros de Mendonça”.

Antônio Garcia Adjuto faleceu em 15 de outubro de 1935, aos 68 anos de idade. Em data incerta, a Câmara Municipal de Uberaba ou o o Chefe do Executivo, em sua homenagem, designou como “Praça Dr. Adjuto”, uma área no bairro de São Benedito.

Na realidade não existe mais praça nesse local. Embora inconclusiva, é uma história interessante.
Essa área - um quadrilátero com pouco mais de 9.000 m2, - cercada pelas

Avenidas Conceição das Alagoas, Barão do Rio Branco, Triângulo Mineiro ((Alberto Martins Fontoura Borges) e pela rua Ituiutaba, foi incorporada ao município através do apelão n. 2912 de 04 de fevereiro de 1914, Tribunal de Relação de Minas com o Registro 22.575.

Em 13 de abril de 1923, através da Lei 473, a Câmara Municipal aprovou a doação de uma área necessária à instalação de uma fábrica de tecidos, por solicitação de Francisco Antônio Salles e José Maria dos Reis ou para a empresa que os mesmos organizarem para fundação de uma fábrica de tecidos e demais prédios para operários. Não se tem o registro nesta autorização da área que foi cedida.
Em 1928 os Mascarenhas, proprietários da Fábrica de Tecidos Santo Antônio do Caçu, juntamente com os irmãos Antônio e Alberto Martins Fontoura Borges, compram a fábrica de tecidos do bairro São Benedito, administrada por João Boff, mas cujas atividades estavam paralisadas em decorrência de pedido de concordata, provocado por dificuldades financeiras.

A Câmara Municipal, através da Lei 590 de 11 de agosto de 1928, torna a conceder aos novos proprietários, todos os benefícios fiscais.

Não foi possível descobrir as razões que levaram essa empresa que já estava na posse da área mediante doação, a comprar do próprio município, a mesma área de 7.280 m2, através da escritura de nº 812, lavrada em 11 de abril de 1930 para Companhia Fabril Triângulo Mineiro, (futura Cia. Têxtil) um anos e nove meses após o reinicio das atividades.

Pode-se conjecturar duas hipóteses. A primeira é de que haveria interesse da empresa em ter a propriedade livre e desembaraçada de ônus e a segunda, por iniciativa do Poder Público, em decorrência de não cumprimento de cláusulas reversivas.

Uma particularidade interessante na escritura de n. 812. Discrimina-se tão somente sua dimensão de 7.280 m2. E seus confrontantes: a Fábrica Conquista, a Avenida Rio Branco, a Avenida Conceição das Alagoas e a rua Tristão de Castro, indicando que não existia ainda a Rua Ituiutaba.

O nome “Praça Dr. Adjuto” só veio a aparecer pela primeira vez em documento oficial do Poder Público, na autorização para alienação na Lei 42 de 1948, quando disponibiliza para leilão uma área de 2.056m2 dessa praça. Os confrontantes discriminados: Praça Dr. Adjuto, a própria fábrica e a rua Conceição das Alagoas.

A escritura mais próxima relativa a essa área é a que está registrada em livro do Cartório de Imóveis em 17 de agosto de 1948 sob o n. 22.575 e se refere a compra de um terreno do município de Uberaba com área de 1.640m2 pela Companhia Têxtil do Triângulo Mineiro. Na discriminação dos confrontantes, não se fala em rua Ituiutaba.

A área dessa praça que foi vendida pelo Poder Legislativo em duas etapas, 1930 e 1948, perfaz nas escrituras, 8.920 m2., um pouco inferior ao tamanho da área recebida pela Câmara Municipal, em torno de 9.000 m2. Se levar em conta a área ocupada pelos passeios, tudo leva a crer que não houve sobra de terreno para ser designada como praça.

Pelo que se pode apurar apenas uma empresa, o Rodoviário Uberaba Ltda., fundado em 1977, usava como seu endereço a Praça Dr. Adjuto, nº 44. Atualmente, ocupando o antigo espaço do Rodoviário, está uma das lojas do “Tremendão”, com seu endereço à rua Ituiutaba.

Toda a área ocupada pela Cia. Têxtil do Triângulo Mineiro na antiga Praça Dr. Adjuto, foi agrupada na matrícula 2.709 do Cartório de Registro de Imóveis do Primeiro Oficio.

Ao transferir suas atividades industriais para o recém-inaugurado Distrito I, a Cia. Têxtil vendeu suas construções para três empresas. Em dezembro de 1978 foram escriturados 662,00 metros quadrados para “Laterza e Fantato” e 7.658,60 metros quadrados para a “Casas do Babá. Em 23 de abril de 1979 o remanescente da área foi vendido para F. Moutran, Irmãos S/A – Tecidos, provocando o fechamento da matrícula 2709 e colocando um ponto final em uma praça que tinha, outrora, o nome de “Dr. Adjuto”, localizada no bairro São Benedito, em Uberaba. Só restou seu endereço no Guia Telefônico da Algar ou na Internet, onde só consta o número do CEP sem mencionar qualquer morador.

Não foi possível verificar a data em que Dr. Adjuto foi homenageado com seu nome para designar essa Praça. Ele faleceu em 1935, período em que as Câmaras Municipais, sob o regime ditatorial de Getúlio Vargas, foram fechadas, voltando a funcionar à partir de 1945.

Pode-se-todavia afirmar que a homenagem teve uma duração efêmera. Se foi a Câmara Municipal que aprovou, durou apenas 3 anos. Se foi iniciativa de Prefeito, sua duração se estende de 1935 a 1948, 13 anos.

Dessa forma, após as verificações legais, competirá ao Poder Público desafetar essa praça e destinar outro logradouro para homenagear Antônio Garcia Adjuto que foi uma destacada personalidade pública que tanto prestígio trouxe para Uberaba através de suas realizações.
Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes: 
Guido Bilharinho – Livro – Uberaba Dois Séculos de História.
José Mendonça – História de Uberaba.
Câmara Municipal de Uberaba.
Arquivo Público de Uberaba
Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício.
Livro – Os Carneiros de Mendonça.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

HISTÓRIAS DE UBERABA

As cinco festas de aniversário.


São muitas as datas que podem ser comemoradas em relação à Uberaba. A primeira seria, naturalmente, a data de seu nascimento, quando aqui fincou raízes, próximo ao córrego das Lages, o sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira. Todavia, não existem documentos apontando a data exata em que ocorreu este fato histórico.

Vista aérea da cidade de Uberaba. 
Foto: Arquivo Público de Uberaba.


Relatam alguns historiadores, que a 1ª Bandeira organizada em Desemboque pelo sargento-mor Antônio Eustáquio para desbravar a região de Uberaba ocorreu em 1810. Dizem ainda que, por solicitação desta autoridade, em 1811, o povoado foi elevado à condição de Distrito dos Índios.


Para o historiador Guido Bilharinho, não há documentos comprobatórios desta elevação.


Mesmo assim, a Prefeitura Municipal, em 03 de maio de 1911, em parceria com as lideranças econômicas da região, promoveu a 1ª Exposição Agropecuária nas dependências do hipódromo do Jockey Clube, localizado no bairro de São Benedito e organizou, ainda, uma grande festa na cidade para comemorar a elevação de Uberaba da condição de povoado para a de Distrito.

Coincidência ou não, desde a década de 1950, as aberturas das exposições da ABCZ são realizadas na data de 3 de maio.

Curiosamente, em 1810 ou 1811 não pertencíamos ao estado de Minas Gerais e sim ao estado de Goiás. As disputas sangrentas entre os dois estados, que já duravam mais de cinquenta anos conforme relato do historiador Hidelbrando Pontes, tiveram fim em 1816.

Conta ainda este historiador que foi por um acontecimento fortuito é que pôs termo à velha questão de divisas entre os dois estados. Joaquim Inácio Silveira Mota, Ouvidor Geral da Comarca de Paracatu, indo a Araxá, ao conhecer Ana Jacinto de São José, mais conhecida como Dona Beija que passava a cavalo pela praça da Matriz com seu pajem, foi tomado de violenta paixão e mandou raptar a donzela.

Como foi processado pela família da vítima e seu caso seria julgado pelo governo de Goiás, seu desafeto. Para evitar esta situação, ele passou a interceder também junto a D. João VI, pela passagem dos julgados de Araxá e Desemboque para Minas, onde o seu julgamento seria, como efetivamente foi, coisa sem importância.

E assim, em 4 de abril de 1816, a região foi incorporada ao Estado de Minas Gerias. Deixamos de ser goianos e passamos a ser mineiros.

Minas das Alterosas incorporou os cerrados e os chapadões dessa imensa mesopotâmia que se chamava Desemboque e que passou a se chamar Triângulo Mineiro. Interessante que, o primeiro jornal a ser criado em Uberaba já nasceu separatista, conforme relata Guido Bilharinho.

Em 02 de março de 1820, por decreto assinado pelo imperador Dom João VI, Uberaba foi elevada à condição de “Freguesia”, ou seja, de “Distrito” passou à “Paróquia”. O objetivo deste decreto foi o de diminuir a distância de 60 léguas que separavam o novo povoado da “Freguesia de Desemboque”, facilitando, assim, o “socorro e pasto espiritual”.

O poder estava dividido entre a Igreja e o Estado, que só vieram a se separar na Constituição de 1891, transformando o Brasil em um país laico.
Em 22 de fevereiro de 1836, o Presidente da Província, Manuel Dias de Toledo, na cidade imperial de Ouro Preto, assinou o decreto aprovado pela Assembleia Legislativa Provincial, elevando Uberaba à condição de “Vila”. Foi o nascimento do município de Uberaba, que se desmembrou da Vila de Araxá, a qual estava vinculada desde 1831. Foi a criação da Câmara Municipal de Uberaba.

Em dezembro de 1836, tomou posse perante a Câmara Municipal de Araxá o vereador mais votado nas eleições de Uberaba, Capitão Domingos da Silva Oliveira. Em janeiro de 1837, o Capitão é empossado em Uberaba como o primeiro Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo (Prefeito).

O prédio que ele construiu para servir de Câmara e Cadeia, foi, por longas décadas, sede da Prefeitura Municipal e depois, sede da Câmara Municipal e é hoje patrimônio histórico de destaque na Praça Rui Barbosa.

Para comemorar o centenário da emancipação política de Uberaba em 22 de fevereiro de 1936, grandes festas foram realizadas na cidade. Bandas, passeatas, foguetórios, salvas de 21 tiros, discursos e direito a um grande baile oferecido pelo prefeito Paulo Andrade Costa. Foi inaugurado um marco comemorativo no Córrego do Lajeado, próximo ao bairro rural de Santa Rosa, onde teve início o povoamento da cidade.

Em 1840, Uberaba passou a sediar uma Comarca para distribuir justiça, denominada Comarca do Rio Paraná, desmembrada da Comarca de Paracatu do Príncipe. Não há, porém, registro de comemorações no centenário desta conquista, no ano de 1940.
Em 02 de maio de 1856, Uberaba foi elevada à condição de “Cidade” em reconhecimento do Rei e da Igreja, trazendo a emancipação em assuntos atinentes à ordem civil, militar e religiosa.

Para comemorar o Centenário desta elevação de “Vila” para “Cidade”, Uberaba se vestiu de gala em 1956, no governo de Arthur de Mello Teixeira. Novas comemorações aconteceram em 2006, no governo de Anderson Adauto, quando Uberaba completou 150 anos.

Nesta ocasião, a Fundação Cultural, então comandada por Luiz Gonzaga de Oliveira, homenageou em solenidade ocorrida no Cine Metrópole, 150 personalidades da cidade, escolhidas em comissão presidida por Gilberto Rezende.
Foram festejados três centenários, 1911. 1936, 1956, um sesquicentenário, 2006 e um bicentenário, comemorado em 2020, no governo de Paulo Piau.

Não encontramos referências sobre as comemorações do centenário da elevação de Uberaba à condição de “Freguesia”, ocorrido em 1920.

Ao longo destes 200 ou 210 anos, a verdade é que passamos de um pequeno povoado à uma grande cidade, hoje com cerca de 350.000 habitantes. Todas estas datas são, realmente, motivo de júbilo para todos nós. Todas elas podem e devem ser comemoradas.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Fontes – Arquivo Público – Historiador Guido Bilharinho
Hidelbrando Pontes – livro – “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.
PS – Matéria publicada hoje, 05-09-2021, no Jornal da Manhã.

Uberaba

domingo, 3 de janeiro de 2021

A HISTÓRIA DE UBERABA DE HILDEBRANDO PONTES

INTRODUÇÃO

Desde pelo menos o início do século XX, Hildebrando Pontes (1879-1940) efetuou pesquisas sobre a História de Uberaba, acumulando, com o passar dos anos, informações, conhecimentos e documentos.

No Governo Municipal do engenheiro Guilherme Ferreira (outubro de 1930 a fevereiro de 1935) Hildebrando foi contratado para elaborar livro sobre o município com todos os dados históricos e estatísticos conhecidos e disponíveis. No apagar das luzes da referida administração municipal ou logo em seguida, Hildebrando entregou seu trabalho, então intitulado “O Município de Uberaba”.

Dado o desinteresse da sociedade e, em decorrência o dos políticos e administradores que a representam, e, ainda, a descontinuidade administrativa dos executivos municipais, a obra, em seus alentados cinco volumes manuscritos e encadernados, permaneceu inédita por décadas e só sabida e frequentada por um ou outro historiador (José Mendonça e Gabriel Toti, por exemplo), somente sobrevivendo pelos cuidados pessoais e especiais que lhe dedicou o escritor e secretário da Prefeitura, Lúcio Mendonça.

Por incrível possa parecer, atestando o alto grau de desinteresse e descaso pela História do município e pela obra de Hildebrando, nem mesmo por ocasião das ruidosas comemorações do centenário da elevação da vila (município) de Uberaba ao título honorífico de cidade, em 1956, foi lembrada e resgatada do olvido a que as administrações municipais a relegaram. Mesmo tendo a Prefeitura recebido do Governo Estadual de Juscelino Kubitschek, segundo consta, 5 milhões de cruzeiros (4 milhões para educação e/ou saúde e 1 milhão para a comemoração).


DESCOBERTA E PUBLICIDADE


Estava escrito que um dia, no futuro, essa omissão e descaso chegariam ao fim. E chegaram!

Em julho de 1968 começou a ser editado o “Suplemento Cultural do Correio Católico”, em formato tabloide e periodicidade variando entre quinzenal e mensal. Com certa carência de matérias publicáveis e nenhuma atinente à História local, a editoria do Suplemento, tomando conhecimento da existência da obra de Hildebrando, considerou que ela deveria conter informações sobre a literatura e o passado cultural da cidade. Não deu outra! Lá estava incrustado, em determinado de seus cinco grandes e volumosos volumes, capítulo intitulado “O Intelectualismo em Uberaba”, que, copiado à mão e posteriormente datilografado, foi reproduzido com destaque de primeira página no nº 20, de 12 de abril de 1969, do Suplemento, antecedido de nota introdutória e ilustrado com foto do autor.

FINALMENTE, EM LIVRO


A partir daí, a editoria do Suplemento e o advogado e escritor Edson Prata, à época secretário da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, decidiram tentar publicar a obra. Edson Prata entrou em contato com a direção do então operoso Instituto Nacional do Livro, solicitando-lhe fosse incluída em sua ativa programação editorial, que exigiu fosse obra de interesse geral e não apenas local, pelo que, dada sua abrangência, com larga introdução histórica sobre a formação brasileira, Edson Prata a reintitulou, muito apropriadamente, de “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.

Mesmo assim, não se logrou editá-la pelo mencionado Instituto, assoberbado por extensa lista e fila de inéditos aguardando publicação.

Em decorrência dessa impossibilidade, Edson Prata e a editoria do Suplemento voltaram suas vistas para a própria detentora dos direitos autorais da obra, a Prefeitura, cujo prefeito, engenheiro João Guido, prontificou-se a cobrir 50% (cinquenta por cento) dos custos, orçados em C$ 14.000,00.

Obtida essa participação, os originais foram em 1969 encaminhados à gráfica, estando concluída a impressão um ano depois, 1970, para lançamento no salão principal do Jóquei Clube de Uberaba, totalmente lotado.


Guido Bilharinho

José Mendonça: História de Uberaba

O advogado José Mendonça nasceu em Uberaba em 1904, aqui falecendo em 1968



O AUTOR 

José Mendonça nasceu em Uberaba em 1904, aqui falecendo em 1968. Estudou no então Grupo Escolar Brasil e no Colégio Marista Diocesano, formando-se em Direito no Rio de Janeiro, em 1926. Exerceu a profissão até 1930 na cidade do Prata, transferindo-se em seguida para Uberaba. Paralelamente ao exercício profissional, lecionou na Escola Normal e nas faculdades de Filosofia e de Direito.
Participou da fundação, integrou as diretorias e também presidiu a 14ª Subseção da OAB, o Rotary Clube de Uberaba e a Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

José Mendonça discursando.
 Foto Arquivo Público de Uberaba



História de Uberaba

OBRAS



Além das obras inéditas que deixou − Soluções Econômicas e Sociais, Ação Declaratória e História das Américas − escreveu e publicou os livros Ação Nacional (1937), que suscitou o entusiasmo de Monteiro Lobato e de vários outros intelectuais brasileiros, 

A Prova Civil (1940), considerado um clássico no assunto, e, ainda, os ensaios históricos O Centenário do Município de Uberaba (1936), Santa Casa de Misericórdia de Uberaba (1949) e O Visconde de Taunay e o Triângulo Mineiro em 1865 (1964).




PESSOAS E INSTITUIÇÕES FOCALIZADAS

O livro abrange a maioria dos acontecimentos e instituições mais importantes da cidade.
Além disso, são ressaltadas em capítulos especiais as atuações do major Eustáquio (fundador da cidade), vigário Silva (seu primeiro vigário e primeiro historiador), frei Eugênio (missionário e gênio empreendedor, construtor do primeiro cemitério e do hospital da Santa Casa), des Genettes (fundador da imprensa), dom Eduardo (primeiro bispo), dr. José Ferreira (um dos maiores médicos do país e o visconde de Mauá do Brasil Central), Fidélis Reis (introdutor do ensino técnico profissional no país) e Quintiliano Jardim (notável jornalista), focalizando também, ao final do volume, mais de trinta outras figuras históricas na seção “Pequenas Notas Biográficas”, como as denominou.


Fidélis Reis, Quintiliano Jardim, José Mendonça e Valdemar Vieira.  
Foto Arquivo Público de Uberaba


Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017.




Epidemias em Uberaba

Uberaba, no decorrer de sua história, como provavelmente a maioria das cidades brasileiras, foi assolada, ora mais ora menos, por diversas epidemias, afora a atual coronavírus, das quais resultaram mortes e transtornos de toda ordem.


Lavoura e Comércio. Uberaba 10 de novembro de 1918


Cólera (1850)

A epidemia do cólera originou-se na Índia por volta de 1840, espalhando-se pelo mundo, atingindo Uberaba a partir de 1850, segundo informa Borges Sampaio: “na quadra de terror e angústia, por que há pouco passamos, na invasão dessa horrorosa epidemia, desse flagelo do cólera” (“Uberaba: História, Fatos e Homens”, p. 259).


Varíola (1865)

Em novembro de 1862 deu-se o primeiro surto epidêmico de varíola no município, que, “em junho de 1863 ainda não desaparecera de todo” (José Soares Bilharinho, “História da Medicina em Uberaba”, vol. III, p. 797).

Já em junho/agosto de 1865, com a chegada à cidade dos soldados integrantes da Força Expedicionária que iria atacar o norte do Paraguai, irrompeu entre eles epidemia de varíola, “empolgando toda a brigada e grande parte da população da cidade que tinha doentes em cada um de seus cantos [....] Reinava a maior desolação na cidade, por cujas ruas ninguém mais transitava [....] Os roceiros aqui não vinham mais e o comércio paralisou-se inteiramente [....] Morriam, diariamente, 3, 4, 5, 6, 7 e mais soldados. Chegaram mesmo, em certa ocasião, a levar um soldado vivo para enterrar [....] Morreram numerosos soldados e alguns civis, ao todo, talvez, umas trezentas pessoas nos três meses de duração da epidemia” (Hildebrando Pontes, “Vida, Casos e Perfis”, p. 51/52).


Febre Amarela (1903)

Em 21 de fevereiro de 1903 foram impostas à população de Uberaba pelo agente executivo (prefeito) Antônio Garcia Adjuto medidas preventivas contra a febre amarela que grassava em município vizinho.

Em 03 de março, a febre amarela atingiu Uberaba trazida por empresário que chegou de viagem à Franca/SP, sendo internado em hospital improvisado, falecendo no dia 06 seguinte.

Em 10 de março, grande Assembleia Popular convocada pelo agente executivo discutiu e decidiu propostas dos médicos Filipe Aché (futuro fundador dos Laboratórios Aché) e José Ferreira de suspensão da quarentena imposta a todos que chegassem à cidade e de instalação de posto de desinfecção em Jaguara (ainda não existia a linha férrea da Mojiana vinda por Delta), sendo esta aprovada e rejeitada a primeira proposta.

No dia 12 seguinte, reunião dos agentes executivos das cidades triangulinas servidas pela Mojiana decidiu série de providências contra a proliferação da epidemia.

Em 30 de maio, o agente executivo comunicou à população de Uberaba não haver mais possibilidade de irrupção da febre amarela na cidade.


Sarampo (1908)

Em 1908, Uberaba foi tomada por forte surto epidêmico de sarampo, com casos fatais.


Varíola (1910)

Surto epidêmico de varíola assolou a região em junho de 1910, apresentando 12 (doze) casos em Uberaba, todos isolados no Lazareto. A epidemia, no entanto, expandiu-se. “O mal atingira proporções impressionantes. Ia penetrando em todos os lares” (José Soares Bilharinho, “História da Medicina em Uberaba”, vol. III, p. 815), havendo diversas mortes.


Sarampo (1911)

Em julho de 1911, “à varíola veio somar-se o sarampo, responsável, ele também, por vários casos fatais” (José Soares Bilharinho, op. cit., p. 815).


Maleita e Malária (1915)

Em dezembro de 1915 mais de 80 (oitenta) casos de maleita ocorreram no então distrito de Delta, onde também a malária grassou com intensidade.


Gripe Espanhola (1918)

A gripe espanhola chegou ao Brasil em setembro de 1918, pelo navio “Demerara”, propagando-se por todo o Rio de Janeiro. “Eminentemente contagiosa, eram inócuas as medidas sanitárias propostas para impedir sua marcha” (José Soares Bilharinho. “História da Medicina em Uberaba”, vol. III, p. 994).

Em 20 de outubro foram noticiados os primeiros casos de infecção em Uberaba, sendo o primeiro notificado o advogado Sebastião Fleuri. Com essa gripe, Uberaba se tornou “de súbito um verdadeiro hospital. Raríssimo era o lar onde não existissem um ou mais gripados [....] De início a doença se caracterizou pela benignidade”. A partir de 7 de novembro, “os pedidos de assistência se multiplicavam vertiginosamente. Uberaba se revestira de um aspecto triste [....] Os hospitais já não comportavam os doentes e o número de médicos era insuficiente para atender a todos os chamados. Houve lares onde todos adoeceram [....] No final da primeira semana do mês de novembro era de aproximadamente 2.500 [dois mil e quinhentos] o número de doentes. Devido a esse número exagerado de enfermos, a cidade tornou-se verdadeiramente insuportável. Era absoluta a carência de vida comercial e social” (José Soares Bilharinho, op. cit., p. 1.001).

Em 10 de novembro, a epidemia atingiu seu ponto culminante, “jungindo ao leito quase toda a população (Idem, p. 1.002).

Faleceram até 21 de novembro 193 (cento e noventa e três) pessoas, atingindo 215 (duzentas e quinze) na semana seguinte, sendo que 12.000 (doze mil) pessoas foram contaminadas num universo de aproximadamente 14.500 (catorze mil e quinhentos) habitantes. Ao final, conforme relatório apresentado pelo agente executivo Silvino Pacheco de Araújo, Uberaba teve 255 óbitos decorrentes da febre.


Paralisia Infantil (1924)

Em 10 de janeiro de 1924, o jornal “Lavoura e Comércio” noticiou a ocorrência em Uberaba de paralisia infantil (como então se denominava), informando já existirem dezenas de casos. O surto, no entanto, não durou muito tempo, desaparecendo paulatinamente.


Tifo (1925)

Em 25 de outubro de 1925 foi tornada pública a existência de casos de tifo na cidade, verificando-se nessa ocasião dois casos fatais.


Varicela/Catapora (1929)

No decorrer do primeiro semestre de 1929 ocorreram casos de varicela na cidade, sendo os doentes isolados e tratados e intensificada a vacinação.


Tifo (1935, Anos 40 e 1953)

Em abril de 1935 surto de tifo ocasionou 03 (três) casos fatais na cidade.

Em fevereiro de 1940 novo surto de tifo surgiu em Uberaba, recebendo o Centro de Saúde no dia 16 (dezesseis) do referido mês nada menos de 11 (onze) notificações de sua incidência.

Surtos de tifo se repetiram, com maior ou menor intensidade, nos anos de 1943, 1944, 1948 e 1953.


Hepatite (1951)

Série de reuniões, ocorrências e hipóteses marcaram o surto de hepatite que preocupou (e ocupou) Uberaba em 1951.

Em 20 de junho, a Sociedade de Medicina promoveu reunião extraordinária. No dia 22 seguinte, realizou-se reunião na Câmara Municipal convocada pelo prefeito (e médico) Antônio Próspero, sendo que, até essa data, a hepatite já vitimara quase uma centena de pessoas, das quais sete faleceram. No dia 25, em reunião na Sociedade de Medicina, o médico Madureira Pará, do Instituto Osvaldo Cruz, do Rio de Janeiro, revelou a ocorrência de hepatite causada por vírus, ora benigno ora extremamente grave.

No dia 04 de julho, por solicitação de diversas entidades de classe, o jornalista Quintiliano Jardim promoveu reunião no auditório da PRE-5 para debater a situação da cidade face à poluição de suas águas, conforme verificada por exame procedido dias antes pelo Instituto Osvaldo Cruz, do Rio, notícia que causou grande impacto na cidade. Dessa reunião, os presentes dirigiram-se ao Paço Municipal, onde a Câmara estava reunida, sendo suspensa a sessão, falando Quintiliano Jardim em nome de todos, aceitando o prefeito a incumbência de contatar Juscelino e Getúlio.

No dia seguinte (5 de julho), foi publicado no “Lavoura e Comércio” comunicado do Centro de Saúde, assinado por seu dirigente, médico Manuel Benjamin Pável, afirmando, com segurança, que na maioria dos casos a propagação da hepatite se deu por meio de agulhas e seringas insuficientemente esterilizadas, havendo também transmissão pelo contágio direto de pessoa doente à pessoa sadia, ponderando, ainda, que não se poderia subestimar o papel propagador de água poluída.

No dia 06, a Sociedade de Medicina lançou manifesto afirmando não se poder imputar à água f0rnecida na cidade como elemento transmissor da enfermidade, já que a água clorada é isenta de germes.

Segundo José Soares Bilharinho (op. cit., p. 1.019), “de janeiro até fim de agosto foram 69 casos (de hepatite infecciosa), dos quais 51 causados pelo uso de seringas mal esterilizadas e 18 pelo contágio direto.

Dos primeiros 51, em 32 casos, um único enfermeiro, dedicado à prática de injeções a domicílio, foi o culpado.

Sobre o assunto, Benjamin Pável escreveu a monografia “Surto Epidêmico de Hepatite Infecciosa em Uberaba”.



Gripe Asiática (1957)

Em setembro e outubro de 1957, epidemia de gripe asiática assolou a cidade, suspendo a comemoração do dia 7 de Setembro e aulas em alguns estabelecimentos de ensino.

Dengue (2006)

Em março de 2006 forte epidemia de dengue, transmitida por um tipo de mosquito, espalhou-se pela cidade com índices de infestação de residências de 5,3%, muito acima do 1% tolerável segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, tendo alguns bairros índices próximos a 19% (!), conforme constatado pelo órgão de controle de endemias e zoonoses.

À época, noticiou-se que no período de 1º de janeiro a 31 de março desse ano, só num laboratório da cidade, em 3.314 testes foram detectados 2.159 confirmados. Houve superlotação dos hospitais da cidade, ocorrendo até final de abril pelo menos duas mortes por dengue.

Órgãos da área de saúde atribuíram essa alta incidência de dengue ao descumprimento nos anos anteriores dos protocolos e medidas indispensáveis ao combate e eliminação do mosquito transmissor.


Outras Moléstias

Hidrofobia, Tuberculose e Hanseníase estiveram presentes em Uberaba, como nas demais cidades do país, por décadas desde o século XIX e no decorrer de toda a primeira metade do século XX, eliminando dezenas e dezenas de pessoas anualmente, conforme exposto na “História da Medicina em Uberaba” acima citado, e em “Uberaba: Dois Séculos de História”, de nossa autoria.

Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br


Cidade

ENSAIOS TÉCNICOS UBERABENSES (VI)


GUERRA DO PARAGUAI

Não obstante Uberaba tenha participado diretamente da Guerra do Paraguai com a reunião e concentração na cidade, em 1865, das Forças Expedicionárias que invadiram o norte do Paraguai, do que resultou na ominosa Retirada da Laguna, ao que se sabe apenas o ensaio de JOSÉ MENDONÇA, “O Triângulo Mineiro de 1865 e o Visconde de Taunay” (1964), refere-se a esse acontecimento histórico e, assim mesmo, não diretamente, mas, para muito justamente defender Des Genettes das incompreensões do visconde em relação a essa importante personagem da História de Uberaba.

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Contudo, mesmo que não concernente a fato local, o advogado, romancista e contista JOÃO CUNHA publicou, sem indicação do ano da edição, mas em 1981, consoante a data da dedicatória, o livro “Guerra do Paraguai – Indiscrições de Um Soldado”, consistente em cartas de voluntário maranhense a um seu amigo, por sinal, pai da sogra de João Cunha, recipiendário dessa correspondência. Na primeira parte do livro, João Cunha disserta sobre o missivista e o destinatário, publicando, na segunda, por ordem cronológica, todo esse importante e significativo depoimento de quem participou dessa Guerra e sobre essa participação previdente e livremente depôs.


MEIO AMBIENTE

Acompanhando a crescente preocupação com o meio ambiente, alguns livros foram escritos por uberabense a respeito da momentosa questão.



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O professor JOSÉ HUMBERTO BARCELOS, em edição da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, publicou, em 1994, o livro “Uberaba, Meio Ambiente e Cidadania”, focalizando o processo educativo ambiental; localização e características do município; áreas verdes de preservação permanente; habitação; saneamento básico; atividades produtivas; legislação municipal e estadual sobre meio ambiente.



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Em 1997 foi publicado “Lendo e Recriando o Verde”, sob coordenação e redação geral da professora e escritora VÂNIA MARIA RESENDE e estudos sobre o cerrado e aspectos botânicos de ÉLCIO CAMPOS GÁRCIA, focalizando em bela e ilustrada edição, entre outros temas, educação e ecologia, paisagem urbana de Uberaba, reciprocidade entre o ser humano e o meio e áreas verdes na Univerdecidade.

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Em setembro de 2019 foi publicado o livro eletrônico no blog http://guidobilharinho.blogspot.com/, de nossa autoria, “Meio Ambiente e Patrimônio Arquitetônico”, no qual são expendidas considerações a respeito desses temas, questionando as tendências contemporâneas de transferir para os produtores e proprietários todos os ônus da preservação ambiental e de restrições e manutenção de imóveis tidos em geral equivocadamente como de excepcional valor arquitetônico.


ESTUDOS CINEMATOGRÁFICOS

Na década de 1950 iniciaram-se os estudos cinematográficos em Uberaba em reuniões de troca de ideias e diálogos de pequeno grupo de cinéfilos liderados pelo dominicano frei Raimundo Cintra. Em 1962 foi fundado o Cine Clube de Uberaba com projeções de filmes, debates, cursos, Bolsa de Cinema (avaliação mensal de filmes lançados na cidade) e seleção anual dos Dez Melhores Filmes projetados nos cinemas locais, além de artigos esparsos publicados no “Correio Católico” e eventuais cursos e palestras em colégios e faculdades.

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Porém, livros sobre cinema somente começaram a ser elaborados e editados de 1996 em diante, todos de nossa autoria, iniciados com “Cem Anos de Cinema” e “Cem Anos de Cinema Brasileiro”.

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Em 1999 começou a ser editada a coleção Ensaios de Crítica Cinematográfica, a única coleção editorial brasileira do gênero, ainda em andamento, com 17 (dezessete) livros publicados em papel e 13 (treze) livros eletrônicos no blog https://guidobilharinho.blogspot.com/, abrangendo tanto a análise e avaliação de filmes brasileiros quanto estrangeiros, sendo o primeiro deles “O Cinema de Bergman, Fellini e Hitchcock” e, o mais recente, “O Cinema dos EE.UU. (I): Filmes Ótimos”.


MANIFESTAÇÕES POPULARES

Existem muitas diferenças entre Folias de Reis, Catira, Benzeções e Crendices, porém, forte elo as une, que é a cultura popular, em seu mais amplo sentido, onde ocorrem e vicejam, abrangendo, nesse amplexo, o Folclore.

Nessa linha de manifestações, vários livros foram publicados em Uberaba, dos quais aqui se registram os que se teve acesso.

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Em 1997, o Arquivo Público de Uberaba editou “Em Nome de Santos Reis, vol. I: Um Estudos Sobre Folias de Reis em Uberaba; vol. II: Os Números das Folias”, ambos sob a coordenação de SÔNIA MARIA FONTOURA e autoria dessa renomada pesquisadora e de LUÍS HENRIQUE CELULARE e FLÁVIO ARDUINI CANASSA. No primeiro volume expõem-se a história, a composição social, a organização ritual e o processo da Folia, além de outras considerações, incluindo-se capítulo sobre o futuro da Folia. O segundo volume apresenta levantamento do número de Folias existentes no município.

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Em 1998, o professor e pesquisador CARLOS PEDROSO publicou o livro “Cafubira e Vauranas”, em que expõe, analisa e explica crendices, benzeções e diferenças entre o benzedor, que não receita nem recomenda remédios, e o carimbamba, espécie de farmacêutico prático, lido no Chernoviz, concluindo, por fim, e revelando o propósito do livro, que constitui a necessidade de registrar a benzição porque ela vai desaparecendo aos poucos.

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Em 2003, o mesmo professor e pesquisador CARLOS PEDROSO publicou a obra “Folia de Reis – Folclore Encantado”, na qual se encontra, conforme expõe o prefaciador João Batista Domingos Filho, “explicação das mais profundas camadas da criação e da repetição de um padrão social de relacionamento da religiosidade com as demais instituições sociais”. 

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Já GILBERTO ANDRADE RESENDE, um dos maiores promotores culturais do país, publicou em 2004 o livro “Catira – A Poesia do Sertão”, composto de pesquisa, exposição e recuperação de textos de cantorias, modas e recortados de autoria principalmente de Manuel Rodrigues, mas também de Sinhô Borges, Antônio Augusto Soares Borges, Paulo José Curi, Manuel Teles José Barbosa e diversos outros.

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Com indenização e colaboração de texto de GILBERTO ANDRADE RESENDE e pesquisa e texto de LISETE RESENDE, foi publicada, em 2014, em primorosa edição, a obra “Catira – Uma Tradição de 450 Anos”, dividida em duas partes: Catira (origem, estrutura musical e coreográfica, a música, a viola, a moda, o recortado, etc.) e Catireiros (apresentação de mais de trinta grupos de Catira de todo o país), ambas as partes profusa e coloridamente ilustradas.


FRANÇA

O país com que Uberaba mais se identificou no século XIX e primeiras décadas do século XX – antes da avassaladora presença do cinema estadunidense – foi a França, a ponto de ser cunhada a expressão “Paris, Rio de Janeiro, Uberaba” e o poeta e historiador Jorge Alberto Nabut denominá-la de “França Sertaneja” em artigo que destaca principalmente a presença e atuação na cidade do médico e polígrafo francês Raimundo des Genettes desde 1853, dos frades e irmãs dominicanas e irmãos maristas que para aqui vieram, respectivamente, em 1881, 1885 e 1903.

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Nada menos de dois livros foram editados por uberabenses sobre a influência da França, seja no país seja em Uberaba, no primeiro caso “A França do Brasil” (2009), de autoria de LUÍS EDMUNDO DE ANDRADE, radicado no Rio de Janeiro e filho de José Sexto Batista de Andrade (presidente do Banco do Triângulo Mineiro e vice-presidente do Jóquei Clube de Uberaba), enfocando a presença francesa nas artes, ciências, filosofia, diplomacia, direito, literatura e diversos outros setores e atividades.

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O outro livro, publicado por iniciativa e organização da então superintendente do Arquivo Público de Uberaba, LÉLIA BRUNO SABINO, “A França em Uberaba” (2010), refere-se particular e exclusivamente a Uberaba no qual, em nada menos de 27 (vinte e sete) artigos de diversos autores, é repassada e analisada a influência e os traços marcantes da presença cultural, religiosa e social francesa na cidade.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, 

Cidade Uberaba

ENSAIOS TÉCNICOS UBERABENSES 

(VII, Conclusão)


IMIGRAÇÃO

Uberaba e região beneficiaram-se enormemente, desde a década de 1870, principalmente da imigração portuguesa, italiana e espanhola, e, nas primeiras décadas do século XX, da imigração sírio-libanesa e japonesa.

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Em 2015 foi editado pela Academia de Letras do Triângulo Mineiro e Bolsa de Publicações de Município de Uberaba o livro “Representação e Vestígios da (Des)Vinculação do Triângulo Mineiro: Um Estudo da Imigração Italiana em Uberaba, Sacramento e Conquista – 1890/1920”, de HELADIR JOSEFINA SARAIVA E SILVA, ao que se sabe a primeira – e notável – obra sobre o assunto, instruída com quadros, anexos e inúmeras ilustrações.


FOTOGRAFIA

A arte fotográfica, bastante praticada em Uberaba desde o último quartel do século XIX, apresenta pelo menos três livros, todos de sofisticada feitura gráfica e esplêndidas fotos.

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Em 2008 foi lançado o livro “Uberaba – História, Tradição, Desenvolvimento e Cultura” com magnificas e multicoloridas fotos de CLÁUDIO AROUCA e precisos textos de MARIA ANTONIETA BORGES LOPES, abordando, entre tantos outros temas, a evolução política e administrativa da cidade, seu desenvolvimento comercial e cultural do século XIX e os tempos do zebu.

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No ano seguinte, o jornalista e editor FRANCISCO MARCOS REIS publicou “Uberaba – 100 Anos de Olhares e Memórias”, álbum de fotos da cidade em edição primorosa, apresentando dezenas de fotos vinculadas ao evolver do tempo, tanto de grupos de pessoas, como o time do Uberaba Sport de 1917, imigrantes italianos de Uberaba em 1928, terno de congada Minas-Brasil, banda do 4º BPM em 1936, jogadores do Independente Atlético Clube em 1943, grupo de combatentes uberabenses da 2ª Guerra Mundial em 1944 e time do Nacional Futebol Clube de 1950.

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Não obstante tenha Uberaba grandes fotógrafos desde o último quartel do século XIX, apenas sobre um deles, ao que se sabe, justamente o primeiro ou um dos primeiros (e dos mais importantes do país), José Severino Soares, foi organizado não apenas um livro, porém, o esplêndido “O Álbum de Jorge Henrique”, idealizado e esboçado por seu bisneto JORGE HENRIQUE PRATA SOARES, cujo teor foi organizado e editado pelo tio deste último, JOSÉ EXPEDITO PRATA, em 2014, contendo informações biográficas, profissionais e artísticas de José Severino Soares, além de dezenas e dezenas de suas fotografias, não só de Uberaba como de diversas outras localidades.


DINOSSAUROS

Os estudos sobre os fósseis encontrados na área de Peirópolis, antiga estação ferroviária da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro, remontam à segunda metade da década de 1940, procedidos pelo cientista Llewellyn Ivor Price.

Neste interregno de mais de sete décadas, possivelmente algum ou alguns livros podem ter sido publicados sobre o assunto, aos quais, contudo, não se teve acesso.

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Porém, em 2017, conforme a respectiva ficha catalográfica, ou 2018, segundo consta do colofão, foi publicada a obra “Peirópolis – O Vale dos Dinossauros Brasileiro”, de autoria de CARLOS EDUARDO CHEREM, em edição sofisticada e belíssima, farta e coloridamente ilustrada, remontando o texto aos princípios do surgimento do mundo e à destruição provocada pelo que se supõe ter sido o choque de gigantesco asteroide, originando verdadeiro cemitério de dinossauros, bem como focalizando as descobertas das preciosidades fósseis encontradas em Peirópolis.



TEMAS DIVERSOS

Tais são a produtividade e a riqueza da reflexão e da elaboração intelectual em Uberaba, que inúmeros livros foram e estão sendo publicados sobre assuntos os mais diversos, não enquadráveis ou classificáveis nos mais de vinte e cinco temas previstos no presente levantamento, registrando-se, pois, além de todos os ensaios referidos e ligeiramente comentados, mais os livros que se seguem.

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Editado em São Paulo, em 1994, o livro “Cotidiano e Sobrevivência – A Vida do Trabalhador Pobre na Cidade de São Paulo (1890-1914)”, da uberabense MARIA INÊS MACHADO BORGES, focaliza, em cinco substanciosos capítulos, priorização e política imigrantista, escassez e instabilidade do emprego fixo, trabalho informal e temporário, pobreza e formas marginais de sobrevivência e ritmo de vida e lazer.

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Em “Rádio Comunitária – Democratização da Comunicação Social”, de 2001, o advogado GLEIBE TERRA defende e discorre sobre as rádios comunitárias sob, entre outros, os aspectos constitucionais e legais, exercício da cidadania, direito à informação e interesse público.

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Em 2003 foi lançado “O Acesso ao Medicamento – A Gestão da Política Pública Entre 1997 e 2002”, do médico PLATÃO PÜHLER, em que o Autor discorre sobre as providências e práticas promovidas no período em que exerceu funções diretivas no Ministério da Saúde, incluindo textos sobre genéricos, programa de monitoramento de preços do mercado farmacêutico e planos de saúde.

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A partir de 2004, ZECA CAMARGO (José Carlos Brito de Ávila Camargo) vem publicando livros, principalmente de relatos de viagens, a exemplo de “A Fantástica Volta ao Mundo” (2004), “1000 Lugares Fantásticos do Brasil” (2006), “Isso Aqui é Seu: A Volta ao Mundo Por Patrimônio da Humanidade” (2009), “Eu Ando Pelo Mundo: Paris” (2016) e “Índia: Amores e Sensações” (2018). Além disso, vem incursionando por outros temas e gêneros, como na obra “Novos Olhares” (2007), no qual discorre sobre estudos de autores estrangeiros que abordam temas do cotidiano contemporâneo, e em “De A-ha a U2 – Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música” (2006) e “Medida Certa – Como Chegamos Lá” (2011), escrito em parceria com Marco Atalla e de Renata Ceribelli, aquele sobre tema explicitado no título e, este, sobre o quadro televisivo “Medida Certa”.

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O livro “Cotidianos Culturais e Outras Histórias – A Cidade Sob Novos Aspectos”, do professor ANDRÉ AZEVEDO DA FONSECA, divide-se em “Escombros da Memória Coletiva”, no que considera abandono do patrimônio cultural, no caso restrito a imóveis, e em “Cotidianos Culturais”, onde focaliza inúmeros e diversificados aspectos, fatos e pessoas da cidade.

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JOÃO EURÍPEDES SABINO, em 2005, lançou “O Andarilho - Quem é Ele?”, possivelmente o primeiro livro sobre o assunto publicado no país, no qual discorre, em dezoito capítulos, sobre as questões que envolvem o andarilho em sua perene peregrinação, enfrentando os rigores e as mutações do ambiente e as agruras dos despossuídos e desamparados, enfocando ainda as causas que o expeliram do seio da família e de seu lugar na sociedade.

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Em 2007, AHYGO AZEVEDO DE OLIVEIRA e UIARA DE OLIVEIRA AZEVEDO publicaram a 2ª edição do livro “Aigo – A Arte de Comunicação – Língua de Sinais”, no qual, após breve introdução, expõem, em forma de desenhos, os sinais e sua significação em diversas áreas da atividade humana.

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ELIETE RODRIGUES PEREIRA, versada na temática da sexualidade, prevenção às drogas e terapias holísticas, publicou, em 2008, o livro “O Poder do Sexo”, no qual, em quatro partes distintas, discorre sobre o tema-título sob os prismas ‘Sexualidade e Sexo’, ‘Sexo é Pecado?’, ‘O Prazer Sexual’ e ‘O Poder, Domina ou é Dominado?’.

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Nesse mesmo ano de 2008, HUGO PRATA lançou “Das Minas às Gerais – História, Cultura e Costumes de Um Povo Brasileiro”, em que aborda, em significativos capítulos, aspectos da formação brasileira e mineira, além do que denomina “caminhos da fala mineira”, listando inúmeros vocábulos oriundos do tupi e de línguas e dialetos africanos que enriqueceram a língua portuguesa no país.

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No ano seguinte, 2009, os professores IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e RODRIGO SANTOS DE CASTRO editaram o livro que organizaram com artigos e textos de diversos colaboradores, sob o título “Resgate Cultural: Por Entre os Labirintos da Memória”, no qual Irma, em expressiva dedicatória em nosso exemplar, informa que no “livro estão alguns registros da memória de pessoas comuns que, em suas tramas vividas, deixam traços culturais da comunidade a que pertencem”.

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No mesmo ano de 2009, foi lançada a obra “Memória e Cultura – Entre o Presente e o Passado”, organizada por FRANCISCO MARIANI CASADORE, HELIANA CASTRO ALVES, IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e LÍVIA MARIA ZOCCA, composta de texto dos organizadores e de vários outros autores, dividida em três partes atinentes ao despertar do imaginário e da memória, por uma cultura de memórias e, finalmente, recontando a memória ouvida.

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Em “5 Crimes Perfeitos”, subintitulado “A História do Assassinato de 5 Ex-Presidentes do Brasil”, editado em 2011, o Autor, VICENTE ARAÚJO NETO, adverte, desde a capa, com duas indagações correlatas: “Verdade que parece ficção? Ou ficção que parece verdade?”, para enfocar as mortes de Getúlio, Castelo Branco, Juscelino, João Goulart e Tancredo Neves, além dos falecimentos de Ulisses Guimarães e Severo Gomes.

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Ainda em 2011, VICENTE ARAÚJO NETO lançou “Mudando Conceitos”, em que discorre sobre mercado, aquecimento global e série de outras questões momentosas, como a cura do câncer e as origens das gripes aviária e suína.

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Em 2012, LUCAS B. CARRICONDE lançou o livro “Humano, Obsoleto Humano”, de antropologia filosófica, em que aborda intricadas questões, como transumamismo, pós-humanismo, potencialidades supra-humanas numa perspectiva futurista. 


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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017,


NOMES FEMININOS LIBANESES

O livro Fragmentos Árabes, de Jorge Alberto Nabut, obra-prima no gênero, com suas duas primeiras edições físicas e, a terceira, eletrônica, está desde agosto último no blog bibliografiasobreuberaba.blogspot.com.br.

Nele, desfilam série de nomes femininos libaneses de acentuadas sonância e ressonância poéticas, que merecem ser destacados.

Pelo menos para nós, brasileiros, dificilmente existirão em outros idiomas nomes de tão intensa quão bela sonoridade – a não ser no latim – como se constata pela relação que se segue:

A: Adib – Afifa – Aiub – Alana – Amira – Aracele – Ariana – Arful – Aziza

B: Banut – Bianca

C: Catur – Celmis – Chafi – Chafia – Chames – Clídia

D: Dalel – Daura – Deise – Doralisa – Dunea

F: Fádua – Farida – Farise – Flordimira – Futin

G: Gisele – Gledes – Gleides – Glícia

H: Hanne – Helie

I: Iameme – Iesmin – Ismália

J: Jamila - Jasmina

K: Kemli

L: Labibe – Laila – Lânia – Larrife – Latifa – Lauanda – Lauísa – Lucanda

M: Mague – Márian – Márua – Meire – Mildred – Mirna – Mirta – Moralinda – Munira

N: Nabirra – Nádia – Nadra – Nádua – Nájua – Nasta – Nasa – Nasise – Nassira – Nazira – Nur – Nura

P: Poliana – Priscila

R: Rafa – Rafka – Ramides – Raquia – Rochila – Rovínia

S: Saada – Sada – Sálua – Sâmia – Samira – Sandra – Sara – Sarafina – Satut – Soraia

T: Talge – Tanus – Tarcila

V: Vivian

W: Watfa

Z: Zafira – Zahia – Zaia – Zaida – Zarifa – Zarih – Zirlei.

Alguns desses nomes provavelmente não terão origem libanesa, porém, são assaz disseminados entre as libanesas e seus descendentes.

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017.


PATRIMÔNIO CULTURAL DE UBERABA: OS LIVROS AS ARTES AS CIÊNCIAS

O patrimônio cultural de uma comunidade, seja local, regional ou nacional, é representado pelo conjunto de suas manifestações artísticas, científicas e técnicas.


O livro em epígrafe consta dos blogs guidobilharinho.blogspot.com e bibliografiasobreuberaba.blogspot.com e abrange algumas de suas áreas mais relevantes, consistentes na produção intelectual materializada pela elaboração e edição de livros, físicos ou eletrônicos, além de músicas, artes plásticas, filmes e visuais.

Representa, tal cometimento, a primeira tentativa de levantamento dessa produção intelectual, constituindo provavelmente iniciativa pioneira no país, à semelhança de tantas outras promovidas em Uberaba, a exemplo da “História do Futebol” (1922), do “Sistema Fluvial de Uberaba e Região” (década de 1920), do “Dialeto Capiau” (inícios dos anos 30), do vade mecum das leis municipais (1934) – todos da lavra do historiador e polígrafo Hildebrando Pontes – da enciclopédica “História da Medicina em Uberaba”, de José Soares Bilharinho, e de “Periódicos Culturais de Uberaba”, de Guido Bilharinho.

Ao que se sabe, nenhuma outra cidade brasileira possui em seu portfólio cultural, artístico e científico, conjunto de obras e iniciativas dessa jaez.

A esse grupo de realizações intelectuais vem se juntar, agora, o presente inventário de sua produção livresca, artística e científica, setor por setor, área por área, com um mínimo de indicações necessárias a seu situacionamento autoral, temporal e material.

As características mais notáveis dessa produção intelectual são suas extraordinárias multiplicação e diversificação, notadamente de 1960 em diante, apresentando também, e cada vez mais, acentuado aumento de sua qualidade, imposto pelo natural desenvolvimento econômico-sócio-cultural da coletividade, cada vez mais exigente e necessitada de obras e realizações também cada vez mais aprimoradas, intelectual, científica e tecnicamente, aliás, como em todos os setores da vida privada e da administração pública, esta ainda muito enredada nas peias burocráticas, que ela própria se impõe, que não só prejudica e constrange sua eficácia como afeta diretamente toda a coletividade que, por sua atuação e produtividade econômica, a sustenta.

Contudo, apenas essa produção e, agora, seu levantamento e inventariação não bastam.

Necessário também que as duas unidades básicas da formação humana, da aquisição de conhecimento e do saber e da atividade intelectual - o núcleo familiar e os estabelecimentos de ensino - se conscientizem, se empenhem e se dediquem, com deliberação e propósito, metódica, consistente e permanentemente a transmitir, difundir e despertar em crianças e jovens os princípios da valorização e da imprescindibilidade do estudo, da leitura, do conhecimento e do saber, no que, de modo geral, vêm falhando lamentavelmente.

Do mesmo modo, conquanto atuando em esfera diversa, os meios de comunicação também devem ter a responsabilidade de atuar nesse sentido, procurando o mais possível se libertar das imposições da indústria do entretenimento, que privilegia o ter em contraposição ao ser e o descompromisso e o alheamento ao invés da responsabilidade e do engajamento social.

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O citado livro não implica em análises e críticas sobre a produção intelectual uberabense, porém, tão somente em efetuar seu levantamento.

À evidência que, embora se tenha sempre, em cometimentos dessa natureza, a pretensão e o objetivo de se atingir e registrar a totalidade dessas manifestações, sabe-se não ser isso possível, pelo menos inicialmente e mesmo a médio prazo, dada a inexistência desde sempre de órgãos públicos ou particulares preocupados e dedicados à sua reunião e conservação, pelo que, com o passar do tempo, inúmeros livros físicos desapareceram ou foram parar em lugares incertos e não sabidos, além do que nunca houve – e nem se sabe se haverá – acompanhamento e registro, por exemplo, da enorme produção musical e de artes plásticas, submetida que está a permanente dispersão, dissolução, destruição e definitivo desaparecimento, constituindo inominável afronta e ofensa a seus autores e irremediável desfalque e perda para a sociedade, que a não poderá usufruir e dela se beneficiar.

Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/


Escritora uberabense lança segunda edição do livro “José Pedro de Freitas - Um comunicador da TV brasileira”

A escritora e jornalista uberabense Izabel Durynek lançou a segunda edição do livro José Pedro de Freitas – Um comunicador da TV brasileira. Em versão online, foi publicado no blog Autores Uberabenses "que destina-se a resguardar e divulgar "urbi et orbi" a produção cultural (artística e científica) de autores de Uberaba/Brasil, publicada ou inédita, tanto para impedir seu desaparecimento, como vem ocorrendo, quanto para permitir sua difusão e acesso".

A página foi desenvolvida pelo advogado e historiador Guido Bilharinho, que desenvolve um importante papel em Uberaba na promoção da cultura. Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, já publicou inúmeros livros, grande parte deles escrita e outros em projetos futuros. São obras de poesia, contos, história do cinema, crítica literária e cinematográfica. Tem poemas publicados em várias antologias poéticas, do Brasil e do exterior.

Para a jornalista Izabel Durynek mais que a publicação da segunda edição de sua obra, uma honra. "Quando o Dr. Guido me disse que gostou do meu livro e iria publicá-lo em seu blog fiquei lisonjeada, pois eu tenho grande admiração pelo trabalho dele. Apenas pela vontade de levar o conhecimento". 

A obra está disponível no link
  https://drive.google.com/file/d/1kg_c4jj6MfwMW6w7At2a4tdesigY52dg/view . O planejamento Editorial foi de Guido Bilharinho e a edição da Revista Dimensão Edições.

Durynek é jornalista graduada pela Uniube. Já atuou em todos as áreas do segmento de comunicação e hoje atua como Assessora de Comunicação da Fundação Cultural de Uberaba.

SÓCRATES, AUTOR DE AUTOAJUDA? (I)

Sócrates é tão considerado, que a filosofia grega é dividida em dois períodos capitais, o dos filósofos pré-socráticos e o dos que se lhe seguiram.

Aqui, não se vai adentrar o conteúdo, a natureza e a importância do que se convencionou denominar de seu pensamento filosófico, mesmo porque Sócrates não deixou obra escrita, conhecendo-se o que disse por intermédio de Platão e de Xenofonte. Se é que o disse, pois, em Platão ele é mais ou tão-somente personagem. Justamente aquela encarregada de expor o que Platão pensa e externa nos diálogos entabulados com outras personagens. Não sem razão Antônio Medina Rodrigues afirma: “Platão é o fundador do idealismo filosófico e criador da lógica e do conceito. Era uma figura de estatura própria, um gênio que se não podia medir pela essência específica dum Sócrates, um pensador que forja teorias: teorias que nos seus diálogos transfere para Sócrates, com liberdade de artista” (“A Questão Socrática”, Folha de S. Paulo, 4 março 1988). Se assim não fosse, não existiria o Platão filósofo, o Platão autor, mas, apenas mero transmissor de ideias e conceitos de outrem, mesmo porque não há condições e nem possibilidade humana de se memorizar tudo o que é atribuído a Sócrates (e também a Cristo).

Assim, quando Aristóteles, por exemplo, se refere a Sócrates em A Política (livro segundo, cap. I, § 02; livro quinto, cap. VII, § 08 e 11; livro sexto, cap. III, § 12; livro oitavo, cap. X, § 01 a 06), comenta e contraria não a Sócrates, mas, à personagem criada por Platão para expor sua utópica República. Não por menos José Cavalcanti de Sousa aduz que “a cidade platônica se lê de corpo inteiro nas páginas da República, a obra, se não a principal, sem dúvida a mais representativa do filósofo Platão” (“A Cidade Platônica”, Folha de S. Paulo, 4 março 1988).

Apenas em duas obras registra-se expressamente que os textos nelas publicados são de autoria de Sócrates: Defesa de Sócrates, onde Platão apresenta o que ele teria dito em seu julgamento, e Ditos e Feitos Memoráveis de Sócrates, livro no qual Xenofonte relembra os diálogos que Sócrates manteve com inúmeros interlocutores.

Contudo, em ambas essas obras, têm-se não o pensamento e as reflexões de um filósofo, mas, de conselheiro e orientador de comportamento, ou seja, praticamente aquilo que se pode denominar hoje de autoajuda.

Ele mesmo o diz, em sua defesa, segundo Platão: “outra coisa não faço senão andar por aí persuadindo-vos, moços e velhos, a não cuidar tão aferradamente do corpo e das riquezas, como de melhorar o mais possível a alma, dizendo-vos que dos haveres não vem a virtude para os homens, mas da virtude vêm os haveres e todos os outros bens, particulares e públicos” (Defesa de Sócrates, in Sócrates, coleção “Os Pensadores”. 2ª ed. São Paulo, Abril Cultural, 1980, p. 15).

Isso, como pai ou irmão mais velho, como proclama: “dirigindo-me sem cessar a cada um em particular, como um pai ou um irmão mais velho, para o persuadir a cuidar da virtude” (op. cit., p. 16).

Além do mais, fazendo-o, como afirma, “por uma determinação divina, vinda não só através do oráculo, mas também de sonhos e de todas as vias pelas quais o homem recebe ordens dos deuses” (idem, idem, p. 18).

Até aí, pois, nada de filosofia. Muito menos, ainda, nos inúmeros diálogos mantidos com terceiros nos Ditos e Feitos Memoráveis de Sócrates, de Xenofonte.

Tem-se, então, apenas aconselhamento comportamental e não transmissão de ideias e conceitos filosóficos.

O próprio Xenofonte aduz que “enquanto conviveram com Sócrates, tanto Crítias como Alcibíades puderam, graças ao seu auxílio (sic), sopear as más paixões” (op. cit., p. 39), apresentando, em sua obra, “como se portava [Sócrates] em face do beber, do comer e dos prazeres dos sentidos” (idem, p. 47).

Nada, como se observa, concernente à filosofia e conhecimentos afins.


Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/